Gênero na Formação Inicial de docentes de Biologia: uma Unidade Didática como possível estratégiade sensibilização e incorporação da temática no currículo
Vinícius Colussi Bastos, Profª. Drª. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 21/03/2013
As relações de gênero são constituidas em diversos fenômenos sociais e entre esses, o processo educativo. Várias são as pesquisas da área de Educação que se dedicam a investigação das relações de gênero presentes de diversas maneiras em todo o sistema educacional. Na área de Educação em Ciências as pesquisas que se dedicam à temática problematizam, entre outras coisas, os motivos pelos quais a Educação Científica supostamente não despertaria o interesse de jovens mulheres por carreiras científicas e tecnológicas. Diversas podem ser as razões para essa falta de interesse, estando entre essas: a imagem masculina atribuída historicamente às Ciências, o desconhecimento das carreiras científicas, os modos tradicionais de ensinar Ciências, a incompreensão da temática de gênero e a dificuldade das e dos docentes em identificar e trabalhar pedagogicamente com essas questões. Em nosso grupo de estudos e pesquisas IFHIECEM – Gênero, temos problematizado e investigado essas e outras questões, e entre as problemáticas atuais de pesquisa do nosso grupo, destacamos as seguintes: Que Saberes Docentes são necessários para efetivar um trabalho pedagógico considerando questões de gênero na Educação em Ciências e em Matemática? Como potencialmente construir esses Saberes na Formação Inicial de Professores de Ciências e Matemática? Foi considerando essas problemáticas e pensando especificamente no contexto da Formação Inicial de docentes de Biologia que realizamos este trabalho. Nosso objetivo de pesquisa foi: Investigar uma Unidade Didática (UD) que proporcione situações de aprendizagem para a construção de Saberes, durante a Formação Inicial de docentes de Biologia, possivelmente necessários a um trabalho pedagógico considerando questões de gênero no Ensino de Biologia. Para tanto, realizamos momentos de pesquisa teórica e empírica, por meio de uma abordagem qualitativa, que permitiram investigar a construção de uma UD potencialmente significativa, pautada nas discussões atuais de Saberes Docentes e Didática das Ciências. Nossa UD foi aplicada em dois cursos de licenciatura em Ciências Biológicas de instituições de Ensino Superior públicas do norte paranaense. Com essas aplicações pudemos conhecer as noções, relacionadas com a temática proposta, das e dos futuros licenciados em Biologia, sujeitos dessa pesquisa. Destacamos que as noções identificadas relacionam-se com os Conhecimentos do Conteúdo, Pedagógicos Gerais e Pedagógicos do Conteúdo. A UD construída e aplicada mostrou-se como uma satisfatória estratégia para sensibilizar as e os futuros licenciados em Biologia a um trabalho pedagógico considerando questões de gênero no Ensino de Biologia. Concluímos que a UD tem potencialidades para ser incorporada no currículo de cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, uma vez que seus objetivos e propósitos mostraram-se coerentes com as necessidades formativas das e dos docentes de Biologia.
Contribuições da história da matemática para a construção dos saberes do professor de matemática
Eliane Maria de Oliveira Araman, Profª. Drª. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 09/11/2011
Este trabalho procura investigar a relevância dos conhecimentos advindos de estudos da história da matemática para o processo de formação dos saberes do professor de matemática. As investigações evidenciam que os conhecimentos teóricos e metodológicos da história da matemática são importantes para a formação do professor. Dessa forma, o objetivo central de nosso estudo é analisar e evidenciar como tais conhecimentos colaboram para a estruturação dos saberes docentes. Para isso, os referenciais teóricos explorados nesta investigação envolvem as pesquisas a respeito da formação do professor e dos saberes e conhecimentos necessários para ensinar; as discussões sobre as possibilidades do uso pedagógico da história da matemática no ensino de matemática e na formação do professor. A análise de conteúdo foi escolhida como o instrumento de análise dos dados desta investigação. A pesquisa é qualitativa de cunho interpretativo, em que as etapas principais foram: o levantamento bibliográfico relativo aos temas estudados; a construção do instrumento de coleta de dados (roteiro da entrevista semiestruturada); a coleta de dados, na qual realizamos entrevistas com seis professores que desenvolveram propostas para o uso da história da matemática em sala de aula; a análise das entrevistas que resultou na estruturação de categorias que evidenciam outras formas de saberes docentes, que fazem parte ou vão além daqueles saberes já explicitados pela literatura.
