Uma abordagem histórico-sociológica a respeito de Usinas Nucleares para a compreensão de relações CTS no Ensino Médio
Felipe Patron Cândido , Profa. Dra. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 25/03/2021
A presente pesquisa investigou potencialidades de uma abordagem históricosociológica a respeito de Usinas Nucleares no Ensino Médio objetivando proporcionar a Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT) e o entendimento das relações complexas entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Diversas pesquisas evidenciam que a utilização da História e Sociologia da Ciência (HSC) são fatores positivos na aprendizagem científica, principalmente quando busca-se uma compreensão da Ciência e Tecnologia de uma maneira mais crítica em relação a sociedade, como observado na definição de ACT feita por Fourez (1997). A partir de tais bases foi construída e aplicada uma unidade didática de maneira online, devido ao fechamento das escolas por conta da pandemia, levando em consideração princípios da Aprendizagem Significativa e da Teoria da Complexidade. Para a coleta de dados da unidade didática utilizou-se questionários (prévio e posterior) e mapas conceituais. Na análise dos questionários optou-se pela utilização da Análise de Conteúdo, já a análise dos mapas conceituais foi feita seguindo os agrupamentos propostos por Bernardelli (2014). Pode-se caracterizar esta pesquisa como qualitativa de cunho interpretativa, seguindo as seguintes etapas, investigação teórico metodológica para a construção da unidade didática, elaboração do questionário bem como as unidades de contexto e registro, aplicação da unidade didática, tomada e análise dos dados. A partir da análise dos resultados foi possível observar que a unidade teve influências positivas nas noções dos estudantes em relação à complexidade das relações CTS no que se refere as usinas nucleares. Além disso, foi possível inferir indícios de aprendizagem significativa e ACT, uma vez que os estudantes apresentaram diversos elementos que caracterizam tais conceitos.
Cinema e filosofia na Escola: Emergindo Heterotopias
Wolney Heleno de Matos, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 05/03/2020
Esta pesquisa busca na semiótica peirceana, elementos que podem esclarecer caminhos de inter-relação entre conhecimento e experiências dos alunos quando desenvolvem atividades de modelagem matemática. Com a finalidade de tecer nossas reflexões estruturamos nossa pesquisa no formato multipaper de modo que os desdobramentos da pesquisa são apresentados em três artigos. No primeiro artigo nos propomos a descrever a modelagem matemática em termos semióticos a partir das experiências dos alunos quando desenvolvem atividade de modelagem matemática. No segundo artigo, com base nas argumentações de Peirce relativas a um tipo particular de raciocínio- o raciocínio diagramático, investigamos sobre o raciocínio diagramático na constituição do fazer modelagem matemática. No terceiro artigo buscamos indícios da mediação por signos na comunicação entre professor e alunos associada ao como ensinar e aprender modelagem matemática. Nos três artigos nossas inferências são ancoradas em uma análise interpretativa das atividades de modelagem matemática desenvolvidas por alunos do quarto ano de um curso de licenciatura em matemática. Nossa análise delineou caminhos de inter-relação entre conhecimento e experiências dos alunos. O primeiro caminho delineado refere-se à inter-relação entre a constituição do ser modelagem matemática e da constituição do fazer modelagem. O segundo caminho refere-se à inter-relação entre o raciocínio diagramático e a constituição do fazer modelagem matemático. O terceiro caminho refere-se à interlocução entre o aprender modelagem matemática e as experiências dos alunos. Por fim, a partir da análise desses caminhos emerge um quarto, que ao relacionar os elementos semióticos abordados nos outros artigos nos permite inter-relacionar constituição do fazer modelagem matemática às experiências vivenciadas pelos alunos. Nossa busca por elementos da semiótica peirceana para elucidar essas relações entre conhecimento e experiências evidenciou que a constituição do conhecimento sobre modelagem matemática é mediada pela construção, transformação e intepretação de signos que são constituídos e refinados mediante as experiências vivenciadas em situações de modelagem matemática
