Teses e Dissertações
A relação com o saber e a relação com o ensinar no estágio supervisionado em Biologia
Eliana de Mello , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 30/07/2007
O objetivo desta dissertação é compreender como futuros professores de Biologia, na fase de
transição de alunos aprendizes, desde o momento do estágio, a professores, no momento de
ingresso efetivo na profissão, estabelecem a relação com o ensinar e se constituem
profissionalmente, buscando verificar como elaboram ou re-elaboram, diante dos desafios da
prática docente, os conhecimentos que adquiriram durante a formação inicial. Os sujeitos da
pesquisa são alunos do 3º ano de Biologia de uma faculdade particular no interior do estado
de São Paulo. Ao todo, a pesquisa envolveu oito estagiários. A coleta de material de análise
deu-se por meio de entrevistas semi-estruturadas junto aos estagiários, com o objetivo de
identificar a relação que cada um estabelecia com o ensinar, bem como a forma como cada
um se constituía na construção de “ser professor” nos quatro momentos aqui considerados
fundamentais: a observação, a regência, a universidade e a experiência. Por meio desses
momentos, buscou-se discutir, as nuances de transformações e constituição da identidade
docente de cada estagiário na relação que estabelecia com o ensinar em cada momento. Tendo
como fundamentos a temática da relação com o saber conforme proposta por Bernard Charlot,
bem como as reflexões sobre os saberes docentes efetuadas por Maurice Tardif, passamos a
entender a relação com o ensinar para cada estagiário como a relação que cada um deles
estabelece com os saberes docentes (saberes da formação profissional, saberes disciplinares,
saberes curriculares e saberes experienciais), entendendo, entretanto, tais relações como
relações com o mundo, com o outro e consigo mesmo. Após a análise dos dados, apontamos
que a relação estabelecida, pelo estagiário com o saber, nas relações sociais e históricas em
que estão envolvidos é movida pela subjetividade de cada um e também pelo sentido que dão
a essas relações. Desta forma, a construção dos saberes docentes necessários ao exercício de
ensinar tem raízes desde sua experiência com o mundo da universidade, da escola, das
relações que se estabelece com o outro, e, ao se inserir na sala de aula, ao ocupar a posição de
professor, estes saberes tornam-se consolidados, contribuindo, desta forma para que a
construção do saber ensinar realmente aconteça.
Natureza da Ciência ou da Tecnociência? Concepções de alunos do ensino médio
Fabiano Antunes , Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 18/09/2007
A Natureza da Ciência tem sido pesquisada por diversos autores junto a alunos das
mais diversas faixas etárias e níveis de escolarização. Porém, será que o os alunos
referem-se à Natureza da Ciência da mesma forma como os pesquisadores a
entendem? Segundo Acevedo (1997) quando se trata de ciência moderna, trata-se
muitas vezes não de uma Ciência acadêmica, mas sim de uma Tecnociência.
Investigações a respeito da Natureza da Ciência (NdC) realizadas no século
passado tinham atenção quase exclusiva aos traços característicos da natureza da
Ciência acadêmica dominante. Isso, sem ter em conta que desde o último quarto do
século XX uma boa parte da Ciência é Tecnociência e a sua natureza não responde
aos mesmos padrões (ACEVEDO et. al., 2005). De acordo com Thomas (1997),
algumas pesquisas têm revelado que a imagem pública da Ciência é determinada
pelas questões sócio-científicas mais recentes. Questões controversas, como a
utilização ou não de células tronco embrionárias e o plantio de transgênicos, têm
sido alvo de repetidas reportagens tanto televisivas quanto impressas. Tais
reportagens podem, então, contribuir para uma visão distorcida da Ciência em geral,
dependendo de como a informação é tratada e transmitida a todo o público. Nesse
sentido, a atual pesquisa propô-se a investigar se as concepções trazidas pelos
alunos sobre a Ciência, referem-se mais propriamente à Tecnociência. Também foi
investigado se os alunos consideram a Ciência como universal ou influenciada por
valores sociais e que características eles relacionam aos cientistas. Os dados foram
tratados por meio da triangulação entre histórias de ficção científica escritas pelos
alunos, e as respostas dadas por eles em questionários abertos. Os resultados
encontrados apontam: os alunos pesquisados entendem a Ciência como uma
Tecnociência; a visão de cientista é, em grande parte, estereotipada; a maioria dos
alunos que considera a Ciência como universal (aproximadamente 50%), possui
uma concepção ingênua da atividade científica, enquanto a maioria que a considera
como influenciada por valores sociais (outros 50%) possuem uma concepção mais
adequada de Ciência.
