Um Estudo sobre as Ações Docentes em Sala de Aula em um Curso de Licenciatura em Química
Ronan Santana dos Santos, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 05/07/2019
Esta tese, desenvolvida numa perspectiva qualitativa, tem como objeto de estudo as ações do professor em sala de aula (ARRUDA; LIMA; PASSOS, 2011), levando em consideração os pressupostos teóricos da relação docente com o saber, a ação social e o desenvolvimento profissional do docente. A pesquisa foi construída tendo como objetivo central descrever e analisar as ações docentes em sala de aula de professores que atuam em um curso de licenciatura em química, com o propósito de responder às seguintes questões de pesquisa: o que o professor faz, de fato, em sala de aula e quais categorias poderiam descrever suas ações? As ações executadas pelos professores diferem em função do conteúdo que ministram? Os dados foram coletados por meio de gravações em áudio e vídeo de aulas (cada aula com três horas de duração, isto é, quatro horas/aulas) de três docentes de disciplinas distintas, denominados de P1, P2 e P3. Da professora P1 foram gravadas três aulas; da P2, quatro aulas, e do P3, cinco aulas. De cada um deles selecionamos uma aula para realizarmos a análise. Assim, o corpus foi constituído pelas transcrições das três aulas, com um total de doze horas. A metodologia utilizada para a análise dos dados foi a Análise Textual Discursiva (ATD) (MORAES; GALIAZZI, 2007), percorrendo suas quatro etapas: unitarização, categorização e o metatexto fechando o ciclo de análise, promovendo o processo de auto-organização. As categorias de análise, compreendidas como categorias de ação, foram organizadas como: macroações, ações e microações. As macroações são os momentos mais amplos da aula e, na aula de P1, totalizaram duas: discute e ensina; de P2 foram três: espera, ensina e discute; e de P3 também somaram três: retoma, ensina e demonstra. As ações são, de fato, o que o professor executa em sala de aula, expressos em verbos escritos na terceira pessoa do presente do indicativo. Nas três aulas analisadas emergiram ao todo 33 categorias (verbos) de ação. As microações, interligadas às categorias de ação e expressas em excertos extraídos das falas dos professores, são atitudes dos professores em sala de aula, seus movimentos e suas interlocuções realizadas com os alunos. A segunda questão de pesquisa foi respondida no Capítulo 6, chegando à conclusão de que sim, que o conteúdo tem uma influência nas ações executadas pelo professor em sala de aula. Para a aula analisada da professora P1, cuja disciplina foi Química Orgânica II e o conteúdo ensinado foi alcenos, emergiram 9 categorias de ação; para a aula da professora P2, cuja disciplina foi Estágio Curricular I e o conteúdo ensinado foi formação de professores, emergiram 21 verbos de ação e para a aula analisada do professor P3, cuja disciplina foi Física Geral e o conteúdo desenvolvido foi vetores, foram 15 categorias de ação. Das 33 categorias de ação emergentes nas aulas dos três professores, 25 aconteceram com exclusividade em cada uma das três aulas, evidenciando um aspecto particular de cada docente de conduzir suas aulas que foram gravadas e analisadas.
Diálogos de Ensino e Aprendizagem e Ação Docente: Inter-Relações em Aulas de Ciências com Atividades Experimentais
Sérgio Silva Filgueira, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 12/04/2019
A pesquisa apresentada nesta tese teve como objetivo analisar Diálogos de Ensino e Aprendizagem e Ações Docentes em aulas de Física e Química que envolviam atividades experimentais. Foram filmadas as aulas de dois professores de um curso técnico de uma instituição pública federal. A partir do texto proveniente das transcrições, categorizamos os diálogos tendo os Focos da Aprendizagem Científica (FAC) como categorias a priori, nos pautando pelas etapas da Análise Textual Discursiva (ATD). Os FAC são descritos originalmente no artigo intitulado “O aprendizado científico no cotidiano”, de Arruda et al. (2013). Em cada diálogo, identificamos o foco correspondente ao docente e aos alunos, movimento que denominamos de oscilação focal. Dessa forma, foi possível obter um mapeamento das interações entre os professores e estudantes no que diz respeito à aprendizagem científica. Identificamos que a categoria mais expressiva nas aulas analisadas foi a DAF3, ou seja, falas do docente e de alunos relacionadas ao Foco 3 (envolvimento com o raciocínio científico). Esse fato pode ser compreendido pela natureza das atividades desenvolvidas nas aulas analisadas. Na continuidade do processo analítico, categorizamos as ações dos docentes em três níveis: macroações, ações e microações. A partir da associação dessas duas fases da análise, percebemos que as microações fornecem elementos que possibilitam uma melhor compreensão das oscilações focais nos diálogos de ensino e aprendizagem (DiEA). Foi possível identificar que os diálogos associados ao Foco 3 varrem uma maior quantidade de microações. Por fim, na busca do estabelecimento de relações entre os focos e as ações, verificamos que, nas aulas da Docente 2, a quantidade de ações foi bem maior que a quantidade de categorias de oscilação focal, demonstrando que sob a perspectiva de um foco podem ocorrer um número variado de ações, pois a relação entre eles não é linear.
