A influência dos fluxos migratórios na construção das identidades territoriais londrinenses
Tatiana Colasante, Maria del Carmen Huertas Calvente
Data da defesa: 18/09/2012
Resumo: O trabalho analisa a relação entre território, cultura e identidade, enfatizando o caráter simbólico do território. Investiga como são construídas as identidades territoriais por intermédio da influência cultural e demonstra a contribuição dos diversos grupos de imigrantes para a composição étnica da população brasileira. Aplica a teoria ao município de Londrina-PR utilizando como método a análise da paisagem e identifica as principais manifestações culturais que os diversos fluxos migratórios deixaram como patrimônio cultural do município e que ainda são percebidas nos dias atuais. Discute a imposição de uma identidade territorial baseada em elementos da cultura inglesa pelo poder público como forma de city marketing, aproveitando o contexto histórico de Londrina pelo fato de ter sido oficialmente colonizada por ingleses. Destaca que, além dos ingleses, a construção do município teve a participação de outros diversos imigrantes, como os japoneses, portugueses, alemães, poloneses, italianos, espanhóis, árabes e migrantes paulistas e nordestinos, além dos índios e caboclos que já viviam na região antes mesmo da colonização inglesa e que deixaram seu legado cultural impresso na paisagem londrinense. Analisa a contribuição de cada um destes grupos étnicos para a afirmação de uma identidade territorial londrinense e conclui que mesmo que o município tenha sido colonizado com a intervenção dos ingleses, os japoneses conseguiram a manutenção dos seus valores identitários em Londrina, por intermédio de dezenas de elementos conservados na paisagem, além de motivar a população londrinense a utilizar os mesmo elementos culturais e a participar ativamente das expressões culturais dessa etnia, o que denota uma aproximação muito maior da identidade territorial londrinense com os japoneses do que efetivamente com os ingleses.
Praticando geografia com alunos surdos e ouvintes : uma contribuição para o ensino de geografia
Ricardo Lopes Fonseca, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 14/05/2012
Este estudo engloba as principais características sobre a educação inclusiva do aluno surdo nas salas de aulas. São várias as reflexões que se apresentam no transcorrer deste trabalho. A expectativa é que os pensamentos aqui mencionados sejam de fácil compreensão para o leitor e que consigam despertar a consciência e o senso crítico com referência à situação do modelo de inclusão de alunos surdos nas escolas públicas do Brasil. Considera-se educação inclusiva o método de inclusão de distúrbios de aprendizagem na rede básica de ensino. Essa discussão é direcionada para a variedade de implicações sobre o ensino de Geografia para os alunos surdos, visto que o ensino para alunos surdos deve ser visto com muita atenção, já que as propostas pedagógicas direcionadas para o indivíduo surdo têm como finalidade possibilitar o crescimento total de suas capacidades, porém, o que se percebe é que não é isso que ocorre nas salas de aulas. O objetivo geral deste estudo é o de aplicar várias metodologias para o ensino de Geografia em salas de aulas com alunos surdos e ouvintes, com o objetivo de averiguar a validade de cada uma das possibilidades pedagógicas aplicadas, ou seja, se é possível seu aproveitamento em sala de aula com os dois grupos de alunos. Os métodos aplicados no transcorrer deste trabalho estão sempre ligados à finalidade própria da pesquisa, de maneira que possa proporcionar ao leitor uma melhor compreensão, ou seja, cada assunto apresentado neste trabalho emprega um referencial metodológico que melhor possa explicar certos pontos da pesquisa; trata-se de levantamentos bibliográficos, recolhimento de dados, entrevistas, aplicação das experiências pedagógicas em campo. Esse estudo busca encontrar respostas para questões como: qual a real importância de integrar no convívio escolar um aluno surdo?; como os professores de Geografia estão se preparando para receber esse aluno surdo?; quais ofertas didáticas os professores aplicam em sala de aula?; quais recursos são importantes e quais não são no ensino para alunos surdos e ouvintes ao mesmo tempo?. A função de capacitar o aluno para o convívio social deve ser realizada de maneira coerente, isto é, por meio da inclusão de alunos surdos nas escolas, devendo proporcionar, além da aprendizagem, a interatividade social de modo semelhante e sem exclusão dos demais alunos. O surdo precisa ter o respeito de todos em sua característica linguística e assim, na medida em que tal condição acontece, poderá adquirir novos conhecimentos de maneira adequada e satisfatória. Os professores de Geografia não estão preparados para incluírem em suas aulas alunos surdos, pois os mesmos não possuem qualificação necessária para atender as necessidades de um estudante surdo. A educação inclusiva deve estar relacionada aos programas de instituições de pesquisa e desenvolvimento. Uma atenção exclusiva deve ser direcionada à área de ensino, organizando estratégias modernas de ensino/aprendizagem. Os objetivos deste estudo foram todos alcançados. Portanto, é necessário que haja inclusão, porém esta deverá ocorrer de maneira coerente, isto é, preparando o aluno surdo não somente para a aprendizagem, mas, também, para a vida social.
