A relação com o saber e a relação com o ensinar no estágio supervisionado em Biologia
Eliana de Mello , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 14/12/2007
O objetivo desta dissertação é compreender como futuros professores de Biologia, na fase de transição de alunos aprendizes, desde o momento do estágio, a professores, no momento de ingresso efetivo na profissão, estabelecem a relação com o ensinar e se constituem profissionalmente, buscando verificar como elaboram ou re-elaboram, diante dos desafios da prática docente, os conhecimentos que adquiriram durante a formação inicial. Os sujeitos da pesquisa são alunos do 3º ano de Biologia de uma faculdade particular no interior do estado de São Paulo. Ao todo, a pesquisa envolveu oito estagiários. A coleta de material de análise deu-se por meio de entrevistas semi-estruturadas junto aos estagiários, com o objetivo de identificar a relação que cada um estabelecia com o ensinar, bem como a forma como cada um se constituía na construção de “ser professor” nos quatro momentos aqui considerados fundamentais: a observação, a regência, a universidade e a experiência. Por meio desses momentos, buscou-se discutir, as nuances de transformações e constituição da identidade docente de cada estagiário na relação que estabelecia com o ensinar em cada momento. Tendo como fundamentos a temática da relação com o saber conforme proposta por Bernard Charlot, bem como as reflexões sobre os saberes docentes efetuadas por Maurice Tardif, passamos a entender a relação com o ensinar para cada estagiário como a relação que cada um deles estabelece com os saberes docentes (saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes experienciais), entendendo, entretanto, tais relações como relações com o mundo, com o outro e consigo mesmo. Após a análise dos dados, apontamos que a relação estabelecida, pelo estagiário com o saber, nas relações sociais e históricas em que estão envolvidos é movida pela subjetividade de cada um e também pelo sentido que dão a essas relações. Desta forma, a construção dos saberes docentes necessários ao exercício de ensinar tem raízes desde sua experiência com o mundo da universidade, da escola, das relações que se estabelece com o outro, e, ao se inserir na sala de aula, ao ocupar a posição de professor, estes saberes tornam-se consolidados, contribuindo, desta forma para que a construção do saber ensinar realmente aconteça.
Natureza da Ciência ou da Tecnociência? Concepções de alunos do ensino médio
Fabiano Antunes , Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 18/09/2007
A Natureza da Ciência tem sido pesquisada por diversos autores junto a alunos das mais diversas faixas etárias e níveis de escolarização. Porém, será que o os alunos referem-se à Natureza da Ciência da mesma forma como os pesquisadores a entendem? Segundo Acevedo (1997) quando se trata de ciência moderna, trata-se muitas vezes não de uma Ciência acadêmica, mas sim de uma Tecnociência. Investigações a respeito da Natureza da Ciência (NdC) realizadas no século passado tinham atenção quase exclusiva aos traços característicos da natureza da Ciência acadêmica dominante. Isso, sem ter em conta que desde o último quarto do século XX uma boa parte da Ciência é Tecnociência e a sua natureza não responde aos mesmos padrões (ACEVEDO et. al., 2005). De acordo com Thomas (1997), algumas pesquisas têm revelado que a imagem pública da Ciência é determinada pelas questões sócio-científicas mais recentes. Questões controversas, como a utilização ou não de células tronco embrionárias e o plantio de transgênicos, têm sido alvo de repetidas reportagens tanto televisivas quanto impressas. Tais reportagens podem, então, contribuir para uma visão distorcida da Ciência em geral, dependendo de como a informação é tratada e transmitida a todo o público. Nesse sentido, a atual pesquisa propô-se a investigar se as concepções trazidas pelos alunos sobre a Ciência, referem-se mais propriamente à Tecnociência. Também foi investigado se os alunos consideram a Ciência como universal ou influenciada por valores sociais e que características eles relacionam aos cientistas. Os dados foram tratados por meio da triangulação entre histórias de ficção científica escritas pelos alunos, e as respostas dadas por eles em questionários abertos. Os resultados encontrados apontam: os alunos pesquisados entendem a Ciência como uma Tecnociência; a visão de cientista é, em grande parte, estereotipada; a maioria dos alunos que considera a Ciência como universal (aproximadamente 50%), possui uma concepção ingênua da atividade científica, enquanto a maioria que a considera como influenciada por valores sociais (outros 50%) possuem uma concepção mais adequada de Ciência.
