Vivendo com aquilo que está ao seu alcance!: Segregação socioespacial e racial em conjuntos habitacionais na cidade de Rolândia/Pr
Rafael de Souza Maximiano, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 16/03/2023
Essa dissertação tem como problema central a segregação socioespacial e racial que afeta a vida de milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Objetivou-se analisar o processo de segregação a partir das políticas de acesso a moradia e da vivência dos moradores dos conjuntos habitacionais localizados em áreas de ZEIS, na cidade de Rolândia – PR. Para a construção da pesquisa foram levantados documentos oficiais, leis, artigos e outras dissertações, com o intuito de embasar toda a produção acerca da segregação socioespacial e racial que viria ser construída no decorrer dos capítulos. Além da discussão teórica, essa pesquisa tem como base as entrevistas qualitativas, realizadas com famílias negras dos conjuntos José Perazolo, Ernesto Franceschini e Tomie Nagatani, todos pertencentes a políticas de habitação e ao Programa Minha Casa Minha Vida, afim de enriquecer o debate da questão racial e poder potencializar a fala das famílias negras que muitas vezes são invisibilizadas. Os resultados dessa pesquisa evidenciaram os problemas enfrentados pela população dos conjuntos habitacionais, sendo eles relacionados ao acesso dos equipamentos urbanos da cidade de Rolândia-PR e na questão do racismo que alvejam parte dos moradores. Conclui-se que essas famílias encontram-se até segregadas e essa segregação, de forma particular, afeta a vida dos moradores em várias escalas. Esses moradores que, mesmo contemplados com a moradia do PMCMV, não tem acesso aos equipamentos urbanos, e vivem com aquilo que está ao seu alcance.
Utilização de mapa mental para educação ambiental na cidade de Ribeirão do Sul/SP: contribuição da Cartografia Social
Victória Helena Borsa Piroli, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 01/02/2023
A presente pesquisa de abordagem qualitativa, norteada pela Cartografia social aliada à educação ambiental, contemplou, como recorte, espacial o município de Ribeirão do Sul, localizado no estado de São Paulo. Como objeto de estudo, a pesquisa foi desenvolvida alunos do 6º e 7ª ano da Escola Estadual Nicola Martins Romeira. Foi questionado acerca do município, das questões ambientais, da presença de corpos d'água e suas condições. A pesquisa teve como objetivo geral analisar o conhecimento de alunos do 6º e 7º ano do ensino fundamental sobre questões ambientais locais relacionadas à água por meio da cartografia social. Na etapa inicial da aplicação do trabalho foram verificados os conhecimentos prévios dos alunos. Em seguida, os estudantes fizeram um mapa, localização e demonstrando, segundo a visão deles, a município em que moram, dos rios/córregos que lá estão presentes, bem como sua situação (se está canalizado, na forma natural, com ou sem vegetação, com ou sem depósito de lixo, se a água aparenta estar limpa, se há ou não mau cheiro, se há presença de animais silvestres ou não). Tornou-se pertinente trazer à discussão dos resultados a Pandemia de Covid-19, que, desde 2020 tem assolado o planeta, mudado hábitos, jeitos de pensar a educação em modo geral, incluindo alunos do 7º ano. Foram aplicados 49 questionários, em três turmas distintas: uma de 6º ano e duas do 7º ano do ensino fundamental. Pode-se verificar uma grande dificuldade dos estudantes em fazer os mapeamentos, pois muitos não sabiam se existiam rios ou córregos passando pelo município de Ribeirão do Sul. Nestes casos, foram observados desenhos que centralizavam a escola, a praça da igreja e a lanchonete. Por meio desta pesquisa foi possível verificar que grande parte dos alunos participantes sabe de onde vem a água que chega até a sua residência, indicando um conhecimento prévio adquirido por estes em sua vida diária, inclusive, muitos sabiam exatamente o ponto onde a água é captada, seja no poço, direto do rio ou da galeria pluvial. Conclui-se que a maioria dos estudantes sabe que existem rios e córregos perto de suas casas, porém não sabem seus nomes.
