Modelos clássico e fuzzy na educação matemática: um olhar sobre o uso da linguagem
Renato Francisco Merli, Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 14/12/2012
Neste trabalho fazemos uma investigação sobre o uso da linguagem em modelos clássicos e em modelos fuzzy, pautados em procedimentos de caráter interpretativo considerando aspectos de uma pesquisa qualitativa. O estudo está fundamentado nos pressupostos teóricos da Modelagem Matemática, da Matemática Fuzzy e em trabalhos sobre Filosofia da Linguagem de Ludwig Wittgenstein. Com o intuito de procurar relações entre as diferentes linguagens (clássica e fuzzy) utilizadas na construção de um modelo matemático, procuramos identificar algumas aproximações entre os modelos, investigar o papel da linguagem no desenvolvimento dos mesmos. Desenvolvemos seis atividades de modelagem diferentes, modeladas pelo autor ou constando em bibliografia já existente, com a finalidade de buscar aproximações nos diferentes modelos produzidos. Identificamos diferentes ‘jogos de linguagem’, além de encontrarmos ‘semelhanças de família’ entre esses modelos, o que nos permite inferir que a matemática fuzzy pode representar diferentes modos de ver de uma situação-problema.
O Papel do PIBID na Formação Inicial de Professores de Química na Universidade Estadual de Londrina
Enio de Lorena Stanzani, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 08/12/2012
O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) propõe o incentivo à formação docente em nível superior por meio de ações didático-pedagógicas que aproximem o licenciando da realidade escolar, articulando ensino superior e educação básica. O programa foi recentemente incorporado às ações formativas de vários cursos de Licenciatura da UEL (Universidade Estadual de Londrina), incluindo, desde o primeiro edital em 2009, o curso de Química. Nesse sentido, a presente pesquisa busca investigar as possíveis contribuições do programa à formação inicial dos licenciandos, bolsistas de iniciação à docência. Tendo como norte essa proposta de pesquisa, os bolsistas foram acompanhados durante o processo de planejamento e execução de algumas atividades relacionadas ao programa e, posteriormente, relataram suas percepções sobre essas experiências por meio de entrevistas semiestruturadas, que possuíam como tema central o processo de formação inicial e as ações desenvolvidas no contexto do PIBID. Com esse propósito, também foram entrevistados os professores coordenadores, docentes da UEL, e os professores supervisores que atuam em escolas da rede pública estadual de ensino. Para análise das entrevistas buscamos, fundamentados na abordagem metodológica da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004; MORAES, 1999) para fins de organização, análise e interpretação dos dados, articular os dados obtidos aos objetivos do programa. Sendo assim, foram construídas categorias de análise, fundamentadas nos referenciais teóricos pertinentes à pesquisa. Ao analisar as falas dos participantes da pesquisa e interpretá-las, classificando-as de acordo com nossa interpretação dos objetivos do programa, pudemos perceber que ao propor o incentivo à formação docente, a valorização do magistério, a integração entre ensino superior e educação básica, a prática no ambiente profissional, a participação efetiva dos professores do Ensino Médio, e a articulação entre teoria e prática, o programa busca proporcionar aos licenciandos uma formação fundamentada na reflexão e na problematização de situações reais relacionadas à atividade docente e, dessa maneira, auxilia-os em suas atividades de ensino e pesquisa, contribuindo em seu processo de formação inicial.
