Produção do espaço urbano e a verticalização em Londrina
Mateus Galvão Cavatorta, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 30/06/2021
A verticalização na cidade de Londrina, localizada no Norte do estado do Paraná, foi principiada nas décadas de 1950 e 1960. Em 2000 já havia 1.738 edifícios em Londrina com quantidade de pavimentos igual ou superior a quatro. A concentração desses edifícios até o início dos anos 2000 ocorreu principalmente na porção central da cidade, passando a partir de então a ocorrer na porção sudoeste da cidade, na área conhecida como Gleba Palhano. De 2000 e 2013 foram construídos 474 edifícios, sendo 112 acima de 15 pavimentos. A partir dos anos de 2013 e 2014, os edifícios passaram a ser construídos em outras porções da cidade e ao mesmo tempo diminuiu a quantidade na Gleba Palhano. Objetivou-se com essa pesquisa investigar e analisar as áreas urbanas de Londrina que foram incorporadas a verticalização bem como os principais fatores indutores e inibidores desse processo a partir de 2014. Foram utilizados procedimentos secundários e primários para os levantamentos de dados. Verificou-se no decorrer da pesquisa que novas áreas na zona Leste, na porção Sudoeste e Sul foram incorporadas no processo de verticalização em Londrina desde 2014, a partir de diferentes fatores indutores e inibidores. Conclui-se que os principais fatores inibidores e/ou indutores do processo de verticalização em Londrina no recorte temporal delimitado para essa pesquisa foram as amenidades urbanas, a recessão econômica (2014-2017), a legislação municipal e a atuação do Estado (executivo e legislativo local).
Conflitos políticos e físicos no transporte por bicicleta em Londrina / PR
Matheus Oliveira Martins da Silva, Marciel Lohmann
Data da defesa: 24/09/2021
O transporte, em especial o automóvel, é parte essencial para compreensão de como se dá a (re)produção do espaço urbano e suas complexidades no que se refere ao deslocamento das pessoas. O primeiro capítulo da pesquisa apresenta o transporte e a mobilidade na (re)produção do espaço urbano. No mesmo capítulo, a cultura do automóvel é destacada para se compreender seus impactos nos sistemas viários atuais. No segundo capítulo, apresenta-se a inserção da bicicleta enquanto transporte de deslocamento nas cidades e suas legislações aplicáveis ao trânsito por meio de uma revisão normativa. Pautado em Vasconcellos (1985), o estudo compreende que existem dois conflitos inerentes à circulação urbana: o conflito político e o conflito físico. Assim, a pesquisa tem o objetivo de compreender os conflitos políticos e físicos no transporte por bicicleta em Londrina/PR. Os objetivos específicos permeiam em investigar a aplicação das políticas públicas e o uso de bicicleta em Londrina e espacializar os locais com maiores ocorrências de sinistros. Para compreender os conflitos políticos utilizou-se levantamento bibliográfico por meio de legislações, trabalho de campo, cadernos técnicos e informações em sites e jornais. Os conflitos físicos foram espacializados no recorte temporal de 2010 a 2020 a partir do registro de ocorrência de sinistros no banco de dados do SIATE (PARANÁ, 2020) utilizando-se a ferramenta Kernel Density Estimation em software de geoprocessamento e também por meio de trabalho de campo na malha cicloviária. Os resultados apontam que após 14 anos desde o primeiro projeto cicloviário de Londrina, apenas 4,5% das principais vias da cidade contam com infraestrutura cicloviária, onde estas são distribuídas de forma desconexa. Foi possível espacializar 3.221 sinistros envolvendo bicicletas classificadas em regiões de muito baixa à muito alta densidade de ocorrências a partir das variáveis “ano”, “gravidade”, “gênero”, “horário” e “veículo envolvido”. Cerca de 52% dos sinistros ocorreram em cruzamentos e constatou-se que a infraestrutura cicloviária atual apresenta não somente problemas de descontinuidade, mas também interrupção da ciclovia, cruzamentos e acessos não sinalizados e pavimento em mau estado de conservação, o que pode apresentar mais facilidade para a ocorrência de sinistros.
