Teses e Dissertações
Existência PositHIVas: Um Blog como (Não)Lugar e Modos Outros de [R(E)]Existir com HIV
Vinícius Colussi Bastos, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 28/03/2018
No Brasil, os números de novas infecções com HIV tem crescido principalmente
entre a população jovem, de tal maneira que a epidemia voltou ao foco das
discussões em gestão de saúde pública. Apesar das novas tecnologias de
prevenção e tratamento eficazes no controle biológico da ação do vírus, o estigma
social associado a figura do HIV tem sido um dos principais desafios para o
enfrentamento da epidemia. Esse cenário de contradiçoes despertou meu interesse
em produzir essa pesquisa e a questionar: como pode um corpo que vive com HIV
ou AIDS produzir vida afirmativa diante a tantos mecanismos sociais que reduzem
sua vontade de potência? Por que corpos soropostivos ao HIV são postos a crer que
não podem produzir vida? Neste trabalho, analisei potencialidades de um blog de
divulgação de informações sobre HIV e AIDS em proporcionar a criação de modos
de existência outros no contexto atual da epidemia. Por meio de uma análise afetivo-
investigativa, com intercessores da filosofia da diferença e estudos culturais, foi
possível identificar mecanismos culturais que produzem uma figura monstruosa do
HIV, intensificadora de medos e fluxos que estratificam os corpos soropositivos ao
vírus, levando-os a uma experiência com a linha do Fora. Bem como, a partir desse
estado redutor da vontade de potência, reconhecer movimentações que
proporcionam a criação de existências afirmativas com HIV. Destaco que por meio
da interatividade estabelecida no blog, corpos que nele se conectam, fazem rizoma
e dobram as forças do Fora, produzindo diferenças que abrem novos possíveis à
existência com o vírus. Modos outros em puro devir. Movimentações estético-ético-
políticas que denominei de dobras da positHIVação. Diante disso, uma educação em
saúde menor passa a funcionar com o blog, uma vez que há: a desterritorialização
da lingua, com a transvaloração da figura do HIV; a ramificação política, por meio de
conexões que proporcionam a criação de modos existência outros com o HIV; e
valor coletivo devido aos agenciamentos multiplos que são produzidos e circulados.
Nesse processo educativo menor não há a imposição de modelos formativos, de
modos de ser e agir, ou currículos a serem seguidos. São os não-lugares
estabelecidos com os fluxos circulados no blog que favorecem o acontecimento de
uma educação em saúde menor conectada com a imanência da vida, tão nômade e
efêmera quanto aquilo que é capaz de gerar: vidas que reexistem com HIV.
Os focos do Ensino Científico: um instrumento para analisar o Ensino de Ciências
Khalil Oliveira Portugal, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 03/07/2018
Esta tese propõe um instrumento de análise da configuração de ensino de um professor de
Ciências da Natureza, chamado de Focos do Ensino Científico (FEC). Sua construção se deu
por analogia aos Focos da Aprendizagem Científica, um conjunto de categorias de análise
para o Ensino de Ciências. A partir desse conjunto de categorias a priori, além dos conjuntos
dele derivados, a saber, os Focos da Aprendizagem Docente, os Focos da Aprendizagem para
a Pesquisa e os Focos do Professor Pesquisador; são apresentados os Focos da Aprendizagem
de um Saber, conjunto de categorias que tem como objetivo generalizar as características das
aprendizagens científicas até então estudadas e avançar a discussão para futuras adaptações.
Em seguida, tendo como subsídios o conceito de Aprendizagem por Investigação, os Aspectos
da Ciência e a prática docente, foram elaborados o novo conjunto de categorias para análise
das visões do professor sobre sua configuração de ensino. São elas: Foco 1 – Ensino da
ciência como um conjunto de conhecimentos; Foco 2 – Estímulo à reflexão sobre a natureza
do saber científico e da aprendizagem científica; Foco 3 – Incentivo ao interesse pela ciência;
Foco 4 – Incentivo à identificação com o desenvolvimento da ciência; Foco 5 – Envolvimento
com a comunidade. Este conjunto de focos foi testado a partir de transcrições de entrevistas
semiestruturadas com dois professores de disciplinas das Ciências da Natureza (Biologia e
Ciências) e uma disciplina que discutia metodologia de pesquisa, no Ensino Fundamental e
Médio. Cada professor foi entrevistado em dois momentos distintos, sendo que no primeiro
tratou-se da dinâmica da disciplina sobre metodologia de pesquisa, e, no segundo, da
disciplina de Ciências da Natureza. As transcrições das entrevistas foram submetidas à
Análise de Conteúdo, sendo unitarizadas e categorizadas a partir dos FEC. As entrevistas
indicaram diferentes prioridades à luz dos focos. Foi possível observar que para a disciplina
sobre metodologia científica, os dois professores priorizam os focos 1 e 4 em suas práticas. Já
para as disciplinas de Ciências da Natureza, um professor prioriza o foco 1, e, o outro, os
focos 1 e 2. As diferentes distribuições entre os FEC apontam para diferentes visões de
ensinar ciência presentes em cada disciplina. Infere-se, a partir da análise, que os FEC podem
ser compreendidos como um instrumento de descrição de configurações de ensino, a partir de
quais focos são priorizados pelos professores.