Uma imagem do vale do Paranapanema: paisagem entre as posses de terras e a ferrovia
Aline Alves Anhesim, Adriana Castreghini de Freitas Pereira
Data da defesa: 06/02/2023
Discute o caráter da paisagem cultural no vale do Rio Paranapanema, com enfoque na posse de José Teodoro de Souza. Apoia-se na análise documental e da legislação, análise iconológica de mapas, trabalho de campo e desenvolve a avaliação da paisagem cênica, identificação do caráter da paisagem, e finaliza com a caracterização, onde há a sistematização e descrição de unidades de paisagem. Contribui com a pesquisa paisagística no desenvolvimento de abordagem e sistematização a partir do objeto de estudo. Desenvolve mapeamento e discussão sobre a proteção da paisagem com a finalidade de fortalecer reconhecimento e proteção do patrimônio cultural regional. Rompe com a prioridade dada a Estrada de Ferro Sorocabana como propulsora do desenvolvimento e destaca a influência do Rio Paranapanema e dos posseiros na constituição do caráter da paisagem.
Turismo rural e campesinato: embates e possibilidades no munícipio de Sapopema/PR
João Vitor Galante Dorigo, Sergio Aparecido Nabarro
Data da defesa: 14/02/2023
O escopo da pesquisa consiste na análise da relação do Turismo com os camponeses no munícipio de Sapopema/PR. Localizado na região Norte do Paraná, distante cerca de 135 quilômetros de Londrina/PR, o munícipio é atualmente considerado um importante polo turístico. Com diversas cachoeiras, trilhas e áreas de camping, Sapopema/PR atraí turistas do interior do Paraná e São Paulo. Seus principais atrativos são o Pico do Agudo, um dos pontos mais altos de toda a região do Norte do Paraná; o Salto das Orquídeas, conjunto de trilhas e cachoeiras, possibilitando a realização de rapel e a Fazenda Abaeté, voltada para o turismo rural. A atividade turística, atualmente considerada como uma prática social que envolve e movimenta pessoas e espaços, somados com o seu caráter transformador e excludente, ao ser realizada nas áreas rurais pode trazer consigo contradições, debates e possibilidades junto à classe camponesa. A problemática de como o Turismo influencia esses espaços, assim como de que maneira é visto pela população do campo e como influencia seu modo de vida é o grande teor deste trabalho. O modo de vida camponês, pautado no tripé família, terra e trabalho, difere da maioria das características do Turismo tradicional, atividade essencialmente capitalista e impactante por onde passa. A pesquisa também recorda que durante as últimas décadas, o planejamento e a gestão do Turismo vêm evidenciando práticas alternativas do mesmo, como o Ecoturismo, o Turismo de base comunitária e o Turismo em espaços rurais, que buscam e possibilitam olhares mais voltados para as comunidades locais. Sendo assim, o objetivo da pesquisa é compreender como o Turismo nos espaços rurais de Sapopema/PR influencia o modo de vida camponês. O recorte espacial foi escolhido pela sua notoriedade no Turismo Rural na região e pelo ineditismo da abordagem da temática no município. O método de análise é a dialético aplicado aos pressupostos da Geografia Agrária e do Turismo dentro da ciência geográfica. A metodologia da pesquisa consistiu em levantamentos bibliográficos, trabalhos de campo e conversas in loco com os camponeses e representantes do poder público municipal, afim de compreender melhor, através das diversas perspectivas, a dinâmica do Turismo no munícipio. Os resultados obtidos podem confirmar a síntese de que o Turismo Rural é um segmento que necessita de dados oficiais mais consistentes e detalhados, pois os mesmos ainda são informais e incompletos. Por ser um segmento que tende a crescer, o Turismo Rural carrega consigo a lacuna de ser mais estudado e compreendido. Além disso, durante a pesquisa e contato com a realidade de Sapopema/PR, foi confirmado a intrínseca relação dos camponeses com as atividades turísticas realizadas no campo, onde a principal conclusão obtida é que essa relação é dialética: ora os camponeses influenciam a forma com que o Turismo Rural é desenvolvido no município, ora o Turismo Rural influencia no modo de vida camponês.