Dificuldades de aprendizagem conceitual em circuitos elétricos reveladas por meio de desenhos
Amandio Augusto Gouveia , Prof Dr Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 13/10/2007
O presente trabalho analisa e propõe incorporar a linguagem semiótica dos desenhos ao tradicional tratamento da simbologia convencional para estudar circuitos elétricos. Tal idéia surgiu da leitura de recentes pesquisas sobre a dificuldade dos alunos em ler imagens e dar-lhes interpretação coerente e compatível com a significação para a qual foram propostas. Procuramos investigar esta estratégia pedagógica, mediada por desenhos, com alunos do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola pública, a fim de rastrear a operacionalização e a formação de conceitos e seu referente simbólico, identificando as reflexões insatisfatórias dos alunos, para poder corrigi-las. Finalmente, os resultados da pesquisa apontam que esta abordagem contribui para o desenvolvimento da função simbólica e para uma aprendizagem significativa.
Uma produção de significado para uma disciplina de Filosofia da Matemática na formação inicial do professor de Matemática
Sérgio Carrazedo Dantas , Profª Drª Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 01/09/2007
Este trabalho de investigação teve como objetivo constituir uma disciplina de Filosofia da Matemática a partir da nossa produção de significados para a mesma, considerando as ações enunciativas de alunos egressos de um curso de Licenciatura em Matemática e da então professora de Filosofia da Matemática desses ex-alunos, bem como nossas leituras e reflexões. A análise dos resíduos dessas ações enunciativas foi baseada na perspectiva de linguagem e comunicação apresentada no Modelo Teórico dos Campos Semânticos de Lins, partindo de uma leitura positiva dos mesmos. A investigação permitiu que constituíssemos uma disciplina de Filosofia da Matemática tomando por base um perfil de licenciando descrito por Souza et al (1991 e 1995), em termos de liberdade de escolha de conteúdos e de metodologias, competência matemático-pedagógica para o exercício dessa liberdade, e compromisso político. Na nossa produção de significado para uma disciplina de Filosofia da Matemática consideramos que na mesma devem oportunizadas atividades e discussões que tematizem os fundamentos filosóficos da Matemática; o cultivo da capacidade de reflexão filosófica sobre o conhecimento, sobre o conhecimento matemático e sobre a Matemática; a promoção de uma visão holística da Matemática e sua integração a conhecimentos de outras áreas e disciplinas.
A relação com o saber e o estágio supervisionado em Matemática
Francieli Cristina Agostinetto Antunes, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 09/02/2007
Este trabalho tem como objetivo investigar a relação com o saber docente estabelecida por estagiários do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Oeste do Paraná no período do estágio supervisionado, que aconteceu em colégios públicos da cidade de Cascavel. Utilizamos como referencial teórico a Relação com o Saber conforme apresentada por Charlot, que é o conceito central do nosso trabalho e entendida como relação com o mundo, relação com o outro e a relação consigo mesmo.O foco está na análise das relações estabelecidas entre o estagiário e seu orientador, com seus alunos, com o professor da turma, com a escola e com os saberes relacionados à Matemática. Para levantamento das informações desta pesquisa foram entrevistadas três duplas de estagiários, totalizando seis pessoas. No desenvolver da entrevista, os estagiários foram convidados a falar sobre o período do estágio supervisionado, as relações estabelecidas e a experiência oriunda desse processo. As análises das transcrições foram feitas primeiramente utilizando diagramas diacrônicos e posteriormente mapas conceituais para cada relação estabelecida pelas duplas. Utilizamos tais instrumentos com o intuito de analisar as relações estabelecidas pelos estagiários quando confrontados com a necessidade de dar aula, que postura assumir em sala de aula, como prender a atenção do aluno, entre outros fatores relevantes ao licenciando.
