Ações docentes com características avaliativas em aulas de Matemática no Ensino Secundário Geral moçambicano.
Gabriel Mulalia Maulana, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 15/08/2022
Esta tese apresenta uma pesquisa que investigou ações docentes avaliativas em aulas de Matemática no 2º ciclo do Ensino Secundário Geral moçambicano, com o objetivo de descrevê-las e interpretá-las. Consideramos ação docente avaliativa, toda a ação docente com característica avaliativa, ou seja, toda a ação docente pela qual o professor investiga e/ou modifica ou mantém o status do saber do aluno. A questão de pesquisa foi: Quais ações docentes com características avaliativas são realizadas pelos professores de Matemática em suas aulas no Ensino Secundário Geral moçambicano e como elas podem ser interpretadas? A pesquisa foi realizada envolvendo quatro professores de Matemática de três Escolas Secundárias Gerais da Província de Cabo Delgado, Moçambique, e os dados foram coletados por meio da observação direta em sala de aula, autoscopia e entrevista reflexiva e analisados qualitativamente segundo procedimentos da Análise de Conteúdo. A descrição fundamentou-se nas ações docentes em aulas de Matemática e a interpretação nos preceitos da avaliação concebida como vetor [investigação, aprendizagem] e que cumpre as etapas de Estimular, Acessar, Interpretar e Regular. Desse processo analítico-interpretativo identificamos quinze ações docentes avaliativas: Advertir, Comentar, Deslocar, Escrever, Esperar, Explicar, Indicar, Interpretar, Ouvir, Pedir, Perguntar, Relembrar, Reprovar, Validar e Ver. Essas ações docentes estão relacionadas às etapas da avaliação da seguinte forma: Estimular (Escrever, Explicar, Indicar, Pedir, Perguntar), Acessar (Ouvir e Ver), Interpretar (Interpretar) e Regular (Advertir, Escrever, Explicar, Pedir, Perguntar, Relembrar, Reprovar e Validar). As ações de Deslocar e Esperar agenciam as ações de Acessar. Os atos avaliativos das ações docentes foram mais frequentes do que os de ensino, tanto em cada ação, assim como em cada momento da aula e a avaliação realizada por meio dessas ações docentes foi formativa. Esses resultados alargam a compreensão das relações com o saber que são estabelecidas em aulas de Matemática e expõem o descompasso caracterizado por mínima menção de ações docentes avaliativas nos discursos, em relação às realizadas na prática, que são muitas.
Autonomia do aprendiz de ciências sob as perspectivas da relação com o saber e das configurações de aprendizagem
Elaine da Silva Machado, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 20/10/2020
Esta tese apresenta uma investigação qualitativa que objetivou caracterizar as relações de um grupo de aprendizes, em diferentes situações de aprendizagem (na escola, em casa, na casa dos colegas, na rua, no sítio, no local de trabalho e nas plataformas digitais), por meio de uma análise de sua autonomia a partir das variáveis interesse e liberdade. Os dados foram provenientes de questionários, respondidos por um grupo de 22 aprendizes da Educação Básica, de uma escola, no Estado do Paraná. As manifestações dos aprendizes foram interpretadas segundo os procedimentos indicados pela Análise de Conteúdo. A caracterização da aprendizagem consistiu em analisar esses dados em um modelo teórico-metodológico que elaboramos a partir de uma abordagem epistemológica sobre a relação com o saber, e das pesquisas sobre autonomia na aprendizagem. Tal modelo foi composto por dois instrumentos: o Autonomadro, para a análise da autonomia, e a Matriz do Aprendiz, para a análise das relações em configurações de aprendizagem. Com base no Autonomadro, caracterizamos as relações com a autonomia acerca de quatro graus, a partir da presença e ausência do interesse e da liberdade. Caracterizamos o grau 1, quando os aprendizes manifestaram interesse e liberdade relativo à aprendizagem; grau 2, quando manifestaram interesse, mas não tiveram liberdade; grau 3, quando manifestaram a presença da liberdade, mas não tiveram interesse; grau 4, quando manifestaram a ausência do interesse e da liberdade. Na Matriz do Aprendiz caracterizamos essas manifestações sob as relações dos aprendizes com o saber, a própria aprendizagem, aquele que ensina (fonte de saber) e com o ensino; e das dimensões da aprendizagem: epistêmica (relativa às reflexões), pessoal (sentimentos) e social (valores). Dentre os resultados, a autonomia foi caracterizada como uma condição dos aprendizes, sob os quatro graus nas