Um Estudo das Ações Docentes em Aulas de Química no Ensino Médio
Larissa Caroline da Silva Borges, Profª. Drª. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 17/03/2020
Nesta dissertação, apresentamos um estudo das ações docentes em aulas de Química no Ensino Médio. O objetivo da pesquisa foi identificar e descrever as ações docentes nessas aulas, buscando responder às seguintes questões de pesquisa: O que os professores fazem, de fato, em aulas de Química no Ensino Médio? E quais categorias podem descrever suas ações? Para isso, os procedimentos metodológicos adotados foram gravações em áudio e em vídeo e anotações em caderno de campo de dez aulas de dois professores de Química, denominados P1 e P2, que atuam no Ensino Médio em escolas públicas localizadas no município de Londrina-PR. Como metodologia de análise e de interpretação das informações obtidas, utilizamos a Análise de Conteúdo, considerando as etapas de pré-análise, de exploração do material e de tratamento dos resultados. A partir de um mapeamento inicial das aulas que foram coletadas, identificamos que elas poderiam ser divididas em grupos, dessa forma, para cada um dos professores, analisamos duas aulas pertencentes a dois grupos distintos, comuns a P1 e a P2, sendo esses grupos de aulas expositivas dialogadas com resolução de exercícios e de aulas experimentais desenvolvidas no laboratório de ciências. Com relação aos resultados, pudemos identificar que, para o primeiro grupo das aulas expositivas dialogadas, foram identificadas 12 categorias de ação docente para P1 (Explica; Pergunta; Escreve; Atividades Burocrático-Avaliativas; Espera; Distribui; Responde; Representa; Informa; Adverte; Organiza; e Retoma) e 13 categorias para P2 (Explica; Pergunta; Escreve; Representa; Espera; Lê; Atividades Burocrático-Avaliativas; Atividades Burocrático-Administrativas; Responde; Adverte; Organiza; Retoma; e Cumprimenta), sendo que, para ambos, as ações com maior incidência foram Explica-Pergunta-Escreve, sugerindo um modelo de aula Exp-Per-Esc, relacionado à abordagem e ao tipo de recurso utilizado. Já para as aulas experimentais, segundo grupo, foram evidenciadas 15 categorias de ação para P1 (Orienta; Espera; Pergunta; Explica; Supervisiona; Desloca; Organiza; Responde; Informa; Demonstra; Atividades Burocrático-Avaliativas; Discute; Distribui; Adverte; e Retoma) e, igualmente, 15 categorias de ação para P2 (Espera; Orienta; Supervisiona; Organiza; Explica; Distribui; Responde; Demonstra; Lê; Adverte; Pergunta; Discute; Atividades Burocrático-Administrativas; Retoma; e Atividades Burocrático-Avaliativas), sendo que, para P1, as ações com maior incidência foram Orienta, Espera, Pergunta e Explica, sugerindo um modelo de aula Ori-Esp-Per-Exp e, para P2, Espera, Orienta, Supervisiona e Organiza, sugerindo um modelo Esp-Ori-Sup-Org. A partir das categorias de ação evidenciadas, realizamos um movimento de apresentação dos dados obtidos por meio de modelos gráficos que possuem relação temporal com a aula e sugerem um entrelaçamento existente entre as ações identificadas. A observação detalhada desse entrelaçamento permitiu a identificação de ações centrais, que são aquelas com maior incidência e que caracterizam a aula e as ações periféricas, que são ações pontuais.
