A formação do professor de Física no contexto do PIBID: os saberes e as relações
Thomas Barbosa Fejolo, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 25/02/2013
A presente investigação focalizou a formação do professor de Física no contexto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). A equipe analisada pela pesquisa foi composta por dois estudantes de licenciatura em Física da Universidade Estadual de Londrina e um professor de Física da Rede Estadual de Ensino. Para fins de organização e interpretação das informações coletadas utilizaram-se os procedimentos metodológicos da Análise de Conteúdo. Tendo em vista a interação desta equipe buscamos pesquisar: 1) os tipos de saberes que o professor comunicou aos estudantes de licenciatura durante a atividade de supervisão. Para isso utilizamos vinte e três categorias a priori, provenientes da teoria de Gauthier et al. (1998). Tais categorias compõem um reservatório de saberes que cada professor mobiliza em suas ações: os saberes da gestão de classe e da gestão de conteúdo; e 2) As relações com o saberes estabelecidas pelos estudantes de licenciatura. Para este propósito utilizamos as nove categorias de relações com o saber de Arruda et al. (2011). Como resultados de pesquisa esta dissertação destaca: 1) os saberes experienciais compartilhados pelo supervisor durante sua ação, com detalhes sobre os tipos mais presentes em sua comunicação – saber sobre o “Planejamento dos conteúdos de aprendizagem”, sobre o “Planejamento das atividades de aprendizagem”, sobre o “Planejamento do ambiente educativo” e sobre “Ensino Explícito”; e 2) o processo de construção, pelos estudantes de licenciatura, de determinados tipos de saberes – saber sobre o conteúdo, sobre o planejamento e avaliação do ensino, saber sobre a identidade profissional, sobre a indisciplina dos alunos, saber sobre a reflexão docente, entre outros.
Aspectos do pensamento algébrico e da linguagem manifestados por estudantes do 6° ano em um experimento de ensino
Edilaine Pereira da Silva, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 10/04/2013
Esta investigação, de cunho qualitativo, objetivou identificar, analisar e discutir aspectos do pensamento algébrico manifestados por estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao resolverem problemas em um Experimento de Ensino. O referencial teórico utilizado reúne informações a respeito de quais processos matemáticos realizados possam ser evidências de que crianças do Ensino Fundamental estejam pensando algebricamente. Referimo-nos a aspectos de pensamento algébrico como evidências de habilidades do pensamento matemático, consideradas necessárias para o sucesso em álgebra ao resolverem problemas que envolvem conceitos algébricos. A coleta de informações se deu no ano de 2012 em uma sala de aula de uma escola pública de Palotina – Pr., por meio da metodologia baseada no Experimento de Ensino, devida a Steffe e Thompson (2000). Analisamos três episódios de ensino e registros escritos de dois problemas à luz da Análise de Conteúdo de Bardin (2004). Foi possível identificar alguns aspectos de pensamento algébrico nos registros escritos dos estudantes, destacando o desenvolvimento de uma linguagem sincopada para expressar-se matematicamente, a utilização de símbolos não convencionais e convencionais relacionados a conceitos e propriedades, a compreensão dos conceitos envolvidos no problema, a utilização da proporção direta, a resolução de equações por meio de operações inversas, a análise e expressão de relações entre grandezas desconhecidas sem recorrerem a valores específicos, entre outros. Além disso, verificamos quais aspectos de pensamento algébrico apresentaram-se com maior e menor frequência e identificamos três modos de pensar matemática apresentados pelos estudantes do 6º ano: i) um modo algébrico de pensar; ii) um modo de pensar limitado por crenças e rotinas; iii) um modo ingênuo de pensar.
