Avaliação do regime hidrológico da represa Capivara entre 1995 e 2015 e implicações socioambientais no município de Primeiro de Maio – PR

Dissertação de mestrado

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Resumo

A construção da Usina Hidrelétrica de Capivara represando as águas do trecho médio do Rio Paranapanema em 1975 provocou grandes transformações na paisagem em sua região de influência que evolve territórios municipais do interior dos estados do Paraná e São Paulo. Essas transformações produziram impactos ambientais imediatos à fauna e flora, além disso, perda significativa de terras agricultáveis desses territórios. Contudo, a represa Capivara tem sofrido nos últimos anos com a irregularidade da distribuição de precipitação, afetando negativamente a vazão fluviométrica que deveria manter os níveis estáveis do lago para geração de energia elétrica. De modo a investigar tal problemática, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento do regime hidrológico da represa entre o período de 1995 a 2015 e implicações socioambientais para o município de Primeiro de Maio (PR), utilizando como metodologia científica a análise de: arquivos de material histórico; séries históricas de dados hidrológicos e climáticos; imagens temporais de satélite; evolução da perda de superfície de água a partir de levantamento realizado por MapBiomas. Dessa forma, foi possível evidenciar alguns impactos socioambientais importantes, tanto negativos quanto positivos advindos com a construção da Usina Hidroelétrica de Capivara. Como negativos destaca-se o impacto ambiental devido à alteração natural dos cursos de drenagem, espacialmente o represamento da foz do Rio Tibagi na área territorial do município de Primeiro de Maio (PR), além da eliminação de grande volume de flora e extinção de espécies endêmicas. Como impactos positivos, a construção de chácaras de lazer às margens da represa Capivara potencializou o comércio varejista e de serviços para a área urbana do município, trazendo importante contribuição econômica social. No entanto, as oscilações do nível da represa interferem nesta dinâmica socioeconômica, uma vez que a persistência de longos períodos de baixa precipitação reduz a superfície, o volume e níveis das águas do lago, interferindo na circulação e fluxo de pessoas e mercadoria, diminuindo assim, o consumo na área urbana de Primeiro de Maio (PR). A persistência de períodos duradouros de irregularidades na distribuição da precipitação pode estar associada ao aquecimento global, além de outros impactos antrópicos regionais, afetando de modo significativo a circulação atmosférica na formação de massas de ar úmidas que influencia a dinâmica das chuvas ao longo do tempo histórico. Neste contexto, espera-se que a presente pesquisa contribua como uma alerta importante, pois ficou evidente, a tendência de perda de superfície de água na região hidrográfica da represa Capivara em Primeiro de Maio (PR), e como isso vem afetando negativamente o meio ambiente (para um novo equilíbrio) e sociedade.