Os usos da linguagem em atividades de Modelagem Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Emerson Tortola, Profª. Drª. Lourdes Maria Werle de Almeida
Data da defesa: 03/12/2012
O desenvolvimento de atividades de Modelagem Matemática tem se configurado como uma alternativa pedagógica que pode potencializar o processo de ensino e aprendizagem de Matemática, uma vez que favorece a interação entre linguagem matemática e diferentes linguagens utilizadas nas práticas cotidianas, contribuindo para que os estudantes se tornem cidadãos críticos, capazes de participar ativamente nas tomadas de decisões em prol da sociedade. Com essas características, a Modelagem Matemática vem conquistando espaço no âmbito da Educação Matemática, atingindo cada vez mais a sala de aula, porém, ainda são poucos os estudos que contemplam tal alternativa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Nesse sentido, propomos o desenvolvimento de uma série de atividades de Modelagem Matemática, segundo os três momentos sugeridos por Almeida e Dias (2004), a uma turma de 4º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Pública e Municipal, localizada no Norte do Estado do Paraná, com o intuito de investigar os usos da linguagem em atividades de Modelagem Matemática. Para isso nos baseamos em três referenciais teóricos: a Modelagem Matemática no âmbito da Educação Matemática; a Linguagem, sob uma perspectiva wittgensteiniana; e os Registros de Representações Semióticas de Raymond Duval. Os resultados apontam para a emergência de diversos jogos de linguagens, dos quais, segundo a forma de vida envolvida, resulta a produção de diferentes representações semióticas, que se diferem dos demais níveis de escolaridade pela linguagem utilizada, mas mantendo semelhanças de família entre eles. Os diferentes modelos matemáticos, produzidos pelos estudantes, têm características específicas neste nível de escolaridade em decorrência dos usos que eles fazem da linguagem, os quais orientam o desenvolvimento das atividades de Modelagem Matemática.
Dificuldades evidenciadas em registros escritos a respeito de demonstrações matemáticas
Debora Cristiane Barbosa Kirnev, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 30/08/2012
A presente pesquisa investiga dificuldades relacionadas as formas de demonstrações matemáticas sejam direta, contrapositivas, por redução ao absurdo, por contraexemplo, evidenciadas em registros de graduandos do curso de matemática de uma universidade norte paranaense. Entendemos que seja necessário um conteúdo para abordar o tema de pesquisa, deste modo selecionamos os conteúdos conjuntos e funções para elaborar uma proposta de atividades que foi aplicada aos sujeitos participantes dessa investigação. Para subsidiar a pesquisa nos apoiamos principalmente nos teóricos Balacheff (1987), em seus estudos sobre provas e demonstrações, e, Dreyfus (1991) acerca do pensamento matemático avançado. As análises consistiram em categorizar agrupamentos com resoluções similares e evidenciar as dificuldades explicitadas.
O Professor de Ciências e o Desenvolvimento Profissional: subsídios para compreensão do conhecimento prático
Rosiane Giraldeli Fabian, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior, 23/08/2012
Data da defesa: 23/08/2012
Este estudo teve como objetivo identificar elementos que constituem a construção do conhecimento prático de professores de Ciências do Ensino Fundamental de escolas da rede pública de ensino. Participaram desta pesquisa de cunho qualitativo, professores pertencentes ao Quadro Próprio do Magistério (QPM) do Estado do Paraná com tempo de atuação no ensino de Ciências entre 6 e 22 anos, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas. Nas entrevistas os professores participantes refletiram sobre sua prática, desvelando os conhecimentos de natureza pedagógica e didática que constituem o seu saber fazer. Consideramos que o processo de construção do conhecimento prático dos professores participantes ocorrre por meio das suas reflexões, nem sempre com clareza dos referenciais teóricos que as embasam, resultantes de interações contextuais de sua trajetória, influências de ex-professores, do ambiente familiar, disciplinas pedagógicas, estágios supervisionados, formação inicial, cursos de formação continuada, com os colegas professores e os alunos da escola. Por meio de reflexões sobre a ação, alguns elementos que constituem suas práticas foram evidenciados tais como: o conhecimento do conteúdo da Ciência, o conhecimento pedagógico, o papel do professor de Ciências, a relação entre professor e aluno, o conhecimento didático do conteúdo. Esses aspectos estão relacionados com as necessidades formativas dos professores, a saber: os diferentes processos de aprendizagem dos alunos, a necessidade de contextualizar o conteúdo, adequação do trabalho em sala às necessidades dos alunos, diversificação de metodologias e recursos didáticos, os conhecimentos prévios dos alunos, necessidade de atualização constante devido ao caráter transitório dos conhecimentos científicos. Esses professores converteram suas necessidades formativas em saberes que constituem sua prática educativa. Além dos citados, destacamos ainda, saber motivar a participação dos alunos e gerenciar trabalhos em grupo. Verificamos nas reflexões dos professores da amostra a preocupação com, o que ensinar, como ensinar e para quem ensinar. Podemos inferir pelos resultados analisados que o sujeito está sendo construído à medida que se constrói.
