A Educação Ambiental nos cursos de formação inicial de professores: investigações à luz de um novo instrumento de análise
Regina Paula de Conti, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 20/02/2014
Considerando que a Política Nacional de Educação Ambiental determina que a Educação Ambiental deve ser implementada nos currículos de formação de professores, esta pesquisa tem como objeto de estudo as ementas de disciplinas que contemplam a referida temática nos cursos de formação inicial de professores: as licenciaturas. As ementas foram submetidas à análise qualitativa, mais especificamente à luz da Matriz 3x3, um instrumento proposto por Arruda, Lima e Passos (2011). Tal instrumento foi utilizado, inicialmente, para a análise das reflexões do professor diante de suas experiências em sala de aula. O propósito de pesquisar as ementas determinou dois objetivos a serem alcançados: (i) levantar indicativos de quais relações epistêmicas com o saber no contexto do conteúdo, ensino e aprendizagem, a ementa apresentaria, e (ii) evidenciar o potencial de flexibilidade da Matriz 3x3 de Arruda, Lima e Passos (2011) para a análise de documentos. Para construir o acervo de ementários, foram selecionados os cursos de Licenciatura em Pedagogia, Ciências Biológicas, Geografia e Química das Instituições de Ensino Superior Públicas do Estado do Paraná. Para a constituição do corpus da pesquisa foram adotados os procedimentos e conceitos da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004) e da Análise Textual Discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2007). Como resultado das investigações, observou-se que as ementas apresentam grande tendência às relações com o conteúdo, com algumas demonstrações referentes à relação com o ensino; no entanto, para a relação com a aprendizagem os resultados foram bastante vagos. No que tange à flexibilidade da Matriz 3x3, esta pesquisa comprova seu potencial, haja vista que o novo instrumento foi aplicado na análise de documentos, considerando ser possível sua aplicação em configurações diferentes da qual foi idealizado.
Um modelo para a interpretação da supervisão no contexto de um subprojeto de Física do PIBID
Marcelo Alves de Carvalho, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 21/02/2013
A literatura sobre formação inicial de professores tem sido fértil em apontar caminhos e possibilidades para o melhor aproveitamento do momento de inserção dos licenciandos na escola. Porém, não sabemos sê, dentro das salas de aulas, os professores que recebem os licenciandos agem de maneira eficiente para auxiliar essa formação. No intuito de verificar essa questão, acompanhamos uma parte do processo de supervisão em um subprojeto do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) da licenciatura em Física, em uma universidade do norte do Paraná. O supervisor é o próprio professor do ensino médio, e uma de suas atribuições no PIBID consiste em supervisionar as atividades desenvolvidas, diretamente na escola, por licenciandos da licenciatura (bolsistas de iniciação à docência), orientando, em especial, as aulas que eles ministram aos alunos do ensino médio. Logo, a questão central da tese consiste em investigar o movimento desses professores supervisores como coformadores. As análises são realizadas com base nas relações de saber (Charlot) em um sistema didático (Chevallard), representado por um triângulo constituído por três posições: o professor, o saber e um grupo de alunos, o qual representa uma sala de aula-padrão. Os resultados evidenciam que a mobilização e o compartilhamento dos saberes docentes determinam o estilo e as características de orientação de cada supervisor. Quanto mais o supervisor diversifica e dosa os saberes docentes mobilizados e compartilhados, menos prescritivas e direcionadas ficam as orientações, o que proporciona ao licenciando maiores possibilidades de desenvolvimento de sua autonomia docente. Um aprofundamento analítico evidenciou que os supervisores conduzem a supervisão fundamentados em algumas sequências: observação das ações do licenciando, reflexão sobre a sua experiência anterior e a orientação propriamente dita. A partir dessas ações elaboramos o modelo da ampulheta para a supervisão, que pode ser utilizado para entender a atuação dos supervisores e principalmente verificar a maneira como os saberes são mobilizados e compartilhados. Percebemos que, durante o processo de supervisão, o supervisor acompanha e ajuda o licenciando, sendo sua principal tarefa orientar. Assim, entendemos que orientar é mobilizar, por meio da reflexão sobre a experiência anterior, os saberes docentes e de orientação necessários para auxiliar o licenciando a conduzir, de forma mais eficaz, a gestão das relações no seu sistema didático.