O que dizem os professores formadores sobre a identidade profissional, saberes e práticas: o caso da Licenciatura em Matemática do IFG
Cleberson Pereira Arruda, Profª. Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 15/03/2018
O estudo evidencia os entendimentos e as concepções de um grupo de docentes,
educadores matemáticos, acerca da identidade, dos saberes e das práticas na
formação inicial de professores para a educação básica. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa sobre o tema: o professor formador do curso de licenciatura em
Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás –
câmpus Goiânia. As elucubrações teóricas de Alarcão; Beillerot; Fiorentini;
Gonçalves; Mizukami; e Passos, balizaram as discussões sobre a referida temática.
Complementando esse universo teórico, as questões inerentes à identidade e à
profissionalidade docente foram orientadas pelos estudos de Dubar; Guimarães;
Marcelo Garcia; Monteiro; Nóvoa; Pimenta; Ponte; e Severo. Além disso, as
contribuições de Pimenta e Tardif constituíram também o suporte teórico para se
pensar os saberes e as práticas docentes. Em virtude da especificidade do professor
formador de novos professores, a temática em análise ratifica a importância dos
saberes e da prática na construção da identidade e da profissionalidade docente.
Tendo em vista as contribuições dos professores partícipes da pesquisa, por meio
da realização de entrevistas e da análise de conteúdo referenciada em Bardin e
Franco, o estudo revelou que os docentes formadores se apropriam de sua
identidade e profissionalidade na formação de novos professores de Matemática.
Essa apropriação leva em conta a experiência, os saberes e as práticas no contexto
dessa formação.
Educação em saúde escolar: formação dos educadores para o autocuidado em Diabetes
Ronaldo Adriano Ribeiro da Silva, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 27/07/2018
Na atualidade, uma das preocupações recorrentes está relacionada aos hábitos
alimentares dos seres humanos. Uma alimentação inadequada e atrelada ao ritmo
de vida sedentário tem levado a população a enfrentar diversas doenças, entre elas,
o diabetes. Frente a isso, uma educação voltada para a promoção à saúde, e em
autocuidados em relação ao diabetes é essencial, porém é necessário que os
educadores adquiram conhecimentos adequados durante sua formação docente,
para que então possam proporcionar uma educação que inclua tais objetivos. Feitas
essas considerações, este trabalho teve como intuito investigar as concepções e
práticas pedagógicas de educadores em relação à Educação em Saúde,
especificamente, sobre o autocuidado em Diabetes. Para tal, inicialmente, elaborou-
se um questionário e uma entrevista semiestruturada, acerca da temática, que foram
aplicados junto a um grupo de educadores da Educação Básica, na cidade de
Altamira – PA. Os resultados foram analisados mediante Análise de Conteúdo,
proposta por Laurence Bardin. A partir destes resultados e pautado no referencial
teórico da área – Tardif (saberes docentes) e Paulo Freire (educação libertadora) –,
foi elaborado um momento de ensino, denominado Sensibilização e Mobilização
Pedagógica para a Educação em Saúde (SeMoPES). O SeMoPES teve como
objetivo despertar e motivar os educadores a buscarem autonomia e criticidade na
promoção de saúde. O SeMoPES ocorreu na cidade de Altamira – PA, com carga
horária de 8h e contou com a participação de trinta e quatro educadores da rede
estadual e municipal de ensino, de diversas disciplinas. Ao analisar os resultados
obtidos no SeMoPES, durante momentos avaliativos, podemos inferir que o
SeMoPES é uma proposta pertininente para se discutir educação em saúde, na
formação docente, bem como, afirmamos a necessidade de que se proponha novas
estratégias e que a temática saúde seja abordada na formação de educadores
(inicial e continuada).