Visualização cartográfica da expansão da cidade de Londrina por meio de coleção de mapas digitais
Nathália Prado Rosolém, Prof.ª Dr.ª Rosely Sampaio Archela
Data da defesa: 29/03/2011
Este trabalho apresenta uma coleção de mapas da cidade de Londrina-Paraná, que foi elaborada a partir da proposta da comunicação visual, com bases na Semiologia Gráfica desenvolvida pelo professor Bertin (1967 e 1973) e na visualização cartográfica. Os dados representados nesta pesquisa foram fornecidos pela Secretaria de Planejamento de Londrina, IPPUL e Atlas Ambiental, o qual resultou na confecção de novos mapas digitais, dinâmicos, com alta resolução. Os mapas são apresentados em CD-ROM anexo a este volume e encontram-se dispostos em camadas que proporcionam a manipulação dos mesmos a partir da sobreposição dos layers, em um computador que tenha somente um software para leitura de documentos em extensão pdf.
Avaliação dos impactos causados pelos visitantes em trilhas : Parque Estadual Mata dos Godoy – Londrina/PR
Cláudia Melatti, Prof.ª Dr.ª Rosely Sampaio Archela
Data da defesa: 25/02/2011
A presente pesquisa tem como objeto a investigação das unidades de conservação, em especial, os Parques. A unidade de conservação, Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG) foi escolhida para a realização do referente estudo. O PEMG está localizado na região Norte do Estado do Paraná e pertence ao município de Londrina. Por serem as trilhas as mais frequentadas pelo público, estas possivelmente sofrem maiores impactos ambientais. O objetivo da referente pesquisa foi avaliar esses impactos nas trilhas selecionadas pela pesquisa e verificar a possibilidade de conciliar conservação ambiental e visitação pública. Para isso, foram selecionadas duas trilhas, a Trilha A, Trilha do Peter, não utilizada pelos visitantes e a Trilha B, Trilha das Perobas e das Figueiras, utilizada pelos visitantes. Por meio de atividades de campo, foi realizada a coleta de dados qualitativa dos indicadores de impactos. Foram selecionadas as seguintes variáveis para análise: 1) condições da vegetação, 2) condições do leito da trilha e 3) danos ambientais causados pelos visitantes nas trilhas. Os dados foram coletados em 13 pontos de observação e registro ao longo das trilhas. Uma enquete entre os visitantes do Parque também foi realizada com o intuito de verificar o nível de sensibilização ambiental e conhecimento de prática de mínimo impacto em ambientes naturais. Os dados foram analisados através dos softwares ArcGis 9.3 e Excel para representar por meio de mapas e gráficos os resultados alcançados. Foi possível verificar por meio de comparações dos indicadores de impacto que as duas trilhas analisadas estão em condições muito semelhantes. Não há mudanças significativas nas trilhas apesar do uso. O resultado das enquetes mostrou que os visitantes que frequentam o Parque, além de possuir boa sensibilidade ambiental, têm conhecimento da conduta de mínimo impacto, o que contribui para o bom estado de conservação em que se encontra a Trilha B. Isso indica que o fato do parque receber visitantes não é o único fator de impactos, há de se verificar outras variáveis, entre eles a própria construção da trilha, seus condicionantes físicos e ambientais e a educação dos visitantes. Ao aliar o bom planejamento e estrutura da trilha, considerando as condições físicas e ambientais locais, com o comportamento consciente do visitante, torna-se possível integrar conservação ambiental com visitação pública.
