Mulheres Invisíveis: Uma Proposta Para Inserção da Temática de Gênero na Formação Inicial de Docentes de Química
Denise Caroline de Souza, Profª. Drª. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 10/03/2017
No contexto atual, a inclusão das questões de Gênero à Educação está sendo amplamente discutida por diversos setores da sociedade. No que se refere ao Ensino de Ciências, as questões de Gênero são pouco abordadas pela li teratura nacional, específica da área, principalmente ao que diz respeito à Formação Docente. Uma das possíveis razões para esse fato está relacionada à uma visão positivista e patriarcal em relação à Ciência – que a considera neutra, objetiva. A partir desses pressupostos, realizamos uma investigação qualitativa acerca da temática de Gênero, com enfoque na Formação Inicial de docentes de Química. A pesquisa foi estruturada em duas etapas. Na primeira etapa foi realizada a análise dos documentos educacionais e dos currículos dos cursos de Licenciatura em Química do Paraná, que objetivou identificar se (e como) a temática de Gênero é abordada. Ademais, elencamos elementos teórico-metodológicos que possibilitaram a construção e aplicação de uma abordagem de ensino, que visou discutir Natureza da Ciência (NdC), (In)visibilidade da mulher na Ciência e os possíveis entrelaçamentos dessas temáticas com o Ensino de Química. Para tal, utilizamos como aporte teórico-metodológico a Teoria de Aprendizagem Significativa segundo David Ausubel. Na segunda etapa ocorreu a aplicação da abordagem de ensino em uma turma do 3º ano, do curso de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Londrina. Após a análise dos resultados obtidos durante o processo de intervenção pedagógica, ponderamos que a abordagem de ensino construída foi uma proposta inovadora e pertinente que articulou conhecimentos de diversas áreas a fim de sensibilizar as/os participantes para uma possível prática docente voltada para um ensino equânime quanto à Gênero.
Atividades sob a perspectiva CTS na formação inicial de professores de Química: implicações para o desenvolvimento profissional docente
Géssica Mayara Otto Macheski, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 08/04/2016
Este estudo tem como objetivo principal compreender o processo de formação docente de dois estudantes do curso de licenciatura em Química de uma Universidade Estadual Paranaense durante os estágios supervisionados e as suas reflexões no decorrer do planejamento, da execução e da avaliação das atividades, que compõem uma Sequência Didática sob o enfoque ciência, tecnologia e sociedade (CTS). Para isso, utilizamos a autoscopia trifásica, a qual é um procedimento de coleta de dados que proporciona momentos de reflexão fazendo uso de vídeos, acompanhando os futuros professores durante as fases pré-ativa (planejamento), ativa (execução) e pós- ativa (avaliação da Sequência Didática). Os dados foram transcritos e analisados utilizando como metodologia de análise qualitativa a Análise Textual Discursiva, com o intuito de identificar os momentos de Alerta, Estruturação, Questionamento, Reestruturação e Planejamento (esquema da prática reflexiva proposta por Schön e adaptada por Clarke) e identificando as categorias que emergiram do texto e os conteúdos que compõem essas reflexões sobre o enfoque CTS e sobre outras concepções dos processos de ensino e de aprendizagem. Na fase pré-ativa, identificamos concepções dos licenciandos que nos permitiram elaborar sete categorias, a saber: papel do professor nos processos de ensino e de aprendizagem; organização da Sequência Didática; relação entre o enfoque CTS e as estratégias de ensino; o aluno crítico e o juízo de valor; concepções sobre a abordagem CTS; conhecimento prévio x conhecimento científico; e avaliação. Já na fase pós-ativa, identificamos momentos reflexivos por parte dos estudantes que indicam possíveis mudanças da prática educativa em ações futuras. Consideramos que a perspectiva reflexiva de formação docente ajuda no planejamento de atividades sob o enfoque CTS e que um currículo formador baseado nas proposições CTS auxilia nas escolhas dos conteúdos, dos objetivos e da metodologia a serem utilizados nas atividades das aulas de Química da Educação Básica.