As hortas urbanas em Londrina: a produção do espaço urbano e o caso da horta da Vila Industrial
Matheus Gamas Guimarães, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 24/06/2021
A Horta Urbana em âmbito mundial é um fenômeno que traz novas dinâmicas para o espaço urbano. A presente pesquisa possui por objetivo analisar e discutir a produção do espaço, com foco na cidade de Londrina, e salientar a importância que a agricultura urbana possui nesse contexto, além de buscar entender pela ótica dos indivíduos envolvidos na produção de agricultura urbana qual o significado das atividades para eles. Buscou-se atingir esse objetivo por meio de uma discussão teórica baseada em Henri Lefebvre, posteriormente discutindo o processo de urbanização brasileira e, por fim, trazendo à luz a agricultura urbana e as hortas urbanas comunitárias como foco principal da pesquisa. Nesse principal foco, o objetivo é analisar brevemente as hortas urbanas comunitárias em Londrina e chegar especificamente numa aproximação da Horta Comunitária da Vila Industrial. Portanto, a pesquisa desenvolve-se em duas etapas principais, primeiro há o resgate teórico voltado para as temáticas supracitadas e depois há a aplicação metodológica no contexto das hortas urbanas comunitárias londrinenses, por ordem qualitativa, contendo entrevistas aprofundadas com os atores sociais da horta. As conclusões indicam que o processo de formação das hortas urbanas está entrelaçado com a teoria da produção do espaço urbano e são produzidas pelo mundo inteiro com algumas características principais detectadas, como seus efeitos terapêuticos na população e a potencialidade de suprir uma segurança alimentar grande para os atores envolvidos, mesmo que nem sempre essa seja a realidade. Essas práticas também se encontram por toda a cidade de Londrina e demandam maiores investigações posteriores, principalmente desdobrando a mesma metodologia para as outras hortas da cidade.
Monitoramento climático aplicado à hidrossedimentologia em megaparcelas na região geográfica intermediária de Londrina (PR)
Estevão Conceição Gomes Junior, Deise Fabiana Ely
Data da defesa: 17/05/2021
Tiveram início nos anos 2000 os estudos voltados para a abordagem hidrossedimentológica em megaparcelas. Sendo assim, pesquisas direcionadas ao monitoramento climático podem contribuir para a interpretação e entendimento da dinâmica dos sedimentos no solo frente às diferentes intensidades pluviométricas e, consequentemente, no contingenciamento de focos erosivos, bem como na potencialidade agrícola da terra. Desta forma, a presente pesquisa tem por objetivo investigar e caracterizar a dinâmica climática regional de municípios localizados na Região Geográfica Intermediária de Londrina por meio de diferentes metodologias de monitoramento e descrever a influência da precipitação pluviométrica diária, mensal e anual na erosão dos solos dispostos em megaparcelas. Para tanto, foram monitorados dois locus de estudo em escala regional e local: a Região Geográfica Intermediária de Londrina e duas megaparcelas localizadas na Fazenda Santa Cândida (Cambé/PR), com diferentes técnicas empregadas à análise da variabilidade climática. Foram utilizados os dados diários, mensais e anuais da precipitação pluviométrica de 13 estações meteorológicas dispostas na supracitada região e foram aplicados os seguintes indicadores de monitoramento climático: Standardized Precipitation Index (SPI), técnica dos percentis (99%, 95% e 90%), testes de tendência de Mann Kendall e Curvatura de Sen e índices climáticos de precipitação (ETCCDMI/WMO). Os resultados indicaram que a Região Geográfica Intermediária de Londrina apresenta duas estações do ano bem definidas, tendo como base o ano hidrológico: a chuvosa entre outubro e março e outra com redução das chuvas entre abril e setembro. O mês de agosto destaca-se como o mais seco, com 50mm durante a média histórica e janeiro como o mais úmido com 228mm no mesmo cenário. A aplicação do SPI-3 indicou a primavera e o verão do ano de 1996/1997 e 2015/2016 entre os mais úmidos de toda série histórica (1987-2018) e a primavera e o outono do ano de 1999/2000 entre os mais secos de toda a série; o verão e o inverno do ano de 1987/1988 destacam-se entre os mais secos. Com a técnica dos percentis observou-se que chuvas acima de 43mm/dia são consideradas extremas para o percentil 90%. Dentre os municípios que compõem a região, Cambé apresentou as maiores variabilidades pluviométricas relacionadas ao aumento nos dias consecutivos secos, na precipitação nos dias chuvosos, no número de dias com precipitação acima de 20 e 25mm, nos eventos extremos de precipitação e na intensidade das chuvas. Sob uma ótica sazonal, o outono apresentou tendência negativa (redução das chuvas) para todos os cenários em que houve significância estatística superior ao nível de confiança de 90%. Em relação às análises hidrossedimentológicas foi verificada uma preponderância da atuação dos sistemas frontais, frentes estacionárias e cavados na gênese dos eventos de precipitações analisados. Foi constatado que eventos superiores a 14,1mm precipitados em duas horas e/ou com intensidades ? 12 mm/h são capazes de causar erosões nas megaparcelas em ambos os tratamentos (com e sem terraços), ainda que a megaparcela sem terraços tenha apresentado duas vezes mais perda de sedimentos em comparação com a megaparcela com terraços.