Modelagem Matemática: Uma Análise Semiótica das Experiências dos Alunos
Daiany Cristiny Ramos, Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 14/04/2020
Esta pesquisa busca na semiótica peirceana, elementos que podem esclarecer caminhos de inter-relação entre conhecimento e experiências dos alunos quando desenvolvem atividades de modelagem matemática. Com a finalidade de tecer nossas reflexões estruturamos nossa pesquisa no formato multipaper de modo que os desdobramentos da pesquisa são apresentados em três artigos. No primeiro artigo nos propomos a descrever a modelagem matemática em termos semióticos a partir das experiências dos alunos quando desenvolvem atividade de modelagem matemática. No segundo artigo, com base nas argumentações de Peirce relativas a um tipo particular de raciocínio- o raciocínio diagramático, investigamos sobre o raciocínio diagramático na constituição do fazer modelagem matemática. No terceiro artigo buscamos indícios da mediação por signos na comunicação entre professor e alunos associada ao como ensinar e aprender modelagem matemática. Nos três artigos nossas inferências são ancoradas em uma análise interpretativa das atividades de modelagem matemática desenvolvidas por alunos do quarto ano de um curso de licenciatura em matemática. Nossa análise delineou caminhos de inter-relação entre conhecimento e experiências dos alunos. O primeiro caminho delineado refere-se à inter-relação entre a constituição do ser modelagem matemática e da constituição do fazer modelagem. O segundo caminho refere-se à inter-relação entre o raciocínio diagramático e a constituição do fazer modelagem matemático. O terceiro caminho refere-se à interlocução entre o aprender modelagem matemática e as experiências dos alunos. Por fim, a partir da análise desses caminhos emerge um quarto, que ao relacionar os elementos semióticos abordados nos outros artigos nos permite inter-relacionar constituição do fazer modelagem matemática às experiências vivenciadas pelos alunos. Nossa busca por elementos da semiótica peirceana para elucidar essas relações entre conhecimento e experiências evidenciou que a constituição do conhecimento sobre modelagem matemática é mediada pela construção, transformação e intepretação de signos que são constituídos e refinados mediante as experiências vivenciadas em situações de modelagem matemática.
Controvérsias Ciêntificas em Evolução Biológica: Análise de Livros Didáticos Aprovados pelo PNLD 2018
SILVA, Lucyana Nayara Afonso Silva, Profª. Drª. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 21/02/2020
Os livros didáticos são um dos recursos pedagógicos mais utilizados em sala de aula e importantes mediadores no processo de ensino e de aprendizagem. Os livros didáticos são relevantes para o currículo e para a formação dos alunos. A evolução biológica se apresenta como um tema unificador no conteúdo de Biologia, importante para o entendimento de vários temas relacionados ao desenvolvimento, à genética, seleção natural, além de outras áreas, e seu ensino é permeado por obstáculos epistemológicos no livro didático. O que torna relevante a necessidade de analisar este tipo de material didático principalmente conteúdos como a biologia evolutiva. Devido a importância de se compreender que a História e a Filosofia da Ciência têm um papel fundamental na construção do conhecimento científico, sendo uma área capaz de minimizar os equívocos sobre a evolução e ainda entendendo que a ciência se constitui por meio de controvérsias científicas, as quais são responsáveis pelo desenvolvimento da ciência, esta pesquisa objetivou identificar e analisar a presença de temas controversos no conteúdo de evolução biológica nos livros didáticos do terceiro ano do ensino médio aprovados pelo PNLD 2018. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa de cunho bibliográfico. Dos dez livros aprovados pelo PNLD 2018, sete foram analisados. Para analisar as controvérsias científicas encontradas foram elaboradas unidades de contexto e de registro, sob dois aspectos: 1) aspectos epistemológicos e 2) aspectos históricos. As unidades de contexto são referentes aos aspectos epistemológicos das controvérsias (UC1), aos aspectos do conteúdo da extinção dos dinossauros (UC2) e dos aspectos do conteúdo do melanismo industrial (UC3). Observamos que, embora alguns autores apresentem os temas controversos, o conteúdo de evolução tende a ser descrito de maneira aglomerada e muitas vezes historicamente descontextualizada, podendo dificultar a percepção dos conceitos evolutivos e o desenvolvimento do pensamento crítico e do conhecimento biológico.