Formação inicial : o estágio supervisionado segundo a visão de acadêmicos do curso de Ciências Biológicas
Virginia Iara de Andrade Maistro, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 15/08/2012
Esta tese consiste em uma pesquisa de abordagem qualitativa cujo objeto de estudo foi analisar os discursos de cinco acadêmicos que optaram pela Licenciatura em Ciências Biológicas de uma universidade pública do Paraná, em 2009 e 2010, buscando entender como lidavam com a questão de ser professor e como enfrentaram os desafios da prática docente. Procuramos compreender, ainda, que relações estabeleceram com o estágio, o que sentiram e no que acreditavam em termos de valores, levantando alguns indicativos sobre como evolui sua relação com o conteúdo, ensino e aprendizagem. Para tanto, testamos a Matriz 3x3 proposta por Arruda; Lima e Passos (2011), visando ao estudo de seu potencial e à delimitação das condições de sua aplicação. Os dados vieram de entrevistas áudio gravadas, realizadas em quatro momentos, organizados, estruturados e interpretados na Matriz 3x3, que consideram a gestão da matéria e a gestão de classe como gestão de relações com o saber (Charlot, 2005) em um sistema didático (Chevallard, 2005), e que mostrou as relações de cada acadêmico com o estágio e os sentidos que ele suscitava. Para a análise dos dados, utilizamos os estudos sobre “Análise textual discursiva”, de Moraes (2003), cuja categorização baseou-se em Travaglia (1991). Os resultados sugerem que esta pesquisa avançou quanto ao provocar discussões sobre a importância da experiência inicial para a docência, uma vez que os dados nos mostram que a maioria dos acadêmicos realiza a habilitação para a Licenciatura, mas não a quer para seu futuro. O uso da Matriz 3x3 possibilitou a compreensão do estágio, segundo a visão dos acadêmicos com a acomodação das falas e a ampliação das “Relações de Saber”, o que permitiu o conhecimento sobre os significados que tinham sobre o estágio para a docência. Durante a prática, os estudantes externaram preocupação, principalmente, com aspectos técnicos da gestão do ensino e com sua atuação, não demonstrando grande envolvimento com a aprendizagem propriamente dita, acerca dos aspectos epistemológicos e pessoais. Quanto à relação social com o aprender, alguns demonstraram preocupação relacionada a passar valores e ética, a suprir a falta familiar, para que consigam ensinar e gerenciar a sala de aula. Consideramos que os acadêmicos mantêm-se, principalmente, na coluna 2 da Matriz 3x3, por terem avançado quanto à experiência docente, conquanto suas referências ainda se encontrem no entendimento comum. Embora as preocupações centrem-se mais na sua prática, não se registrou a presença, em suas reflexões, dos saberes da formação que são de responsabilidade da universidade, os conhecimentos da Filosofia da Educação, da Psicologia e da produção acadêmica.
Significados de fotossíntese elaborados por alunos do ensino fundamental a partir de atividades investigativas mediadas por multimodos de representação
Andréia de Freitas Zômpero, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 18/04/2012
Esta tese apresenta uma pesquisa descritiva realizada com alunos do Ensino Fundamental da quinta série, atual sexto ano. Sabemos como professora da disciplina de Ciências e Biologia, das dificuldades dos alunos em compreenderem conceitos muito abstratos relacionados a esta área de conhecimento. Dentre esses conceitos, a fotossíntese e respiração vegetal chamou-nos particular atenção pelo fato de ser um conteúdo ministrado desde as Séries Iniciais, conforme consta na proposta curricular dos documentos oficiais de ensino, e que se prolonga até o Ensino Médio. Apesar de serem conteúdos ministrados durante muitos anos de escolaridade, os alunos ao chegarem no Ensino Médio apresentam incompreensões que comprometem o entendimento de outros conteúdos relacionados à fotossíntese, como por exemplo, a cadeia alimentar, bem como o fluxo de energia no ecossistema, os quais são conhecimentos fundamentais para a compreensão das relações que se estabelecem entre seres bióticos e fatores abióticos para a manutenção da vida no planeta. Sendo assim, saber quais significados os estudantes desenvolvem para os conteúdos de ensino e aprendizagem que fazem parte deste conteúdo tornou-se para nós uma questão de considerável interesse particular para uma investigação e motivou-nos a desenvolver esta pesquisa. Buscamos a base para o entendimento dessas questões em teorias provenientes da Psicologia Cognitiva, com base na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, devido a esse autor tratar com