O Whatsapp como ambiente de aprendizagem em Ciências e Matemática
Luciana Paula Vieira de Castro, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 25/05/2018
Atualmente, muito tem sido discutido sobre o uso de novas tecnologias
eletrônicas no ensino escolar. Há, entretanto, dificuldades na implementação
dessas tecnologias, na prática pedagógica cotidiana. Diante desse quadro, a
pesquisa buscou responder a seguinte questão: “a participação em grupos de
WhatsApp possibilita aprendizagem em Ciências e Matemática?”. Objetivou-se
descrever quais categorias de ação os participantes realizaram, ao participar
desses grupos. Buscou-se, ainda, investigar as possibilidades de
aprendizagem em Ciências e Matemática por meio da utilização do aplicativo
WhatsApp Messenger. Para tanto, foi empreendida uma pesquisa qualitativa,
com criação de grupos de alunos nas disciplinas de Ciências, Física,
Matemática e Química, assim como acompanhamento da utilização do
aplicativo, juntamente a cinco professores, durante o período compreendido
entre outubro de 2015 e junho de 2016. Foram analisados os diálogos
estabelecidos via grupos, realizando análise em espiral com uso de notas de
campo da pesquisadora, audiogravações das aulas e entrevistas, efetivadas
com os professores. Dentre os cinco professores, apenas dois realizaram uma
implementação efetiva do aplicativo. Esses professores fizeram intensa
utilização, veiculação de conteúdos e menções sobre o aplicativo durante as
aulas, além de terem veiculado informações sobre sistematização de
compromissos, dentre outras postagens que estimulavam a participação dos
alunos, de forma a permitir uma aplicação do triângulo didático-pedagógico no
WhatsApp, estabelecendo relações que ultrapassavam os limites físicos
intraescolares. Houve, ainda, veiculação de conteúdo entre um professor e
alunos, no modo privado do aplicativo. Pelo exposto, é possível afirmar que,
diante do envolvimento do professor e do aluno na utilização do WhatsApp, é
possível veicular discussões de conteúdo, estabelecendo relações tais como as
que ocorrem em sala de aula, entre saber, conteúdo e professor. Foi possível
constatar que participando desses grupos, as categorias de ação realizadas
são: fazer pergunta, responder, enviar fotos, aúdios e vídeos, comentar, pedir,
explicar. Por meio dessas categorias de ação são estabelecidas as interações
entre os participantes, veiculando conteúdos e informações sobre
compromissos escolares. Desta forma conclui-se que é possível ocorrer
aprendizagem em Ciências e Matemática por meio da utilização do aplicativo
WhatsApp Messenger por meio da veiculação de discussões de conteúdo que
podem ser estabelecidas em tal contexto
Modelagem Matemática e construção epistemológica de modelos científicos: uma abordagem para o Ensino de Física
Gabriela Helena Geraldo Issa Mendes, Profª. Drª. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 27/04/2018
A presente pesquisa teve como questão norteadora investigar se uma situação de
ensino envolvendo a Modelagem Matemática e discussões epistemológicas,
proporciona a estudantes graduandos de Física e Matemática, um entendimento a
respeito da 2ª Lei de Newton, bem como a formulação de seu modelo científico. Para
tanto, elaborou-se uma proposta didática, que foi ofertada em forma de minicurso para
graduandos dos 1º e 2º anos de Física e Matemática, nas modalidades licenciatura e
bacharelado, da Universidade Estadual de Londrina no ano de 2017. O minicurso foi
composto por discussões epistemológicas a respeito da Modelagem Matemática,
Matematização e Modelos Científicos e a resolução de seis atividades de Modelagem
Matemática. Das atividades propostas, três delas foram construídas exclusivamente
para atenderem os objetivos desta tese, abordando conteúdos físicos. Utilizou-se a
abordagem qualitativa na busca de interpretar e compreender as noções dos(as)
participantes do minicurso ofertado. Na abordagem metodológica, os resultados da
aplicação de questionários prévios e posteriores foram analisados à luz da Análise de
Conteúdo. Desta maneira foi possível abordar conceitos físicos e articular a
Modelagem Matemática, os modelos científicos na Física e o processo de
matematização. A partir da análise dos resultados obtidos, pode-se inferir que a
proposta desenvolvida proporcionou, aos envolvidos, reflexões relacionadas à
construção do conhecimento, a aspectos da Natureza da Ciência e ao papel da
Matemática na Física, questões pertinentes na formação de futuros docentes.
