A Mediação Educativa em uma Atividade de Educação Não Formal: Uma Análise Sob a Perspectiva dos Mediadores
Daniela Cristina Lopes Rejan, Profª. Drª. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 18/02/2019
A educação não-formal é realizada fora do ambiente formal de educação, a escola, mas na qual também ocorrem ações educativas e promoção de aprendizagem. Nestes ambientes, a figura do monitor, ou mediador, é fundamental para que a educação não-formal aconteça, pois ele é o responsável, sob supervisão, pela elaboração de toda a atividade, sendo um elo entre o conteúdo e o participante, participando da construção de conhecimento científico. Entretanto, sabe-se que nestas atividades existem obstáculos para que a mediação aconteça e para que o mediador compreenda seu papel. Baseada na perspectiva de aprendizagem mediada de Vygotsky, e na proposta de mediação de Salomon e Perkins, esta pesquisa teve por objetivo desta pesquisa analisar aspectos relacionados ao trabalhos dos monitores mediadores, que atuam em uma atividade de educação não-formal, e como estes compreendem e realizam seu papel neste tipo de atividade. Estes mediadores fazem parte do Projeto Novos Talentos, uma iniciativa dos Departamentos de Anatomia e Histologia da Universidade Estadual de Londrina. A coleta de dados utilizou dois instrumentos, questionários eletrônicos, com todos os mediadores, e entrevistas semiestruturadas com uma amostra representativa. Os resultados mostram que os mediadores ainda estão longe da ideia de mediação e do que seria seu papel, e também que atividades como as propostas pelo Projeto Novos Talentos necessitam de formação mais específica para suprir esta demanda. Também apontam que os mediadores não são preparados para a extensão universitária, que é um dos pilares da Universidade.
Educação Química Pelo Olhar Latouriano
Cristiane Beatriz Dal Bosc Rezzadori, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 20/03/2017
O papel político, a dimensão mais humana, as conexões estabelecidas, os jogos de poder, as disputas, os recursos de justificação e tradução parecem não chamar a atenção da comunidade que estuda a educação química em nosso país, deixando uma lacuna importante na compreensão dos seus processos produtivos. O pensamento do filósofo francês Bruno Latour e, mais especificamente, a sua noção de rede sociotécnica tem oferecido ferramentas, vieses e sensações produtivas para pensar de novo uma educação química como um fluxo mais realista e articulado a uma teia social, dos fatos quentes e moles que ainda não podem dizer nada de si e aguardam por validação em meio a um campo de disputas. Essa abordagem está voltada para a dinâmica da formação de associações e distribuição da ação entre atores humanos e não humanos. A partir da expressão destes atores, pode-se descrever e enfatizar seus movimentos, fluxos, circulações, alianças, estratégias e táticas de associação e negociação utilizadas na construção de uma rede antes que esta se torne uma “caixa-preta”. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo traçar um conjunto de articulações possíveis entre o pensamento latouriano e a prática e pesquisa no campo da educação química. Como esta abordagem não é de uso habitual, ao menos entre educadores químicos, inicialmente foram expostos alguns conceitos-chave do trabalho de Latour para habilitar o seu diálogo com a educação química. Posteriormente, com base nos conceitos apresentados, foram delineadas algumas possibilidades de uma articulação e contribuição do pensamento latouriano às investigações na área da educação química, a saber: o esvaziamento da origem da educação química e a recuperação do papel dos actantes não humanos no processo educacional ao lhes devolver o reconhecimento de sua agência e mediação. Nesse sentido, a proposta que aqui será apresentada não pretende inaugurar tendências, muito menos fazer recomendações e prescrições, mas sim oferecer um subsídio a-epistemológico e heterogêneo para multiplicar e matizar a gama de olhares e abordagens investigativas nesta área. Pensar a educação química a partir desta articulação permite passar ao largo de uma visão epistemológica de que qualquer atividade seja defendida com base em sua produção conceitual e teórica, em suas verdades consolidadas e encaradas como prontas e acabadas. Além disso, encará-la como uma prática de mediação que ocorre nos interstícios, nas micropolíticas que estão em jogo e requer um gasto energético de uma série de coisas conectadas e agenciadas por entidades que mobilizam recursos a fim de instaurá-la e de mantê-la dentro da rede a que pertence, abre um leque de possibilidades de investigação muito mais fecundo em direção à heterogênese das práticas educacionais.