Validação em atividades de modelagem matemática
ROSANGELA MARIA KOWALEK, Prof.a Dra. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 24/03/2022
Nesta pesquisa abordamos a temática validação em atividades de modelagem matemática. Optamos por um relatório no formato multipaper, composto por dois artigos que tratam da temática escolhida. Assim, no primeiro artigo buscamos elucidar, por meio de uma pesquisa inventariante, como a validação em atividades de modelagem matemática vem sendo entendida e realizada em atividades de modelagem matemática na sala de aula. Para isso, buscamos indicativos de validação nos documentos oficiais que norteiam o ensino de Matemática no Brasil, seguida por uma revisão sistemática na literatura sobre a validação em atividades de modelagem matemática e perguntas realizadas a três professores da área de Modelagem Matemática. Os resultados dessa investigação evidenciam duas abordagens para a validação, a validação pode (e deve) se dar no decorrer de todo o desenvolvimento da atividade de modelagem matemática e a validação que se concentra em fases (ou etapas) específicas de uma atividade de modelagem matemática. No segundo artigo investigamos de que modo os alunos realizam a validação em atividades de modelagem matemática e o que dela decorre para a aceitação ou elaboração das respostas para o problema investigado na atividade de modelagem matemática. Os resultados inferidos a partir de uma pesquisa empírica conduzem a construção de um framework para a validação, o qual elucida elementos constitutivos da validação em atividades de modelagem matemática. A partir dos resultados dos artigos, identificamos uma caracterização de validação em atividades de modelagem matemática, em que os entendimentos de validação e as ações dos alunos permeiam uma análise, verificação, revisão, checagem, avaliação dos elementos da atividade de modelagem matemática de acordo com as necessidades que emergem durante o desenvolvimento, ou ao final, visando a confiabilidade da atividade desenvolvida.
A Evolução como o Eixo Integrador da Biologia: análise das visões de professores quanto a uma proposta pedagógica
PEDRO LEONARDO GUARILHA COLLI, Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 24/03/2022
Ainda que a comunidade científica defenda que a Evolução Biológica (EB) é o eixo central e unificador das Ciências Biológicas e que, portanto, deveria ser ensinada desta maneira, constata-se que não é o que vem acontecendo no ensino de Biologia, em especial na Educação Básica. Discute-se diversos motivos para que isso ocorra, mas um que constantemente se destaca é que as e os professores da disciplina de Biologia não são formados de modo a compreender e abordar o assunto por esta perspectiva. Assim, este trabalho buscou reconhecer e compreender as visões de docentes de Biologia ao analisarem uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS) desenvolvida com a finalidade de ser um ponto de partida para um ensino de Biologia permeado e integrado pela EB. Para isso, 11 professoras e professores de Biologia atuantes no Ensino Médio foram investigados, processo que se iniciou com um questionário prévio, passando pela leitura de um material de apresentação da proposta e sendo finalizado com uma entrevista semiestruturada. Os resultados, tratados e interpretados conforme a análise de conteúdo de Bardin (2016), mostraram que a maioria das e dos participantes não conhecia formalmente o conceito de EB como o eixo integrador do conhecimento biológico e, assim, não o praticava em sala de aula. Por outro lado, especialmente após a leitura do material, grande parte delas e deles demonstraram compreender e concordar com a relevância desta ideia para a Biologia e seu ensino. Ademais, uma parcela expressiva das e dos docentes manifestou o entendimento de que a implementação da unidade didática seria viável e que ela teria potencial para ser o primeiro passo na construção de um pensamento evolutivo pelos estudantes que permitisse o desenvolvimento de um ensino de Biologia pautado e integralizado pelo fenômeno evolutivo. Entende-se, portanto, que é fundamental que as e os educadores de Biologia sejam formados para trabalharem a Evolução Biológica numa perspectiva integradora dos conteúdos biológicos, sendo a UEPS analisada um potencial ponto de partida para isso, além de possuir potencial formativo com relação às ideias e metodologias de ensino e aprendizagem propostas.