Constatou-se que a Modelagem Matemática não é, isoladamente, suficiente para
ensinar Física, mas é uma metodologia que explicita o processo de construção de
modelos, e feitas as devidas adaptações epistemológicas, a Modelagem Matemática
pode contribuir com o Ensino de Física. Outra inferência desta tese é que a
matematização na Física, diferentemente da matematização na Modelagem
Matemática, corresponde a todo o processo de Modelagem Matemática acrescido de
uma etapa adicional, que seria, por meio de uma discussão teórico-conceitual, atribuir
significado físico ao modelo matemático encontrado.
Cordas de Areca na formação de professores que ensinam Matemática no Timor Leste
Gaspar Varela, Profª. Drª. Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 23/04/2018
Essa investigação busca responder à questão: Quais elementos do contexto de formação
assente na perspectiva da etnomatemática podem apoiar a construção de
conhecimentos profissionais de (futuros) professores que ensinam matemática no Timor
Leste? Para isso, elaboramos planos de Formação de Professores com as tarefas de
Areca que foram desenvolvidos na Formação de Professores do Ensino Básico da
Universidade Nacional Timor Lorosa’e no Timor Leste. Na análise das resoluções dos (futuros) professores e das discussões ocorridas no processo de formação foram identificadas possibilidades e ambientes propícios que permitiram aos (futuros) professores a oportunidade de agirem individual e coletivamente. O contexto de formação com as tarefas de Areca privilegiou os seguintes parâmetros: a interação entre os pares na busca de relações entre conhecimentos constituídos socialmente no Timor Leste e conhecimentos formais; a sustentação de conhecimentos metodológicos e pedagógicos com significados; a aproximação de elementos de conhecimentos contextuais (linguagem cultura de Areca) com linguagem matemática formal; a utilização de instrumentos comunicativos; a busca de superação de obstáculos pedagógicos formados pela complexidade da política linguística quanto à língua de instrução na formação; a busca de novas compreensões sobre os processos de ensino e de aprendizagem de matemática no Timor Leste; o desenvolvimento de aspectos comunicativos e analíticos do (futuro) professor no desempenho de suas funções e de seu compromisso político. Esse contexto permitiu também o desenvolvimento de caminhos estratégicos que despertaram curiosidades dos (futuros) professores com possibilidades de mobilizarem e negociarem os significados envolvidos nas linguagens de areca: palito, metade de uma corda, corda e batan. Nesse caminho de análise, identificamos potencialidades das Tarefas de Areca como proposta alternativa ao processo de formação. Essa investigação apontou um caminho possível para uma Formação de Professores significativa, bem como para a formação da cidadania pautada na etnomatemática, na qual os (futuros) professores possam desenvolver seus conhecimentos profissionais a partir de propostas alternativas de ensino pautadas em contextos sociais e linguísticos viáveis de serem trabalhados em sala de aula, de maneira que seus alunos possam atuar de modo crítico, dialógico e transformador, e que possibilitem a superação de obstáculos pedagógicos presentes noTimor Leste.
A percepção de pesquisadores brasileiros e portugueses sobre o Ensino da Natureza da Ciência nas salas de aula da Educação Básica
Anderson Camatari Vilas Boas, Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva
Data da defesa: 26/02/2018
Esta tese, de cunho qualitativo, buscou evidenciar a percepção de pesquisadores brasileiros e
portugueses a respeito de como ocorre, ou por quais motivos não ocorre, o ensino da Natureza
da Ciência (NdC) nas salas de aula do Ensino Fundamental e Ensino Médio brasileiras, e nas
salas de aula do Ensino Básico e Ensino Secundário portuguesas. O objeto de estudo foram
vinte entrevistas audiogravadas com pesquisadores, sendo: trezes brasileiros, líderes de
grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, da área de Ensino de Ciências e com linhas de
pesquisa em História e Filosofia da Ciência (HFC) ou NdC; e sete portugueses, docentes
universitários com experiência em formação de professores e com publicações que relacionam
História da Ciência (HC), ou HFC, ou NdC ao ensino. As entrevistas foram transcritas e
analisadas segundo a metodologia da Análise Textual Discursiva, de forma independente para
cada contexto, brasileiro e português. Os resultados mostram, em primeiro lugar, que tanto no
Brasil quanto em Portugal, de acordo com percepção dos pesquisadores entrevistados, a NdC
não é discutida pelos professores em suas salas de aula, salvo em alguns casos raros e
pontuais, quase sempre relacionados com a participação de estudantes ou pesquisadores da
universidade. Em segundo lugar, para esses casos em que a NdC é ensinada, ela é abordada de
cinco maneiras no contexto brasileiro: via relações Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS),
pelo uso de HC ou HFC, por meio de atividades práticas, pelo método do ensino por
investigação, por atividades de modelagem, ou via atividades de divulgação científica; e é
abordada de três maneiras no contexto português: enfatizando aspectos interdisciplinares das
ciências, pelo método do ensino por investigação, ou pelo uso da HC. Em terceiro lugar, para
os casos (mais comuns) em que não ocorre o ensino da NdC nas salas de aula, a despeito das
diferenças entre os contextos educacionais brasileiro e português, as causas apontadas pelos
pesquisadores entrevistados foram semelhantes: os professores não têm tempo para isso, pois
estão sobrecarregados pelas burocracias da rotina escolar diária e por conta das exigências do
currículo (com muitos conteúdos e pouca carga horária de aulas) e do sistema educacional
(por vezes muito invasivo e determinista em suas cobranças sobre o professor, e com sistemas
de avaliação que induzem à preferência por determinados conteúdos em detrimento de outros
como a NdC); ou não há materiais didáticos com discussões sobre NdC disponíveis para os
professores, ou quando há, são de qualidade duvidosa ou de difícil interpretação e uso pelos
professores; os cursos de formação docente ou não proveram os professores com o necessário
para que pudessem ensinar sobre a NdC, ou fizeram tais discussões de forma muito
superficial; e a universidade não se articula com a escola tanto quanto poderia, por meio de
projetos ou ações de pesquisa de mais longo prazo, limitando-se a ações pontuais que pouco
impactam na realidade escolar.