A identificação e a construção da identidade docente na formação inicial de professores de Biologia
Francisca Michelli Lopes , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 29/03/2007
Este trabalho teve como objetivo investigar a formação inicial de professores de Biologia e Ciências, os saberes construídos no período de estágio supervisionado, bem como abordar elementos que auxiliem na compreensão da construção da identidade profissional. Participam dessa pesquisa estagiários do quarto ano do curso de Ciências Biológicas, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas. Durante as entrevistas o estagiário era questionado sobre escolha do curso, o seu contato inicial com a sala de aula. Para a análise dos dados utilizou-se os saberes docentes propostos por Tardif e alguns conceitos da teoria psicanalítica, em particular o conceito de identificação. Apontamos que o processo de construção da identidade docente do estagiário tem raízes, na maioria das vezes em sua experiência prévia enquanto aluno, sob influência do ambiente escolar e familiar. Ao inserir-se na sala de aula e ocupar a posição de professor, o estagiário parece construir-se a partir de um traço que é a marca do seu discurso e pelo qual vai construindo a si mesmo como professor e seus saberes docentes.
Modelagem Matemática x Aprendizagem Significativa: uma investigação usando Mapas Conceituais
Maria Lucia de Carvalho Fontanini, Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 23/03/2007
Apresentamos o resultado de um trabalho de pesquisa fundamentado nos pressupostos teóricos da Modelagem Matemática na perspectiva da Educação Matemática, na teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel e nos Mapas Mapas Conceituais de Joseph Novak. Estabelecemos previamente um conjunto de elementos por meio dos quais é possível evidenciar a ocorrência da Aprendizagem Significativa por meio dos Mapas Conceituais, quando as atividades de ensino compõe uma proposta que envolve Modelagem Matemática. A pesquisa foi desenvolvida com 4 alunos que cursavam o primeiro semestre de um curso em Manutenção Industrial Mecânica em uma Universidade no interior do Paraná, durante as aulas de Fundamentos da Matemática, Cálculo Diferencial Integral I e um curso extracurricular. Após um período de familiarização com os Mapas conceituais, os alunos desenvolveram atividades de Modelagem Matemática e construíram mapas a respeito dos conceitos matemáticos e extra-matemáticos envolvidos no problema estudado. Os mapas conceituais elaborados pelos alunos, a observação dos mesmos, aplicação de questionários e entrevistas foram os meios empregados na coleta das informações. Essas informações permitiram perceber avanços no continuum aprendizagem memorística - aprendizagem significativa de conceitos matemáticos trabalhados por meio da Modelagem, potencialidades da associação dos Mapas Conceituais e Modelagem Matemática bem como vantagens e desvantagens em trabalhar com os mesmos.
Um olhar semiótico sobre a Modelagem Matemática
Rodolfo Eduardo Vertuan , Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 27/02/2007
Este trabalho apresenta uma investigação sobre a utilização de diferentes registro sem atividades de Modelagem Matemática. O estudo está fundamentado na teoria dos Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval e na Modelagem Matemática como alternativa pedagógica. A investigação tem como objetivo verificar se os diferentes registros associados a um objeto matemático tornam-se presentes em atividades de Modelagem Matemática bem como se estas atividades possibilitam o tratamento, a conversão e a coordenação entre os registros. Neste sentido, a pesquisa consiste na observação, descrição e análise dos registros produzidos pelos alunos em atividades de Modelagem. Para tanto, organizamos um “curso de Modelagem Matemática”, no qual alunos do 1º ano do Curso de Licenciatura em Matemática que cursavam a disciplina de Cálculo e Geometria Analítica I pela primeira vez, se envolveram com um conjunto de atividades de Modelagem, a partir das quais propomos discussões com ênfase no objeto matemático “derivada”. A partir da análise dos registros dos alunos, infere-se que a Modelagem Matemática torna presente a utilização de diferentes registros bem como possibilita o tratamento, a conversão e a coordenação entre eles. A análise revela que esta coordenação, por sua vez, contribui para a compreensão dos objetos matemáticos discutidos bem como da situação-problema investigada.