Interpretação das gesticulações dos estudantes no laboratório de química baseada na semiótica de Peirce
Wanda Naves Cocco Salvadego, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 08/05/2015
Esta tese apresenta uma pesquisa qualitativa e descritiva, realizada com estudantes do ensino médio Técnico em Química, do segundo e terceiro ciclo do Ensino Subsequente com o objetivo de interpretar os sentidos das gesticulações dos estudantes no laboratório de química quando estes realizam um experimento. Pelos pressupostos baseados na multimodalidade representacional, o laboratório é um espaço instrucional que fornece condições para a produção da acepção dos conceitos. O objetivo do uso do laboratório didático na aprendizagem científica justifica-se segundo uma dimensão cognitivista. Pode-se dizer muito das atividades dos estudantes em aulas experimentais. As gesticulações dos estudantes auxiliam na elaboração de significados, permitindo a expansão de sentidos, e, se consideradas dentro do processo semiótico como signos, podem ser estudadas e analisadas. Como o foco desta investigação se volta para as atividades empíricas, as ações para nós têm maior importância do que os gestos. As ações podem ser pensadas como uma composição temporal de gestos fragmentados que se interligam e dirigem para um determinado fim. Logo, a gesticulação antes de ser comunicativa é primeiramente expressiva, o que significa dizer que são signos de natureza deliberadamente não intencionais na relação emissor e receptor. A pesquisa foi realizada com base em atividade pedagógica de experimentações em físico-química e as gesticulações dos estudantes, os signos por nós analisados, estão baseados numa leitura da Teoria semiótica de Peirce. Do ponto de vista da importância pedagógica, a gesticulação sintetiza duas dimensões a serem atendidas: uma cognitiva, tendo em vista seu papel auxiliar na construção do pensamento e elaboração do significado do aprendiz do que está sendo estudado; outra dimensão, de interesse deste trabalho, de natureza avaliativa processual, visto se constituir em uma linguagem que permite ao professor apreciar o significado do conhecimento do que está sendo construído pelo estudante. Os resultados indicam a necessidade de se tornar mais conhecidos instrumentos pedagógicos como o que avaliamos nesta tese para que o ensino-aprendizagem, no nosso caso especial, em laboratório, possa ser feito de forma mais imediata e efetiva.
Estudo sobre as reflexões dos licenciandos em Química nas atividades de microensino: implicações para a formação inicial docente
Viviane Arrigo, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 17/04/2015
O presente estudo tem como foco principal de investigação a formação inicial reflexiva de professores de Química, no contexto do microensino, como atividade da disciplina de Estágio Supervisionado de uma Instituição de Ensino Superior privada do município de Londrina (PR). Utilizamos como procedimento de coleta de dados a autoscopia bifásica, que consiste nas fases: interativa, na qual filmamos o microensino; e pós-ativa, na qual, com o auxílio do vídeo, ajudamos o estudante a realizar os processos de reflexão sobre a ação e sobre a reflexão-na-ação. Com base nos referenciais teóricos de Schön (1992; 2000), analisamos o conteúdo das reflexões de três estudantes, com os seguintes objetivos: a) identificar, nas falas, as situações decorrentes das suas práticas de ensino que os levaram a refletir para resolver eventual problema da prática, situações essas denominadas “alerta”; b) identificar, por meio da reflexão sobre a reflexão-na-ação, os “momentos” de estruturação, questionamento e reestruturação que levaram os estudantes a planejarem uma nova ação; c) identificar as implicações que a estratégia da autoscopia bifásica, nos moldes da “sala de espelhos” proposta por Schön, causam na construção do perfil docente desses estudantes. Os resultados obtidos são decorrentes da sistematização dos dados coletados, por meio do esquema da prática reflexiva de cada estudante, baseado nos “momentos” reflexivos descritos por Schön e adaptado de Clarke (1994). Verificamos que cada estudante se deparou com determinada dificuldade ao preparar e ministrar o microensino e, por isso, consideramos que cada um deles refeltiu sobre as situações que reconheceu como sendo problemas decorrentes da sua prática de ensino, ou seja, situações de alerta, as quais necessitavam ser estruturadas, questionadas e reestruturadas, para que pudessem transformar a sua prática educativa e construírem uma forma pessoal e idiossincrática de desenvolvimento profissional docente
Quenem químico: a apropriação dos enunciados científicos nas aulas de química
Angélica Cristina Rivelini da Silva, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 05/04/2012
Nesta dissertação, procuro entender como são legitimados certos enunciados científicosdurante as práticas pedagógicas em funcionamento na instituição escolar, mais especificamente no espaço discursivo de algumas aulas de química para o Ensino médio. Procuro me apoiar na perspectiva dos Estudos Culturais de Ciências e no conceito foucaultiano de enunciado. A questão central que enfatizo é problematizar a condição naturalizada dos enunciados químicos e busco deslocar o entendimento dos saberes químicos para um conjunto de dispositivos que regulam a forma como os sujeitos produzem o seu conhecimento sobre o mundo. Para a realização deste estudo, aproveitei algumas ferramentas da etnografia que chamei de etnógrafa-turista, que me permitiram circular pela variedade de espaços e atividades escolares. Dessa forma, constituía a rede enunciativa das aulas de química analítica. Nesse processo de apropriação dos enunciados químicos durante as aulas, a professora Flávia, tratou de “ajustar” as multiplicidades de entendimentos dos alunos para o que representaria os conceitos químicos da maneira como estão instituídos nos discursos científicos, os dispositivos atuavam, ao mesmo tempo, demarcando um campo de possibilidade, no qual determinados elementos - enunciados químicos - eram (re) significados para os alunos enquanto objetos de conhecimento químico. Assim, quando a professora falava, seu interesse não era relacionar o discurso a um pensamento, mente ou sujeito, mas ao campo prático ao qual ele é desdobrado. A Escola acaba por atuar como um dispositivo de enquadramento dos saberes e sujeitos, que ao fixar determinadas normas, ordena, controla e sistematiza teorias e procedimentos estabelecendo um sistema de significação, no qual o enunciado químico ganha visibilidade e compreensão.