profundidade questões referentes às relações que se estabelecem nas situações de ensino e aprendizagem em sala de aula quanto à elaboração de significados pelos alunos. Diversos autores que pesquisam concepções prévias de alunos a respeito da fotossíntese enfatizam que essa incompreensão do conteúdo se deve, entre outros fatores, à metodologia puramente expositiva que não proporciona a reflexão do aluno. Neste estudo, desenvolvemos com os alunos atividades investigativas mediadas por multimodos de representação, e assim tivemos por objetivo investigar os significados que os alunos vão construindo enquanto desenvolvem as atividades de investigação mediadas por multimodos de representação, além de verificar as conexões que os estudantes desenvolvem entre os modos representacionais utilizados com as atividades multimodais. Sabemos que não há um consenso na literatura quanto à abordagem das atividades investigativas. Neste estudo, utilizamos a abordagem do NRC (apud BYBEE, 2006) e as representações multimodos para favorecer aos alunos a conexão das evidências aos conhecimentos científicos. Por meio da análise dos dados obtidos, foi possível verificar que muitos dos significados que os alunos elaboram durante as atividades de ensino, provêm da interpretação equivocada dos diferentes modos de representação utilizados e que os significados discordantes do conhecimento científico elaborados pelos alunos ocorrem devido à incompreensão dos conceitos implicados nos processos de fotossíntese e respiração.Além disso, este pesquisa foi possível organizar os significados produzidos pelos alunos de acordo com as formas de aprendizagem significativa em sobreordenados, subordinados e combinatórios, tanto para as atividades investigativas como para as avaliativas.
Ensino e aprendizagem de função do primeiro grau por meio do Modelo da Equivalência de Estímulos
Jader Otavio Dalto, Profª. Drª. Verônica Bender Haydu
Data da defesa: 30/03/2012
Nesta investigação, procurou-se analisar o ensino e aprendizagem de função do primeiro grau na perspectiva da Análise do Comportamento, mais especificamente, por meio do Modelo da Equivalência de Estímulos. Ao considerar-se Álgebra Escolar como sendo o domínio matemático que lida com relações entre grandezas e regularidades numéricas que se constituem enquanto estruturas em um nível simbólico, procurou-se verificar se o Modelo da Equivalência de Estímulos é eficiente e eficaz no ensino e na aprendizagem de função do primeiro grau. Procurou-se fazer com que os participantes da pesquisa formassem classes de estímulos equivalentes entre diferentes elementos da linguagem algébrica (gráficos, tabelas e expressões de funções afins); analisar o processo de formação das classes de estímulos equivalentes e verificar se a formação de classes de estímulos equivalentes entre gráfico, tabela e expressão de funções afins específicas possibilita a generalização de estímulos, ou seja, se faz com que o estudante seja capaz de identificar gráficos de outras funções afins que não fizeram parte das classes anteriores. Para atingir esses objetivos, foi desenvolvido, no software Equivalência, um procedimento de ensino de discriminações condicionais entre elementos da linguagem algébrica relacionados a funções do primeiro grau da forma y=ax+b, com a=1. O procedimento de ensino consistia em uma etapa de ensino, uma de verificação das relações emergentes entre os elementos da linguagem algébrica e uma etapa de verificação da generalização de estímulos. Esse procedimento foi aplicado a dois estudantes do quinto ano do Ensino Fundamental e, apesar de ter sido demonstrada a formação das classes de equivalência e a generalização de estímulos para ambos, um deles necessitou da intervenção do pesquisador para aprender as relações entre os elementos da linguagem algébrica. Assim, o procedimento de ensino foi modificado e aplicado a nove estudantes do oitavo ano do Ensino Fundamental, juntamente com um Pré-teste e um Pós-teste escritos. Como resultados principais, tem-se que as modificações realizadas no procedimento de ensino foram satisfatórias, uma vez que foi verificada a formação das classes de equivalência e a generalização de estímulos para sete dos nove participantes. Além disso, sete participantes apresentaram uma grande diferença no desempenho dos testes escritos, sendo que cinco deles também apresentaram aumento de desempenho no Pós-teste com o software. Esses resultados são consistentes com os apresentados na literatura no que se refere à efetividade da utilização do Modelo da Equivalência de Estímulos como mais uma estratégia de ensino e de aprendizagem de Matemática.
