Aprendizagem significativa em atividades de modelagem matemática
CINTIA DA SILVA MILANI, Prof. Dra. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 27/02/2018
Resultados de pesquisas têm apontado problemas de aprendizagem dos conceitos matemáticos nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral em alunos de cursos de nível superior, o que tem ocasionado alto índice de reprovação nestas disciplinas e até mesmo desistência nos cursos de graduação No entanto, já se tem na literatura propostas de abordagem para o ensino de Cálculo que visam facilitar a aprendizagem dos alunos Dentre essas propostas há relatos sobre o uso da Modelagem Matemática como alternativa pedagógica para o ensino e aprendizagem de Matemática Considerando a Aprendizagem Significativa como um produto final desejável para os alunos que cursam Cálculo, esta pesquisa investigou a ocorrência de Aprendizagem Significativa em atividades de Modelagem Matemática desenvolvidas em aulas de Cálculo Diferencial e Integral I Para isso, desenvolvemos atividades de modelagem com alunos de um curso de Licenciatura em Química As produções dos alunos durante as atividades foram analisadas segundo indicações da análise textual discursiva Ao final das atividades os alunos construíram vês epistemológicos, os quais foram também submetidos à análise Os resultados demonstram que características específicas da Aprendizagem Significativa estão presentes em cada uma fases da modelagem, como a presença de subsunçores, o uso de material potencialmente significativo e a predisposição dos alunos para aprender Identificamos diferentes tipos de Aprendizagem Significativa que ocorrem durante uma atividade de modelagem (representacional, conceitual e proposicional), bem como ampliamos o entendimento sobre a aquisição de significados conotativos e denotativos pelos alunos O diálogo com o referencial teórico juntamente com a análise dos dados levou à inclusão de dois elementos às condições essenciais para a ocorrência de Aprendizagem Significativa: as situações significantes (contexto) e a negociação de significados O vê epistemológico mostrou-se um potencial instrumento para a verificação da Aprendizagem Significativa em atividades de modelagem
Educação química pelo olhar latouriano
CRISTIANE BEATRIZ DAL BOSCO REZZADORI, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 20/03/2017
O papel político, a dimensão mais humana, as conexões estabelecidas, os jogos de poder, as disputas, os recursos de justificação e tradução parecem não chamar a atenção da comunidade que estuda a educação química em nosso país, deixando uma lacuna importante na compreensão dos seus processos produtivos O pensamento do filósofo francês Bruno Latour e, mais especificamente, a sua noção de rede sociotécnica tem oferecido ferramentas, vieses e sensações produtivas para pensar de novo uma educação química como um fluxo mais realista e articulado a uma teia social, dos fatos quentes e moles que ainda não podem dizer nada de si e aguardam por validação em meio a um campo de disputas Essa abordagem está voltada para a dinâmica da formação de associações e distribuição da ação entre atores humanos e não humanos A partir da expressão destes atores, pode-se descrever e enfatizar seus movimentos, fluxos, circulações, alianças, estratégias e táticas de associação e negociação utilizadas na construção de uma rede antes que esta se torne uma “caixa-preta” Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo traçar um conjunto de articulações possíveis entre o pensamento latouriano e a prática e pesquisa no campo da educação química Como esta abordagem não é de uso habitual, ao menos entre educadores químicos, inicialmente foram expostos alguns conceitos-chave do trabalho de Latour para habilitar o seu diálogo com a educação química Posteriormente, com base nos conceitos apresentados, foram delineadas algumas possibilidades de uma articulação e contribuição do pensamento latouriano às investigações na área da educação química, a saber: o esvaziamento da origem da educação química e a recuperação do papel dos actantes não humanos no processo educacional ao lhes devolver o reconhecimento de sua agência e mediação Nesse sentido, a proposta que aqui será apresentada não pretende inaugurar tendências, muito menos fazer recomendações e prescrições, mas sim oferecer um subsídio a-epistemológico e heterogêneo para multiplicar e matizar a gama de olhares e abordagens investigativas nesta área Pensar a educação química a partir desta articulação permite passar ao largo de uma visão epistemológica de que qualquer atividade seja defendida com base em sua produção conceitual e teórica, em suas verdades consolidadas e encaradas como prontas e acabadas Além disso, encará-la como uma prática de mediação que ocorre nos interstícios, nas micropolíticas que estão em jogo e requer um gasto energético de uma série de coisas conectadas e agenciadas por entidades que mobilizam recursos a fim de instaurá-la e de mantê-la dentro da rede a que pertence, abre um leque de possibilidades de investigação muito mais fecundo em direção à heterogênese das práticas educacionais Palavras-chave