Plano diretor na pequena cidade de Jataizinho/PR: habitação e aspectos socioambientais
Andreia Virginia da Silva, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 17/03/2023
A presente pesquisa abraçou a revisão do Plano Diretor Municipal enquanto instrumento para viabilizar ações direcionadas para problemas socioambientais e enfrentamento da falta de mordia social em pequenas cidades. O recorte espacial foi a pequena cidade de Jataizinho/PR, nas porções das favelas do Bairro Bela Vista e Recanto dos Humildes, objetivando analisar a questão da habitação social na pequena cidade de Jataizinho, tendo por base os dois últimos Planos Diretores Municipais e a vivência de famílias que se encontravam nas referidas áreas até 2022. Especificamente, buscou-se discutir teoricamente sobre a produção do espaço urbano e as pequenas cidades, destacando como os planos diretores de 2007 e 2023 de Jataizinho/PR contemplaram a problemática habitacional e socioambiental, bem como discutir as condições de vida nas favelas, ouvindo os agentes produtores do espaço social, nesse caso o grupo de excluídos que sem ter acesso a políticas publicas de habitação tem ocupado área irregulares do ponto de vista da propriedade da terra. Para tanto, inspirada em conceitos discutidos por Marx, a pesquisadora realizou uma pesquisa do tipo qualitativa, com as seguintes técnicas de pesquisa: observação simples, entrevista semiestruturada e registro fotográfico. Com a pesquisa verificou-se que em Jataizinho havia até 2023 03 favelas com famílias vivendo em situações precárias em uma situação de vulnerabilidade socioambiental, e outra quarta favela estava iniciando. Conclui-se que a questão da habitação tem ocorrido também nas pequenas cidades, sendo necessário que a gestão assuma seu papel no processo de construir e implementar políticas públicas de habitação de interesse social que possam atender essas famílias e fazer cumprir o direito à cidade.
Paisagens, lugares e trilhos: permanências e memórias em cidades da alta paulista
Cássia Regina Dias Ribeiro, Edilson Luis de Oliveira
Data da defesa: 15/02/2023
A instalação dos trilhos do prolongamento do Ramal de Agudos, da Companhia Paulista de Estrada de Ferro (CPEF), no espigão dos Rios Peixe/Feio Aguapeí, na região da Alta Paulista, colaborou na transformação e configuração da paisagem. A expectativa da chegada dos trilhos condicionou a localização e o traçado dos núcleos urbanos. Na maioria das cidades, compreendida entre o trecho de Garça a Pompeia-SP, a linha ferroviária atravessou a malha urbana, propiciando movimentos pendulares diários e condicionando diversas ações cotidianas. Nesse contexto espacial, encontram-se histórias de vidas constituídas pelas experiências vividas. Lembranças gravadas na memória que condicionam a forma de ver e perceber o mundo. Dessa forma, o objetivo geral da tese consiste na averiguação da conexão e da dinâmica das especificidades dessa paisagem com as experiências vividas, gravadas em nossas memórias. Para obtenção dos resultados esperados, os procedimentos para coleta e análise de dados foram: as referências bibliográficas, que permitiram analisar e compreender os conceitos essenciais para a construção do referencial teórico; a pesquisa documental e os testemunhos, coletados através de dezessete entrevistas semiestruturadas e cinco cartas, que possibilitaram investigar as experiências vividas e entrelaçar os rastros documentários com os afetivos. Na busca em decifrar os sentidos das narrativas, utilizou-se como respaldo filosófico o método hermenêutico fenomenológico elaborado por Ricouer (1989). No decorrer da pesquisa ficou evidente a dialética entre memória individual, com um caráter subjetivo e privado, defendido por Bergson (1999) em sua fenomenologia da lembrança e com o conceito de “minhadade”, proposto por Ricoeur (2007) e a coletiva, condicionada ao pertencimento a um grupo social, proposta por Halbwachs (1990). O aspecto locacional das lembranças reforça a tese da relação intrínseca entre memória, paisagem e lugar e é possível perceber a concentração de lembranças associadas à ferrovia e, consequentemente, afirmar que os trilhos do prolongamento do Ramal de Agudos podem ser considerados um lugar memorável. No ato de recordar o indivíduo lembra-se de si e reconhece seu mundo, sua paisagem, seu lugar.