Noções de professores de matemática em formação inicial a respeito de questões de gênero
LUCILENE DOS SANTOS SEBASTIAO, Profa. Dra. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 24/03/2023
Diante das desigualdades de gênero construídas em nossa sociedade, as mulheres nem sempre tiveram e têm o mesmo direito ao acesso à educação dos homens, devido à uma crença de um papel feminino predeterminado para cuidado do lar, esposo e filhos. Além disso, há uma naturalização que as estudantes são consideradas inaptas a fazerem Ciência e Matemática, sendo o raciocínio lógico matemático considerado masculino. Tais ideias, mesmo que de forma não explícita, trazem ainda consequências atualmente em que muitas meninas/mulheres não são tão incentivadas quanto os meninos/homens a estudarem/seguirem carreira na Matemática. A partir dessas constatações e pesquisas relacionadas à docência em Matemática e se ações de professoras e professores contribuem para a desigualdade de gênero na área da Matemática, este trabalho teve como objetivo conhecer as noções de estudantes de Licenciatura em Matemática a respeito de questões de gênero e desigualdade de gênero na Matemática em uma Universidade Estadual do Paraná. Primeiramente, foi realizado um levantamento bibliográfico na busca de artigos em revistas de Qualis (2016) A1 e A2, em Anais de eventos de Educação/Ensino de Matemática (e/ou Ciências), além de Teses e Dissertações no catálogo da Capes e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), a fim de encontrar trabalhos relevantes para esta dissertação que relacionassem os assuntos: gênero, Matemática e docência. Para coletar informações a respeito de noções de futuros professores de Matemática acerca das questões de gênero e Matemática, foi elaborado um questionário no Google Forms e disponibilizado aos respondentes que aceitaram participar desta pesquisa. Buscamos, para responder ao questionário, estudantes dos últimos dois anos de Licenciatura em Matemática da Universidade pública do Paraná. Ao todo obtivemos 11 questionários efetivamente respondidos. Para análise das informações obtidas foi utilizado o método de Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (2016). Com base na análise realizada, percebe-se, pelas respostas dos estudantes no questionário, que o que eles sabem/conhecem/entendem a respeito das desigualdades de gênero na Matemática não é aprofundado e que não há, a partir das respostas, uma ideia clara do que seria o conceito de gênero, e as/os estudantes apresentam a ideia binária de feminino e masculino. Em relação às influências que docentes de Matemática podem ter nas desigualdades de gênero, as/os estudantes ficam divididos em “se as ações, crenças, falas de docentes influenciam” ou “se não influenciam” na perpetuação dessas desigualdades, além de ficarem divididos, também, em relação se é importante ou não para docentes de Matemática conhecerem a respeito de questões de gênero. Por fim, considera-se que as questões de gênero na Matemática ainda são pouco trabalhadas por não serem autoevidentes. Considera-se a evidência da realização de mais estudos que abordem essa temática, além da relevância em levar tais debates para a formação da/do docente de Matemática.
Focos da Aprendizagem Remota: elaboração e aplicação
FRANCIANE CARDOSO, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 24/03/2023
: Esta dissertação apresenta a proposta de um instrumento de análise dos possíveis indícios de aprendizagem relacionados especificamente ao ensino remoto emergencial (ERE) evidenciados por discentes de uma disciplina remota do de um programa de pós-graduação Stricto Sensu – UEL. A construção deste instrumento de análise se deu por analogia aos conjuntos de Focos da Aprendizagem já elaborados anteriormente, os Focos da Aprendizagem Científica (FAC) proposto por Arruda, Passos, Piza e Felix (2013); os Focos da Aprendizagem Docente (FAD) criado por Arruda, Passos e Fregolente (2012); os Focos da Aprendizagem para a Pesquisa (FAP) elaborado por Teixeira, Passos e Arruda (2015), os Focos da Aprendizagem do Professor Pesquisador (FAPP) elabora por Vicentin (2017), os Focos da Aprendizagem de um Saber (FAS) elaborado por Arruda, Portugal e Passos, (2018) e os Focos do Ensino Científico (FEC) elaborado por Portugal (2018). A partir desses conjuntos de categorias a priori e tendo como subsídios as habilidades necessárias básicas para a educação na era digital apresentadas por Bates (2017), foram elaborados um novo conjunto de categorias para análise das aprendizagens discente em uma situação remota, os Focos da Aprendizagem Remota (FAR). Os FAR são constituídos de cinco focos: Foco 1 – Interesse (Motivação e envolvimento com o Ensino Remoto); Foco 2 – Conhecimento (Aprendizado das tecnologias digitais e equipamentos); Foco 3 – Reflexão (Reflexão sobre o