Delineando uma pesquisa: legitimidades para a disciplina de Cálculo na formação do professor de Matemática
Laís Cristina Viel Gereti, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 29/03/2018
A pesquisa tem como objetivo produzir uma discussão a respeito de legitimidades da
disciplina de Cálculo na formação inicial de professores de Matemática. Com base em
um levantamento de pesquisas acerca do Cálculo na Licenciatura em Matemática,
produzimos a trajetória dessa investigação. Escolhemos o Modelo dos Campos
Semânticos como referencial teórico-metodológico e utilizamos, também, a História Oral
para realizar as textualizações de entrevistas com professores formadores e da Educação
Básica. Por meio delas, e das discussões a respeito de currículo e de formação
matemática de professores de Matemática, produzimos legitmidades, afirmando que não
deveria ter uma disciplina de Cálculo para a Licenciatura em Matemática. As
textualizações referem-se a possíveis legitimidades produzidas para a disciplina de Cálculo
e possíveis formações para a Licenciatura em Matemática.
Um olhar para os processos de aprendizagem e de ensino por meio de uma trajetória de avaliação
Gabriel dos Santos e Silva, Profª. Drª. Regina Luzia Corio de Buriasco
Data da defesa: 19/03/2018
Esta tese de doutorado tem como objetivo apresentar um estudo dos processos de
aprendizagem, de avaliação e de ensino em uma disciplina de Geometria e Desenho a
partir do desenvolvimento (concepção, elaboração, implementação e avaliação) de uma
trajetória de avaliação, na perspectiva do GEPEMA (Grupo de Estudo e Pesquisa em
Educação Matemática e Avaliação). Para tanto, apresento uma discussão de aspectos
teóricos abordados pelos autores da Educação Matemática Realística (RME) e de
avaliação para apresentar as ideias que fomentaram as práticas docentes e as análises
deste trabalho. Em seguida, abordo aspectos metodológicos da pesquisa realizada com
39 estudantes, no ano de 2016. Utilizei 9 instrumentos de avaliação para recolha de
informações: Anotações dos Estudantes, Caderno de Desenho, Prova Elaborada Pelos
Estudantes, Prova em Fases, Prova em Grupo, Prova Escrita com Cola, Seminário,
Trabalho Escrito e Vaivém. Apresento as análises e discussões em dois capítulos
distintos: no primeiro, analiso trechos da trajetória de avaliação e duas de suas
modificações, recorrendo às produções escritas dos estudantes nos instrumentos de
avaliação, buscando inferir aspectos teóricos dos autores discutidos que estivessem
subjacentes à prática adotada; no segundo, retomo as análises feitas para discutir os
princípios da Educação Matemática Realística que se revelaram na dinâmica da aula. De
maneira geral, as análises mostraram que os processos de aprendizagem, de avaliação e
de ensino estão amalgamados, sendo que o processo de avaliação pode ser tomado como
mote para condução das aulas em diferentes dinâmicas. Assim, a avaliação toma um
caráter longitudinal, estando relacionada aos instrumentos de avaliação, aos estudos dos
alunos (para as provas, ao fazer trabalhos), às observações, atitudes, relações (do
professor e dos estudantes), aos feedbacks e, sobretudo, à comunicação (oral, escrita,
não verbal).