Deixa eu ver’: duas crianças cegas e as relações estabelecidas no cotidiano escolar das aulas de ciências
Laryssa Costa Lopes, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 08/08/2012
As atividades cotidianas são imprescindíveis na vida de todo o ser humano, e é por meio delas que temos a possibilidade de nos constituir, desenvolver e aprender. A interação do sujeito com o meio é condição básica para que estes processos ocorram, como propõem Piaget. Com base nestes princípios e fundamentos, a intenção nesta pesquisa é procurar estabelecer um diálogo com estas concepções construtivistas piagetianas, em que uma visão relacional do desenvolvimento do ser humano e uma caracterização do cotidiano escolar é valorizada na perspectiva do tempo, do espaço, das atividades e das pessoas que o constituem. Nesta pesquisa defendemos o modo interdependente (isto é, irredutível, complementar e indissociável) de se considerar os diferentes aspectos (família, saúde, escola, educação, etc.) que compõem nossa relação com as pessoas, com a sociedade e conosco mesmos. Sendo assim, caracterizamos a educação inclusiva como um sistema complexo, segundo a proposta de Rolando Garcia (2002), pelo fato desta considerar as relações entre todos os elementos envolvidos no sistema educacional de forma interdependente. Deste modo, a presente pesquisa tem por objetivo conhecer por que e quais relações estabelecidas no cotidiano escolar podem beneficiar o desenvolvimento e aprendizagem de duas crianças com deficiência, em uma perspectiva construtivista e inclusiva de educação. Para tanto acompanhei por um período de dois meses e meio, duas crianças cegas durante o cotidiano escolar das aulas de ciências do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública da cidade de Londrina, Paraná, no intuito de obter elementos com os quais fosse possível compreender aspectos relacionados as possibilidades de desenvolvimento e de aprendizagem. Para estudo do processo, elaboramos um roteiro de observação e após sistematização e organização dos dados, elaboramos um diagnóstico situacional com base nas situações vivenciadas por cada aluno com deficiência visual no cotidiano que acompanhamos evidenciando por meio das relações estabelecidas, uma melhor compreensão das necessidades individuais e o caminho das possibilidades de desenvolvimento e de aprendizagem destes. O material empírico desta pesquisa confirmou o que as referências teóricas indicam e trouxe exemplos de relações que contribuíram e valorizaram para o desenvolvimento dos alunos como, por exemplo, as relações de interdependência (e, portanto, complementar, irredutível e indissociável), pois colocou em funcionamento seus aspectos afetivos, sensoriais, motores e cognitivos. Outras, ainda, ilustram alguns desafios que, ainda necessitam ser superados para trabalharmos efetivamente na lógica inclusiva de educação.