próprio aprendizado remoto); Foco 4 – Comunidade (Engajamento com a comunidade remota) e Foco 5 – Identidade (Visão de si mesmo como um aprendiz que utiliza as ferramentas e estratégias do Ensino Remoto). O objetivo desta pesquisa foi identificar possíveis evidências de aprendizagem especificamente relacionadas ao Ensino Remoto. Os procedimentos metodológicos se basearam na análise de conteúdo (AC), a partir da qual se desenvolveu uma análise de caráter qualitativo e os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas com 14 discentes. Quanto aos resultados, em relação a utilização dos FAR como instrumento de análise, todos os focos foram evidenciados, sendo possível considerar os cinco focos do FAR, como focos gerais, podendo ser aplicados em outras situações similares. Em relação às análises dos trechos de falas dos estudantes em relação a cada um dos focos do FAR, foi possível identificar algumas singularidades específicas dos sujeitos desta pesquisa, implicando na caracterização de subcategorias e sub subcategorias emergentes para cada um dos focos. Por fim, podemos afirmar que essas constatações confirmam de forma notória que houve um aprendizado de habilidades específicas ao ERE e que não se limitaram apenas às tecnologias da informação e comunicação.
Geometria na formação inicial de professores que ensinam matemática: indicativos de dissertações e teses brasileiras
FERNANDA CAROLINE CYBULSKI, Profa. Dra. Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 25/02/2022
A Geometria é uma área da Matemática prevista para ser ensinada em todos os níveis da Educação Básica brasileira. Sendo assim, torna-se fundamental compreender como a formação inicial de professores que ensinam matemática (PEM) tem trabalhado com essa temática. O objetivo desta pesquisa, qualitativa e de caráter documental, é mapear, descrever e discutir indicativos de geometria na formação inicial de PEM, presentes em dissertações e teses brasileiras, defendidas no período 2009-2020. Para tanto, o corpus de análise foi constituído, com base em um mapeamento de dissertações e teses, oriundas de Programas de Pós-graduação brasileiros stricto sensu, das Áreas de Educação e Ensino, na plataforma digital do Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e no catálogo da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, totalizando 18 trabalhos. Os resultados evidenciam que as pesquisas que investigam a formação inicial de PEM na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental têm como pontos de enfoque abordagens metodológicas para o ensino de geometria, conteúdos geométricos e aspectos da grade curricular dessa temática. Nessas formações, representações de figuras geométricas foram utilizadas para trabalhar geometria com a finalidade de identificar propriedades ou conceitos geométricos de forma perceptiva e visual. Esses trabalhos apontam que os conteúdos de geometria são trabalhados concomitantes com o “como ensinar” geometria e prevalece o uso de material manipulável. As pesquisas que investigaram contextos da formação inicial de professores de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio se propuseram a analisar estratégias associadas às aprendizagens dos futuros professores em geometria e relações estabelecidas, a partir de conhecimentos já constituídos por eles. Nesses contextos, representações de figuras geométricas foram utilizadas para trabalhar geometria, principalmente, com as finalidades de resolver situações problema e verificar ou estudar propriedades geométricas, provas e demonstrações. Essas representações de figuras geométricas, por vezes, foram associadas à Álgebra, à Aritmética ou às Medidas. Tecnologias digitais, como o software GeoGebra, foram os recursos mais utilizados para promover estratégias de aprendizagem em geometria na formação inicial desses futuros professores de Matemática, especialmente para momentos de provas e demonstrações. Além disso, conteúdos de Geometria Euclidiana predominaram nas pesquisas analisadas do corpus. Pierre van Hiele e Raymond Duval foram os autores, que mais embasaram teoricamente o corpus e, mesmo que se observe uma crescente presença de posições epistemológicas nas pesquisas, as caracterizações de conhecimento/pensamento/raciocínio/saber geométrico ainda são incipientes, isto é, prevalece o uso arbitrário de tais termos, sem caracterizá-los ou utilizando-os, aparentemente, como sinônimos ou em sentidos de senso comum. As pesquisas analisadas sugerem que, no trabalho com geometria na formação inicial de PEM, sejam repensados aspectos, como os relacionados à organização da carga horária; à pertinência de disciplinas específicas; que geometria(s) deve(m) ser abordada(s) e com que finalidade(s); e qual o papel de representações de figuras geométricas para além de um apoio às demais áreas da Matemática.
