Dimensões da Aprendizagem Científica manifestadas por licenciandos em Química em atividades experimentais.
Keila Padilha de Oliveira Camargo Lima, Profa. Dra. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 23/03/2023
A experimentação nas aulas de Ciências é uma estratégia que pode auxiliar na aprendizagem dos conceitos, conduzindo os estudantes a construir uma relação mais estreita entre a teoria e a prática, bem como suas concepções a respeito da Ciência. Nos últimos anos observa-se uma tendência que sinaliza formas de ensinar e aprender Ciências, por meio da participação ativa dos estudantes e no desenvolvimento de um conjunto de dimensões que visam contribuir com a aprendizagem científica. Tais dimensões, denominadas como Práticas Científicas, Conceitos Transversais e Ideias Centrais Disciplinares, ao serem integradas nos currículos podem conduzir os estudantes a desenvolver habilidades para descrever, observar e explicar os fenômenos ocorridos à sua volta. Neste contexto, a pesquisa buscou responder à seguinte questão: Quais Dimensões da Aprendizagem Científica são manifestadas por licenciandos ao participarem de atividades experimentais em aulas remotas de Química? Para tal propósito foram recolhidas e analisadas as respostas dos licenciandos às questões pré e pós-experimento, de quatro atividades experimentais dos temas Plantação de feijão, Plásticos, Combustão e Mar morto. Os dados foram organizados e analisados com base nos pressupostos da análise de conteúdo. Mediante as análises, foram identificadas seis Práticas Científicas relacionadas ao fazer Ciência, sete Conceitos Transversais, que atravessam fronteiras disciplinares, que vão desde a identificação de padrões ao reconhecimento das causas e efeitos dos fenômenos em estudo e dois grupos de Ideias Centrais Disciplinares, relacionados à conceitos científicos diversos. Dessa forma, ao se empenhar nas atividades experimentais propostas, os estudantes puderam se envolver com diferentes Dimensões da Aprendizagem Científica. Portanto, acreditamos que participar de atividades de ensino que relacionam as três dimensões oportunizam aos estudantes construírem uma compreensão mais ampla e sólida das ideias das Ciências. Ressaltamos que o professor pode explorar cada uma das dimensões em momentos oportunos e/ou integrá-las sempre que possível. Vale ressaltar que tal integração não ocorre em apenas uma aula, ou uma única atividade.
Práticas de uma Comunidade de Professores que ensinam Matemática e o Desenvolvimento Profissional em Educação Estatística
Everton José Goldoni Estevam, Profª Drª Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino
Data da defesa: 07/12/2015
Instituir espaços de formação voltados a professores que ensinam Matemática e, mais ainda, garantir que eles se ajustem às necessidades decorrentes da complexa profissão docente têm conduzido ações de formação e pesquisas à perspectiva social de Aprendizagem Situada em Comunidades de Prática (CoPs). Por outro lado, estudos realizados no campo da Educação Estatística denunciam dificuldades diversas dos professores relacionadas a conhecimentos especializados e aspectos didático-pedagógicos da Estatística e ressaltam a dimensão formativa como um ponto-chave a ser abordado e melhorado. O presente estudo articula esses dois apontamentos ao assumir a seguinte questão geral de pesquisa: “Como empreendimentos de um grupo de professores que ensinam Matemática, reconhecido como uma Comunidade de Prática, oferecem oportunidades de desenvolvimento profissional na Educação Estatística?”. Para tanto, a investigação é sustentada em três aspectos-chave: i) a aprendizagem profissional de professores em CoPs; ii) o desenvolvimento profissional de professores na Educação Estatística; e iii) empreendimentos realizados em uma CoP de professores que ensinam Matemática, intencionalmente constituída e coordenada pelo pesquisador/formador, a qual foi autonominada Comunidade de Prática Refletir, Discutir e Agir sobre Matemática (CoP- ReDAMat). Assumimos a perspectiva qualitativa de pesquisa, situada no paradigma interpretativo, e realizamos um estudo do tipo pesquisa-intevenção, cuja recolha de dados envolveu duas dimensões: análises de literatura para a estruturação de quadros teóricos que fundamentam a pesquisa e transcrições de audiogravações de encontros realizados pela CoP- ReDAMat, em que foram negociados e realizados os empreendimentos Análise de Tarefas Estatísticas (ATE) e Análise de Vídeos de uma Aula de Estatística (AVAE). Essas transcrições foram complementadas pela produção escrita dos professores da CoP e registros do caderno de campo do pesquisador/formador. A partir da articulação dos apontamentos dessas duas dimesões analíticas, nossos resultados evidenciam um conjunto de elementos emergentes na prática de Comunidades de professores que ensinam Matemática que oferecem condições para sua aprendizagem profissional. O foco particular dos empreendimentos realizados pela CoP- ReDAMat sobre a Educação Estatística proporcionou a emergência de elementos que revelam desenvolvimento coletivo de compreensões relacionadas a conceitos, ideias, propriedades e procedimentos estatísticos, a aspectos pedagógicos da Educação Estatística e modos como os alunos aprendem Estatística, a importância e papel da equidade no ensino de Estatística, de forma a não negligenciar ou desprover o processo pedagógico em contextos de diversidade, e o desenvolvimento do autossenso do professor, com reconhecimento da Educação Estatística como dimensão de seu domínio de conhecimento. Concluímos, portanto, que as oportunidades de desenvolvimento profissional oferecidas em contextos de CoP não são ancoradas no empreendimento em si, mas emergem da articulação daquilo que se desenvolve no empreendimento às práticas desempenhadas pelos professores em sua ação cotidiana, a qual se constitui, a partir dos elementos que identificamos, como condicionantes da aprendizagem dos professores.