A especialização industrial metalmecânica e as transformações espaciais em Assaí-PR
Adriano Pereira de Almeida, Prof.ª Dr.ª Tânia Maria Fresca
Data da defesa: 25/03/2011
Este trabalho busca compreender como Assaí, uma pequena cidade do Norte paranaense de aproximadamente 16.000 habitantes, fundada por colonizadores japoneses vem destacando na produção industrial metalmecânica. Enquanto a grande maioria das pequenas cidades do estado se apresentam fadadas à estagnação ou se apresentam dependentes das atividades agropecuárias e oferecendo bens e serviços mínimos à sua população urbana, Assaí vem gestando uma especialização produtiva que vem influindo e intensificando sua vida socioeconômica e espacial. Tal especialização industrial instalada na cidade teve sua gênese em investimentos locais de uma pequena empresa, a Tornotécnica Jumbo, fundada no auge do ciclo do algodão no município, oferecendo pequenos serviços de manutenção e torno para equipamentos utilizados nessa cultura. A partir de reinvestimentos do lucro obtido na própria empresa associado à visão de mercado de seus administradores, a mesma foi se aprimorando, expandindo serviços e área de atuação, já se apresentando como uma empresa de alcance estadual na década de 1990. Em 1998, com a transferência da unidade industrial da Atlas Schindler de São Paulo para Londrina, aproveitando as relações com a multinacional, a Jumbo tornou-se uma de suas grandes fornecedoras, além de auxiliar na negociação da transferência das demais fornecedoras para Assaí. A partir da oferta de vantagens locacionais oferecidas pela administração municipal, Assaí recebe transferências das plantas industriais da Metalúrgica Veipa (Rio de Janeiro), Veríssimo (Rio de Janeiro), Tecmarca (São Paulo), PTE (São Paulo) e GRC. A Tornotécnica Jumbo, que ao contrario das demais indústrias instaladas na cidade, continuou a investir seus lucros na expansão da produção industrial, possibilitando assim a recente inauguração uma nova unidade, a Jumbo Super-pesada, dedicada à produção de grandes peças e equipamentos, como peças para usinas termonucleares de até 30 toneladas, e a previsão de um faturamento anual de até 100 milhões de reais. Atualmente tais indústrias conferem à cidade uma nova dinâmica: geração de uma grande parcela dos empregos e renda à população, aumento na arrecadação de impostos do município, uma expansão espacial da cidade manifestada na abertura de novos lotes e valorização de certas áreas de seu perímetro urbano, o aumento da centralidade da cidade por conta da diversificação e especialização das atividades comerciais, o início de prestação de serviços mais específicos, escolas particulares, educação superior gratuita, especialidades médicas, posto do INSS e outros, além de garantir que Assaí participe de forma mais intensa na divisão territorial do trabalho e seja inserida de forma diferenciada na rede urbana norte paranaense da qual faz parte e outras redes de alcances maiores, por meio das diversas interações sócioespaciais que passaram a ocorrer para garantir a manutenção da atividade produtiva metalmecânica.