Um Estudo sobre as Ações Docentes de Professores e Monitores em um Ambiente Integrado de 1° Ciclo em Portugal
Marcus Vinícius Martinez Piratelo, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 23/01/2018
Esta tese, de natureza qualitativa, apresenta resultados de um estudo realizado a respeito da ação docente em um ambiente integrado de 1° ciclo (equivalente ao período do 1° ao 4° ano do Ensino Fundamental), em Portugal. Por meio de referenciais teóricos fundamentados na Sociologia e a partir das relações desse campo com a área educacional, tornou-se possível um delineamento inicial de definições conceituais sobre a ação docente. Duas perguntas de pesquisa direcionaram esta tese: 1) Quais as categorias de ação docente identificadas nas aulas de professores e monitores da Escola Ciência Viva e do CIEC em sala de aula e no laboratório? 2) Quais as categorias de objetivos e motivos das ações docentes identificadas nas aulas desses professores e monitores? Os fundamentos metodológicos que conduzem a coleta e organização dos dados baseiam-se na Análise Textual Discursiva (ATD) de Moraes e Galiazzi (2011) e na Autoscopia. As aulas dos professores e monitores foram videogravadas utilizando-se de uma forma de organização dos dados provenientes de uma relação conceitual dialética entre instrumentos analíticos distintos: a Matriz (3x3), de Arruda, Lima e Passos (2011), e o Quadro intitulado “os objetivos e motivos da ação”, de Tardif e Lessard (2008). Por meio da observação direta dos fatos sociais encontrados nas situações observadas e de entrevistas de autoscopia, buscou-se descrever categorias de ações docentes e de objetivos e motivos da ação de professores da escola e dos monitores do Centro de Ciências, sendo que foram encontradas 78 categorias de ação docente distintas e 50 categorias de objetivos e motivos da ação docente. Foi possível uma interpretação comparativa dos dados entre os entrevistados, e a partir dela o caráter abrangente do termo ação docente foi ressaltado, não somente para professores institucionalizados, mas também para os monitores, abrindo possibilidades de interpretação de dados para professores em formação. A partir da análise dos dados, foi possível identificar: a) as categorias de ação docente realizadas pelos professores e monitores analisados; b) categorias de objetivos e motivos que direcionaram esses professores e monitores a agir, e; c) a frequência dessas categorias de ação e de objetivos e motivos das ações. Por fim, esta tese constitui-se como um movimento inicial para a elaboração de uma teoria da ação docente, pois apresenta elementos pertencentes ao primeiro nível de uma teoria social, os quais se referem ao estudo dos atores e das ações docentes.
As ações de professores e alunos em salas de aula de matemática: categorizações e possíveis conexões
Mariana Passos Dias, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 02/02/2018
Esta dissertação apresenta um estudo sobre as ações realizadas por professores e alunos em salas de aula de Matemática. As questões que orientaram nossa pesquisa foram: O que os alunos e os professores fazem, de fato, nas salas de aula de Matemática e quais categorias poderiam descrever suas ações? Que conexões podem ser estabelecidas entre as ações dos professores e dos alunos? Os procedimentos metodológicos foram baseados na Análise de Conteúdo, a partir da qual foi desenvolvida uma interpretação qualitativa. Os dados foram obtidos por meio da observação direta de aulas de professores de Matemática do Ensino Fundamental II em uma escola pública do município de Londrina/Paraná. Ao planejarem as aulas, os professores usaram as tendências/perspectivas da Educação Matemática. Quanto aos resultados, foram encontradas vinte categorias da ação docente (agradecer, ameaçar, argumentar, chamar a atenção, comentar, conferir, deslocar, escrever, esperar, executar, explicar, negociar, organizar, parabenizar, pedir, perguntar, providenciar, reprovar, responder, supervisionar) e dezenove categorias da ação discente (aceitar, brincar, chamar pela professora, colaborar, comemorar, comentar, comunicar, conversar, copiar, deslocar, executar, lamentar, organizar, pedir, perguntar, prestar atenção, reclamar, responder, valorizar). Com relação às possíveis conexões entre as ações docentes e discentes, os resultados que alcançamos indicam que as ações realizadas pelo professor realmente influenciam as ações realizadas pelos alunos. Mas a conexão não é causal: as ações realizadas pelos alunos muitas vezes não são consequências diretas das ações do professor. É o caso das ações conversar e brincar, que são ações dispersivas e não estão relacionadas diretamente com a tarefa que está sendo executada no momento.