Avaliação do regime hidrológico da represa Capivara entre 1995 e 2015 e implicações socioambientais no município de Primeiro de Maio – PR
Rodrigo Aguilar Cantero, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 01/07/2022
A construção da Usina Hidrelétrica de Capivara represando as águas do trecho médio do Rio Paranapanema em 1975 provocou grandes transformações na paisagem em sua região de influência que evolve territórios municipais do interior dos estados do Paraná e São Paulo. Essas transformações produziram impactos ambientais imediatos à fauna e flora, além disso, perda significativa de terras agricultáveis desses territórios. Contudo, a represa Capivara tem sofrido nos últimos anos com a irregularidade da distribuição de precipitação, afetando negativamente a vazão fluviométrica que deveria manter os níveis estáveis do lago para geração de energia elétrica. De modo a investigar tal problemática, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento do regime hidrológico da represa entre o período de 1995 a 2015 e implicações socioambientais para o município de Primeiro de Maio (PR), utilizando como metodologia científica a análise de: arquivos de material histórico; séries históricas de dados hidrológicos e climáticos; imagens temporais de satélite; evolução da perda de superfície de água a partir de levantamento realizado por MapBiomas. Dessa forma, foi possível evidenciar alguns impactos socioambientais importantes, tanto negativos quanto positivos advindos com a construção da Usina Hidroelétrica de Capivara. Como negativos destaca-se o impacto ambiental devido à alteração natural dos cursos de drenagem, espacialmente o represamento da foz do Rio Tibagi na área territorial do município de Primeiro de Maio (PR), além da eliminação de grande volume de flora e extinção de espécies endêmicas. Como impactos positivos, a construção de chácaras de lazer às margens da represa Capivara potencializou o comércio varejista e de serviços para a área urbana do município, trazendo importante contribuição econômica social. No entanto, as oscilações do nível da represa interferem nesta dinâmica socioeconômica, uma vez que a persistência de longos períodos de baixa precipitação reduz a superfície, o volume e níveis das águas do lago, interferindo na circulação e fluxo de pessoas e mercadoria, diminuindo assim, o consumo na área urbana de Primeiro de Maio (PR). A persistência de períodos duradouros de irregularidades na distribuição da precipitação pode estar associada ao aquecimento global, além de outros impactos antrópicos regionais, afetando de modo significativo a circulação atmosférica na formação de massas de ar úmidas que influencia a dinâmica das chuvas ao longo do tempo histórico. Neste contexto, espera-se que a presente pesquisa contribua como uma alerta importante, pois ficou evidente, a tendência de perda de superfície de água na região hidrográfica da represa Capivara em Primeiro de Maio (PR), e como isso vem afetando negativamente o meio ambiente (para um novo equilíbrio) e sociedade.
Território e ciência popular como pressupostos para elaboração e gestão das políticas públicas sociais
Caio Cezar Cunha, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 20/06/2022
As políticas públicas sociais no Brasil tiveram grande avanço após a Constituição Federal de 1988. O uso de novas tecnologias cartográficas incorporadas a métodos interdisciplinares, há alguns anos, tem facilitado o trabalho de compreensão das territorialidades e promovido o aprimoramento dos estudos das subjetividades. Buscamos compreender a lógica territorial das populações atendidas pela Política de Assistência Social de Londrina e se os levantamentos pautados nos pressupostos da ciência popular com metodologias qualitativas de cartografia social podem proporcionar o protagonismo da população, bem como subsidiar tomadas de decisão aos órgãos responsáveis. Para aplicabilidade em nosso contexto, adaptamos a metodologia apresentada por Bomfim (2010) com o intuito de viabilizar, por meio das técnicas de investigação dos sentimentos e emoções dos indivíduos pesquisados, a produção de representações cartográficas que nos possibilite visualizar espacialmente as expressões de estima das pessoas em relação aos seus lugares de vida. Essas aproximações preliminares nos permitiram classificar estimas potencializadoras ou despotencializadoras a modo de possibilitar o vínculo desses sentimentos com qualidade de vida e a vontade de agir das pessoas frente a situações de precariedade e risco pessoal, fornecendo elementos mais subjetivos às políticas sociais de forma a aproximar e complementar as informações que subsidiam a gestão destes territórios.
