Leitura semiológica de analogias pictóricas utilizadas no ensino de química.
Josiane Letícia Hernandes, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 10/02/2023
Esta tese problematiza o processo de significação realizado a partir de analogias pictóricas utilizadas no ensino de química. A pesquisa articula aspectos da Teoria Semiológica de Ferdinand de Saussure e Roland Barthes com fundamentos da Multimodalidade Representacional e propõe um instrumento analítico com o objetivo de compreender as possibilidades e limitações de quatro analogias pictóricas. O estudo realizado corresponde a uma investigação qualitativa de caráter descritivo e interpretativo. Em uma primeira etapa, realizaram-se leituras semiológicas de quatro analogias pictóricas retiradas de diferentes livros didáticos de química destinados ao Ensino Médio. Na perspectiva comunicacional da semiologia, os conhecimentos, subjacentes às analogias pictóricas, foram diferenciados em níveis de significação, denotativo e conotativo, enquanto as relações necessárias para a compreensão do conceito científico pretendido foram identificadas segundo a ótica dos eixos estruturantes da linguagem, sintagmático e paradigmático. Em uma segunda etapa, buscou-se realizar uma validação comunicativa com o objetivo de perscrutar a construção de significados a partir das analogias pictóricas investigadas. Como os referenciais que discutem o emprego de analogias no ensino defendem que é papel do professor guiar o raciocínio analógico, a pesquisa foi realizada com estudantes de licenciatura em química, tendo em vista que os conceitos científicos aludidos são conhecimentos acessíveis a eles e que futuramente atuarão como professores. Os resultados da primeira etapa permitiram depreender as possibilidades analógicas das representações imagéticas investigadas, definir as correspondências essenciais para a compreensão da analogia e presumir associações indesejadas, mas possíveis, que levariam a divergências do conceito científico. Já a segunda etapa evidenciou como os licenciandos construíram os significados a partir das analogias pictóricas anteriormente analisadas. Com isso, foi possível reconhecer os equívocos conceituais provocados por atributos das analogias. Por meio do mapeamento das características da analogia que possibilitaram associações indesejadas e levaram a significados diferentes do pretendido, inferiu-se as limitações analógicas. A partir de reflexões em torno do papel desse recurso didático no ensino de ciências e dos processos envolvidos na produção de sentido a partir das diferentes representações, o instrumento analítico proposto mostrou-se eficiente para compreender, de maneira mais aprofundada, como os conhecimentos científicos são construídos por meio de analogias. Por essa razão, conclui-se que a leitura semiológica é capaz de auxiliar professores no planejamento do ensino por analogias pictóricas, além de fornecer informações para intervir no processo de aprendizagem afim de que interpretações divergentes da pretendida sejam evitadas e não sejam reforçadas concepções incompatíveis com o conceito abordado
Aprendizagem da Conservação da Energia Mecânica à luz da Leitura Conotativa de um Signo Artístico
Cristiane Aparecida Corrêa, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 12/08/2016
A presente pesquisa tem por objetivo identificar os níveis de leitura semiológica denotativa e conotativa realizados pelos estudantes durante uma aula de Física. Para tal, estudantes de uma turma do terceiro ano do Ensino Médio foram instigados, em um momento instrucional a estabelecer relações inventivas de modo a associar elementos de uma obra artística com o conteúdo de Conservação da Energia Mecânica. A metodologia instrucional tomou por base a alternância discursiva dialógica e de autoridade. Valemo-nos da função estética do signo artístico para atrair o estudante e fazer com que o mesmo refletisse, imaginasse e expusesse suas ideias e interpretações. O trabalho parte do pressuposto que o signo artístico é uma modo representacional profícuo para provocar e sustentar interações discursivas com reflexos para o entendimento conceitual. Dois pontos encaminharam a pesquisa: o primeiro refere-se à aplicação da prática conotativa de um signo artístico, via alternância entre discurso dialógico e de autoridade, a qual nos rendeu os dados para a pesquisa e propiciou maiores oportunidades de aprendizagem, visto que, em razão da função estética presente na obra artística, diferentes interpretações foram feitas pelos estudantes na tentativa de relacioná-las com o conhecimento científico; o segundo, do lado do professor e fundamental para condução da aprendizagem de conceitos científicos, consistiu na identificação do nível de leitura realizada pelos estudantes durante aplicação da aula com signo artístico, pois este funcionou como um indicativo da aprendizagem possibilitando a identificação de quais questões precisavam ser retomadas, fornecendo um feedback do ensino para professor. Os resultados apontaram que as associações conotativas derivadas da estratégia aplicada transformaram a sala de aula em um ambiente descontraído para o debate de ideias, favoreceu o engajamento dos estudantes ao mesmo tempo em que funcionou como fio condutor para aprendizagem do conteúdo ensinado