Dificuldades de aprendizagem conceitual em circuitos elétricos reveladas por meio de desenhos
Amandio Augusto Gouveia , Prof Dr Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 13/09/2007
O presente trabalho analisa e propõe incorporar a linguagem semiótica dos
desenhos ao tradicional tratamento da simbologia convencional para estudar
circuitos elétricos. Tal idéia surgiu da leitura de recentes pesquisas sobre a
dificuldade dos alunos em ler imagens e dar-lhes interpretação coerente e
compatível com a significação para a qual foram propostas. Procuramos investigar
esta estratégia pedagógica, mediada por desenhos, com alunos do terceiro ano do
Ensino Médio de uma escola pública, a fim de rastrear a operacionalização e a
formação de conceitos e seu referente simbólico, identificando as reflexões
insatisfatórias dos alunos, para poder corrigi-las. Finalmente, os resultados da
pesquisa apontam que esta abordagem contribui para o desenvolvimento da função
simbólica e para uma aprendizagem significativa.
Uma produção de significado para uma disciplina de Filosofia da Matemática na formação inicial do professor de Matemática
Sérgio Carrazedo Dantas , Profª Drª Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 26/03/2007
Este trabalho de investigação teve como objetivo constituir uma disciplina de
Filosofia da Matemática a partir da nossa produção de significados para a mesma,
considerando as ações enunciativas de alunos egressos de um curso de
Licenciatura em Matemática e da então professora de Filosofia da Matemática
desses ex-alunos, bem como nossas leituras e reflexões. A análise dos resíduos
dessas ações enunciativas foi baseada na perspectiva de linguagem e comunicação
apresentada no Modelo Teórico dos Campos Semânticos de Lins, partindo de uma
leitura positiva dos mesmos. A investigação permitiu que constituíssemos uma
disciplina de Filosofia da Matemática tomando por base um perfil de licenciando
descrito por Souza et al (1991 e 1995), em termos de liberdade de escolha de
conteúdos e de metodologias, competência matemático-pedagógica para o exercício
dessa liberdade, e compromisso político. Na nossa produção de significado para
uma disciplina de Filosofia da Matemática consideramos que na mesma devem
oportunizadas atividades e discussões que tematizem os fundamentos filosóficos da
Matemática; o cultivo da capacidade de reflexão filosófica sobre o conhecimento,
sobre o conhecimento matemático e sobre a Matemática; a promoção de uma visão
holística da Matemática e sua integração a conhecimentos de outras áreas e
disciplinas.
A relação com o saber e o estágio supervisionado em Matemática
Francieli Cristina Agostinetto Antunes, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 09/02/2007
Este trabalho tem como objetivo investigar a relação com o saber docente estabelecida
por estagiários do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Oeste do
Paraná no período do estágio supervisionado, que aconteceu em colégios públicos da
cidade de Cascavel. Utilizamos como referencial teórico a Relação com o Saber
conforme apresentada por Charlot, que é o conceito central do nosso trabalho e entendida
como relação com o mundo, relação com o outro e a relação consigo mesmo.O foco está
na análise das relações estabelecidas entre o estagiário e seu orientador, com seus alunos,
com o professor da turma, com a escola e com os saberes relacionados à Matemática.
Para levantamento das informações desta pesquisa foram entrevistadas três duplas de
estagiários, totalizando seis pessoas. No desenvolver da entrevista, os estagiários foram
convidados a falar sobre o período do estágio supervisionado, as relações estabelecidas e
a experiência oriunda desse processo. As análises das transcrições foram feitas
primeiramente utilizando diagramas diacrônicos e posteriormente mapas conceituais para
cada relação estabelecida pelas duplas. Utilizamos tais instrumentos com o intuito de
analisar as relações estabelecidas pelos estagiários quando confrontados com a
necessidade de dar aula, que postura assumir em sala de aula, como prender a atenção do
aluno, entre outros fatores relevantes ao licenciando.
A identificação e a construção da identidade docente na formação inicial de professores de Biologia
Francisca Michelli Lopes , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 29/03/2007
Este trabalho teve como objetivo investigar a formação inicial de professores de Biologia
e Ciências, os saberes construídos no período de estágio supervisionado, bem como
abordar elementos que auxiliem na compreensão da construção da identidade
profissional. Participam dessa pesquisa estagiários do quarto ano do curso de Ciências
Biológicas, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas.