Proposta metodológica de gestão das águas subterrâneas da área urbana de Londrina-PR a partir da aplicação do plugin FREEWAT
Lucas Francisco Rodrigues Tognato, André Celligoi
Data da defesa: 24/06/2022
Este trabalho está pautado na relevância da água para a vida, recurso que apesar disso é pouco compreendido pela população, sobretudo quanto aos processos subterrâneos, uma vez que estes ocorrem abaixo da superfície e, por isso, não são vistos pelas pessoas, dificultando o entendimento acerca do assunto. Deste modo, o presente estudo buscou compreender a dinâmica hidrogeológica da área urbana de Londrina-PR e, com isso, gerenciá-la através da proposição de um modelo político-administrativo de gestão do recurso hídrico subterrâneo a partir da aplicação do plugin FREEWAT. Por meio de levantamento bibliográfico, foi revisado o arcabouço legal referente à gestão político-administrativa das águas subterrâneas nos níveis hierárquicos federal, estadual e municipal, dando-se destaque para a municipalidade londrinense. Também foram levantados dados em órgãos oficiais, tanto relativos ao meio físico-geográfico quanto especificamente às águas subterrâneas, as quais são captadas através de poços tubulares profundos. Estes dados foram processados no software Quantum GIS versão 2.18.21 Las Palmas aplicando o plugin em questão, gerando um modelo da dinâmica hidrogeológica para a área de estudo e, para além disso, simulando cenários futuros passíveis de serem concretizados. Em face do processamento elaborado, fez-se a proposição de um modelo de gestão político-administrativa sobre as águas subterrâneas da área urbana de Londrina através da criação de um Sistema Municipal de Monitoramento de Recursos Hídricos Subterrâneos. Os modelos hidrogeológicos gerados indicaram o controle do nível piezométrico na área investigada pela hidrografia e topografia, tanto que os principais padrões de fluxo verificados têm direcionamento nordeste e sudeste, acompanhando a hipsometria urbana e as bacias hidrográficas dos ribeirões Cafezal, Cambé, Jacutinga e Lindóia. Os cenários simulados apresentam a influência sofrida pelo nível piezométrico a partir da retirada d?água por poços, apontando uma diminuição na carga hidráulica do aquífero nas regiões central e noroeste da área de estudo. Contudo, apesar de tal diminuição, os cenários exibem a manutenção da superfície piezométrica em toda a área de estudo, denotando a possibilidade da continuidade de explotação das águas subterrâneas nos demais setores da urbe londrinense. Para tanto, cabe ressaltar que a proteção das áreas de recarga quais sejam, bem como o desenvolvimento de políticas públicas e ações técnico-práticas de gestão e qualificação ambiental, são medidas de extrema importância para evitar o rebaixamento no nível d?água, haja vista a impermeabilização e a captação hídrica subterrânea desregrada presentes no meio urbano que atuam como um obstáculos ao abastecimento do aquífero.
Indicadores de saúde ambiental e a hidrogeoquímica como ferramentas para a discussão sobre a incidência de neoplasias na Regional de Saúde de Apucarana (PR)
Tatiana Fernanda Mendes, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 01/10/2019
O presente trabalho teve por objetivo compreender e discutir a distribuição geográfica da mortalidade por neoplasias na Regional de Saúde de Apucarana (RSA) e identificar os riscos ambientais para a saúde humana, através da análise multielementar das águas superficiais e subterrâneas e dos indicadores de saúde ambiental. Os dados sobre mortalidade por neoplasias da RSA, no período de 2008 a 2017, foram obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade/DATASUS, e os dados de neoplasias de Apucarana, no período de 2011 a 2015, foram obtidos na Secretaria de Saúde de Apucarana. Foram coletadas 85 amostras de águas na RSA, 23 superficiais e 62 subterrâneas. As amostras foram analisadas no MP-AES (Espectrômetro de Emissão Atômica com Plasma por Microondas), para a determinação da concentração de Al, Ba, Cd, Ca, Pb, Cu, Cr, Sr, Fe, Mn, Ni, K e Zn. A análise espacial dos dados hidrogeoquímicos, foi realizada por meio do método geoestatístico de krigagem ordinária. Foi realizada uma análise da distribuição das mortalidades por neoplasias por taxas/100.000 habitantes. A construção dos indicadores de saúde ambiental da RSA foi elaborada conforme a matriz “FPSEEA”. A análise espacial dos indicadores de saúde foi realizada por meio do Índice de Moran Local, onde os indicadores locais de autocorrelação espacial permitem a identificação de agrupamentos. A correlação linear de Pearson foi utilizada para averiguar o grau de relação entre as taxas médias por neoplasias e os indicadores de saúde ambiental. Os municípios de