Estudo sobre as reflexões dos licenciandos em Química nas atividades de microensino: implicações para a formação inicial docente
Viviane Arrigo, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 17/04/2015
O presente estudo tem como foco principal de investigação a formação inicial reflexiva de professores de Química, no contexto do microensino, como atividade da disciplina de Estágio Supervisionado de uma Instituição de Ensino Superior privada do município de Londrina (PR). Utilizamos como procedimento de coleta de dados a autoscopia bifásica, que consiste nas fases: interativa, na qual filmamos o microensino; e pós-ativa, na qual, com o auxílio do vídeo, ajudamos o estudante a realizar os processos de reflexão sobre a ação e sobre a reflexão-na-ação. Com base nos referenciais teóricos de Schön (1992; 2000), analisamos o conteúdo das reflexões de três estudantes, com os seguintes objetivos: a) identificar, nas falas, as situações decorrentes das suas práticas de ensino que os levaram a refletir para resolver eventual problema da prática, situações essas denominadas “alerta”; b) identificar, por meio da reflexão sobre a reflexão-na-ação, os “momentos” de estruturação, questionamento e reestruturação que levaram os estudantes a planejarem uma nova ação; c) identificar as implicações que a estratégia da autoscopia bifásica, nos moldes da “sala de espelhos” proposta por Schön, causam na construção do perfil docente desses estudantes. Os resultados obtidos são decorrentes da sistematização dos dados coletados, por meio do esquema da prática reflexiva de cada estudante, baseado nos “momentos” reflexivos descritos por Schön e adaptado de Clarke (1994). Verificamos que cada estudante se deparou com determinada dificuldade ao preparar e ministrar o microensino e, por isso, consideramos que cada um deles refeltiu sobre as situações que reconheceu como sendo problemas decorrentes da sua prática de ensino, ou seja, situações de alerta, as quais necessitavam ser estruturadas, questionadas e reestruturadas, para que pudessem transformar a sua prática educativa e construírem uma forma pessoal e idiossincrática de desenvolvimento profissional docente
Quenem químico: a apropriação dos enunciados científicos nas aulas de química
Angélica Cristina Rivelini da Silva, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 05/04/2012
Nesta dissertação, procuro entender como são legitimados certos enunciados científicosdurante as práticas pedagógicas em funcionamento na instituição escolar, mais especificamente no espaço discursivo de algumas aulas de química para o Ensino médio. Procuro me apoiar na perspectiva dos Estudos Culturais de Ciências e no conceito foucaultiano de enunciado. A questão central que enfatizo é problematizar a condição naturalizada dos enunciados químicos e busco deslocar o entendimento dos saberes químicos para um conjunto de dispositivos que regulam a forma como os sujeitos produzem o seu conhecimento sobre o mundo. Para a realização deste estudo, aproveitei algumas ferramentas da etnografia que chamei de etnógrafa-turista, que me permitiram circular pela variedade de espaços e atividades escolares. Dessa forma, constituía a rede enunciativa das aulas de química analítica. Nesse processo de apropriação dos enunciados químicos durante as aulas, a professora Flávia, tratou de “ajustar” as multiplicidades de entendimentos dos alunos para o que representaria os conceitos químicos da maneira como estão instituídos nos discursos científicos, os dispositivos atuavam, ao mesmo tempo, demarcando um campo de possibilidade, no qual determinados elementos - enunciados químicos - eram (re) significados para os alunos enquanto objetos de conhecimento químico. Assim, quando a professora falava, seu interesse não era relacionar o discurso a um pensamento, mente ou sujeito, mas ao campo prático ao qual ele é desdobrado. A Escola acaba por atuar como um dispositivo de enquadramento dos saberes e sujeitos, que ao fixar determinadas normas, ordena, controla e sistematiza teorias e procedimentos estabelecendo um sistema de significação, no qual o enunciado químico ganha visibilidade e compreensão.