Habilidades Cognitivas Investigativas: uma análise de suas manifestações em uma Sequência Didática relativa à saúde
BRUNA LAUANA CRIVELARO, Profa. Dra. Andreia de Freitas Zompero
Data da defesa: 28/01/2022
Habilidades relevantes para a aprendizagem e para a vida podem ser desenvolvidas em Atividades Investigativas e também promovidas na Educação em Saúde, inclusive quando tratamos dos vírus e de vacinação. Esta pesquisa de cunho qualitativo, descritivo e exploratório, objetivou investigar a manifestação das Habilidades Cognitivas Investigativas em alunos, por meio das análises em seus diálogos, durante a realização das Atividades Investigativas, e mobilização de conhecimentos no decorrer da Sequência Didática Investigativa (SDI). Para isso, foram selecionadas as habilidades de identificação de problemas, proposição de hipóteses e elaboração de conclusões. Desenvolvemos uma SDI composta por três encontros, com participação de cinco educandos do sétimo ano do Ensino Fundamental de uma escola pública paranaense. Abordamos, remotamente, o conteúdo vírus e vacinação. Os alunos tiveram contato com esses assuntos em anos anteriores, mas nunca haviam experienciado aulas investigativas. Os dados foram analisados por meio de dois referenciais analíticos específicos. As análises revelam que no primeiro encontro, a identificação do problema e emissão de hipóteses, foi manifestada pela maior parte dos estudantes, já a elaboração de conclusões não estava alinhada ao conhecimento científico e os educandos não relacionaram corretamente as hipóteses com as conclusões. No segundo e terceiro encontro, houve um aumento gradual no desenvolvimento das referidas habilidades. Dessa forma, concluímos que ao longo dos encontros, os discentes manifestaram as três Habilidades Cognitivas Investigativas selecionadas. Consideramos que estudos como este são relevantes tanto para o Ensino de Ciências como para a Educação em Saúde.
Representações Sociais de Ciência e Saúde de Professores de Biologia do NRE de Londrina-PR: uma busca de aproximações da leitura marxista da epistemologia Fleckiana
Marllon Moreti de Souza Rosa, Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 17/02/2023
Este trabalho tem como objetivo identificar, por meio de Representações Sociais, como Professores de Biologia do Núcleo Regional de Ensino (NRE) de Londrina-PR concebem Ciência e Saúde. Para isso, realizamos uma leitura marxista da epistemologia de Ludwik Fleck como referencial teórico para a sustentação das análises. A partir disso, analisamos representações sociais de 56 professores de 71 colégios em 16 cidades do Norte do Paraná. Para a identificação das Representações Sociais, utilizamos a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) para captar evocações dos professores do NRE mediante termos indutores relacionados à Ciência e Saúde. Essas falas foram analisadas quantitativamente através do software Tri-Deux-Mots, realizando uma Análise Fatorial de Correspondência (AFC). Posteriormente, os resultados da AFC foram discutidos à luz da Análise de Conteúdo Temática proposta por Minayo (1998). Constituímos, a partir dos dados, quatro grupos sociais, considerando as variáveis sociodemográficas nível de formação, tempo de trabalho, concepção de ciência, visão de educação e participação de Grupos Sociais. Os Grupos Sociais (GS) são: GS I (Professores de Biologia do NRE de Londrina-PR com Mestrado, que atuam como professores pelo tempo de trabalho de 5 a 9 anos e apresentam visão de educação que se aproxima da tecnicista), GS II (Professores de Biologia do NRE de Londrina-PR com Especialização lato sensu, que atuam como professores há 16 anos ou mais e apresentam visão de educação que se aproxima da tecnicista), GS III (Professores de Biologia do NRE de Londrina-PR com apenas Graduação, que trabalham como professores por 0 a 4 anos e apresentam uma visão de educação que se aproxima da perspectiva crítica) e GS IV (Professores de Biologia do NRE de Londrina-PR com Doutorado, que trabalham como professores pelo tempo de 10 a 5 anos e apresentam uma visão de educação que se aproxima da perspectiva tecnicista). Percebemos que a teoria das Representações Sociais enquanto um aparato metodológico para coleta de dados é importante, mas necessita de uma articulação com outros métodos que possibilitem uma análise processual e histórica, tanto do desenvolvimento dialético da realidade ao longo do tempo, quanto da própria história dos sujeitos presentes no mundo.