Educadores matemáticos brasileiros e as configurações informais de aprendizagem
Tatiany Mottin Dartora, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 02/06/2012
Esta pesquisa apresenta um estudo sobre configurações informais de aprendizagem tendo como base os artigos publicados nos anais do Encontro Nacional de Educação Matemática, nos anos de 2001, 2004, 2007 e 2010. A principal questão que orientou esta pesquisa foi: Como os educadores matemáticos brasileiros por meio de seus artigos caracterizam as configurações informais de aprendizagem? Inspirados na Análise Textual Discursiva foi possível constituir a base de dados, ou seja, um corpus, e desenvolver uma investigação de âmbito qualitativo. Para a constituição do corpus foram analisados 1616 artigos, tendo sido localizados apenas 51 relacionados à temática em questão, mesmo que de modo implícito. Com isso foi possível observar que a produção de artigos sobre esse tema tem aumentado no decorrer da última década. Após a constituição do corpus, foram identificados, selecionados e categorizados os objetivos, os sujeitos, os locais enunciados nos artigos. Nesse processo, observou-se que em relação aos sujeitos, as configurações espaços planejados para a educação informal e para os programas de aprendizagem fora da escola são convergentes nas categorias: docentes, discentes e pessoas da comunidade, já na configuração experiências do dia a dia os sujeitos são a família, amigos e colegas de trabalho, e os locais são considerados os espaços naturais, onde as pessoas desenvolvem suas atividades de lazer ou de trabalho. Como o nome indica, na primeira configuração os locais são estruturados fisicamente para proporcionar a aprendizagem, porém a segunda configuração é desenvolvida em todos os locais citados anteriormente. Entretanto, não são apenas os locais e os sujeitos que são fatores de classificação de uma configuração informal de aprendizagem, depende também da quantidade de evidências relacionadas no contexto educacional e da intensidade em que elas aparecem: a estrutura do ambiente físico; a interferência de monitor, ou professor; grau de precisão em que se avalia a educação; a presença de um currículo a ser desenvolvido. Observando essas três categorias, podemos distinguir as configurações informais de aprendizagem em determinado contexto educacional. Nesta investigação também analisamos as ações enunciadas nos objetivos, e as considerações finais dos 51 artigos, sendo possível verificar que a maior parte das ações investigadas é reflexiva e descritiva, sendo convergentes entres as configurações espaços planejados para a educação informal e programas de aprendizagem realizado fora da escola. Em relação às considerações finais, em todas as configurações, estão presentes a preocupação em sugerir que as experiências dos artigos sejam levadas para a sala de aula e a atenção voltada para a formação do cidadão. Este trabalho produziu um conjunto de descrições sobre como estão sendo abordadas as configurações informais de aprendizagem, que poderá servir de orientação para futuras investigações.
Estratégia de ensino para o aumento de acurácia das medidas experimentais no ensino médio
Ana Claudia Força, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 28/06/2012
As atividades experimentais em Física, tanto quantitativas quanto qualitativas, constituem importante ferramenta educacional quando estruturadas em bases educacionais e epistemológicas claras, devidamente conduzidas. Pesquisas acerca de atividades experimentais que abordam medições apontam que alunos, seja do ensino médio, seja do universitário, carregam interpretações a respeito de medidas que são condizentes com o Paradigma Pontual e podem comprometer momentos de instruções pedagógicas. O presente trabalho, portanto, tem o objetivo de investigar uma estratégia de ensino inspirada na proposta de Millar (1987) em que alunos que conhecem de antemão o resultado da medida a ser encontrada experimentalmente a obtém com melhor acurácia do que alunos que a desconhecem. Para isso, sessenta alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio estadual, do município de Colorado-PR, realizaram duas atividades experimentais. Ao final, verificou-se que os alunos submetidos à estratégia investigada obtiveram medidas com melhor acurácia que os alunos não submetidos a ela, assim como apresentaram um conjunto de comportamentos e atitudes que confirmam as hipóteses do trabalho. Essa estratégia propicia a discussão relativamente a flutuações, incertezas e médias, ideias que se ajustam ao Paradigma de Conjunto. Por conseguinte, a estratégia em questão contribui de maneira positiva na construção do conceito de medição por parte dos estudantes.