Jandaia do Sul, Borrazópolis, Kaloré, Novo Itacolomi, Califórnia, Rio Bom e Sabáudia apresentaram a maior incidência de neoplasias na população, ou seja, o maior risco de morte por câncer na RSA. Com relação às taxas de mortalidade pelos principais tipos de neoplasias da RSA, observou-se que em metade dos municípios as maiores taxas são por neoplasia maligna dos brônquios e pulmões, seguida por neoplasia do estômago, da próstata e da mama. Com a construção dos indicadores de saúde ambiental da RSA, caracterizando o contexto de cada município, os resultados integrados possibilitaram identificar que as variações na incidência de neoplasias entre os municípios da RSA, refletem em muitos casos sua relação com os fatores de risco, modos de vida e também na falta de acesso aos serviços de saúde, identificando que as pessoas que residem nos munícipios com pior nível socioeconômico, apresentam piores condições de saúde, estando mais vulneráveis às doenças. A utilização da hidrogeoquímica como ferramenta para identificação de áreas de risco à saúde humana, evidenciando lugares com valores físico-químicos anômalos na água, evidenciou que a população de Borrazópolis, Mauá da Serra, Grandes Rios, Marilândia do Sul, Arapongas, Kaloré, Cambira, Apucarana, Califórnia e Novo Itacolomi, estão mais expostas e vulneráveis a esses agentes químicos. O município de Apucarana mostrou um maior número de mortes por neoplasia maligna dos brônquios ou pulmões, próstata, mama, estômago e fígado. Além dos fatores ambientais que podem afetar a saúde humana, a segregação espacial da população por posição socioeconômica, torna os contextos sociais nos quais as pessoas vivem em adicionais potenciais determinantes de saúde. O conhecimento acerca do ambiente, e da saúde da população, com núcleos de estudo voltados à caracterização dos locais, possibilita uma prática direcionada às problemáticas identificadas, assim como uma mobilização do poder local, visando a promoção da saúde.
A mobilidade urbana metropolitana nos planos realizados entre 2020 e 2022: avanços e desafios na integração Maringá-Sarandi
Lino Antonio Batista Lemes, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 05/07/2022
A pesquisa objetivou analisar a integração Maringá-Sarandi na questão da mobilidade urbana metropolitana nos Planos de Mobilidade Urbana de Maringá e Sarandi, e no PDUI da RM de Maringá, elaborados entre 2020 e 2022. A realização do estudo partiu do interesse em entender a aplicação do planejamento territorial urbano no contexto da realização de diversos planos voltados para uma nova forma de pensar o futuro das cidades, em processo ao mesmo tempo técnico e político. O estudo se torna relevante ao abordar os instrumentos exigidos legalmente como a participação da sociedade civil, ampla divulgação e publicidade de dados. Ao pensar a mobilidade urbana e interurbana, é preciso propor alternativas para otimizar o deslocamento das pessoas no espaço, a fim de tornar as cidades mais acessíveis e inclusivas a todos os cidadãos. A pesquisa pautada na abordagem qualitativa, foi realizada com fontes secundárias, apreendendo a realidade e destacando os fatos como construções históricas produzidas pela ação humana. Para isso, foram observadas as fases de preparação dos planos, com base nos arquivos disponibilizados. Verificou-se que Maringá e Sarandi possuem intensa integração e conurbação. Ao polarizar as oportunidades de trabalho e estudos, Maringá atrai a mão de obra dos municípios limítrofes e afasta a população de menor poder aquisitivo para as cidades periféricas, devido a sua histórica política socioespacial vinculada à especulação imobiliária. No sentido dos dados levantados pesquisados e analisados, foi possível inferir que Sarandi, apresentam características de uma cidade dormitório. No entanto, não há a devida integração física-territorial. A formatação territorial do plano de colonização da CTNP resultou em um excesso de protagonismo do município polo que atualmente, entro outras coisas, se reflete em uma acentuada disparidade na atração de investimentos, oferta de empregos e serviços ao longo da Região Metropolitana de Maringá. Após a realização dos planos, cabe questionar se serão efetivamente institucionalizados, ou se serão alterados ou descaracterizados no processo legislativo. E ao longo dos anos, como serão colocados em prática, já que ocorre influência de agentes que participam da ocupação do espaço, em detrimento do interesse público. É preciso diálogo sobre a mobilidade urbana no contexto local, com a ampliação de espaços de discussão e pensar em cidades e regiões metropolitanas inteligentes, de modo que o poder público possa conhecer, compreender e aprender a resolver os problemas e conflitos.