O espaço geográfico representado em filmes de animação: contribuições para o ensino de geografia nos anos finais do ensino fundamental
André Fernandes Oliveira, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 17/04/2023
Nos últimos anos, o debate acerca de metodologias e linguagens capazes de atualizar o ensino de Geografia ganhou relevância devido à necessidade de ensinar de forma lúdica e mais próxima ao estudante. Dentre os inúmeros recursos tecnológicos e audiovisuais disponíveis, o cinema se apresenta como um dos instrumentos com grande potencial, tendo em vista sua capacidade de reter a atenção dos estudantes e possuir enredos compatíveis com o estudo pertinentes à Geografia e outras áreas do conhecimento. Partindo desses pressupostos, a problemática da pesquisa se constrói: é possível dinamizar as aulas de Geografia e assim torná-las interessantes e prazerosas para os estudantes por meio do uso da linguagem cinematográfica, mais especificamente de longas-metragens de animação? O objetivo da pesquisa é analisar o potencial didático dos filmes comerciais de animação no que se refere à compreensão do principal objeto de estudo da Geografia, o espaço geográfico e desenvolver propostas de caráter interdisciplinar capazes de auxiliar professores a utilizarem a linguagem fílmica em suas aulas. As atividades e análises se deram a partir do projeto “Animaestudos, a magia do cinema nos conecta”, desenvolvido no Colégio Marista de Londrina, com turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental no ano de 2019. Nesse sentido, a pesquisa possui abordagem qualitativa, que permite uma visão ampla do fenômeno que está sendo estudado. No intuito de compreender possíveis abordagens entre filmes de animação e ensino de Geografia foi realizado um levantamento bibliográfico e uma curadoria, que definiu quais títulos seriam analisados. A partir disso, professores de outras áreas do conhecimento foram convidados a contribuir com a elaboração e aplicação das atividades propostas. Posteriormente, selecionamos dois títulos trabalhados junto aos estudantes para analisar a eficácia do projeto e verificar os resultados alcançados.
Migração e trabalho dos haitianos no Paraná (2010-2022)
Lineker Alan Gabriel Nunes, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 21/03/2023
A migração haitiana para o Brasil, de natureza transnacional, advém de variados fatores explicativos oriundos da herança colonial francesa e, mais tarde, da vinculação político-econômica com os Estados Unidos, que situaram o Haiti historicamente como um país de emigração. Ademais, o enrijecimento da política migratória nos Estados Unidos e na Europa, o momento econômico vivido pelo Brasil nos anos 2010 e a atuação do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) aproximaram os dois países, fazendo com que o terremoto de 2010 se tornasse um divisor de águas que acelerou as relações já existentes entre as duas nações. No Paraná, o fluxo de haitianos se constitui o maior movimento migratório ocorrido em décadas. A difusão da população do país caribenho se deu por várias regiões do estado, adquirindo grande amplitude e tendo como elemento comum a busca por trabalho e melhores condições de vida. Nesse contexto, esta tese objetivou investigar a dinâmica da inserção do migrante haitiano no mercado de trabalho no Paraná e sua relação com as políticas públicas e demais esferas voltadas à inclusão territorial do migrante. Para tanto, a metodologia abrangeu a esfera teórica bibliográfica, passando pelo universo quantitativo até chegar à empiria, por meio da realização de entrevistas. Dividiu-se a pesquisa em dois grandes campos: o da migração e do trabalho, visando a abordar a questão da inserção laboral dos migrantes haitianos no Paraná e consequentemente das implicações disso, como as condições de trabalho, de moradia e de acesso à educação, haja vista que o trabalho é elemento central que permeia as demais condições para a migração. A partir da pesquisa de campo e das informações quantitativas reunidas, dividiu-se o Paraná em três territórios do trabalho: Oeste e Sudoeste (polarizado por Cascavel, Toledo e Pato Branco), Norte (Polarizado por Maringá, Londrina, Cambé e Rolândia) e Leste (Polarizado por Curitiba). Trabalho, racismo, xenofobia, dificuldades para afirmação no território e desafios quanto ao trabalho de mulheres haitianas, atuação de entidades que atuam com os migrantes e conquistas dos haitianos no Paraná estão entre as questões abordadas na pesquisa.