Um ensino para chamar de seu: uma questão de estilo
Ana Lúcia Pereira Baccon, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 11/08/2011
O objetivo desta pesquisa é analisar e interpretar a ação de professores de Física do Ensino Médio em sala de aula. Tendo por base as definições apresentadas por Gauthier e por Tardif, elaboramos relatos sobre a ação de professores, procurando descrever como eles realizavam a gestão da classe e a gestão do conteúdo em suas aulas. Cada relato foi construído a partir de entrevistas e gravações de aulas de três professores de Física de escolas da rede pública da cidade de Londrina no estado do Paraná. Os relatos foram posteriormente interpretados por meio de um instrumento de análise desenvolvido recentemente que considera a gestão da matéria e a gestão de classe como gestão de relações com o saber (Charlot) em um sistema didático (Chevallard). Com isso foi possível identificar três estilos de gestão do ensino e da aprendizagem em sala de aula: i) um estilo de gestão centralizado no conteúdo; ii) um estilo de gestão centralizado no próprio professor; e iii) um estilo de gestão centralizado no aluno. Ao apontarmos que o estilo de gestão de cada professor é algo singular e subjetivo encontramos em conceitos da psicanálise uma interpretação para o estilo docente, o que nos permite dizer que na Educação um professor também pode ter um ensino para chamar de seu.
Os sentidos da observação astronômica: Uma análise a partir da relação com o saber
Alberto Eduardo Klein, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 31/08/2009
Esta pesquisa tem como principal finalidade refletir sobre os sentidos que as pessoas atribuem à observação astronômica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que os dados foram constituídos por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas em áudio e alguns apontamentos feitos pelo pesquisador. A partir da análise dos dados emergiram doze categorias: vontade de ver no instrumento; vontade de mostrar para alguém; a rotação da Terra; a questão da realidade; o sentido do instrumento; astro rodando; astro pequeno; astrologia; religiosidade; sentir-se pequeno; repetição; e, emocionante. Observamos em quase todas as categorias, aspectos da relação com o saber como definida por Charlot, ou seja, como uma relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Na relação com o outro, percebem-se interações entre os observadores e os mediadores, o próprio astro observado e referências a um outro “divino” criador de tudo. Na relação consigo mesmo, aparece a vontade de se completar, de conhecer o desconhecido, o desejo de aprender. Na relação com o mundo é possível mencionar a questão da realidade e o sentido do instrumento. Quase todas as categorias poderiam ser vistas como aspectos da relação com o mundo, pois a origem delas está na sensação de surpresa resultante da observação com instrumento. Nota-se que o sentido da observação astronômica está no conjunto formado por todas estas categorias. No entanto, podemos afirmar que os sentidos das falas agrupadas na categoria emocionante resumem toda a sensação causada pela observação astronômica.
Relações com o saber e o aprendizado em física por meio da avaliação formativa em um curso de introdução à mecânica clássica
Henrique Cesar Estevan Ballestero, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 06/08/2009
Este trabalho, de cunho qualitativo, analisa o envolvimento e a permanência de cinco alunos em um curso introdutório de mecânica clássica, tendo como embasamento teórico, para esse fim, as obras de Bernard Charlot que versam sobre a temática das relações com o saber; as de Thomas Kuhn sobre o aprendizado em Física, bem como referenciais relativos à avaliação formativa. Como resultados, apontamos a formação de uma rede de relações construídas pelos alunos ao longo do curso destacando a importância de uma exposição sistemática do aprendiz a situações exemplares desse ramo científico, bem como, o convívio com pares já fluentes nessa linguagem, a fim de que haja uma significativa contribuição na aquisição desse novo vocabulário, aquisição essa que pode ser ainda mais acentuada se existir, no processo de ensino-aprendizagem, um sistema avaliativo que contribua para a autorregulação do aprendizado dos alunos.