diferentes situações analisadas. Sob esses graus, a autonomia dos aprendizes também foi um conjunto de relações epistêmicas, pessoais e sociais, que eles precisaram gerir para aprender. Em algumas situações essa gestão foi realizada com mais de um tipo de grau, em uma única atividade e de maneira simultânea. E, sob graus e atividades específicos os aprendizes comportaram-se concomitantemente como aprendiz e como aquele que ensina. As fontes de saber foram diversas e expostas em inventários sobre as pessoas, objetos, atividades, impressões sensoriais e plataformas digitais envolvidos na aprendizagem. Destarte, destacaram-se 10 tipos de objetos reais e 33 tipos de atividades. A escola e a família motivaram a maioria dos aprendizes em relação à autonomia, mas outros reclamaram a ausência da liberdade e valorizaram a aprendizagem em outros locais. De modo diferente, a aprendizagem nas plataformas digitais, na rua, no sítio, no trabalho e na casa dos colegas não foi associada à autonomia sob a ausência da liberdade e remeteu ao interesse por aprender. Por fim, apresentamos algumas possibilidades para pesquisas futuras, como o aprofundamento deste estudo no que concerne às relações da aprendizagem com outras variáveis da autonomia; com os objetos mentais; e com os planos de ensino.
Um Estudo sobre as Ações Docentes em Sala de Aula em um Curso de Licenciatura em Química
Ronan Santana dos Santos, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 05/07/2019
Esta tese, desenvolvida numa perspectiva qualitativa, tem como objeto de estudo as ações do professor em sala de aula (ARRUDA; LIMA; PASSOS, 2011), levando em consideração os pressupostos teóricos da relação docente com o saber, a ação social e o desenvolvimento profissional do docente. A pesquisa foi construída tendo como objetivo central descrever e analisar as ações docentes em sala de aula de professores que atuam em um curso de licenciatura em química, com o propósito de responder às seguintes questões de pesquisa: o que o professor faz, de fato, em sala de aula e quais categorias poderiam descrever suas ações? As ações executadas pelos professores diferem em função do conteúdo que ministram? Os dados foram coletados por meio de gravações em áudio e vídeo de aulas (cada aula com três horas de duração, isto é, quatro horas/aulas) de três docentes de disciplinas distintas, denominados de P1, P2 e P3. Da professora P1 foram gravadas três aulas; da P2, quatro aulas, e do P3, cinco aulas. De cada um deles selecionamos uma aula para realizarmos a análise. Assim, o corpus foi constituído pelas transcrições das três aulas, com um total de doze horas. A metodologia utilizada para a análise dos dados foi a Análise Textual Discursiva (ATD) (MORAES; GALIAZZI, 2007), percorrendo suas quatro etapas: unitarização, categorização e o metatexto fechando o ciclo de análise, promovendo o processo de auto-organização. As categorias de análise, compreendidas como categorias de ação, foram organizadas como: macroações, ações e microações. As macroações são os momentos mais amplos da aula e, na aula de P1, totalizaram duas: discute e ensina; de P2 foram três: espera, ensina e discute; e de P3 também somaram três: retoma, ensina e demonstra. As ações são, de fato, o que o professor executa em sala de aula, expressos em verbos escritos na terceira pessoa do presente do indicativo. Nas três aulas analisadas emergiram ao todo 33 categorias (verbos) de ação. As microações, interligadas às categorias de ação e expressas em excertos extraídos das falas dos professores, são atitudes dos professores em sala de aula, seus movimentos e suas interlocuções realizadas com os alunos. A segunda questão de pesquisa foi respondida no Capítulo 6, chegando à conclusão de que sim, que o conteúdo tem uma influência nas ações executadas pelo professor em sala de aula. Para a aula analisada da professora P1, cuja disciplina foi Química Orgânica II e o conteúdo ensinado foi alcenos, emergiram 9 categorias de ação; para a aula da professora P2, cuja disciplina foi Estágio Curricular I e o conteúdo ensinado foi formação de professores, emergiram 21 verbos de ação e para a aula analisada do professor P3, cuja disciplina foi Física Geral e o conteúdo desenvolvido foi vetores, foram 15 categorias de ação. Das 33 categorias de ação emergentes nas aulas dos três professores, 25 aconteceram com exclusividade em cada uma das três aulas, evidenciando um aspecto particular de cada docente de conduzir suas aulas que foram gravadas e analisadas.