Formação de professores de matemática em comunidades de prática : um estudo sobre identidades
WILLIAN BELINE, Profª. Drª. Márcia Cirino de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 27/03/2012
Este trabalho teve por objetivo apresentar traços de identidade evidenciados no caminhar de uma Comunidade de Prática de Formação de Professores (CoP-Ação2), de forma a se discutir em que medida a dinâmica assumida em seus encontros permitiu o desenvolvimento de alguns destes traços na própria Comunidade, assim como na identidade “de professor de Matemática” de duas de suas participantes Assumimos a perspectiva teórica de Etienne Wenger (1998, et al 22) para Comunidades de Prática e Identidade Analisamos qualitativamente os Registros de Reunião elaborados pelo pesquisador, bem como de vinte e seis entrevistas com os membros da CoP-Ação2 Para tanto, utilizamos uma análise vertical, procurando por unidades de análise em cada uma das entrevistas e nos Registros de Reunião, para em seguida analisarmos todo o conjunto de forma horizontal Neste processo, emergiram traços de identidade da CoP-Ação2 e de duas professoras, Ivete e Ana, evidenciados por seus membros, assim como pelo pesquisador Em seguida, procuramos evidenciar em que medida o trabalho assumido pela comunidade em seus encontros, permitiu que alguns destes traços fossem desenvolvidos Os resultados de tais análises indicam que a dinâmica impressa com o trabalho desenvolvido pela CoP-Ação2 se apresenta como uma alternativa para os atuais programas de Formação de Professores permeados por cursos/treinamentos Ao analisarmos o processo de constituição da identidade da CoP-Ação2, consideramos que este se deu em uma via de mão dupla, ou seja, sua identidade foi se desenvolvendo em conjunto com a de seus membros, respeitando-se quem eram os participantes da CoP, assim como de onde falavam e atuavam Além disso, consideramos que olhar para as identidades nos permite compreender o processo dinâmico e complexo, próprio das relações sociais, que precisa ser levado em consideração em tais programas de formação, pois ao se focar nos processos de desenvolvimento das identidades dos membros de uma Comunidade de Prática, estamos a descortinar muito mais ‘como’ se aprende, ao invés ‘do quê’ se aprende, um aspecto relevante em nosso processo de formação, pois possibilita mudanças em nossas identidades, assim como dos contextos em que estamos inseridos
Perspectivas do ensino de física remoto para alfabetização científica por meio das interações discursivas
GABRIELA SELINGARDI , Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 28/04/2023
Considerando o contexto da pandemia da COVID-19, em que se intensificou a necessidade de se investir na Alfabetização Científica (AC) da população, a fim de preparar os cidadãos para se posicionarem de forma crítica diante das diferentes situações que podem surgir, na convivência em sociedade, foram delimitados como objeto desta investigação o ensino de Física e a sua potencialidade como instrumento para promover a AC e a formação cidadã. Dessa forma, foi proposto como objetivo geral desta pesquisa, identificar por meio das interações discursivas qual abordagem comunicativa que o professor estabelece que contribui para os indícios de uma promoção da alfabetização científica. Ademais, buscamos alcançar os seguintes objetivos específicos: analisar as interações discursivas entre o professor e alunos, a fim de verificar qual abordagem comunicativa é predominante e qual tipo contribui positivamente para AC; identificar se os alunos conseguiram relacionar os saberes do seu cotidiano com os conhecimentos científicos estudados; observar se os conceitos/valores referentes à AC e à formação cidadã foram desenvolvidos pelos estudantes, à medida em que eles foram interagindo. Foi estabelecida a seguinte questão-problema: - Como que por meio das interações discursivas, o ensino de Física pode promover o desenvolvimento da Alfabetização Científica? A presente tese é de natureza qualitativa, sendo que a constituição dos dados foi realizada a priori, por meio de aulas gravadas, que, posteriormente, foram transcritas. Para a análise das informações, foi utilizado o modelo de interações discursivas e dialógicas, de Mortimer e Scott, e as Ações didáticas e pedagógicas e as Ações dos estudantes, de Sasseron. Também nos baseamos nos Indicadores da Alfabetização Científica, de Sasseron, que serviram como sistema de referência para a avaliação da AC dos alunos. Consideramos que a Física se configura como um componente curricular com potencial para a promoção da Alfabetização Científica e a formação para a cidadania, sendo a partir da articulação entre conteúdos científicos e valores sociais contemporâneos que nós, professores, estaremos colaborando para capacitar nossos alunos para o gerenciamento de situações ligadas às Ciências, que surgirão, certamente, ao longo de sua vida.
