Um olhar para a Agroecologia e a Educação Ambiental no Ensino de Ciências na Escola Itinerante do MST
Tese de doutorado
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Este trabalho foi desenvolvido na Escola Itinerante Valmir Mota de Oliveira, na cidade de Jacarezinho, estado do Paraná, onde buscamos responder a seguinte indagação: as práticas agroecológicas na Escola Itinerante podem apontar as possibilidades para uma Educação Ambiental crítica e emancipatória, que contribua para a formação de novos cidadãos conscientes de que a sociedade atual é insustentável e que mudanças profundas em nosso modelo de sociedade dependem de novas atitudes? O objetivo principal foi analisar como a introdução às práticas agroecológicas na Escola Itinerante pode contribuir para a Educação Ambiental e como tais questões estão inseridas na proposta da referida Escola, no contexto do movimento nacional por uma Educação do Campo. Para compreender esse processo da integração entre práticas agroecológicas e Educação Ambiental, utilizamos como procedimento metodológico a pesquisa participante. As atividades envolveram alunos do 6o ano do ensino fundamental, que foram submetidos a observação participante durante as práticas em atividades de grupo, roda de conversa e entrevistas estruturadas. Nos pautamos em autores que discutem a temática ambiental sob um viés crítico, tais como Carvalho (1998), Layrargues (2014); Lima (2009) e Loureiro (2004, 2007). A partir das análises e discussões foi possível constatar que as atividades promovem a construção de valores e atitudes que foram evidenciadas em um ciclo continuo concebido a partir de observações intuitivas das experiências docentes. É como se reconstruíssemos como cada educando se relaciona com o mundo a partir de si mesmo em um processo em que pouco a pouco, dia a dia, deixa de ser passivo frente ao conhecimento. A Agroecologia está para a Educação Ambiental, assim como a Educação Ambiental está para a Educação de modo geral. A Agroecologia e a EA compartilham a busca pela diminuição das desigualdades a partir da educação, emancipação do cidadão e cuidados com o ambiente na busca de equilíbrio na relação homem natureza. Como resultado, foi possível identificar as potencialidades de desenvolvimento de diversas atividades e podemos afirmar que a Agroecologia é uma ferramenta importante para a Educação do Campo, no direcionamento de suas ações na luta contra o modelo de sociedade insustentável e na luta pela soberania alimentar. Além disso, identificamos diversas possibilidades para a abordagem da EA crítica, junto às necessidades de engajamento e motivação que direcionam as ações, ampliando a consciência ambiental dos estudantes. Ao firmar posição pelas práticas agroecológicas, a escola protagoniza a mudança de atitudes e sua própria comunidade frente ao modelo dominante e predatório do agronegócio e toda a sua lógica de acumulação e exploração socioambiental.