Metodologia da problematização aplicada no estudo do Ribeirão Vermelho, na área urbana de Conselheiro Mairinck – PR
Érica Siqueira Rodrigues, Nilza Aparecida Freres Stipp
Data da defesa: 26/06/2020
Esta dissertação foi fundamentada pela Metodologia da Problematização, apoiada no Arco de Maguerez, que se inicia pela observação da realidade, elencar os pontos-chave para pesquisa, sequenciada pela teorização, e para efetivação do trabalho deve-se apresentar hipóteses de solução e aplicá-las à realidade local. O objetivo geral desta foi a realização de ações de cunho educacional sobre a importância do Ribeirão Vermelho para população de Conselheiro Mairinck - PR. Observou-se a ausência de conhecimento dos alunos da Escola Estadual Dona Macária - Ensino Fundamental a respeito do curso urbano do Ribeirão Vermelho e o desenvolvimento da cidade. Para tanto, procurou-se averiguar o histórico de desenvolvimento do município, a relevância desse Ribeirão para a comunidade. Para tanto, foram realizadas com os alunos atividades para despertar neles a responsabilidade de proteger o ribeirão, para conservar a qualidade e quantidade de água em seu leito. Por fim, constatou-se que desde o princípio da pesquisa, no processo de observação da realidade e com a efetuação das atividades na escola, com palestra, textos, imagens, elaboração de maquetes, entre outras, de forma progressiva as turmas como um todo, trabalhando em conjunto na construção de conhecimento contribuíram para o crescimento individual dos estudantes. Constatou- se com as falas, textos, realização das dinâmicas, melhorias na capacidade de percepção, criticidade, opinião e teoria em relação à temática estudada.
Escola como espaço feliz : entrelaçamentos de experiências geográficas na interação corpo-lugar
Jéssica Bianca dos Santos, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 30/09/2021
A sala de aula é um espaço de simulações de realidades, onde se supervaloriza o trabalho intelectual em detrimento da corporeidade e da experiência corpo-lugar, com carteiras enfileiradas que limitam as múltiplas possibilidades de interação. Na presente pesquisa discuto a experiência escolar, considerando a relação corpo-lugar, levando em conta a problemática da corporeidade que é limitada pela sala de aula como estrutura física rígida que, atrelada ao currículo escolar gradeado, limita os sentidos corpóreos e as diversas interações entre os indivíduos. A sala de aula vista como essencial e única ao ensino é resultado de uma arquitetura física empregada e direcionada a reprodução do capital, o que nesta pesquisa se contrapõe a uma aprendizagem de corpo inteiro levando em conta o ambiente como imanente à experiência geográfica. No intuito de unir a teoria à prática educativa necessária ao ensino de Geografia entre outras ciências, discuto a aprendizagem com todos os sentidos corpóreos (visão, audição, tato, paladar, olfato) em interação com o mundo, na relação Eu-Tu e Eu-Isso, tendo o corpo como mediador de nossa experiência. A metodologia qualitativa foi direcionada a compreensão do fenômeno escolar do ponto de vista fenomenológico, considerando a escola como espaço de convivência, lugar de expressividade corporal e de relação dialogal entre entes, escola como espaço feliz. A compreensão fenomenológica das narrativas de professores e estudantes em relação às vivências em sala de aula e ambientes que extrapolam os seus limites, ocorreu por meio da aplicação de formulários online, alternativa possível em tempos de pandemia. O debate se dá em torno do sentido da escola e da necessidade de se aprender com a corporeidade, levando-se em conta a relação corpo-lugar. Espero com esta pesquisa, avançar nas discussões sobre a corporeidade, ampliando a compreensão sobre a importância da criação de espaços de convivência na sala de aula e para além desta, que não se restringem a aprendizagem única de conteúdos, mas que se volta à aprendizagem para a vida.