A agricultura orgânica e sua inserção no mercado consumidor de Londrina-PR
Kleyton Kamogawa, Prof.ª Dr.ª Ruth Youko Tsukamoto
Data da defesa: 18/05/2011
A modernização da agricultura teve início entre os séculos XVIII e XIX, com as revoluções agrícolas e industriais, juntamente com a crescente demanda por alimentos, que induziu mudanças no processo de produção, particularmente na qualidade dos insumos. No Brasil, este processo inicia-se em meados da década de 1960, na qual ocorreram avanços no setor industrial agrícola e das pesquisas nas áreas química, mecânica e genética. Porém, com o passar dos anos, esses avanços provocaram grandes mudanças no ambiente, causando graves desequilíbrios ambientais e a contaminação do homem e dos alimentos pelos agrotóxicos. Com isso, foram levantados questionamentos sobre este modelo de produção e a emergência de encontrar novos sistemas de produção, menos agressivos ao homem e à natureza. Entre estes modelos de agricultura que foram desenvolvidas nas décadas de 1920 e 1930, mas somente ganharam destaque recentemente, está a agricultura biodinâmica, orgânica, biológica e natural. Devido à disseminação desses modelos no Brasil, tornou-se necessário a elaboração e promulgação de uma regulamentação, que reconhece todos os modelos de agricultura com a denominação orgânica. Visto o aumento da divulgação e consumo dos produtos, houve também o interesse de pesquisadores em estudar e publicar trabalhos sobre a temática. Assim, buscou-se realizar o estado da arte com a temática agricultura orgânica, nos eventos de geografia agrária. Por fim, analisou-se a demanda de produtos orgânicos no mercado e os canais de comercialização na cidade de Londrina, identificando os principais agentes envolvidos na produção, comercialização e distribuição. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros, internet, revistas e jornais, trabalhos de campo em feiras de produtos orgânicos e nos supermercados de Londrina, que se constitui como principal canal de circulação e comercialização de produtos orgânicos.
Impactos no uso das cidades : a violência no uso dos espaços públicos de Londrina-PR (Zerão, Igapó I e Igapó II)
Saádia Maria Borba Martins, Profª. Drª. Márcia Siqueira de Carvalho
Data da defesa: 29/06/2011
Esta dissertação busca discutir a relação entre a sensação de insegurança e o espaço público de lazer na cidade de Londrina, situada no norte do Paraná. A insegurança no mundo moderno pode ser considerada um fenômeno de urbanização. A falta de segurança e a violência crescente nas áreas urbanas se refletem principalmente no uso dos espaços públicos de lazer. A literatura utilizada neste trabalho envolveu autores como Milton Santos, Marcelo Lopes de Souza,Jürgen Habermas, Zigmunt Bauman, Alba Zaluar, Michel Misse, Ângelo Serpa, Yi FuTuan, Hanna Arendt e Tereza Pires do Rio Caldeira, nas questões relacionadas às cidades modernas, a violência e as sensações que os espaços despertam nas pessoas. O foco teórico central é o debate contemporâneo, do qual encontramos várias articulações lógicas entre a proliferação de problemas associados à urbanização, como a democratização dos territórios, segregação sócio-espacial e a violência perpetrada aos frequentadores de áreas de lazer. A partir de um estudo de caso efetuamos a análise a partir de questionários aplicados aos usuários de importantes espaços públicos de Londrina, como o Zerão, o Igapó I e o Igapó II.Esse trabalho conclui que o indivíduo faz um enfrentamento cotidiano e procura fazer escolhas, racionais e subjetivas, para lidar com esse crescente estado de violência e desorganização nos espaços públicos de lazer.
Desdobramentos territoriais do Programa de Crédito Fundiário em Londrina e Tamarana – PR
Flávia da Silva Bortoloti, Prof.ª Dr.ª Eliane Tomiasi Paulino
Data da defesa: 08/07/2011
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a questão agrária brasileira, tecendo considerações que abrangem, desde a constituição do latifúndio, até a nova face da reforma agrária, adotada pelo Estado brasileiro, todavia orientada pelo ideário neoliberal dos organismos financeiros internacionais como o Banco Mundial, que se materializam no espaço, por meio dos Programas de Crédito Fundiário. Propomos, portanto, examinar o modo como ocorre o reordenamento fundiário, por meio das ações empreendidas por agentes do capital nacional e internacional com o respaldo do Estado brasileiro; que atuam na estrutura fundiária não com a intencionalidade de modificá-la, mas sim de torná-la ainda mais concentrada e inacessível a milhares de trabalhadores em luta pela terra, agindo sempre onde há tensão, na tentativa de desestruturar os movimentos sociais e as lutas históricas para o acesso a terra, transformando, assim, a reforma agrária, um problema social e econômico, em uma questão mercadológica, por meio de programas que privilegiam a compra e o financiamento de terras, em detrimento das desapropriações e redistribuição delas. Averiguaremos também, neste trabalho, a recriação contraditória do campesinato, dentro do modo de produção capitalista, tendo como parâmetro o Programa de crédito fundiário Banco da Terra. Combinamos aqui, duas escalas de análise, a que se detém nas implicações gerais da questão agrária brasileira e a desse programa de intervenção pública, no ordenamento fundiário do país, para assim posicionar o debate a partir de uma investigação com bases empíricas: os grupos de Banco da Terra, em Londrina e Tamarana.