O empobrecimento no território milenar da Serra da Pitanga : uma rede logístico-rodoviária que reflete os baixos índices socioeconômicos da região imediata de Pitanga (RIP)
Cleverson Gonçalves, Nilson Cesar Fraga
Data da defesa: 30/03/2022
A Região Imediata de Pitanga (RIP) na sua formação socioespacial vem sendo negligenciada pelo estado paranaense, desde sua gênese formadora, mas principalmente, após o emprego de suas terras pelo uso capitalista. Essa região sempre esteve às margens de investimento federais e estaduais, e seus municípios não possuem condições de gerar infraestrutura que impacte local e regionalmente. Essa área já foi território de soberania indígena e cabocla e sempre esteve no centro de conexões entre diferentes povos e regiões, isso a partir do milenar Caminho do Peabiru e suas ramificações, porém, com o advento da migração de colonos europeus, sobretudo eslavos, essa região perde a significância de conectividade intrarregional/continental, e a partir disso sua rede viária se manteve sem investimentos por mais de um século, gerando uma ínfima produção, por conta disso, os baixos investimentos para um adequado escoamento regional. Somente a partir do final do século XX é que a RIP passa a conviver com algumas obras de implantação rodoviária, readquirindo e fortalecendo a parca conectividade com outras regiões, apenas nas décadas de 1980 e 1990. Porém, esses investimentos serviram apenas para o escoamento da produção do agronegócio que se instalava nas regiões circunvizinhas. Entretanto, tal conectividade está longe de ser a ideal, pois todas as rodovias da região são classificadas como ruins ou péssimas. Tal classificação foi obtida com a Metodologia de Avaliação Geográfica da Qualidade das Rodovias (MAGeoQR) produzida nessa pesquisa, fruto da adaptação da metodologia de avaliação empregada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT) para avaliar o sistema rodoviário nacional. Os diagnósticos feitos nas rodovias analisadas, nesta pesquisa, não se diferem dos demais dados socioeconômicos regionais, que também são inferiores à média destes e de outros índices no estado paranaense. A RIP apresenta uma grande quantidade de população empobrecida, assim como tem convivido com uma perda populacional contínua nas últimas décadas. Metodologicamente as informações sócioeconômicas foram obtidas IBGE (SIDRA) e no SAGI, do Ministério da Cidadania, dentre outros órgãos públicos. Os levantamentos históricos que serviram de base para as análises da formação socioespacial foram realizados por meio de pesquisas documentais, principalmente na Hemeroteca Digital, na Biblioteca do DER/PR e nas bibliotecas e museus dos municípios integrantes da RIP. Para proceder à avaliação das rodovias foram feitos 2500 km de trabalho de campo na região de estudo. Esta pesquisa conseguiu demonstrar a má qualidade das rodovias regionais que refletem os baixos índices socioeconômicos lá existentes, mesmo que o sistema rodoviário-logístico não seja determinante para demonstrar o empobrecimento e o subdesenvolvimento registrado na RIP, sobretudo nos últimos 50 anos, eles ampliam um diagnóstico mais preciso na análise regional. Mas estes fatos não eliminam a falta de tais investimentos ao subdesenvolvimento regional. Propositivamente, para superar tal empobrecimento é preciso haver um desenvolvimento endógeno, ou seja, de base local, para e pelos moradores locais, respeitando as questões socioambientais e culturais milenares/seculares da RIP.