Um ensino para chamar de seu: uma questão de estilo
Ana Lúcia Pereira Baccon, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 11/08/2011
O objetivo desta pesquisa é analisar e interpretar a ação de professores de Física do Ensino Médio em sala de aula. Tendo por base as definições apresentadas por Gauthier e por Tardif, elaboramos relatos sobre a ação de professores, procurando descrever como eles realizavam a gestão da classe e a gestão do conteúdo em suas aulas. Cada relato foi construído a partir de entrevistas e gravações de aulas de três professores de Física de escolas da rede pública da cidade de Londrina no estado do Paraná. Os relatos foram posteriormente interpretados por meio de um instrumento de análise desenvolvido recentemente que considera a gestão da matéria e a gestão de classe como gestão de relações com o saber (Charlot) em um sistema didático (Chevallard). Com isso foi possível identificar três estilos de gestão do ensino e da aprendizagem em sala de aula: i) um estilo de gestão centralizado no conteúdo; ii) um estilo de gestão centralizado no próprio professor; e iii) um estilo de gestão centralizado no aluno. Ao apontarmos que o estilo de gestão de cada professor é algo singular e subjetivo encontramos em conceitos da psicanálise uma interpretação para o estilo docente, o que nos permite dizer que na Educação um professor também pode ter um ensino para chamar de seu.
Torna-se e manter-se professor: algumas questões subjetivas
Maria Valéria Negreiros César Fagá , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 20/06/2008
O presente trabalho tem por objetivo investigar a captura por discursos e o perfil subjetivo de 5 professores de Matemática da Rede Pública de Educação do Estado do Paraná. É foco desta pesquisa a forma como a história de vida dos entrevistados influencia na construção deste perfil e em seus saberes docentes. Para levantamento das informações foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, em que se busca o resgate dos fragmentos da história de vida dos entrevistados. Os dados foram organizados em quatro fases da vida dos professores, sendo elas: Antes do Ensino Médio, o Ensino Médio, a Graduação e o tornar-se professor. Buscou-se a representação que cada professor elaborou durante estas fases em relação à docência. A partir dessas representações procurou-se identificar os discursos aos quais está submetido cada professor, bem como o seu perfil. Para a análise dos dados, utilizou-se a ‘captura por discursos’, tendo como referencial teórico a Psicanálise, principalmente a lacaniana, em que a identificação dos discursos dos professores entrevistados são utilizados na construção da representação de seu perfil subjetivo.
A relação com o saber e a relação com o ensinar no estágio supervisionado em Biologia
Eliana de Mello , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 14/12/2007
O objetivo desta dissertação é compreender como futuros professores de Biologia, na fase de transição de alunos aprendizes, desde o momento do estágio, a professores, no momento de ingresso efetivo na profissão, estabelecem a relação com o ensinar e se constituem profissionalmente, buscando verificar como elaboram ou re-elaboram, diante dos desafios da prática docente, os conhecimentos que adquiriram durante a formação inicial. Os sujeitos da pesquisa são alunos do 3º ano de Biologia de uma faculdade particular no interior do estado de São Paulo. Ao todo, a pesquisa envolveu oito estagiários. A coleta de material de análise deu-se por meio de entrevistas semi-estruturadas junto aos estagiários, com o objetivo de identificar a relação que cada um estabelecia com o ensinar, bem como a forma como cada um se constituía na construção de “ser professor” nos quatro momentos aqui considerados fundamentais: a observação, a regência, a universidade e a experiência. Por meio desses momentos, buscou-se discutir, as nuances de transformações e constituição da identidade docente de cada estagiário na relação que estabelecia com o ensinar em cada momento. Tendo como fundamentos a temática da relação com o saber conforme proposta por Bernard Charlot, bem como as reflexões sobre os saberes docentes efetuadas por Maurice Tardif, passamos a entender a relação com o ensinar para cada estagiário como a relação que cada um deles estabelece com os saberes docentes (saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes experienciais), entendendo, entretanto, tais relações como relações com o mundo, com o outro e consigo mesmo. Após a análise dos dados, apontamos que a relação estabelecida, pelo estagiário com o saber, nas relações sociais e históricas em que estão envolvidos é movida pela subjetividade de cada um e também pelo sentido que dão a essas relações. Desta forma, a construção dos saberes docentes necessários ao exercício de ensinar tem raízes desde sua experiência com o mundo da universidade, da escola, das relações que se estabelece com o outro, e, ao se inserir na sala de aula, ao ocupar a posição de professor, estes saberes tornam-se consolidados, contribuindo, desta forma para que a construção do saber ensinar realmente aconteça.
A relação com o saber e o estágio supervisionado em Matemática
Francieli Cristina Agostinetto Antunes, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 09/02/2007
Este trabalho tem como objetivo investigar a relação com o saber docente estabelecida por estagiários do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Oeste do Paraná no período do estágio supervisionado, que aconteceu em colégios públicos da cidade de Cascavel. Utilizamos como referencial teórico a Relação com o Saber conforme apresentada por Charlot, que é o conceito central do nosso trabalho e entendida como relação com o mundo, relação com o outro e a relação consigo mesmo.O foco está na análise das relações estabelecidas entre o estagiário e seu orientador, com seus alunos, com o professor da turma, com a escola e com os saberes relacionados à Matemática. Para levantamento das informações desta pesquisa foram entrevistadas três duplas de estagiários, totalizando seis pessoas. No desenvolver da entrevista, os estagiários foram convidados a falar sobre o período do estágio supervisionado, as relações estabelecidas e a experiência oriunda desse processo. As análises das transcrições foram feitas primeiramente utilizando diagramas diacrônicos e posteriormente mapas conceituais para cada relação estabelecida pelas duplas. Utilizamos tais instrumentos com o intuito de analisar as relações estabelecidas pelos estagiários quando confrontados com a necessidade de dar aula, que postura assumir em sala de aula, como prender a atenção do aluno, entre outros fatores relevantes ao licenciando.