A natureza da ciência no ensino de ciências conforme artigos publicados em periódicos nacionais e o seu ensino por meio de narrativas históricas
Anderson Vilas-Boas, Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva
Data da defesa: 22/06/2012
Com o estabelecimento do campo disciplinar História e Filosofia da Ciência (HFC) na década de 1960, acalentaram-se discussões a respeito da inserção da história da ciência no ensino de ciências, bem como da importância de se ensinar sobre o que veio a ser chamado posteriormente de Natureza da Ciência (NdC). Após mostrar que existe uma demanda de discussões sobre NdC no Ensino de Ciências e que esta demanda pode ser sanada por meio de estudos de HFC, são apresentados alguns conceitos de HFC. Em seguida é descrito o levantamento bibliográfico que foi feito em periódicos nacionais resultando na distinção de 18 categorias que representam temas gerais que podem conduzir pesquisas a respeito da NdC no ensino de ciências, muitas destas intrinsecamente relacionadas com a HFC. Buscando esboçar uma resposta para a questão "de que modo efetivamente poderia ocorrer, como desejado pelos teóricos do ensino de ciências, uma compreensão de NdC a partir de HFC?", é apresentado o artigo de Alcchin (2003), que fornece uma interessante ferramenta que permite que aspectos da NdC possam ser ensinados a partir de qualquer tipo de narrativa histórica da ciência presente em materiais didáticos (mesmo as de qualidade duvidosa); e o artigo de Ribeiro & Martins (2007), que fornece uma ferramenta que possibilita a inferência dos efeitos que tais narrativas terão sobre os alunos a partir de como elas se apresentam no material didático; que juntos complementam-se, formando um instrumento potencialmente promissor no que diz respeito à abordagem da NdC nas salas de aula de ciências a partir da história da ciência (geralmente de má qualidade, conforme aponta uma extensa literatura da área) presente nos materiais didáticos atualmente disponíveis. A pesquisa que resultou neste ensaio dissertativo é uma continuidade de uma série de orientações programáticas cujas discussões visam problematizar e com isso esclarecer o papel da NdC e da HFC no Ensino de Ciências, e sua contribuição se dá no sentido de oferecer-se como suporte para futuras pesquisas a serem desenvolvidas pelo grupo de pesquisa do qual seu autor faz parte.
Quenem químico: a apropriação dos enunciados científicos nas aulas de química
Angélica Cristina Rivelini da Silva, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 05/04/2012
Nesta dissertação, procuro entender como são legitimados certos enunciados científicosdurante as práticas pedagógicas em funcionamento na instituição escolar, mais especificamente no espaço discursivo de algumas aulas de química para o Ensino médio. Procuro me apoiar na perspectiva dos Estudos Culturais de Ciências e no conceito foucaultiano de enunciado. A questão central que enfatizo é problematizar a condição naturalizada dos enunciados químicos e busco deslocar o entendimento dos saberes químicos para um conjunto de dispositivos que regulam a forma como os sujeitos produzem o seu conhecimento sobre o mundo. Para a realização deste estudo, aproveitei algumas ferramentas da etnografia que chamei de etnógrafa-turista, que me permitiram circular pela variedade de espaços e atividades escolares. Dessa forma, constituía a rede enunciativa das aulas de química analítica. Nesse processo de apropriação dos enunciados químicos durante as aulas, a professora Flávia, tratou de “ajustar” as multiplicidades de entendimentos dos alunos para o que representaria os conceitos químicos da maneira como estão instituídos nos discursos científicos, os dispositivos atuavam, ao mesmo tempo, demarcando um campo de possibilidade, no qual determinados elementos - enunciados químicos - eram (re) significados para os alunos enquanto objetos de conhecimento químico. Assim, quando a professora falava, seu interesse não era relacionar o discurso a um pensamento, mente ou sujeito, mas ao campo prático ao qual ele é desdobrado. A Escola acaba por atuar como um dispositivo de enquadramento dos saberes e sujeitos, que ao fixar determinadas normas, ordena, controla e sistematiza teorias e procedimentos estabelecendo um sistema de significação, no qual o enunciado químico ganha visibilidade e compreensão.