Geografia do medo e sociedade de risco: a pandemia de SARS-CoV-2 e seus impactos na cidade de Cornélio Procópio – PR
Marcelo Mattos Junior, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 19/07/2022
Globalização, modernidade e capitalismo são palavras que trazem de imediato o olhar egocêntrico que o acúmulo de capital permite, todavia, a partir do ano de 2019, que marca o início da pandemia mundial de SARS-CoV-2, a globalização negativa emerge e finca as suas raízes nos mais variados contextos, principalmente no urbano. Vivenciado por uma sociedade em constante transformação esse cenário recebe o impacto do desconhecido: um vírus invisível que toma conta dos mais variados espaços causando medo, incerteza, insegurança, angústia, entre tantos outros sentimentos. Neste sentido e no intuito de corroborar com o atual cenário, o objetivo da pesquisa aqui apresentada é identificar os impactos da pandemia de SARS-CoV-2 bem como a construção dessa sociedade de risco a partir da ótica da cidade de Cornélio Procópio e suas medidas. Todavia, é crucial não perder de vista o fato de que as pesquisas atuais no que diz respeito ao cenário pandêmico são apenas o começo do que virá. Sendo assim, como uma das metodologias adotadas foram realizados levantamentos bibliográficos que se iniciam a partir da triagem de Revistas científicas com Qualis A1 à B2 da Plataforma Sucupira, especificamente da área de Geografia e com publicações nacionais, dos anos de 2020 a 2021. Um dos principais resultados alcançados nesse processo é a percepção de que se que as pesquisas científicas estão com os seus olhos voltados à essas vivências na tentativa de descobrir maiores informações a respeito dos atuais acontecimentos e do vírus desconhecido. Por consequência, a parcela social que se encontra vivenciando as desigualdades latentes imposta por um mundo líquido moderno e capitalista vão sendo pouco a pouco percebidas. Assim, a passos lentos, vai se formando a sociedade de risco, que vivencia o risco social que Marandola Jr. (2004) intitula social hazards. Conclui-se que frente ao perigo, a sociedade agora percebe que todos estão expostos e vulneráveis, mas os riscos por sua vez não são iguais para todos, ele tem o seu ‘público-alvo’: Aqueles que vivenciam cotidianamente o impacto das ações governamentais tardias, do desespero pela falta de poder aquisitivo e da fome que vem por consequência e assim, passam a minimamente tornarem-se visíveis.
Análise de Vulnerabilidade socioambiental do município de Jataizinho (PR): subsídio para o ordenamento territorial
João Paulo Pelizer Pucca, Marciel Lohmann
Data da defesa: 01/07/2022
O aumento populacional de maior intensidade observado nos centros urbanos de grande ou médio porte, acarretam uma possibilidade de inúmeros eventos sociais por estarem vinculados ao mesmo espaço. É fato de que os aspectos urbanos não são homogêneos e desta forma, a construção e apropriação do espaço no meio urbano se torna cada vez mais distinta e heterogênea. Neste sentido a presente pesquisa busca entender a situação geográfica do município de Jataizinho (PR), que por sua vez enfrenta problemas sazonais relacionados à inundações locais e que por sua vez afeta inúmeras famílias que vivem próximos dos corpos hídricos que banham o município. Portanto é necessário entender quem são as pessoas afetadas por esse fenômeno, delimitando aspectos sociais e ambientais com a finalidade de entender como a segregação sócio espacial condiciona populações mais fragilizadas a residirem em localidades com teor de vulnerabilidade alto. Desta forma a pesquisa se sustenta em pesquisadores como Cutter (2003); Nogueira (2002); Mendonça (2016) e dados sociais provenientes do censo do IBGE (2010) para criar mapas que sejam possíveis identificar localidades afetadas por inundações no município de Jataizinho (PR) e principalmente, quais populações residem nas referidas localidades para que se seja possível entender as dinâmicas sociais e ambientais que permeiam o centro urbano.