Sentidos Atribuídos por Estudantes de um Curso de Licenciatura em Matemática para as Relações que Desenvolveram com a Matemática ao Longo de suas Vidas
Wellington Hermann, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 17/12/2018
Essa é uma pesquisa de cunho qualitativo, que teve como objetivo estabelecer compreensões a respeito dos sentidos que a Matemática assume ao longo das vidas de estudantes de um Curso de Licenciatura em Matemática. Essa tese foi organizada em duas partes. Na primeira parte, fizemos um estudo das acepções do termo relação e dos significados que ele assume em diferentes campos teóricos: na Filosofia, na Matemática e na Educação. Esse estudo nos permitiu elencar características e elementos que estão vinculados à relação nas diferentes áreas estudadas, para, depois, transpô-los para a noção da relação com o saber, enriquecendo, assim, o referencial teórico que fundamenta essa investigação. Na segunda parte dessa tese, para cumprir com o objetivo expresso, coletamos dados, por meio de entrevistas semiestruturadas, com quatro estudantes de um Curso de Licenciatura em Matemática de uma Universidade Estadual paranaense. As questões foram elaboradas tendo como referência a relação dos sujeitos com a Matemática ao longo de suas vidas. A Analise Textual Discursiva contribuiu metodologicamente com a nossa investigação, agindo em conjunto com a matriz das propriedades, instrumento que criamos para categorizar os dados obtidos por meio das entrevistas. A matriz das propriedades foi desenvolvida a partir das dimensões da relação com o saber e das duas propriedades que emergiram das análises preliminares dos dados. Das análises propiciadas pela categorização dos dados, obtivemos resultados importante para a elaboração de uma teoria da relação com o saber, na forma de um modelo vetorial para o sistema didático. Os outros resultados que obtivemos, têm relação mais estreita com o objetivo geral dessa pesquisa e eles se deram na forma de um sistema de sentidos que possibilitou a reconstrução das histórias das relações dos sujeitos com a Matemática, revelando, assim, as respectivas trajetórias de cada um dos sujeitos, que acabou por conduzi-los ao Curso de Licenciatura em Matemática.
Dimensões Relacionais da Docência Proporcionadas a Estudantes da Licenciatura em Química da UEL
Miriam Cristina Covre de Souza, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 30/11/2018
Diversas pesquisas, publicadas na literatura especializada da área, têm comprovado que os cursos de formação inicial não estão preparando os futuros professores para enfrentar a realidade de uma sala de aula com todas as suas complexidades. Entretanto, mesmo sendo um consenso a importância e a responsabilidade dos cursos de formação inicial de professores, muitos destes não têm mostrado avanços e inovação em sua estrutura curricular que possibilitem ao futuro educador uma base consistente de conhecimentos para enfrentar o início de uma carreira docente. Alguns autores relatam que, além da importância da grade curricular, devemos também compreender a maneira pela qual o licenciando aprende a ser professor. Como esse processo ainda apresenta aspectos desconhecidos, nesta pesquisa de doutorado propomo-nos a identificar as Dimensões Relacionais da Docência (DRD) – de interesse, de conhecimento, reflexiva, comunitária e identitária – proporcionadas a estudantes de Licenciatura em Química da UEL. Para tanto, acompanhamos 16 sujeitos por um período de quatro anos, ao longo do qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas, realizadas anual ou semestralmente (total de 6 entrevistas por sujeito) para coleta de dados. Contudo, devido à grande quantidade de dados coletados, nesta pesquisa investigamos apenas quatro sujeitos (Titânio, Ferro, Cobre e Zinco). As entrevistas depois de transcritas foram analisadas a partir da Análise Textual Discursiva, tendo as DRD como categorias a priori. Por meio das análises, percebemos que o curso de Licenciatura em Química oportunizou as cinco DRD aos estudantes, sendo as categorias reflexiva e de interesse os destaques para os quatro investigados. No entanto, fazendo uma análise por entrevista, percebemos que os motivos/fatores envolvidos em cada DRD foram diferentes para os quatro sujeitos, ou seja, as DRD dos licenciandos não foram exatamente as mesmas para um mesmo período investigado. Ainda foi possível inferir que o curso de Licenciatura em Química proporcionou a construção da identidade docente dos quatro sujeitos desde o primeiro ano no curso, e que todos tinham intenção de lecionar na Educação Básica. Quanto ao processo formativo, este mostrou ser individual e dependente dos contatos/experiências estabelecidos pelos licenciandos tanto dentro quanto fora da universidade. Os estudantes que não fizeram parte do PIBID2 indicaram ter pouco conhecimento prático acerca da docência, resultado oposto ao observado para os estudantes que fizeram parte do programa desde o primeiro ano do curso. Os resultados desta tese apontaram para a necessidade do curso de formação inicial de professores em disponibilizar disciplinas que insiram o futuro professor no contexto escolar desde o primeiro ano, para que ele/ela conheça melhor sua futura profissão e possa dedicar-se a ela durante o curso, além da importância de propiciar aos estudantes projetos direcionados à formação docente e participação em eventos científicos da área
Um estudo a respeito da aprendizagem científica em uma escola de 1º Ciclo em Portugal
Lilian Aparecida Teixeira, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 21/02/2018
Esta pesquisa de natureza qualitativa tem como principal objetivo investigar a aprendizagem científica de alunos do quarto ano do 1º ciclo da Escola Ciência Viva localizada em Vila Nova da Barquinha, Portugal. Deste modo, a questão de pesquisa norteadora do estudo foi: o que é possível afirmar sobre a aprendizagem científica em uma turma do quarto ano de uma escola de 1º ciclo em Portugal? Para tanto, gravamos em vídeo, aulas da disciplina de estudo do meio (ciências naturais) e entrevistas semiestruturadas com os alunos. Para realizar a análise, selecionamos um corpus de cinco aulas e dez entrevistas, utilizamos o software webQDA para a categorização, nos pautamos nos procedimentos metodológicos da Análise Textual Discursiva e tomamos os Focos da Aprendizagem Científica como categorias a priori. Verificamos que durante as aulas os principais focos manifestados foram o 2 (desenvolvimento do conhecimento científico) e o 3 (engajamento com a prática científica), enquanto que nas entrevistas, embora com variações de quantidade, todos eles evidenciaram-se. Desta forma compreendemos que a escola cumpriu os objetivos presentes no projeto educativo nesta turma de quarto ano, pois encontramos indícios, nos dados analisados, de aprendizagem em ciências em todos os focos, principalmente com relação aos focos 2 e 3, que são os mais ressaltados nos objetivos do projeto educativo da escola. Ademais, as entrevistas foram importantes para identificar os focos 1 (interesse pela ciência), 4 (reflexão sobre o próprio aprendizado), 5 (envolvimento em uma comunidade científica) e 6 (identificação com a ciência) que se evidenciaram pouco, ou não se evidenciaram nas aulas. Como resultado, concluímos que os alunos analisados manifestaram a aprendizagem de ciências, o que significa que apresentaram mudanças na relação com o saber, ao expressar evidenciações dos focos da aprendizagem científica nas aulas e nas entrevistas.