Durante as entrevistas o estagiário era questionado sobre escolha do curso, o seu contato
inicial com a sala de aula. Para a análise dos dados utilizou-se os saberes docentes
propostos por Tardif e alguns conceitos da teoria psicanalítica, em particular o conceito
de identificação. Apontamos que o processo de construção da identidade docente do
estagiário tem raízes, na maioria das vezes em sua experiência prévia enquanto aluno, sob
influência do ambiente escolar e familiar. Ao inserir-se na sala de aula e ocupar a posição
de professor, o estagiário parece construir-se a partir de um traço que é a marca do seu
discurso e pelo qual vai construindo a si mesmo como professor e seus saberes docentes.
Modelagem Matemática x Aprendizagem Significativa: uma investigação usando Mapas Conceituais
Maria Lucia de Carvalho Fontanini, Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 23/03/2007
Apresentamos o resultado de um trabalho de pesquisa fundamentado nos pressupostos
teóricos da Modelagem Matemática na perspectiva da Educação Matemática, na teoria da
Aprendizagem Significativa de David Ausubel e nos Mapas Mapas Conceituais de
Joseph Novak. Estabelecemos previamente um conjunto de elementos por meio dos quais
é possível evidenciar a ocorrência da Aprendizagem Significativa por meio dos Mapas
Conceituais, quando as atividades de ensino compõe uma proposta que envolve
Modelagem Matemática. A pesquisa foi desenvolvida com 4 alunos que cursavam o
primeiro semestre de um curso em Manutenção Industrial Mecânica em uma
Universidade no interior do Paraná, durante as aulas de Fundamentos da Matemática,
Cálculo Diferencial Integral I e um curso extracurricular. Após um período de
familiarização com os Mapas conceituais, os alunos desenvolveram atividades de
Modelagem Matemática e construíram mapas a respeito dos conceitos matemáticos e
extra-matemáticos envolvidos no problema estudado. Os mapas conceituais elaborados
pelos alunos, a observação dos mesmos, aplicação de questionários e entrevistas foram os
meios empregados na coleta das informações. Essas informações permitiram perceber
avanços no continuum aprendizagem memorística - aprendizagem significativa de
conceitos matemáticos trabalhados por meio da Modelagem, potencialidades da
associação dos Mapas Conceituais e Modelagem Matemática bem como vantagens e desvantagens em trabalhar com os mesmos.
Um olhar semiótico sobre a Modelagem Matemática
Rodolfo Eduardo Vertuan , Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 27/02/2007
Este trabalho apresenta uma investigação sobre a utilização de diferentes registro sem
atividades de Modelagem Matemática. O estudo está fundamentado na teoria dos
Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval e na Modelagem Matemática
como alternativa pedagógica. A investigação tem como objetivo verificar se os diferentes
registros associados a um objeto matemático tornam-se presentes em atividades de
Modelagem Matemática bem como se estas atividades possibilitam o tratamento, a
conversão e a coordenação entre os registros. Neste sentido, a pesquisa consiste na
observação, descrição e análise dos registros produzidos pelos alunos em atividades de
Modelagem. Para tanto, organizamos um “curso de Modelagem Matemática”, no qual
alunos do 1º ano do Curso de Licenciatura em Matemática que cursavam a disciplina de
Cálculo e Geometria Analítica I pela primeira vez, se envolveram com um conjunto de
atividades de Modelagem, a partir das quais propomos discussões com ênfase no objeto
matemático “derivada”. A partir da análise dos registros dos alunos, infere-se que a
Modelagem Matemática torna presente a utilização de diferentes registros bem como
possibilita o tratamento, a conversão e a coordenação entre eles. A análise revela que esta
coordenação, por sua vez, contribui para a compreensão dos objetos matemáticos
discutidos bem como da situação-problema investigada.
