Sexualidade na escola: encaminhamentos metodológicos na perspectiva dos professores de Ciências
Josiane da Silva Quirino, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 21/03/2013
O presente estudo teve como objetivo identificar aspectos relevantes para o ensino dos conteúdos de sexualidade na opinião de alguns professores de Ciências atuantes na rede Estadual de Ensino. As perguntas que norteiam o desenvolvimento da pesquisa são as seguintes: De que forma os professores pensam ser interessante desenvolver os conteúdos de sexualidade com os alunos? Quais os encaminhamentos metodológicos sugeridos para o ensino da sexualidade com relação às estratégias e recursos de ensino? Como seria um bom projeto de Educação Sexual? Para respondermos essas questões, procedemos a pesquisa com características qualitativas. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com sete professores de Ciências os quais atuam em duas escolas da cidade de Londrina - PR. Os resultados encontrados apontam que as estratégias mais utilizadas pelos docentes são: aulas expositivas, discussões ou debates e dinâmicas de grupo. Entre os recursos, o mais utilizado é a “caixa de perguntas” mencionado por cinco dos sete entrevistados. Outros recursos empregados são imagens e desenhos, textos e seminários. As abordagens de Educação Sexual que norteiam o trabalho dos professores, no que se refere às aulas de sexualidade são: Abordagem Religiosa Tradicional e Libertadora, Abordagem Médica, Abordagem Pedagógica e Abordagem Emancipatória. Contudo, a abordagem dos conteúdos de sexualidade predominantemente encontrada nas entrevistas é a Abordagem Pedagógica de Educação Sexual.
(Re)significações da sexualidade: olhando um vídeo caseiro no YouTube
Maria Lúcia Corrêa, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 14/06/2011
Neste trabalho olho o vídeo caseiro produzido e postado no YouTube, como estratégia, por meio da qual procuro chamar a atenção para o papel que as tecnologias da comunicação e informática, em especial este site, adquire enquanto dispositivo implicado na produção de inscrições de corpos e nele, da sexualidade. Ao transitar pelos conceitos/ferramentas de autores do campo dos Estudos Culturais, numa perspectiva foucaultiana, utilizo a etnografia virtual como metodologia, procurando deslocar conceitos, tais como identidade, cultura, verdade, sexualidade e corpo, procurando mostrar o papel constitutivo das práticas culturais em funcionamento em diferentes instâncias e o caráter construído das identidades, e nelas, dos corpos e suas sexualidades. Para isto dois instrumentos da produção cinematográfica foram utilizados como ferramenta analítica: decupagem e endereçamento, uma como estratégia da produção de um vídeo e a outra como um evento ou uma estruturação, que atravessa deliberadamente esta montagem. Com estes instrumentos realizei uma (des)construção do vídeo com vista ao entendimento das relações de poder que atravessam o discurso de sexualidade. Os vídeos caseiros, postados neste site que discursam a respeito de corpo e sexualidade, permitem uma difusão e proliferação da sexualidade construída nas interações estabelecidas nestas relações de poder entendendo que, por meio desta tecnologia incutida da cibercultura. O vídeo analisado neste trabalho mostrou que corpo e sexualidade são difundidos e proliferados em uma leitura além de seus aspectos biológicos, revelando um discurso que pode trazer entonações históricas, políticas e sociais, cujas relações de poder podem ser lidas e interpretadas, constituindo um poder circulante neste vídeo, no próprio acontecimento registrado, mostrando um dispositivo que revela a sexualidade proferida no dia-a-dia, atravessando identidades, revelando diferentes corpos e diferentes maneiras de colocar o sexo em discurso.
Projetos de Orientação Sexual na Escola: Seus Limites e Suas Possibilidades
Virgínia Iara de Andrade Maistro , Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 08/06/2006
Este estudo tem como principal objetivo identificar os limites e possibilidades pedagógicas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o desenvolvimento de projetos do tema transversal Sexualidade na escola. A proposta dos PCN para Orientação Sexual se baseia no princípio que a escola deve tratar a sexualidade como um elemento fundamental na vida dos indivíduos em sociedade, considerando um tema amplo e polêmico, multidimensional, demarcado pela história, pela cultura e pela evolução social. Desse modo, as nossas investigações partem dos seguintes questionamentos: a) Quais são os limites dessas possibilidades presentes nos PCN que impedem a implantação e desenvolvimento de projetos que contribuem efetivamente para a construção da sexualidade dos alunos? b) Quais são os elementos pedagógicos que estão presentes nos projetos de Orientação Sexual nas escolas, desenvolvidos ou em desenvolvimento que contribuem positivamente para a sexualidade dos alunos? Estes questionamentos foram convertidos em questões a serem investigadas, a saber: a) Identificar quais são as dificuldades enfrentadas pelos professores e a direção da escola, bem como a natureza e a dimensão a qual pertencem esses obstáculos, no que tange à implantação e implementação dos projetos de Orientação Sexual. b) Identificar os elementos pedagógicos presentes no desenvolvimento dos projetos de Orientação Sexual nas escolas investigadas que contribuem efetivamente para a construção da sexualidade nos alunos. Para responder essas questões, o presente estudo investigou três escolas da rede pública do Ensino Fundamental do Estado do Paraná, nas quais foram coletados registros na forma de questionários e entrevistas com a direção e professores. Com os dados coletados, fizemos uma análise qualitativa agrupando as falas e as respostas, de acordo com as regularidades encontradas, convertendo em categorias, a saber: 1) Origem e organização do projeto; 2) Planejamento, tomada de decisões e envolvimento da comunidade no projeto; 3) Identificação de um problema, compartilhamento de idéias e discussões das prioridades; 4) Integração da sexualidade com os eixos - corpo, gênero e DST propostos pelos PCN, nas diversas áreas do conhecimento; 5) Autorização e resistências dos pais; 6) Assuntos polêmicos (homossexualismo, masturbação, aborto, estupro, etc.); 7) Metodologia aplicada; 8) Parcerias estabelecidas; 9) Ênfase dos projetos; 10) Eficácia dos projetos. Com base nos resultados obtidos, podemos considerar que os projetos implementados nas escolas investigadas têm como possibilidades pedagógicas a construção da sexualidade e o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, corroborando a proposta sugerida pelos PCN. Por outro lado, os projetos sobre sexualidade encontram limites pedagógicos para o pleno desenvolvimento, no que tange às resistências dos professores em tratar o assunto; à deficiência na formação inicial e continuada dos professores sobre a multifacetada temática; à ausência das contribuições dos pais no planejamento e desenvolvimento dos projetos, bem como à postura pouco flexível dos pais que resistem ou coíbem a participação dos filhos nos projetos; à deficiência da forma continuada e sistemática de atualização dos demais agentes escolares sobre o referido tema e às dificuldades que a escola encontra em manter as parcerias com outros setores da sociedade para auxiliar no desenvolvimento de projetos de Orientação Sexual.