Teses e Dissertações
Palavra-chave: mulheres na ciência
Educação Química no Antropoceno
Bruna Adriane Fary, Profª Drª. Angela Marta Pereira das Dores Savioli
Data da defesa: 20/05/2021
Esta pesquisa emergiu do desejo de reivindicar a Química nos saberes populares e
nos espaços informais de circulação e mobilização de conhecimento. A partir da
questão ambiental do Antropoceno, surge a inquietação de como os saberes da
Química atuam nas problemáticas ambientais e quais outros saberes, práticas,
técnicas e políticas são possíveis para pensar em modos de mobilizar a Educação
Química para tal contexto. Nesse sentido, tem-se como objetivo desta tese buscar e
compreender saberes, práticas, técnicas e políticas que servem de inspiração para
pensar em outros modos de mobilizar a Educação Química, no que toca o advento do
Antropoceno. Na busca por essas estratégias, utilizou-se a Heteroautobiografia, com
base na Pesquisa Narrativa, enquanto metodologia para entrevistar duas alquimistasbruxas-
cientistas, que trabalham com agroecologia e cosmetologia natural. A
pesquisa teve como base as teorizações de Isabelle Stengers. Como resultados,
encontram-se nas narrativas de vidas dessas mulheres ações para reativar, resgatar,
reapropriar, regenerar, e toda polissemia do “to reclaim” de Stengers (2017a); a
retomada das práticas da diversidade do saber-fazer química, para tratar da
interferência no Antropoceno. Com as histórias de vidas, buscou-se e compreendeuse
como elas constituíram seus saberes, e discutiu-se os modos como elas existem e
resistem no Antropoceno. A conclusão desta pesquisa é que essas mulheres operam
em torno de uma química menor. A partir disso, propomos e discutimos, enquanto
estratégia, para além dos movimentos de desterritorialização, produzir um terreno
para mobilizar os saberes químicos de forma a agenciá-los no coletivo e a criar
ramificações políticas – modos de ser e estar em sociedade – configura o que
denominou-se de “Educação Química Menor” (EQM), da qual as mulheres
alquimistas-bruxas-cientistas operam com suas práticas, técnicas e políticas. As
participantes desta pesquisa mostraram as possibilidades de constituição de uma
ecologia de saberes químicos que desterritorializam a Química ao serviço dos
interesses industriais, econômicos e políticos. A política da Química de serviço nos
direcionou a problemas como poluições e consequências dos usos de agrotóxicos e
plásticos, que contribuem na caracterização do Antropoceno e na identidade e
território da Química na contemporaneidade.