Um Estudo sobre as Ações Docentes de Professores e Monitores em um Ambiente Integrado de 1° Ciclo em Portugal
Marcus Vinícius Martinez Piratelo, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 23/01/2018
Esta tese, de natureza qualitativa, apresenta resultados de um estudo realizado a respeito da ação docente em um ambiente integrado de 1° ciclo (equivalente ao período do 1° ao 4° ano do Ensino Fundamental), em Portugal. Por meio de referenciais teóricos fundamentados na Sociologia e a partir das relações desse campo com a área educacional, tornou-se possível um delineamento inicial de definições conceituais sobre a ação docente. Duas perguntas de pesquisa direcionaram esta tese: 1) Quais as categorias de ação docente identificadas nas aulas de professores e monitores da Escola Ciência Viva e do CIEC em sala de aula e no laboratório? 2) Quais as categorias de objetivos e motivos das ações docentes identificadas nas aulas desses professores e monitores? Os fundamentos metodológicos que conduzem a coleta e organização dos dados baseiam-se na Análise Textual Discursiva (ATD) de Moraes e Galiazzi (2011) e na Autoscopia. As aulas dos professores e monitores foram videogravadas utilizando-se de uma forma de organização dos dados provenientes de uma relação conceitual dialética entre instrumentos analíticos distintos: a Matriz (3x3), de Arruda, Lima e Passos (2011), e o Quadro intitulado “os objetivos e motivos da ação”, de Tardif e Lessard (2008). Por meio da observação direta dos fatos sociais encontrados nas situações observadas e de entrevistas de autoscopia, buscou-se descrever categorias de ações docentes e de objetivos e motivos da ação de professores da escola e dos monitores do Centro de Ciências, sendo que foram encontradas 78 categorias de ação docente distintas e 50 categorias de objetivos e motivos da ação docente. Foi possível uma interpretação comparativa dos dados entre os entrevistados, e a partir dela o caráter abrangente do termo ação docente foi ressaltado, não somente para professores institucionalizados, mas também para os monitores, abrindo possibilidades de interpretação de dados para professores em formação. A partir da análise dos dados, foi possível identificar: a) as categorias de ação docente realizadas pelos professores e monitores analisados; b) categorias de objetivos e motivos que direcionaram esses professores e monitores a agir, e; c) a frequência dessas categorias de ação e de objetivos e motivos das ações. Por fim, esta tese constitui-se como um movimento inicial para a elaboração de uma teoria da ação docente, pois apresenta elementos pertencentes ao primeiro nível de uma teoria social, os quais se referem ao estudo dos atores e das ações docentes.
As ações de professores e alunos em salas de aula de matemática: categorizações e possíveis conexões
Mariana Passos Dias, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 02/02/2018
Esta dissertação apresenta um estudo sobre as ações realizadas por professores e alunos em salas de aula de Matemática. As questões que orientaram nossa pesquisa foram: O que os alunos e os professores fazem, de fato, nas salas de aula de Matemática e quais categorias poderiam descrever suas ações? Que conexões podem ser estabelecidas entre as ações dos professores e dos alunos? Os procedimentos metodológicos foram baseados na Análise de Conteúdo, a partir da qual foi desenvolvida uma interpretação qualitativa. Os dados foram obtidos por meio da observação direta de aulas de professores de Matemática do Ensino Fundamental II em uma escola pública do município de Londrina/Paraná. Ao planejarem as aulas, os professores usaram as tendências/perspectivas da Educação Matemática. Quanto aos resultados, foram encontradas vinte categorias da ação docente (agradecer, ameaçar, argumentar, chamar a atenção, comentar, conferir, deslocar, escrever, esperar, executar, explicar, negociar, organizar, parabenizar, pedir, perguntar, providenciar, reprovar, responder, supervisionar) e dezenove categorias da ação discente (aceitar, brincar, chamar pela professora, colaborar, comemorar, comentar, comunicar, conversar, copiar, deslocar, executar, lamentar, organizar, pedir, perguntar, prestar atenção, reclamar, responder, valorizar). Com relação às possíveis conexões entre as ações docentes e discentes, os resultados que alcançamos indicam que as ações realizadas pelo professor realmente influenciam as ações realizadas pelos alunos. Mas a conexão não é causal: as ações realizadas pelos alunos muitas vezes não são consequências diretas das ações do professor. É o caso das ações conversar e brincar, que são ações dispersivas e não estão relacionadas diretamente com a tarefa que está sendo executada no momento.