Um estudo acerca da intencionalidade da ação docente em aulas de Ciências do Ensino Fundamental
HEMILYN DA SILVA MENEGUETE, Profa. Dra. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 09/02/2023
Esta dissertação apresenta um estudo acerca da intencionalidade da ação docente em aulas de Ciências do Ensino Fundamental. Nosso objetivo foi compreender: Quais as intenções do professor quando desenvolve suas ações em sala de aula. Os dados são provenientes das gravações de aulas de duas professoras, que ocorreram no ano de 2019 na modalidade do ensino presencial e que foram retomadas como objeto de pesquisa em 2021 para a realização de entrevistas, em procedimento denominado autoscopia. A organização, categorização e análise dos dados foram pautadas nos pressupostos da Análise Textual Discursiva. Nesta pesquisa, assumimos que a intenção tem duas componentes, que se referem ao plano de ação e objetivo. E por meio destes fundamentos analisamos em forma de episódios duas aulas de cada professora. Os resultados apontaram no Plano de Ação para as ações das docentes executadas durante a gravação, e os Objetivos foram identificados a partir dos discursos proferidos no dia da entrevista, que dizem respeito às motivações que deram origem às mobilizações visualizadas. Além disso, para cada episódio foram identificadas aproximações entre os dois componentes da intenção, e, desta forma, compreendemos que uma intenção fundamenta as ações do sujeito professor. Em síntese, no que tange aos resultados de P1 acerca das duas aulas analisadas no que diz respeito aos Objetivos Centrais, foram encontrados elementos próximos as percepções de explicação do conteúdo, valorização da autonomia, utilização de material de apoio, fundamentação na afetividade, e aprendizagem autônoma e significativa. Já no que tange aos resultados de P2 acerca das duas aulas analisadas no que diz respeito aos Objetivos Centrais, foram encontrados elementos próximos as percepções de valorização dos conhecimentos prévios, explicação do conteúdo, utilização de diversas metodologias, acolhimento dos alunos, fazer relações interdisciplinares, atender as especificidades dos alunos no que tange às suas necessidades para alcançarem a aprendizagem.