UM MÉTODO PARA A ANÁLISE DE COMPETÊNCIAS DOS ALUNOS EM ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMÁTICA
Ana Paula Zanim, Prof. Dra. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 24/08/2021
Nesta pesquisa, considerando o quadro teórico relativo à modelagem matemática bem como ao que vem sendo estudado relativamente às competências em modelagem matemática, temos por objetivo propor um método para caracterizar e identificar competências dos alunos em atividades de modelagem matemática e usá-lo em uma pesquisa empírica que, no âmbito da pesquisa qualitativa, se caracteriza como estudo de caso. O método proposto caracterizou duas dimensões relativas às competências desenvolvidas pelos alunos, a saber: dimensão das competências relativas aos conhecimentos do fazer modelagem matemática e dimensão das competências relativas aos conhecimentos matemáticos. Em cada uma destas dimensões caracterizamos um conjunto de competências em que os alunos podem progredir quando desenvolvem atividades de modelagem matemática. Para investigar o desempenho dos alunos relativamente às competências caracterizadas, usamos um estudo de caso em uma pesquisa empírica. A pesquisa foi realizada no âmbito da pandemia Covid-19 quando as universidades estavam com aulas síncronas realizadas via plataforma digital, e se deu em uma universidade pública do estado do Paraná, com as turmas do 1o ano e do 4o ano de um curso de Licenciatura em Matemática. Os dados foram coletados por meio de registros escritos, gravações em áudio e vídeo pelo Google Meet, instrumentos e entrevistas com dois grupos de alunos, sendo um do 1 o ano e um do 4o ano. Os resultados mostram que os dois grupos de alunos tiveram progressos em suas competências matemáticas bem como naquelas relativas ao fazer modelagem matemática no decorrer do desenvolvimento das atividades de modelagem matemática. O método proposto nesta pesquisa avalia o desempenho dos alunos considerando separadamente suas experiências com modelagem matemática e seu conhecimento matemático bem como a articulação destas experiências e conhecimento na abordagem matemática de uma situação da realidade.
Um estudo acerca de possíveis contribuições do PROINTE/UEM para a formação inicial de professores de Matemática
Ligia Bittencourt Ferraz de Camargo, Profa. Dra. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 25/02/2022
Neste trabalho tem-se como objetivo investigar possíveis contribuições do Programa de Integração Estudantil (PROINTE), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), na formação inicial de egressos do curso de Licenciatura em Matemática desta instituição, que participaram desse Programa como preceptores. Desenvolve-se uma pesquisa de natureza qualitativa, de cunho interpretativo, havendo como instrumento de coleta de dados entrevistas semiestruturadas. Os participantes da pesquisa foram uma coordenadora geral do Programa, uma coordenadora das atividades de preceptorias da área da Matemática, uma docente do Departamento de Matemática, além de dez preceptores. Assume-se a formação de professores sob a perspectiva do desenvolvimento profissional ancorando-se em (PONTE, 1998; MARCELO, 2009) entre outros autores como (PEREZ, 1999; PASSOS et al., 2006). Ademais, serviram de base para esta investigação aspectos apontados por pesquisas na área de Ensino de Matemática no qual os cursos de Licenciatura em Matemática no Brasil apresentam defasagens, ou seja, lacunas decorrentes da formação oriunda dos cursos de Licenciatura em Matemática, bem como um levantamento de pesquisas que tiveram como foco de estudo investigar contribuições do PIBID na formação inicial de professores de Matemática. Os resultados sugerem contribuições oportunizadas pelo PROINTE relacionadas ao conteúdo matemático, à prática de sala de aula, à interação com os estudantes, ao planejamento, ao comportamento e à atuação como professor. Verifica-se o Programa como um contexto favorável a formação docente e capaz de ir além dos objetivos a que se propõe, podendo impulsionar o desenvolvimento profissional dos licenciandos em Matemática que atuarem como preceptores, ao propiciar momentos de interação, oportunizar possíveis reflexões, requerer estudos, exigir responsabilidade e envolver novas aprendizagens que podem repercutir na prática docente desses futuros professores.