A Formação da Identidade Docente no Contexto do PIBID: Um Estudo à Luz das Relações com o Saber
Roberta Negrão de Araújo, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 31/03/2017
A temática identidade docente passou a ser objeto de estudo no momento em que foi intensificada a discussão em torno da formação inicial do professor, sobretudo na década de 1990. Ao considerar tal discussão diante da formação docente, a presente pesquisa teve como norte o problema: Quais aspectos influenciam a formação da identidade do futuro professor no contexto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)? Compreender a formação da identidade docente (ID) constituiu-se, portanto, o objetivo geral dessa. Inicialmente, é abordado o contexto da pesquisa: o PIBID. O programa é apresentado no âmbito federal, além dos estudos do Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Matemática (EDUCIM) – vinculado ao Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (PECEM), ofertado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) – que o têm como objeto de estudo desde 2012, bem como a proposta de três subprojetos da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Na sequência, tendo como referência as teses produzidas acerca dessa temática desde a década de 1990, bem como seu fundamento teórico – Dubar (1997), Tardif (2002), Baumam (2005), Nóvoa (2007), Pimenta (1996, 1997) e Libâneo (2005), dentre outros – investigou-se a formação da identidade do licenciando. No que diz respeito ao referencial teórico-metodológico, são apresentadas a Matriz do Professor (ARRUDA; LIMA; PASSOS, 2001) e a Matriz do Estudante (ARRUDA; BENÍCIO; PASSOS, 2016) que subsidiaram a elaboração da Matriz Mista (MM)-Matriz 3x4. A partir desses fundamentos foram coletados dados, por meio de entrevistas semiestruturadas, junto aos licenciandos que atuaram como bolsistas, mais especificamente em três cursos que compõem o Centro de Ciência Humanas e da Educação (CCHE) do campus Cornélio Procópio: Ciências Biológicas, Geografia e Matemática. Foram selecionados quatro estudantes de cada uma das licenciaturas. Os dados foram analisados à luz da Análise Textual Discursiva, tendo os setores da Matriz Mista – um instrumento teórico-metodológico que investiga as relações com o saber a partir dos pressupostos de Charlot (2000) e do Triângulo Didático Pedagógico (ARRUDA; PASSOS, 2015) – como categorias a priori. Pode-se evidenciar que é em relação ao outro que o sujeito se constitui e se reconhece como sujeito, e é nesse contínuo que se constrói a identidade profissional, neste caso, a docente. Assim, considerando que o PIBID oportuniza inúmeras relações que possibilitam a aquisição dos saberes docentes, o referido programa tem contribuído, no caso dos subprojetos investigados, para a formação da identidade do futuro professor.
Um estudo das ações de professore de Matemática em sala de aula
Edelaine Cristina de Andrade, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 16/02/2016
Esta tese apresenta os resultados de uma pesquisa de abordagem qualitativa, cujo objetivo foi analisar as ações de professores de Matemática em sala de aula por meio de um instrumento teórico e metodológico – a Matriz 3x3 – que permite e auxilia o estudo de ações que podem ser constituídas em sala de aula entre o professor, o aluno e o saber a ser ensinado. A questão que norteou a investigação foi: quais são as ações de professores de Matemática em sala de aula e o que a Matriz 3x3 pode revelar a respeito delas? Os dados consistem em aulas vídeo-gravadas no período de um bimestre letivo e em uma entrevista com os sujeitos de pesquisa. Todas as informações coletadas foram analisadas e classificadas, tendo como referencial Arruda, Lima e Passos (2011) e a análise textual discursiva. Considerando a multiplicidade de ações do professor em sala de aula, fez-se necessário alocá-las em diversos setores da Matriz 3x3, assim como nas muitas subcategorias que emergiram das quatro categorias de ação: Burocrático-administrativa, Espera, Explica e Escreve. Os resultados desta pesquisa, que tem um papel mais descritivo, mostraram que a sucessão de ações dos professores aqui investigados resumem-se a: realizar atividades burocráticas; esperar o aluno copiar, ficar quieto ou resolver exercício, explicar e resolver conteúdo e exercício; e escrever no quadro, seja conteúdo seja exercício. Os sujeitos revelaram-se preocupados, principalmente, com o ensinar e com a manutenção da ordem em sala de aula, o que justifica a concentração na coluna 2 da Matriz 3x3 (relação epistêmica, pessoal e social com o ensino). Assim, evidenciamos que, embora diferentes em alguns aspectos, com diferentes características e perfis, os sujeitos da pesquisa mostraram-se centrados na relação pessoal e social com o ensino – setores 2B e 2C.