Formação de professores de Matemática em Comunidades de Prática: um estudo sobre identidades
William Beline, Profª. Drª. Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 27/03/2012
Este trabalho teve por objetivo apresentar traços de identidade evidenciados no caminhar de uma Comunidade de Prática de Formação de Professores (CoP-Ação2), de forma a se discutir em que medida a dinâmica assumida em seus encontros permitiu o desenvolvimento de alguns destes traços na própria Comunidade, assim como na identidade “de professor de Matemática” de duas de suas participantes. Assumimos a perspectiva teórica de Etienne Wenger (1998, et al. 2002) para Comunidades de Prática e Identidade. Analisamos qualitativamente os Registros de Reunião elaborados pelo pesquisador, bem como de vinte e seis entrevistas com os membros da CoP-Ação2. Para tanto, utilizamos uma análise vertical, procurando por unidades de análise em cada uma das entrevistas e nos Registros de Reunião, para em seguida analisarmos todo o conjunto de forma horizontal. Neste processo, emergiram traços de identidade da CoP-Ação2 e de duas professoras, Ivete e Ana, evidenciados por seus membros, assim como pelo pesquisador. Em seguida, procuramos evidenciar em que medida o trabalho assumido pela comunidade em seus encontros, permitiu que alguns destes traços fossem desenvolvidos. Os resultados de tais análises indicam que a dinâmica impressa com o trabalho desenvolvido pela CoP-Ação2 se apresenta como uma alternativa para os atuais programas de Formação de Professores permeados por cursos/treinamentos. Ao analisarmos o processo de constituição da identidade da CoP-Ação2, consideramos que este se deu em uma via de mão dupla, ou seja, sua identidade foi se desenvolvendo em conjunto com a de seus membros, respeitando-se quem eram os participantes da CoP, assim como de onde falavam e atuavam. Além disso, consideramos que olhar para as identidades nos permite compreender o processo dinâmico e complexo, próprio das relações sociais, que precisa ser levado em consideração em tais programas de formação, pois ao se focar nos processos de desenvolvimento das identidades dos membros de uma Comunidade de Prática, estamos a descortinar muito mais ‘como’ se aprende, ao invés ‘do quê’ se aprende, um aspecto relevante em nosso processo de formação, pois possibilita mudanças em nossas identidades, assim como dos contextos em que estamos inseridos.
O “realístico” em questões não-rotineiras de matemática
Andréia Büttner Ciani, Profª. Drª. Regina Luzia Corio de Buriasco
Data da defesa: 12/03/2012
Este trabalho apresenta duas propostas de intervenção como subsídio operacional para a constituição de oportunidade de aprendizagem, por meio da análise da produção escrita, como prática de investigação. Essas propostas foram elaboradas a partir dos contextos indicados por estudantes que participaram de três estudos realizados no interior do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática e Avaliação - GEPEMA, nos quais foi investigado como estudantes lidaram com questões discursivas não-rotineiras de matemática em situação de avaliação. A análise da análise presente nos três estudos foi realizada pelo viés da identificação das maneiras de lidar dos estudantes. Essas maneiras de lidar indicaram contextos a partir dos quais foi possível indicar caminhos, na perspectiva da reinvenção guiada, para oportunidades de Matematização. Esta investigação, predominantemente qualitativa de cunho interpretativo, foi realizada sob a luz da avaliação como prática de investigação, com a utilização de orientações presentes na Análise de Conteúdo, tomada a Educação Matemática Realística (EMR) como aporte teórico norteador. A construção das duas propostas de intervenção gerou indícios de que, por meio da análise da produção escrita, sustentada teoricamente pela EMR, pode-se praticar a avaliação da aprendizagem em sala de aula como oportunidade de aprendizagem.