Fragilidade ambiental e vulnerabilidade social : uma análise da dinâmica socioambiental do município de São Jerônimo da Serra (PR)
Wagner Willians Alves, Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Data da defesa: 30/06/2022
A seguinte pesquisa tem como objetivo evidenciar os principais elementos para a compreensão das fragilidades ambientais e vulnerabilidades sociais e econômicas do município de São Jerônimo da Serra (PR). Para isso, buscou-se basear em autores que abordam a temática em suas pesquisas, e, com isso, verificar, se há ou não, elementos de fragilidade ambiental e de vulnerabilidade social no município em questão. De maneira a deixar as metodologias utilizadas mais compreensíveis, a seguinte pesquisa foi desmembrada em dois artigos, que, em suas peculiaridades, buscam evidenciar a realidade de São Jerônimo da Serra. Metodologicamente esta pesquisa foi dividida em dois artigos, dos quais o primeiro artigo aborda as questões ambientais que o município apresenta, e que por meio da abordagem da metodologia de Jurandyr Ross verifica-se as Fragilidades Ambientais presentes na área estudada, levando em consideração as peculiaridades relacionadas a geomorfologia, solo, clima, vegetação e hidrografia. Já o segundo artigo foi baseado na metodologia de Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) proposta pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a qual evidencia as vulnerabilidades sociais e econômicas presentes em São Jerônimo da Serra. Observou-se durante a utilização das duas metodologias a presença de Fragilidades Ambientais e Vulnerabilidades Sociais no município, as quais foram passiveis de análise sobre as conexões entre o socioeconômico e o ambiental na área estudada.
Análise de anomalias hidrogeoquímicas do elemento flúor na bacia hidrográfica do baixo Tibagi – PR e relações com a saúde bucal
Glauber Stefan Barbosa, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 27/05/2022
O flúor como elemento químico ocorre na natureza de forma geogenética, ou seja, naturalmente. Pode estar presente em maior ou menor quantidade, dependendo do contexto das fontes geológicas e dinâmica hídrica, através do intemperismo das rochas. A fluoretação no sistema de gestão das águas, iniciaram-se a partir da década de 1970 no Brasil, onde o principal objetivo é o combate a cárie, no entanto, o consumo de altos teores de fluoretos podem desenvolver a fluorose dentária. Análises de águas superficiais e subterrâneas na porção norte/nordeste paranaense evidenciaram anomalias geoquímicas presentes nas águas superficiais e subterrâneas, para diversos elementos químicos, dentre eles, o elemento flúor. Para este, por sua vez, foram detectados valores que conflitam com a legislação, onde estudos apresentaram concentrações até dez vezes maiores que o recomendado pelo Ministério da saúde (Portaria Nº 635/BSB, de 26 de dezembro de 1975), prejudicando a saúde principalmente bucal, da população consumidora deste recurso. O presente estudo tem como objetivo, diagnosticar a situação hidrogeoquímica nas águas subterrâneas e superficiais da bacia hidrográfica do baixo Tibagi – PR na busca de compreender o atual cenário de risco a saúde coletiva em especial à saúde bucal e qualidade ambiental. A principal fonte de dados do presente trabalho, foi disponibilizada pela plataforma online, via SISAGUA, onde complementarmente foram realizadas coletas em in loco, objetivando ampliar a deficiência de amostras do referido banco, buscando a identificação de anomalias das águas subterrâneas da região, comparando-as à sua sazonalidade. No primeiro momento foi realizado análise de dados primários, onde foram coletados 70 pontos amostrais de água subterrânea em poços tubulares, em dois períodos (verão e inverno) distribuídos na bacia hidrográfica do baixo Tibagi, seguida de análises laboratoriais para o elemento flúor, através da técnica da Potenciometria Direta no laboratório de Química e Geoquímica da Universidade Estadual de Londrina. Com a finalidade de caracterizar a distribuição do elemento flúor. Municípios como Assai e Congonhinhas, apresentaram teores de flúor com valores muito acima do recomendado pelo Ministério da Saúde, chegando a uma concentração de 9,69 mg/L para o elemento. Com essas informações foram possíveis gerar mapas de riscos à perfuração para o elemento Flúor. No segundo momento foram analisados a distribuição e consumo de fluoretos em águas superficiais e subterrâneas disponibilizados pelo SIAGUAS, entre os anos de 2017 a 2021, totalizando 5.343 amostras de fluoretos, em 32 municípios selecionados. De posse destes dados, realizou-se estatística descritiva e técnicas de geoprocessamento para espacialização do elemento flúor, para conhecimento do comportamento e origem das anomalias geoquímicas. Do total de amostras analisadas, 49% se encontraram dentro do valor indicado pela portaria (0,6 – 0,8 mg/L), 40% das amostras acima do recomendado e 11% abaixo do recomendado, ou seja, 51% do total de amostras encontram-se fora dos valores recomendados.