Iniciativas municipais em segurança pública: a busca por espaços seguros no Paraná
Matheus Di Osti Romagnolli, Edilson Luís de Oliveira
Data da defesa: 07/02/2023
O debate sobre o fenômeno da violência no Brasil é complexo e possui diversas facetas. A violência pode se externalizar de diversas formas, seja de forma concreta, simbólica ou psíquica e está além daquilo que é tipificado como crimes pela legislação. Devido a diversidade semântica desse conceito, encontra-se na expressão criminalidade violenta uma forma menos subjetiva e mais consonante ao aparato legal para se utilizar como objeto de discussão. As últimas quatro décadas marcaram a sociedade brasileira pelo crescimento da criminalidade, fato que resultou no aumento vertiginoso dos indicadores criminais como mortes violentas intencionais, roubos e furtos. As ações governamentais, materializadas principalmente nas ações dos estados federados e da união, não se mostraram suficientes para criar espaços seguros, principalmente em um cenário de transformações com a interiorização da criminalidade violência. É a partir dessa lacuna que os municípios, mesmo sem prerrogativa constitucional, articulam iniciativas valendo de sua particularidade territorial, empenhando recursos na segurança pública como possibilidades as ações vigentes, e assim, atuando de forma descentralizada. Essas manifestações políticas locais revelam alternativas ao modelo de organização territorial vigente e podem colaborar para ações pontuais que resultem em um desenvolvimento social justo e em espaços urbanos mais seguros. Os últimos anos revelaram um aumento dos esforços municipais em segurança manifestado de diversas maneiras, como a implementação de guardas municipais, conselhos municipais e comunitários de segurança e um consórcio de segurança. Uma das expressões mais latentes desse fenômeno está no aumento das despesas municipais per capitas na segurança pública. Sendo assim, estabeleceu-se como metodologia de pesquisa um estudo de caso onde estratégias empregadas por aglomerações municipais urbanas paranaenses na esfera da segurança pública foram levantadas e índices capazes de mensurar os níveis de segurança, como mortes violentas intencionais, roubos e furtos desses mesmos locais, foram comparados entre os anos de 2012 e 2021 a fim de buscar elucidações sobre a dinâmica criminal a luz das ações municipais. As variações criminais observadas nesses aglomerados urbanos paranaenses mostraram dinâmicas diferentes a depender das características geográficas regionais. Nota-se uma tendência de desconcentração relativa da criminalidade violenta, com o aumento da participação relativa de aglomerações urbanas do interior/litoral e uma queda relativa da participação da região metropolitana da capital nos índices criminais. É inconclusivo momentaneamente apontar alguma correlação direta entre as ações municipais e as variações nas taxas criminais, já que se trata de um objeto multifacetado. Estudos mais pormenorizados desses aglomerados são necessários para o esclarecimento das dinâmicas criminais violentas, podendo assim, revelar outros componentes desse sensível e complexo fenômeno que é a criminalidade e a violência.
Espaços abandonados – Londrina
Raíssa Galvão Bessa, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 01/03/2023
Toda edificação traz consigo uma história. Muitas vezes são destacados os traços arquitetônicos que revelam uma estética e/ou época, mas há mais para além disso: os espaços são memórias de pessoas, famílias, comércio local, comunidades e até mesmo representam políticas públicas, seja da esfera municipal, estadual ou federal. Os espaços abandonados foram cemitérios vivos da história por anos, frequentemente indo ao chão para o moderno acontecer. Diante dessa realidade é que se propõe a presente pesquisa. Ver a cidade e seus espaços abandonados a fim de compreendê-los tendo como objetivo valorizar a memória e a história local. Utilizou-se o método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre, no qual foi realizada a coleta dos documentos locais partindo do presente para perceber o passado e assim permitir olhar o futuro numa visão descolonizadora do município. Culminando no método Brecht de Fredric Jameson, que visa entrelaçar a arte e a ciência de forma crítica, política e de pesquisa-ação. Além dos métodos citados, usou-se o referencial teórico de autores como: Jan Gehl e Jane Jacobs que defendem um urbano humanista, François Ascher e Henri Lefebvre que abordam o espaço como produção de uma cidade capitalista, e outros que dialogam com o espaço urbano, sua memória e história. Assim adentrou-se em um universo para além da academia, escrevendo um projeto na lei de cultura municipal, aprovando-o, resultando em um curta-metragem, URBEX espaços abandonados Londrina, que foi exibido durante três dias de forma online, alcançando mais de 1.200 visualizações e posteriormente exibido no 24º Festival Kinoarte de Cinema, de modo presencial. Foram realizadas treze entrevistas, sendo três diálogos abertos com pessoas que se destacaram nas temáticas: sonora, cultural e de transformação de um espaço abandonado local; e dez organizadas em dois grupos focais de indivíduos: os que viram ao curta-metragem e os do entorno dos espaços abandonados. Verificou-se que as pessoas que assistiram ao material em audiovisual possuíam uma análise prévia, uma visão crítica e sensível ao assunto, relacionando memórias pessoais com os espaços da cidade; já as do entorno tinham uma abordagem prática e capitalista sobre o abandono urbano. Percebeu-se que o objetivo foi alcançado quando houve um trabalho de sensibilização por meio da arte. Uma das formas dos espaços abandonados significarem para história local é existir pesquisa-ação gerando consciência e possibilitando um movimento popular de resistência da memória coletiva.