Maldita Química! Mal Consigo Prever seus Movimentos: As Associações que Movimentam a Química no Canal do Youtube Manual do Mundo
Fabiana Gomes, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 19/12/2019
O Manual do Mundo se apresenta como um lugar de aprender a fazer, motivado a ensinar ciências de uma maneira outra que não a ensinada nas escolas, o que ocorre muitas vezes com mais recursos e mais criatividade que a sala de aula. As produções audiovisuais com fins educativos estão ressignificando os espaços naturalizados de ensino, como a escola, por exemplo. Essas produções, agenciadas pelas mídias, constantemente produzem e fazem circular uma série de valores, concepções, representações – relacionadas a um aprendizado cotidiano sobre o que devemos fazer e como devemos pensar. Esta tese teve como principal objetivo identificar os atores que fazem parte da rede do Manual do Mundo, para, assim, compreender como o canal instaura um espaço de circulação da ciência química. Ao se apropriar do cenário de um laboratório e da experimentação, o canal vai convocando alguns tipos específicos de aliados; seguidores que veem o laboratório um ambiente familiar, onde há elementos que os confortem e, por conseguinte, provoquem sentimentos de aliança, de identificação. A Teoria Ator-Rede (TAR) foi fundamental no processo que nos permitiu descrever a trajetória do canal e nos revelar as associações estabelecidas pelos múltiplos e heterogêneos atores envolvidos no processo de circulação do conhecimento, principalmente, ao conhecimento químico. Vislumbramos alguns: YouTube, Iberê e Mariana, laboratório, marketing, pedagogias... entidades que, uma vez associadas ao Manual do Mundo, são atores agenciando e sendo agenciados com diferentes potências. Apropriando-se do cenário do laboratório químico, definitivamente um forte aliado, para divulgar a ciência química, o Manual consegue arregimentar sujeitos que passam a fortalecer seus enunciados. Esses sujeitos, então, deixam de ser meros seguidores do canal e passam a aliados, reprodutores e divulgadores de enunciados com status de verdade. As alianças formadas por esses atores garantem a formação de novas outras alianças permitindo o aumento da rede. O Manual não seria o mesmo sem algum deles.
Autenticidade em Atividades de Modelagem Matemática: da Aprendizagem para o Ensino em um Curso de Formação de Professores (divulgação em 22/06/2023)
Letícia Barcaro Celeste Omodei, Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 27/05/2021
A preocupação com a autenticidade em aulas de matemática teve seu despontar com o uso de problemas com contextos artificiais para aplicar a matemática nas aulas de matemática. Desse modo, a modelagem matemática é vista como um meio para inserir essa autenticidade na sala de aula. Mas como se caracteriza essa autenticidade em atividades de modelagem matemática? Construímos nossa fundamentação teórica sobre autenticidde em atividades de modelagem matemática, modelagem matemática na educação matemática e formação do professor para desenvolver atividades de modelagem na sala de aula. Considerando que as atividades desenvolvidas se caracterizam como uma atividade de modelagem matemática, definimos atributos para conferir a autenticidade a essas atividades. Levando em consideração o arcabouço teórico em que se fundamenta a pesquisa e o objetivo de investigar como se caracteriza a autenticidade em atividades de modelagem matemática desenvolvidas em um curso de formação inicial de professores, foram desenvolvidas atividades de modelagem matemática mediante a caraterização de dois contextos: o Contexto de Aprendizagem e o Contexto de Ensino. De acordo com as análises empreendidas nessa pesquisa, a autenticidade se mostra presente em todo o desenvolvimento da atividade de modelagem, no contexto em que se dá a atividade, mas também no papel do professor, na autonomia dos estudantes, nas decisões que são tomadas, no porquê dessas decisões e o que elas influenciam. As análises das atividades desenvolvidas no Contexto de Aprendizagem mostram que a autenticidade está ligada à autonomia dos estudantes para desenvolverem a atividade, pois o maior nível de autenticidade inclui atividades de 3º momento de familiarização dos estudantes com atividades de modelagem matemática, atividades em que os estudantes de fato percorrem todas as fases de desenvolvimento de uma atividade de modelagem matemática. Assim, uma atividade com maior nível de autenticidade exige que os próprios modeladores se envolvam na coleta de dados, conheçam mais profundamente a situação-problema estudada, analisem para buscar e selecionar informações necessárias, quais simplificações são possíveis de se fazer sem que comprometa a autenticidade da situação do mundo real, que hipóteses considerar, para então resolver o problema, construir o modelo matemático e interpretar os resultados, com vistas também às consequências desse modelo e o que os resultados podem trazer para o mundo dentro e fora da sala de aula.