A cartografia na leitura da paisagem : construção de conceitos a partir do cotidiano
Maria de Fátima de Brito, Prof.ª Dr.ª Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 18/08/2011
O presente trabalho de pesquisa tem como principal objetivo discutir a importância da linguagem cartográfica na leitura da paisagem. No entanto, apresenta a falta de domínio dos conceitos cartográficos revelada pelos alunos, como um problema na elaboração dessa leitura. Como forma de enfrentamento a essas dificuldades e na busca de soluções, apresenta o desenvolvimento de uma proposta metodológica de alfabetização cartográfica que visa a construção de conceitos a partir do cotidiano. Tal metodologia desenvolve-se no formato de aulas-oficinas e trabalho de campo, tendo como base de análise do espaço geográfico a categoria paisagem. Participam desse trabalho os alunos do Ensino Fundamental e Médio do CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - de Londrina nos anos de 2009 e 2010. O trabalho norteia-se pelo método da pesquisa-ação e fundamenta-se nas ideias de Vygotsky sobre a mediação como comunicação pedagógica. Apresentam-se como resultados desse trabalho de pesquisa, as análises das produções dos alunos obtidas por meio de relatórios, mapas e tabelas sobre a leitura da paisagem do entorno da Escola a partir da realização do trabalho de campo.
A transição agroecológica como possibilidade de recriação camponesa nos assentamentos 20 de Março (MS) e Eli Vive (PR)
Mariele de Oliveira Silva, Eliane Tomiasi Paulino
Data da defesa: 30/10/2020
Nos dias atuais, a projeção do campo brasileiro se dá pelo destaque do setor que representa a agricultura capitalista, em grande parte responsável pelo volume da produção de grãos exportada para o mundo. Não obstante, inúmeras crises indicam haver forte correlação da questão alimentar e da questão ambiental com a agricultura capitalista e sua forma peculiar de ocupação de grandes extensões de terras. Após analisar algumas expressões desta correlação no campo brasileiro, foram priorizadas experiências de agroecologia pretensamente capazes de promover o resgate de práticas mais sustentáveis e ecológicas dos agroecossistemas. Com base em vários estudos que tem demonstrado sua relevância como alternativa de reprodução camponesa, pela capacidade de dinamizar a produção de alimentos de forma ecologicamente justa, socialmente sustentável e economicamente viável, o objetivo da pesquisa foi estudar como ela tem se apresentado como estratégia de reprodução para famílias camponesas. Para tanto, foram selecionadas duas experiências em projetos da reforma agrária: o primeiro é o Eli Vive II, situado no município de Londrina, estado do Paraná, onde a produção de grãos se sobressai no espaço agrário. O outro é o 20 de Março, situado em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, onde se expande o monocultivo do eucalipto. Ambos os modelos predominantes são foram forjados sobre uma estrutura fundiária altamente concentrada, razão pela qual os sujeitos dessa pesquisa trazem as marcas da histórica luta contra a opressão e a violência. São testemunhas vivas dos processos de expulsão da terra, mas também da saga vitoriosa que lhes permitiu conquistar um lugar de reprodução social. O chão da reforma agrária comporta diversas estratégias de recriação, dentre elas a transição dos espaços produtivos para uma agricultura mais sustentável articulada a mercados locais. Conclui-se que tais iniciativas têm conquistado gradativa visibilidade pelo caminho da produção de alimentos, pavimentando um caminho possível para a conquista da autonomia.