Validação em atividades de modelagem matemática
ROSANGELA MARIA KOWALEK, Prof.a Dra. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 29/03/2022
Nesta pesquisa abordamos a temática validação em atividades de modelagem matemática. Optamos por um relatório no formato multipaper, composto por dois artigos que tratam da temática escolhida. Assim, no primeiro artigo buscamos elucidar, por meio de uma pesquisa inventariante, como a validação em atividades de modelagem matemática vem sendo entendida e realizada em atividades de modelagem matemática na sala de aula. Para isso, buscamos indicativos de validação nos documentos oficiais que norteiam o ensino de Matemática no Brasil, seguida por uma revisão sistemática na literatura sobre a validação em atividades de modelagem matemática e perguntas realizadas a três professores da área de Modelagem Matemática. Os resultados dessa investigação evidenciam duas abordagens para a validação, a validação pode (e deve) se dar no decorrer de todo o desenvolvimento da atividade de modelagem matemática e a validação que se concentra em fases (ou etapas) específicas de uma atividade de modelagem matemática. No segundo artigo investigamos de que modo os alunos realizam a validação em atividades de modelagem matemática e o que dela decorre para a aceitação ou elaboração das respostas para o problema investigado na atividade de modelagem matemática. Os resultados inferidos a partir de uma pesquisa empírica conduzem a construção de um framework para a validação, o qual elucida elementos constitutivos da validação em atividades de modelagem matemática. A partir dos resultados dos artigos, identificamos uma caracterização de validação em atividades de modelagem matemática, em que os entendimentos de validação e as ações dos alunos permeiam uma análise, verificação, revisão, checagem, avaliação dos elementos da atividade de modelagem matemática de acordo com as necessidades que emergem durante o desenvolvimento, ou ao final, visando a confiabilidade da atividade desenvolvida.
Fração no Ensino Fundamental: Uma análise de pesquisas realizadas entre 2010 e 2020.
Giovana Rodrigues Castilho, Profa. Dra. Ângela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 24/05/2022
Neste trabalho, o objetivo foi verificar o que apresentam os resultados de algumas pesquisas realizadas com estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental a fim de evidenciar seus conhecimentos a respeito do conceito de fração (ordinárias ou não) e suas interpretações: medida, número, operador, parte-todo, quociente e razão, segundo Kieren e Behr et al, que apontam a necessidade dessas interpretações para o ensino de fração. Essa pesquisa configurou-se do tipo bibliográfica e para a análise dos documentos, os dados foram analisados à luz da Análise do Conteúdo. Dessa forma, escolheu-se sete pesquisas que apresentam informações a respeito do conhecimento dos estudantes do Ensino Fundamental a respeito de fração. Dos resultados das pesquisas, identificou-se lacunas por parte dos estudantes a respeito do conceito de fração e suas interpretações. Entre as dificuldades, viu-se que os estudantes não compreendem nem a noção de inteiro, que é imprescindível para o domínio do conceito de fração. Além disso, seis dos sete trabalhos analisados apontaram que os estudantes não compreendem a fração como parte-todo, noção essencial para compreensão posterior das interpretações medida e número segundo Kieren.