A dinâmica das controvérsias na transformação de um projeto pedagógico de curso: um estudo à luz da teoria ator rede.
Jayme Marrone Júnior, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 07/06/2021
A pesquisa surge da observação e participação do autor no processo de implantação de uma proposta metodológica que sugeria a ruptura com o ensino tradicional através de iniciativas, como a desfragmentação disciplinar e regime não seriado, em um campus de uma instituição pública federal, no ensino médio profissionalizante. Durante esse processo ocorreram conflitos entre professores, estudantes e comunidade sobre a metodologia descrita no Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Em quatro anos o PPC 2014 se transforma no PPC 2018 este último com características mais próximas do ensino tradicional. Como as discussões aconteciam em torno do documento (PPC), e ainda observando que o mesmo interagia com o coletivo escolar, provocando ações que resultavam em controvérsias, optamos por utilizar a Teoria Ator-Rede (ANT) de Bruno Latour como referencial teórico e metodológico. Para esse autor a ação não é uma prerrogativa apenas de humanos, mas de um conjunto de híbridos humanos e não humanos (actantes). Através da descrição das controvérsias e do movimento de transformação da rede do PPC, o trabalho tem como objetivo geral investigar a mudança na proposta pedagógica deste campus do IFPR entre 2014 e 2018 sob a lente da Teoria Ator-Rede. Como objetivo específico pretendemos atribuir significado à hipótese de que um ator-rede só tem existência em uma rede que o sustenta. Isso significa que a mudança do PPC 2014 para o PPC 2018 só aconteceu porque a proposta inicial (PPC 2014) não encontrou uma rede onde ela poderia se desenvolver. Com o auxílio da Análise de Conteúdo e da Cartografia de Controvérsias, constituímos e analisamos os dados a partir de documentos e entrevistas semiestruturadas. A partir daí produzimos um relato documentado que descreve o caminho do PPC 2014 desde sua criação até seu abandono e consequente surgimento do PPC 2018. O trabalho com a ANT permitiu observar que os elementos emergentes da análise da formação das redes são resultado da necessidade funcional de subsistência da própria rede, ou seja, o ator e a rede são uma única entidade. Cada formação de rede exige um PPC específico e sua consistência global não depende apenas da soma de suas partes, ou melhor dizendo, da constituição de seus actantes, mas das relações/ações entre eles. Ao seguir a dinâmica da Controvérsia da Metodologia, eleita como a principal controvérsia, constatamos que a proposta inicial representada pelo PPC 2014 existiu apenas em sua idealização como projeto. Durante toda tentativa de execução da proposta, a mesma exigiu adaptações que provocaram movimento de seus actantes, formando novos arranjos mas sem encontrar, em nenhum momento, uma rede apropriada à sua sustentação.