A identificação e a construção da identidade docente na formação inicial de professores de Biologia
Francisca Michelli Lopes , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 29/03/2007
Este trabalho teve como objetivo investigar a formação inicial de professores de Biologia e Ciências, os saberes construídos no período de estágio supervisionado, bem como abordar elementos que auxiliem na compreensão da construção da identidade profissional. Participam dessa pesquisa estagiários do quarto ano do curso de Ciências Biológicas, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas. Durante as entrevistas o estagiário era questionado sobre escolha do curso, o seu contato inicial com a sala de aula. Para a análise dos dados utilizou-se os saberes docentes propostos por Tardif e alguns conceitos da teoria psicanalítica, em particular o conceito de identificação. Apontamos que o processo de construção da identidade docente do estagiário tem raízes, na maioria das vezes em sua experiência prévia enquanto aluno, sob influência do ambiente escolar e familiar. Ao inserir-se na sala de aula e ocupar a posição de professor, o estagiário parece construir-se a partir de um traço que é a marca do seu discurso e pelo qual vai construindo a si mesmo como professor e seus saberes docentes.
Saberes mobilizados por três docentes de Matemática das séries finais do Ensino Fundamental
César Faiçal, Profª. Drª. Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 30/07/2006
Na presente investigação buscamos identificar os saberes mobilizados por três docentes de Matemática das séries finais do ensino fundamental. Acreditamos que, se tiverem consciência e refletirem coletivamente sobre os saberes que mobilizam na sua prática, os docentes poderão redirecioná-los de acordo com os diferentes contextos em que atuam, desencadeando um processo de desenvolvimento profissional e constituição de sua identidade profissional. Consideramos saber como uma ‘’[...] atividade discursiva que consiste em validar, por meio de argumentos e de operações discursivas [...] uma proposição ou uma ação [...]’’ (TARDIF, 2002, p.196), e o professor como sujeito do seu desenvolvimento nas perspectivas propostas por Garcia (1999) e Fiorentini (1999). Para identificarmos os saberes mobilizados por essas docentes solicitamos que elas respondessem a um questionário, nos concedessem uma entrevista e participassem de um grupo de estudos semanal para elaborarmos atividades para nossas aulas. Os saberes identificados foram agrupados por afinidade, por meio de um processo indutivo, que permitiu a constituição de dez tipologias de saberes mobilizados pelas docentes: saberes relativos à formação dos docentes de Matemática; saberes da didática da Matemática; saberes dos caminhos para fazer Matemática; saberes referentes a recursos didáticos; saberes sobre os contextos de aplicação (das profissões e do indivíduo); saberes curriculares; saberes da psicologia; saberes da História da Matemática; saberes sobre avaliações em Matemática; saberes sobre condições dignas de trabalho e sobrevivência. Por fim, apresentamos algumas considerações sobre o modo como os saberes declarados pelas professoras podem contribuir para o seu desenvolvimento profissional.
O professor como um lugar: um modelo para a análise da regência de classe
Ana Lúcia Pereira Baccon, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 20/12/2005
O presente trabalho tem por objetivo investigar a construção dos saberes docentes, bem como apresentar a aplicação de um modelo para a análise de regência de classe durante o estágio supervisionado da licenciatura de Física. Tendo como foco o relacionamento professor-aluno, o modelo se constitui como um triângulo, cujos vértices vêm a ser o estagiário, o professor regente e os alunos. Para o levantamento das informações desta pesquisa, foram entrevistados dois grupos de estagiários e analisados seus relatórios de regência. Ao todo, a pesquisa envolveu 5 estagiários, que realizaram a regência em um colégio central de Londrina. Durante as entrevistas, semi-estruturadas, o estagiário era convidado a falar sobre a sua experiência com o estágio supervisionado. Buscou-se perceber as representações que cada estagiário elaborou durante o estágio, em relação aos alunos, ao professor, à escola, aos outros estagiários de seu grupo e ao próprio estágio. A partir dessas representações procurou-se: (i) verificar quais saberes os estagiários conseguiram construir durante esse período; e (ii) o que de pessoal cada estagiário desenvolveu que poderia caracterizar a singularidade de seu estilo docente. Para a análise dos dados, utilizou-se a metáfora do “professor como um lugar”, tendo como referencial teórico a Psicanálise, principalmente a lacaniana, onde o conceito de transferência surge como central, para que se construa esse “lugar”.