O que alunos da escola básica mostram saber por meio de sua produção escrita em Matemática
João Ricardo Viola dos Santos, Profª. Drª. Regina Luzia Corio de Buriasco
Data da defesa: 22/03/2007
O presente trabalho tem por objetivo analisar a produção escrita de alunos na questão comum da Prova de Questões Abertas de Matemática da AVA–2002 da 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio. A pesquisa é de natureza qualitativa, baseada na análise textual discursiva, com a qual analisamos 147 provas. Investigamos o modo como alunos lidam com a questão aberta, suas interpretações das informações contidas em cada frase do enunciado, as estratégias elaboradas e os procedimentos utilizados, o pensamento e a linguagem algébrica, as características dos problemas que eles construíram a partir do enunciado da questão e os conteúdos escolares que eles mostram saber por meio de sua produção. Propõe o abandono da idéia de ‘erro’ para adotar a de ‘maneiras de lidar’. Apresenta uma caracterização do pensamento algébrico para análise nas produções escritas. Em relação à interpretação dos alunos para o enunciado da questão tem-se que com o aumento da escolaridade eles fazem mais e melhores relações entre as informações contidas nas frases. Em relação ao pensamento algébrico expresso em suas produções, grande parte dos alunos mostra utilizá-lo para resolver a questão. Já os alunos que utilizaram linguagem algébrica resolveram a questão da maneira considerada correta. Os problemas construídos pelos alunos a partir do enunciado da questão se caracterizaram, parte por ter uma estrutura de resolução linear realizada por meio de interpretações passo-a-passo, e, parte por uma estrutura de resolução não-linear. Grande parte dos alunos que interpretou a idéia de recorrência da segunda frase resolveu a questão da maneira considerada correta. Neste trabalho mostramos que alunos da Escola Básica mostram saber, por meio de sua produção escrita, vários procedimentos que geralmente são trabalhados na escola, assim como suas maneiras particulares de lidar com uma questão aberta de matemática.
Categorias para a seleção de experimentos de Química no Ensino Médio: um estudo comparativo das prioridades dos professores e licenciados em formação
Nelci Reis Sales de Araujo, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 22/02/2007
As atividades experimentais de laboratório são consideradas essenciais para a
aprendizagem de Química. Nesta dissertação, esse tema da experimentação foi explorado
para estabelecer a importância relativa das categorias da seleção de experimentos. A
pesquisa é de natureza quantitativa, em que um estudo comparativo foi realizado com 58
professores de Química do Ensino Médio de Londrina - PR e de algumas cidades
próximas e 32 licenciandos em formação da Universidade Estadual de Londrina. Esses
participantes opinaram a respeito de 4 itens que foram elaborados para as categorias
Motivacional, Funcional, Instrucional e Epistemológica, perfazendo um total de 16
componentes. Para descrever os pensamentos dos participantes a partir das categorias
partiu-se do enunciado construtor do instrumento de pesquisa, dado pela questão chave
“quando seleciono experimento de laboratório, penso...“, que já deixa claro, de imediato,
que os enunciados seguintes contêm os itens que eles têm em mente. O respondente
poderá indicar para cada item seu grau de concordância ou discordância, conforme seus
motivos ou convicções de escolha da atividade experimental. Esse “construto” está
baseado na escolha de um experimento que o professor tem em mente no momento de
responder os demais itens do questionário, ou seja, as componentes das categorias. Nesse
caso, o participante não antecipa qual é o experimento, mas somente o motivo da escolha,
e ainda, é possível que os respondentes pensem em vários experimentos enquanto
avaliam as assertivas. A partir da distribuição de freqüência dos participantes, nas
respostas do questionário tipo Likert, foi possível estabelecer a importância relativa que
se propôs na investigação, ou seja, apresentar as categorias mais importantes para os dois
grupos. Os professores priorizam as categorias Instrucional, Motivacional e Funcional, as
duas últimas com a mesma freqüência e, Epistemológica, enquanto os licenciandos dão
maior importância às categorias Motivacional, Instrucional, Funcional e Epistemológica,
respectivamente. Há um padrão comum para as categorias, porém observam-se
discrepâncias nas intensidades de priorizações entre os dois grupos. Este estudo conduziu
a pensar que, quando a experimentação for vista sob uma perspectiva das categorias da
seleção de experimentos, o caminho que conduz ao laboratório será amplo e claro, bem
como da imagem do seu ambiente, que permanecerá nas mentes dos estudantes. Se
professores tomarem para si, a visão de que a ciência Química fornece a elucidação do
conhecimento ‘vivo’, que a natureza explica por si só à luz do laboratório, seus
estudantes também farão parte dele. Eles valorizarão tanto o experimento escolhido,
como a proposta pedagógica, os conceitos científicos e, principalmente, seu professor.