A Matemática que se sente na pele: um estudo do pensamento matemático de alunos surdocegos (divulgação em 05/07/2023)
Marcelo Silva de Jesus, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 27/05/2021
A presente pesquisa, de abordagem qualitativa descritiva, com características de um estudo de casos múltiplos, tem por objetivo investigar e discutir características do Pensamento Matemático de dois alunos surdocegos de uma escola do município de Londrina-PR. Para tanto, assumiu-se como perspectiva epistemológica e metodológica o Modelo dos Campos Semânticos (MCS), proposto por Rômulo Campos Lins. Como suporte teórico, adotou-se a relação entre Pensamento e Linguagem e o processo de desenvolvimento de crianças com deficiência, propostos por Vygostsky. Para atingir o objetivo proposto, construiu-se uma caracterização para o modo de produção de significados para a Matemática esperado de dois alunos no contexto educacional paranaense, a partir da produção de significados do autor deste trabalho para os resíduos de enunciações contidos nas Diretrizes Curriculares da Educação do Paraná para a disciplina de Matemática. Tendo essa caracterização como referência e os referenciais teóricos mencionados, realizou-se uma leitura dos resíduos de enunciações dos dois, produzidos durante entrevistas semiestruturadas que tinham por objetivo caracterizar os contextos escolares em que estiveram e/ou estão inseridos e uma caracterização para os modos de produção de significados para a Matemática, ou ainda, para o Pensamento Matemático de cada um deles. O estudo evidenciou que o modo mais presente e valorizado em toda aprendizagem escolar dos alunos, de noções concretas às abstratas, após o surgimento da surdocegueira, esteve indissociável da manipulação, presente ou passada, de objetos físicos. Apenas um dos alunos demonstrou possuir o Pensamento Matemático esperado no contexto em que estão inseridos, e que ambos demonstram, em seus modos de lidar com a Matemática, coisificar noções matemáticas e fazer referência a objetos “concretos”, “cotidianos”.
Educação Química no Antropoceno (divulgação 07/07/2023)
Bruna Adriane Fary, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 20/05/2021
Esta pesquisa emergiu do desejo de reivindicar a Química nos saberes populares e nos espaços informais de circulação e mobilização de conhecimento. A partir da questão ambiental do Antropoceno, surge a inquietação de como os saberes da Química atuam nas problemáticas ambientais e quais outros saberes, práticas, técnicas e políticas são possíveis para pensar em modos de mobilizar a Educação Química para tal contexto. Nesse sentido, tem-se como objetivo desta tese buscar e compreender saberes, práticas, técnicas e políticas que servem de inspiração para pensar em outros modos de mobilizar a Educação Química, no que toca o advento do Antropoceno. Na busca por essas estratégias, utilizou-se a Heteroautobiografia, com base na Pesquisa Narrativa, enquanto metodologia para entrevistar duas alquimistasbruxas- cientistas, que trabalham com agroecologia e cosmetologia natural. A pesquisa teve como base as teorizações de Isabelle Stengers. Como resultados, encontram-se nas narrativas de vidas dessas mulheres ações para reativar, resgatar, reapropriar, regenerar, e toda polissemia do “to reclaim” de Stengers (2017a); a retomada das práticas da diversidade do saber-fazer química, para tratar da interferência no Antropoceno. Com as histórias de vidas, buscou-se e compreendeuse como elas constituíram seus saberes, e discutiu-se os modos como elas existem e resistem no Antropoceno. A conclusão desta pesquisa é que essas mulheres operam em torno de uma química menor. A partir disso, propomos e discutimos, enquanto estratégia, para além dos movimentos de desterritorialização, produzir um terreno para mobilizar os saberes químicos de forma a agenciá-los no coletivo e a criar ramificações políticas – modos de ser e estar em sociedade – configura o que denominou-se de “Educação Química Menor” (EQM), da qual as mulheres alquimistas-bruxas-cientistas operam com suas práticas, técnicas e políticas. As participantes desta pesquisa mostraram as possibilidades de constituição de uma ecologia de saberes químicos que desterritorializam a Química ao serviço dos interesses industriais, econômicos e políticos. A política da Química de serviço nos direcionou a problemas como poluições e consequências dos usos de agrotóxicos e plásticos, que contribuem na caracterização do Antropoceno e na identidade e território da Química na contemporaneidade.