Mapeamento faciológico da Bacia Sedimentar de Curitiba (PR) : contribuição da cartografia temática à evolução morfoestrutural
Edison Archela, Nilza Aparecida Freres Stipp
Data da defesa: 26/06/2020
Identifica e mapeia as localizações preferenciais de ocorrências das fácies sedimentares na Bacia de Curitiba em subsuperfície, mediante tratamento geoestatístico de dados litológicos de superfície e sub-superfície, contribuindo para a melhor compreensão do comportamento espacial das litofácies que compõem a Formação Guabirotuba. O tratamento cartográfico temático, aqui apresentado, possibilitou o aprofundamento dos conhecimentos acerca da espacialidade tridimensional da faciologia sedimentar da Bacia de Curitiba e, dessa forma, também incrementou informações que contribuíram para a elucidação de sua evolução tectono-sedimentar, morfoestrutural e faciológica. Estruturalmente, o arcabouço da Bacia se configura numa depressão tectônica do tipo pull apart (com nítido controle retilinizado em sua borda noroeste), onde correm três principais depocentros, alinhados segundo a direção NNE-SSW, a mesma orientação do RCSB. Esses depocentros não são sincrônicos, mas ocorrem evolutivamente de SSW para NNE (com a tafrogenia), gerados por esforços transcorrentes NE-SW (não contínuos, mas espasmódicos) que perduraram do Oligoceno (idade muito provável para a gênese do Bacia de Curitiba) até o final do Plioceno ou Pleistoceno. Após esses momentos iniciais de tafrogenia e durante a vigência dos esforços transcorrentes NE-SW, a região sofre o início (ou aumento significativo) de esforços distensivos NW-SE; os quais produziram desnivelamento e basculamento na área a oriente da borda ativa do RCSB, formando um hemi-graben com declividade de leste para oeste. Com isto, deposita-se a fácies fluvial meandrante, a partir do Leste num segundo trend de sedimentação (ou segunda área-fonte), independente daquele instalado dentro da depressão pull apart. Os estágios finais de estruturação do arcabouço tectônico ocorreu, provavelmente, no Plio-Pleistoceno, e estão representados por falhamentos transversais ao RCSB (direção aproximada N-S) resultantes de esforços transtensionais e/ou transpressionais. Ao longo destes falhamentos, em rift, ocorrem as últimas deposições. Os sedimentos pertencentes à Bacia de Curitiba apresentam se, granulométrica e mineralogicamente, muito heterogêneos, apresentando litofácies rudáceas de orto a paraconglomeráticas, polimíticas, ostentando matrizes extremamente heterogêneas (desde granular e areia muito grossa até silto-argilosa). Os lamitos, muito imaturos e muito pobremente selecionados, apresentam desde areia média até argila; e com grande dispersão granulométrica tanto para as frações muito grossas como para as muito finas. De maneira geral, os sedimentos apresentam-se em corpos individualizados, ora maturos (para algumas areias retrabalhadas por drenagens), ora totalmente imaturos, geralmente sub-arcosianos a arcosianos (predominantes). Interpreta-se que os sedimentos sofreram curto transporte entre a área-fonte e a bacia deposicional (compatível com o modelo genético tectônico-sedimentar revelado pelo produto cartográfico ora apresentado) num ambiente climático árido a semiárido reinante na maioria da história deposicional, senão em sua totalidade. Quanto à faciologia dos depósitos, ocorrem cinco fácies sedimentares: leques aluviais proximais, leques aluviais medianos, leques aluviais distais, fluvial entrelaçado (braided) e fluvial meandrante. As três primeiras ocorrem, grosso modo, depositadas sequencialmente da borda para o depocentro da bacia pull apart, em sucessões interdigitadas e coalescentes. A fácies fluvial entrelaçado é produto de retrabalhamentos locais dos leques aluviais por drenagens intermitentes e perenes (representada por corpos arenosos mais bem selecionados). A fácies fluvial meandrante ocorre dispersa em toda a superfície aplainada de um bloco estrutural basculado em disposição de hemi-graben (a partir da área à leste, desde os contrafortes da Serra do Mar, rumo ao centro deposicional da bacia pull apart); apresentando-se tipicamente mais maturos, melhor selecionados e com estruturas sedimentares condizentes com ambiente fluvial meandrante. A presente pesquisa conclui pela indivisibilidade estratigráfica dos sedimentos presentes na Bacia de Curitiba, mantendo a tradicional e consagrada denominação de Formação Guabirotuba para os mesmos, uma vez que não foram encontrados elementos e evidências estratigráficas ou sedimentológicas que justifiquem qualquer desmembramento, como aqueles propostos em trabalhos anteriores.
