Críticas e clínicas das culturas : educação, pensamento contemporâneo e o sintoma escola sem partido
ALEXANDRE LUIZ POLIZEL, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 25/04/2023
Esta investigação motiva-se a traçar analíticas acerca da contemporaneidade, dos modos de pensar, das psicopolíticas e dinâmicas culturais nesta temporalidade-racionalidade vigente. Desta perspectiva, compreende-se que as linhas de força e os modos de subjetivação que atravessam o pensar contemporâneo e as educações podem ser diagnosticadas a partir dos sintomas que se manifestam no presente e suas discursividades. Para tal, invisto o olhar para o programa Escola sem Partido (ao sítio eletrônico e aos projetos de lei lançados, na tentativa de instaurar-se como políticas públicas-formativas). Mobilizo-me a acompanhá-lo pelo questionamento: Que relações psico-políticas e educacionais têm proliferado as (in)sensibilidades no tempo presente? Questão que me movimenta a trilhar os caminhos cruzados e a apresentar suas analíticas e seus percursos. Metodologicamente, acompanho o movimento a partir da óptica do diagnóstico do presente, sob ressonâncias Foucaultianas e Nietzscheanas, bem como das psicanálises e esquizoanálises. Busco tratar as tessituras deste estudo enquanto o traçar analíticas de um sintoma do presente, que expressa os modos de subjetivação, discursividades e instaurações no presente. Percebo nesta investigação a sintomatologia de um tempo que se faz na conversão das coisas em propriedade, na fratura da gramática do comum e na noção de coletividade, na elaboração de dispositivos totêmicos, na linguagem atravessada pela negação, conspiração e no esvaziamento de modos de veridicção afirmativos, e na mobilização dos afetos do medo e do ódio enquanto estruturantes das relações. Organizo e estruturo esta investigação-narrativa-textualidade em três eixos-movimentos: Parte I – Polindo lentes, movimentando-se no espaço-tempo e o EsP no divã, em que busco situar a composição teórica-analítica do olhar; Parte II – Diagnosticando psico-políticas educacionais: bases do programa Escola sem Partido, em que apresento diagnoses das linhas de força que constituem as bases do programa EsP e suas operacionalizações; Parte III – Fendas que nós olhamos e que nos olham de volta, em que apresento considerações sobre a tese. Finalizo-o com um manifesto aos currículos não fascistas e na apresentação de personagens do contemporâneo com os quais devemos estar atentos para não adoecer.
Programa Residência Pedagógica: um estudo sobre a formação docente de química
Luara Wesley Candeu Ramos, Profª. Drª. Fabiele C. Dias Broietti
Data da defesa: 30/08/2021
Os programas de incentivo à formação docente, como o Programa Residência Pedagógica (PRP), foram pensados com o propósito de reduzir a distância entre a formação inicial e a prática em sala de aula, a partir da articulação entre o Ensino Superior e a Educação Básica. Nesse contexto, esta pesquisa visa investigar, a partir dos depoimentos dos residentes, preceptores e docentes orientadores, se os objetivos propostos no PRP foram observados em seu desenvolvimento durante a vigência do primeiro edital (2018-2020). Os dados foram coletados por meio de uma entrevista semiestruturada realizada com os sujeitos nos últimos meses de vigência do edital. Após o processo de análise e interpretação dos depoimentos, fundamentado nos pressupostos da Análise de Conteúdo, foram construídas categorias de análise baseadas nos referenciais teóricos pertinentes à pesquisa e nos objetivos do PRP. Ao analisar as falas dos participantes da pesquisa e interpretá-las, classificando-as de acordo com nossa interpretação dos objetivos do programa, evidenciou-se que os residentes revelam pontos convergentes entre os objetivos e as atividades desenvolvidas. Além disso, inferimos que a tríade formativa, que envolve o residente, o docente orientador e o preceptor, não foi efetivada de maneira significativa, uma vez que os preceptores apresentaram certa resistência ao assumirem a responsabilidade conjunta na formação dos residentes. No que diz respeito à preceptora, ela reconhece que o PRP colabora para a formação dos residentes e reforça que o programa também acrescentou na sua formação continuada. Porém, aponta-se a falta de acompanhamento em reuniões, dificultando que a formação continuada fornecida pelo PRP seja efetivada. Além disso, é importante que os preceptores entendam o seu papel de coformadores nesse processo. Ademais, a interação entre a IES e a escola é de fundamental importância para o compartilhamento das responsabilidades formativas durante o PRP. Nas falas da docente orientadora identificamos seu papel em estabelecer a relação entre teoria e prática. Inferimos também que os sujeitos da pesquisa, principalmente os residentes, relatam desconhecer os documentos que norteiam os processos de ensino e de aprendizagem na Educação Básica, incluindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Durante as falas, a docente orientadora relatou desconhecer como será a execução da implantação da BNCC, ilustrando a incompreensão dos residentes e da preceptora, pois nessa perspectiva o projeto não contemplou as orientações do documento. Desse modo, reforça se a relevância de que os objetivos das ações propostas ao longo do desenvolvimento do programa sejam discutidos de maneira coletiva, a fim de efetivar as melhorias almejadas por meio do desenvolvimento do PRP.