Implementação ou não de atividades experimentais em Biologia no ensino médio: as relações com o saber profissional baseadas numa leitura de Charlot
Maria Imaculada de Lourdes Lagrotta Mamprin, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 25/12/2007
O objetivo deste trabalho volta-se para a necessidade de analisar as razões pelas quais os professores de Biologia fazem ou não uso de atividades experimentais em sua prática docente. Para isso, apresenta-se uma leitura dos principais pontos do referencial teórico de Charlot, que considera a relação com o saber uma resultante de um circuito de relações com o Eu, com o Outro e com o Mundo. A metodologia adotada consistiu na aplicação de instrumentos de pesquisa a oito professores que atuam na docência de Ciências e Biologia, por meio de entrevistas gravadas em áudio. Analisamos os resultados sob o viés do referencial de Charlot, como substrato para a discussão que se pretendeu desenvolver sobre a relação com o saber profissional dos mesmos e o uso ou não de atividades experimentais. Os resultados da pesquisa demonstram que as relações estabelecidas nas três dimensões propostas por Charlot determinam, em grande parte, o uso ou não de atividades experimentais pelos professores.
A atividade experimental no ensino de Química: uma relação com o saber profissional do professor da escola média.
Wanda Naves Cocco Salvadego , Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 14/01/2008
Partindo do pressuposto de que as atividades experimentais em Química são importantes para o ensino desta disciplina, do ponto de vista dos autores pesquisados, dos professores entrevistados e da pesquisadora, busca-se compreender, essencialmente, as razões para “o uso ou não de atividade experimental”. Mesmo sendo considerada importante, essa prática de ensino é pouco usada, constatável pela ausência praticamente generalizada de atividades empíricas no ensino de Química nos colégios. Propomo-nos a refletir acerca do discurso do professor de Química do Ensino Médio, com referência às atividades experimentais, com respeito ao uso ou não destas atividades como mecanismo instrucional. Tomamos como referencial para essa discussão, a teoria da relação com o saber de Charlot, que nos permite desviar o enfoque de uma leitura negativa da falta ou da carência para uma leitura positiva da relação do professor com o seu saber profissional, ou seja, a relação com o Eu, com o Outro e com o Mundo que possibilita ou não o uso dessas atividades como prática de sala de aula.
A relação com o saber e a relação com o ensinar no estágio supervisionado em Biologia
Eliana de Mello , Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 14/12/2007
O objetivo desta dissertação é compreender como futuros professores de Biologia, na fase de transição de alunos aprendizes, desde o momento do estágio, a professores, no momento de ingresso efetivo na profissão, estabelecem a relação com o ensinar e se constituem profissionalmente, buscando verificar como elaboram ou re-elaboram, diante dos desafios da prática docente, os conhecimentos que adquiriram durante a formação inicial. Os sujeitos da pesquisa são alunos do 3º ano de Biologia de uma faculdade particular no interior do estado de São Paulo. Ao todo, a pesquisa envolveu oito estagiários. A coleta de material de análise deu-se por meio de entrevistas semi-estruturadas junto aos estagiários, com o objetivo de identificar a relação que cada um estabelecia com o ensinar, bem como a forma como cada um se constituía na construção de “ser professor” nos quatro momentos aqui considerados fundamentais: a observação, a regência, a universidade e a experiência. Por meio desses momentos, buscou-se discutir, as nuances de transformações e constituição da identidade docente de cada estagiário na relação que estabelecia com o ensinar em cada momento. Tendo como fundamentos a temática da relação com o saber conforme proposta por Bernard Charlot, bem como as reflexões sobre os saberes docentes efetuadas por Maurice Tardif, passamos a entender a relação com o ensinar para cada estagiário como a relação que cada um deles estabelece com os saberes docentes (saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes experienciais), entendendo, entretanto, tais relações como relações com o mundo, com o outro e consigo mesmo. Após a análise dos dados, apontamos que a relação estabelecida, pelo estagiário com o saber, nas relações sociais e históricas em que estão envolvidos é movida pela subjetividade de cada um e também pelo sentido que dão a essas relações. Desta forma, a construção dos saberes docentes necessários ao exercício de ensinar tem raízes desde sua experiência com o mundo da universidade, da escola, das relações que se estabelece com o outro, e, ao se inserir na sala de aula, ao ocupar a posição de professor, estes saberes tornam-se consolidados, contribuindo, desta forma para que a construção do saber ensinar realmente aconteça.