Ações docentes com características avaliativas em aulas de Matemática no Ensino Secundário Geral moçambicano
Gabriel Mulalia Maulana, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 15/08/2022
Esta tese apresenta uma pesquisa que investigou ações docentes avaliativas em aulas de Matemática no 2º ciclo do Ensino Secundário Geral moçambicano, com o objetivo de descrevê-las e interpretá-las. Consideramos ação docente avaliativa, toda a ação docente com característica avaliativa, ou seja, toda a ação docente pela qual o professor investiga e/ou modifica ou mantém o status do saber do aluno. A questão de pesquisa foi: Quais ações docentes com características avaliativas são realizadas pelos professores de Matemática em suas aulas no Ensino Secundário Geral moçambicano e como elas podem ser interpretadas? A pesquisa foi realizada envolvendo quatro professores de Matemática de três Escolas Secundárias Gerais da Província de Cabo Delgado, Moçambique, e os dados foram coletados por meio da observação direta em sala de aula, autoscopia e entrevista reflexiva e analisados qualitativamente segundo procedimentos da Análise de Conteúdo. A descrição fundamentou-se nas ações docentes em aulas de Matemática e a interpretação nos preceitos da avaliação concebida como vetor [investigação, aprendizagem] e que cumpre as etapas de Estimular, Acessar, Interpretar e Regular. Desse processo analítico-interpretativo identificamos quinze ações docentes avaliativas: Advertir, Comentar, Deslocar, Escrever, Esperar, Explicar, Indicar, Interpretar, Ouvir, Pedir, Perguntar, Relembrar, Reprovar, Validar e Ver. Essas ações docentes estão relacionadas às etapas da avaliação da seguinte forma: Estimular (Escrever, Explicar, Indicar, Pedir, Perguntar), Acessar (Ouvir e Ver), Interpretar (Interpretar) e Regular (Advertir, Escrever, Explicar, Pedir, Perguntar, Relembrar, Reprovar e Validar). As ações de Deslocar e Esperar agenciam as ações de Acessar. Os atos avaliativos das ações docentes foram mais frequentes do que os de ensino, tanto em cada ação, assim como em cada momento da aula e a avaliação realizada por meio dessas ações docentes foi formativa. Esses resultados alargam a compreensão das relações com o saber que são estabelecidas em aulas de Matemática e expõem o descompasso caracterizado por mínima menção de ações docentes avaliativas nos discursos, em relação às realizadas na prática, que são muitas.
Ações docentes remotas de professores que ensinam Matemática no Ensino Superior
Vanessa Cristina Rhea, Profa. Dra. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 24/02/2022
As ações docentes vêm sendo foco de pesquisas em várias áreas do ensino. Até então, tais investigações se destinavam às ações docentes referentes ao ensino presencial. Porém, a pandemia de COVID-19, que impôs que o ensino acontecesse de forma remota, propiciou condições para que fosse estendida também tal investigação a esta modalidade de ensino. Assim, esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de identificar e categorizar as ações que os professores que ensinam Matemática no Ensino Superior alegam ter feito para organizar e ministrar aulas no Ensino Remoto Emergencial. As ações docentes remotas foram definidas como sendo as ações exercidas pelo professor durante as aulas remotas e aquelas em que ele empreende para planejar e organizar as aulas e as disciplinas neste formato de ensino. Tais ações são oriundas de um processo teórico-prático, considerando o que o docente tem de possibilidades ao seu alcance nos diferentes momentos e aulas. Esta investigação aconteceu com onze professores que ensinaram Matemática no Ensino Superior de forma remota entre os meses de março de 2020 e janeiro de 2021, em seis diferentes instituições de ensino do estado do Paraná. A metodologia utilizada foi a abordagem Qualitativa e a Análise Textual Discursiva (ATD) para as análises dos dados, que foram obtidos por meio de entrevistas realizadas via Google Meet, gravadas e transcritas. A partir das análises, as ações docentes remotas identificadas foram agrupadas em dois momentos, denominados Poscênio e Execução. O Poscênio abrangeu um conjunto de 7 ações (Autoforma, Adquire, Organiza, Elabora, Envia, Comunica e Avalia), que envolveram 50 microações diferentes, as quais caracterizam o preparo da disciplina e das aulas. O momento Execução, compreendeu 6 ações (Operacionaliza, Escreve, Explica, Responde, Espera e Interrompe) e 38 microações que indicam o que o professor colocou em prática de forma síncrona em suas aulas. Com base em resultados obtidos, como o maior número de ações e microações no Poscênio quando comparado à Execução, concluímos que o Ensino Remoto exigiu dos professores um grande esforço na busca por informações e um elaborado planejamento para a realização das aulas, o que talvez explique as angústias reveladas por eles durante as entrevistas realizadas para esta pesquisa.