Modelagem e distribuições espacial e temporal de processos erosivos em solos formados de arenito e basalto no Paraná – BR
Hermiliano Felipe Decco, Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Data da defesa: 02/07/2021
Processos erosivos são eventos naturais, porém podem ser acelerados pelo uso incorreto do solo na produção agrícola. Nessa perspectiva, a utilização de modelos preditivos e georreferenciados para quantificar e classificar a suscetibilidade erosiva vem se tornando uma importante ferramenta na compreensão dos processos e, consequentemente, no planejamento do uso adequado dos solos. A região norte paranaense é caracterizada pela grande predisposição ao cultivo de lavouras temporárias, destacando-se o município de Bela Vista do Paraíso que apresenta como substratos geológicos predominantes rochas eruptivas basálticas, pertencentes à Formação Serra Geral (JKsg) e rochas areníticas da Formação Adamantina (Ka), sendo estas a gênese de material para os solos encontrados no município. Desta forma a presente tese demonstra em três estudos, onde a erosividade dos solos de diferentes litologias é avaliada, a utilização do NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) mensal e posterior conversão para o fator Cr e a utilização do modelo preditivo da Equação Universal de Perda de Solos Revisada (RUSLE – Revised Universal Soil Loss Equation), em análises mensais, para a estimativa de perda e degradação dos solos na área de estudo. No primeiro estudo estimou-se o fator de erodibilidade dos solos (fator K) a partir da metodologia de Boyoucos (1935), identificando que solos formados em rochas areníticas se encontram em classes alta a muito alta de erodibilidade, enquanto os formados em rochas basálticas têm valores menores devido ao incremento substancial de argila nos horizontes superficiais. Também se constatou que a metodologia poderia apresentar uma subestimação dos valores, acarretando uma análise inconsistente das classes de erodibilidade. No segundo estudo objetivou-se estabelecer as classes de uso e manejo dos solos e práticas conservacionistas de caráter mensal, utilizando-se o cálculo NDVI, proposto por Rouse et al. (1973), com imagens do satélite Sentinel-2. Posteriormente, houve uma conversão para o fator Cr, proposto por Durigon et al. (2014), para que não apresentassem valores negativos e apontassem valores mais próximos da realidade da cobertura vegetal da região dos trópicos. Foram identificadas três fases distintas quanto aos seus usos: sendo uma fase de pousio, em que o solo se encontra com baixo índice de cobertura vegetal ou até mesmo nula; uma fase intermediária, com propriedades já em cultivo e outras ainda em pousio; e uma fase de cultivo intensivo das lavouras temporárias, demonstrando, assim, que a técnica responde positivamente para a análise do calendário agrícola. Como última etapa da presente tese, para consecução da RUSLE mensal para o município, empregou-se o plugin GISus-M, no software ArcGIS. Nesta etapa, o fator Cr foi utilizado para ponderar os fatores C e P, contribuindo assim para a compreensão do modelo com as três fases distintas de usos, além de indicar a associação do fator LS com a erodibilidade dos solos. Sendo que no mês de janeiro de 2018 apresentou a maior perda de solos com 194,201 ton/ha/mês, porém em uma área de somente 0,022 km² e o menor valor de perda ocorreu no mês de agosto de 2018 com o valor de 36,081 ton/ha/mês. Com isso, o trabalho demonstrou-se relevante para a compreensão da dinâmica das lavouras temporárias para a modelagem preditiva da RUSLE, além de que a utilização do NDVI auxiliou no mapeamento de forma ágil com respostas precisas em um período mais curto de análise.