A relação com o saber e o estágio supervisionado em Matemática
Francieli Cristina Agostinetto Antunes, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 09/02/2007
Este trabalho tem como objetivo investigar a relação com o saber docente estabelecida por estagiários do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Oeste do Paraná no período do estágio supervisionado, que aconteceu em colégios públicos da cidade de Cascavel. Utilizamos como referencial teórico a Relação com o Saber conforme apresentada por Charlot, que é o conceito central do nosso trabalho e entendida como relação com o mundo, relação com o outro e a relação consigo mesmo.O foco está na análise das relações estabelecidas entre o estagiário e seu orientador, com seus alunos, com o professor da turma, com a escola e com os saberes relacionados à Matemática. Para levantamento das informações desta pesquisa foram entrevistadas três duplas de estagiários, totalizando seis pessoas. No desenvolver da entrevista, os estagiários foram convidados a falar sobre o período do estágio supervisionado, as relações estabelecidas e a experiência oriunda desse processo. As análises das transcrições foram feitas primeiramente utilizando diagramas diacrônicos e posteriormente mapas conceituais para cada relação estabelecida pelas duplas. Utilizamos tais instrumentos com o intuito de analisar as relações estabelecidas pelos estagiários quando confrontados com a necessidade de dar aula, que postura assumir em sala de aula, como prender a atenção do aluno, entre outros fatores relevantes ao licenciando.
Um estudo sobre a relação com o saber e o gostar de matemática, química e biologia
Alessandra Guizelini, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 21/02/2005
Este trabalho tem por objetivo compreender a relação de alguns estudantes com o saber em Ciências e Matemática, focalizando uma situação particular dessa relação, marcada pelo gostar de Matemática, de Química ou de Biologia. Em busca de informações relevantes para a pesquisa, foram entrevistados 15 estudantes, sendo 5 de cada área considerada. Foram utilizadas entrevistas semi estruturadas através das quais se questionava o estudante sobre as razões de sua opção pelo curso universitário que frequenta. Entre os motivos apontados pelos estudantes, invariavelmente, aparecia o gostar como motivo forte para a escolha. Todas as informações consideradas relevantes para a pesquisa foram organizadas em 186 unidades de análise que, agrupadas em torno de temas mais gerais, deram origem a cinco categorias representativas do gostar de Matemática, de Química e de Biologia. São elas: Auto-imagem dos Estudantes; Imagens sobre a Matemática, a Química ou a Biologia; Procedimentos Matemáticos; Curiosidade; e Aprendizagem Ativa. A fundamentação teórica da pesquisa é apresentada em duas partes. Primeiro, procurou-se relacionar as cinco categorias representativas do gostar de Matemática, Química e Biologia à definição de relação com o saber conforme é proposta por Charlot: toda relação com o saber é, ao mesmo tempo, uma relação com o mundo, consigo mesmo e com os outros. Nesta fase da análise, são explorados alguns elementos que se destacaram nas categorias, como: ter facilidade com o conteúdo, gostar de calcular, ser curioso, bem como as diversas imagens que os estudantes demonstraram ter sobre si mesmos e sobre o conhecimento. Com o intuito de avançar um pouco mais na compreensão de alguns desses elementos, introduziu-se a psicanálise como um segundo referencial. Foram considerados dois dos elementos presentes na relação dos estudantes com o saber: a relação consigo mesmo, como um processo de idealização do eu; e a relação com o conteúdo, com destaque para a curiosidade que se vincula à ideia psicanalítica de sublimação e para o gosto em resolver problemas, ligado ao conceito de repetição e de gozo.