Alfabetização midiática e informacional e ensino de ciências: um estudo acerca das competências pertinentes à sociedade da informação
GUILHERME HENRIQUE CORREIA DOMINGUES , Prof. Dr. Paulo Sérgio de Camargo Filho
Data da defesa: 24/03/2023
: O processo de alfabetização é um dos requisitos para a atuação plena na sociedade na qual o aluno está inserido, entretanto, os avanços tecnológicos têm afetado as atividades humanas, fornecendo novas tecnologias e multiplicando os meios e dispositivos de comunicação. Assim sendo, na atual sociedade, ou sociedade da informação (SI), as pessoas possuem acesso a uma vasta gama de informações, as quais, devido sua ambivalência, podem contribuir ou desamparar na superação dos desafios inerentes a vivência humana. Desta forma, para além da alfabetização tradicional, outras alfabetizações são importantes na formação do aluno, como a Alfabetização Científica e, como buscamos apontar na presente dissertação, a Alfabetização Midiática e Informacional (AMI). Assim sendo, caracterizada como um trabalho teórico-empírico de nível exploratório, objetivamos compreender e explicitar de que forma a AMI, proposta pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), pode contribuir com a educação científica (EC). Logo, destacamos a EC para a formação de alunos visando a superação de tais desafios, para tal, apontamos o desenvolvimento de competências pertinentes a SI, de forma que o aluno competente é aquele que possui condições de mobilizar seus conhecimentos, ou seja, para além das componentes conceituais, possui domínio das chamadas componentes procedimentais e atitudinais. Reconhecendo a AMI como contribuinte da EC, buscamos visualizar por meio de pesquisa documental algum indicativo de competências em AMI em documentos educacionais norteadores, a saber, os documentos analisados foram a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em especial as áreas de Ciências da Natureza no Ensino Fundamental (anos iniciais e finais) e a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, no Ensino Médio, assim como as Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica (DCE) do estado do Paraná, nas áreas de Ciências e Física. Além disso, por meio de mapeamento, buscamos por trabalhos na plataforma Google Acadêmico visando identificar se, no ensino de ciências, há trabalhos cujo tema principal seja a AMI. Após a análise dos documentos educacionais, nota-se que não há menções diretas acerca da AMI, apenas de forma indireta, ou seja, competências que se assemelham as apontadas pela alfabetização. Por meio do mapeamento, destaca-se que são poucos os trabalhos no ensino de ciências que abordam a alfabetização, todavia, observa-se também que a quantidade de trabalhos, de forma geral, aumentou desde a publicação dos documentos da UNESCO. Ademais, mais do que apontar a AMI como contribuinte para a EC na SI, objetivamos propor um quadro teórico que possibilite aferir o nível em AMI de alunos, para tanto, foi feita uma adaptação do quadro proposto pela UNESCO de forma a incluir as componentes conceituais, procedimentais e atitudinais, assim como expandir um dos níveis presentes no quadro atual. Por fim, ante esta dissertação, pretendemos contribuir com a avaliação da AMI por meio do quadro teórico, assim como a popularização da alfabetização.
Práticas Epistêmicas: uma análise documental dos currículos de Ciências da Natureza de países da América do Sul
Ana Suellen Gomes da Silva, Prof. Dra. Andréia de Freitas Zompero
Data da defesa: 24/02/2023
O ensino das disciplinas que compõem as Ciências da Natureza necessita oportunizar aos estudantes bem mais do que os conhecimentos considerados declarativos da ciência. É preciso que os alunos possam se engajar nos aspectos sociais, culturais e epistêmicos do empreendimento científico. O Ensino de Ciências pautado nas práticas epistêmicas vem ganhando destaque nas pesquisas desta área, visto que estas práticas estão relacionadas com as ações que uma determinada comunidade utiliza para a proposição, comunicação, avaliação e legitimação do conhecimento científico. Além disso, a articulação das práticas epistêmicas ao Ensino de Ciências pode propiciar ao aprendiz bem mais que somente o entendimento dos conceitos, direcionando-o a compreender como o conhecimento científico é construído. Destaca-se que as práticas epistêmicas já compõem os currículos de países da Europa, Ásia e América do Norte. Considerando estes aspectos, o objetivo desta pesquisa visou identificar e analisar as práticas epistêmicas nos currículos de Ciências da Natureza de países da América do Sul. Realizou-se uma pesquisa documental de caráter qualitativo com elementos descritos de forma estatística e exploratória dos currículos de Ciências da Natureza da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, referentes ao Ensino Médio. Os dados coletados desses documentos foram analisados por meio de um instrumento analítico apropriado para análise de práticas epistêmicas de diferentes dimensões do conhecimento científico. Por meio das análises foi possível encontrar práticas epistêmicas relativas as três dimensões do conhecimento: produção, comunicação e avaliação. Observou-se a predominância das práticas epistêmicas relacionadas a dimensão de produção do conhecimento nos currículos dos países analisados, seguida das práticas de comunicação e avaliação. Desta forma, pode-se dizer que a formação dos estudantes, de acordo com seus currículos, caracteriza-se como um Ensino de Ciências voltado para os processos de produção do conhecimento científico.