O que alunos da escola básica mostram saber por meio de sua produção escrita em Matemática
João Ricardo Viola dos Santos, Profª. Drª. Regina Luzia Corio de Buriasco
Data da defesa: 22/03/2007
O presente trabalho tem por objetivo analisar a produção escrita de alunos na questão comum da Prova de Questões Abertas de Matemática da AVA–2002 da 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio. A pesquisa é de natureza qualitativa, baseada na análise textual discursiva, com a qual analisamos 147 provas. Investigamos o modo como alunos lidam com a questão aberta, suas interpretações das informações contidas em cada frase do enunciado, as estratégias elaboradas e os procedimentos utilizados, o pensamento e a linguagem algébrica, as características dos problemas que eles construíram a partir do enunciado da questão e os conteúdos escolares que eles mostram saber por meio de sua produção. Propõe o abandono da idéia de ‘erro’ para adotar a de ‘maneiras de lidar’. Apresenta uma caracterização do pensamento algébrico para análise nas produções escritas. Em relação à interpretação dos alunos para o enunciado da questão tem-se que com o aumento da escolaridade eles fazem mais e melhores relações entre as informações contidas nas frases. Em relação ao pensamento algébrico expresso em suas produções, grande parte dos alunos mostra utilizá-lo para resolver a questão. Já os alunos que utilizaram linguagem algébrica resolveram a questão da maneira considerada correta. Os problemas construídos pelos alunos a partir do enunciado da questão se caracterizaram, parte por ter uma estrutura de resolução linear realizada por meio de interpretações passo-a-passo, e, parte por uma estrutura de resolução não-linear. Grande parte dos alunos que interpretou a idéia de recorrência da segunda frase resolveu a questão da maneira considerada correta. Neste trabalho mostramos que alunos da Escola Básica mostram saber, por meio de sua produção escrita, vários procedimentos que geralmente são trabalhados na escola, assim como suas maneiras particulares de lidar com uma questão aberta de matemática.
Categorias para a seleção de experimentos de Química no Ensino Médio: um estudo comparativo das prioridades dos professores e licenciados em formação
Nelci Reis Sales de Araujo, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 22/02/2007
As atividades experimentais de laboratório são consideradas essenciais para a aprendizagem de Química. Nesta dissertação, esse tema da experimentação foi explorado para estabelecer a importância relativa das categorias da seleção de experimentos. A pesquisa é de natureza quantitativa, em que um estudo comparativo foi realizado com 58 professores de Química do Ensino Médio de Londrina - PR e de algumas cidades próximas e 32 licenciandos em formação da Universidade Estadual de Londrina. Esses participantes opinaram a respeito de 4 itens que foram elaborados para as categorias Motivacional, Funcional, Instrucional e Epistemológica, perfazendo um total de 16 componentes. Para descrever os pensamentos dos participantes a partir das categorias partiu-se do enunciado construtor do instrumento de pesquisa, dado pela questão chave “quando seleciono experimento de laboratório, penso...“, que já deixa claro, de imediato, que os enunciados seguintes contêm os itens que eles têm em mente. O respondente poderá indicar para cada item seu grau de concordância ou discordância, conforme seus motivos ou convicções de escolha da atividade experimental. Esse “construto” está baseado na escolha de um experimento que o professor tem em mente no momento de responder os demais itens do questionário, ou seja, as componentes das categorias. Nesse caso, o participante não antecipa qual é o experimento, mas somente o motivo da escolha, e ainda, é possível que os respondentes pensem em vários experimentos enquanto avaliam as assertivas. A partir da distribuição de freqüência dos participantes, nas respostas do questionário tipo Likert, foi possível estabelecer a importância relativa que se propôs na investigação, ou seja, apresentar as categorias mais importantes para os dois grupos. Os professores priorizam as categorias Instrucional, Motivacional e Funcional, as duas últimas com a mesma freqüência e, Epistemológica, enquanto os licenciandos dão maior importância às categorias Motivacional, Instrucional, Funcional e Epistemológica, respectivamente. Há um padrão comum para as categorias, porém observam-se discrepâncias nas intensidades de priorizações entre os dois grupos. Este estudo conduziu a pensar que, quando a experimentação for vista sob uma perspectiva das categorias da seleção de experimentos, o caminho que conduz ao laboratório será amplo e claro, bem como da imagem do seu ambiente, que permanecerá nas mentes dos estudantes. Se professores tomarem para si, a visão de que a ciência Química fornece a elucidação do conhecimento ‘vivo’, que a natureza explica por si só à luz do laboratório, seus estudantes também farão parte dele. Eles valorizarão tanto o experimento escolhido, como a proposta pedagógica, os conceitos científicos e, principalmente, seu professor.