Dinâmica das chuvas no Paraná: da análise rítmica à espacial
Fabiana Bezerra Mangili, Deise Fabiana Ely
Data da defesa: 16/04/2021
O objetivo da presente investigação é propor uma metodologia que auxilie o reconhecimento dos mecanismos produtores de tempo associados aos controles geográficos das chuvas no estado do Paraná, subsidiada em técnicas de representação e análise espacial. Os procedimentos metodológicos foram aplicados a partir das etapas constituintes da análise rítmica e posteriormente incluído a averiguação espacial. Foram utilizados dados diários de postos pluviométricos e de estações meteorológicas instalados pelo estado, nos quais foram aplicados métodos estatísticos para determinação de anos representativos (1998 – extremamente chuvoso; 2005 – habitual; 2006 – extremamente seco) para as etapas de detalhamento atmosférico. Os resultados obtidos constituíram uma proposta de classificação espacial dos domínios de sistemas geográficos e atmosféricos produtores de chuva. A averiguação realizada indica uma representação do fenômeno climático a partir da sua dinâmica atmosférica é mais expressiva quando realizada de maneira mensal (ou sazonal – como sugestão) e ampara os processos analíticos das informações climáticas. Dessa maneira, foi possível apontar algumas constatações: como o maior deslocamento da umidade provinda da região norte do país em episódios de ENOS, de origem EP, que impulsiona essa dinâmica em anos extremamente chuvosos – provocando aumento das chuvas principalmente na primavera e verão. O recuo desse fluxo de umidade nortista repercute na diminuição de acumulados de chuvas, tanto pela falta desse transporte como pela influência no deslocamento e passagens de sistemas frontais sobre o estado do Paraná – principalmente nos meses de inverno e outono. Além desses apontamentos, destaca-se como principal responsável pelas chuvas na área de estudo os sistemas frontais, com contribuição de áreas baixa pressão continental e transporte de umidade originada dos corpos oceânicos.
O processo de institucionalização de um tecnopólo em Londrina
Henrique Esteves, Prof.ª Dr.ª Márcia Siqueira de Carvalho
Data da defesa: 10/04/2012
Este trabalho analisa o processo de institucionalização de um tecnopolo em Londrina, e as mudanças na dinâmica territorial associadas a esse fenômeno, e, objetiva compreender, como ocorre essa inserção a partir da forma e função desse tecnopolo, avaliando e questionando suas intenções e ações neste centro e como ela vem sendo gerida pelos diversos agentes envolvidos. Coube avaliar inicialmente, o contexto geral das mudanças, dentre os quais, a existência de processos contemporâneos maiores, amplos e recentes, inferiores a 40 anos, relacionados à acumulação do capital e, que em virtude da crise geral do modelo de produção fordista na década de 1970, gerou a busca de elevação da produtividade, mais lucros e mais mercados consumidores, eclodindo com isso em novas formas de produção mais flexíveis, enxutas, dinâmicas, modernas, globalizantes, porém desiguais. Esses aspectos implicaram em processos de (re) estruturação produtiva e de um reordenamento territorial, a partir dos quais os territórios são fundamentais para a reprodução do capital, desde que ofereçam condições diferenciáveis para isso, e diretamente relacionados ao meio técnico-cientifico-informacional, sendo este último ponto, central para a diferenciação territorial, e base para uma maior articulação do Estado, do Capital (empresas + bancos) e Universidades. Uma das facetas desse novo periodo técnico-cientifico-informacional é o surgimento de Tecnopolos ou Polo de Tecnologias, diretamente relacionados a apropriação de novas formas de produção, mais baratas, mais flexíveis e sobretudo modernas e rápidas em âmbito interno e externo. O território passa a operar segundo o que ele pode oferecer a essas novas formas de articulação, sobretudo às empresas, daí a diferenciação dos territórios segundo sua especialização e fluidez. Londrina insere-se nesse movimento dos atuais circuitos espaciais da produção, apresenta condições diferenciadas e singulares, uma vez que tem bases históricas de (re) produção do capital materiais e, imateriais, para tanto, conta com um núcleo industrial, de serviços e acadêmico consolidado e, por possuir estruturas que dão suporte de sustentação à essas novas e modernas formas de produção e circulação.