Caracterizações do pensamento algébrico em tarefas realizadas por estudantes do Ensino Fundamental I
Daniele Peres da Silva, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 29/12/2012
Tomando a Early Algebra como área de pesquisa, a qual visa uma abordagem para o ensino e aprendizagem da álgebra inicial, esta investigação apresenta uma análise das produções escritas, atitudes, indagações, enfim, o comportamento de crianças durante a resolução de tarefas. O objetivo foi identificar, analisar e discutir características do pensamento algébrico em oito tarefas aplicadas a estudantes do Ensino Fundamental I. Mais especificamente, buscamos compreender como trinta e cinco estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental I de uma escola pública do município de Apucarana-PR lidam com tarefas da Early Algebra. Para organização e interpretação dos dados, empregamos procedimentos à luz da Análise de Conteúdo, sendo esta uma modalidade de pesquisa qualitativa. Por meio das respostas apresentadas e das indagações e afirmações dos estudantes durante a resolução das tarefas, o estudo mostrou que, embora as resoluções nem sempre estivessem corretas, estas evidenciam indícios de pensamento algébrico, uma vez que os participantes desse estudo perceberam e tentaram expressar as estruturas aritméticas das tarefas, assim como, descreveram seus processos de pensamento. Portanto, esses estudantes do Ensino Fundamental I têm condições de lidar e de desenvolver aspectos relacionados ao pensamento algébrico, mesmo não apresentando uma linguagem simbólica algébrica.
A arregimentação de aliados e a produção de químicos
Gustavo Princinotto, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 21/12/2012
Neste trabalho, fundamentado nos Estudos de Laboratório de Bruno Latour, buscamos compreender o processo de arregimentação no par estudantes- professores para fortalecerem as estratégias de (re)formulação e produção da comunidade química no curso superior de Química da Universidade Estadual de Londrina. Buscamos na metodologia aberta da etnografia pós-moderna acompanhar por um ano os atuantes em seu cotidiano e evocar acontecimentos que nos trouxessem informações acerca das estratégias discursivas imbricadas na profissionalização do químico. As observações feitas durante as aulas nos mostraram um pouco das estratégias dos atuantes para que os discentes fossem conduzidos e transladados para o fortalecimento dos enunciados. Processo de arregimentação desses estudantes em nome de uma natureza da ciência. Esses episódios evidenciaram um atravessamento de interesses que contraria a ideia de passividade por parte do aprendiz. Associamos esta contradição aos episódios observados que sempre estavam atravessados por controvérsias que buscam ser estabilizadas nas relações entre os diversos atuantes. Acredito que seja exatamente nestas relações de fortalecimento dos enunciados que os estudantes passam a ser atuantes neste processo de caracterização de normas e sistematização dos profissionais em química.
Mendel: Pai da Genética ou um membro de uma tradição de pesquisa?
Fernando Gianetti Fiorin, Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva
Data da defesa: 18/01/2013
Os atuais livros didáticos apresentam, como parte importante do capítulo que lida com o conteúdo de Genética, a história de Johann Gregor Mendel. Considerado o ―pai da genética‖, Mendel sempre é apresentado como um monge solitário, vivendo em um mosteiro enclausurado e interessado por algo que hoje é largamente debatido: a resposta para o funcionamento do mecanismo da hereditariedade. Alguns filósofos e historiadores da ciência vêm debatendo essa questão e defendendo que o Mendel apresentado nos livros didáticos não corresponde ao mesmo Mendel histórico, representado por seu próprio trabalho e por biografias históricas sobre o mesmo. Visto que, ao analisarmos o fato de que este cientista fazia parte de uma tradição de pesquisa, aquilo que os livros de genética e livros didáticos trazem como seus interesses não condizem com uma apuração. Pretendemos demonstrar que ao apresentar uma história que não condiz com a historiografia que apontamos em nosso trabalho, os autores de livros didáticos interferem na compreensão do funcionamento da produção científica e, portanto, da Natureza da Ciência.