“Oh! Eu sou químico!’: um olhar Latouriano de performance em um laboratório de Química do Ensino Médio
Marlon Hernandes Cantarin, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 28/04/2014
Este trabalho de pesquisa foi realizado no Colégio Estadual Itacelina Bittencourt – EFM, na cidade de Cianorte, noroeste do Paraná. Buscamos, pelas lentes dos Estudos Culturais da Ciência, em uma perspectiva latouriana, realizar um estudo etnográfico acerca do fluxo das diferenças no laboratório de Ciências desse colégio. Nosso interesse central é acompanhar e descrever como, no caso específico de uma atividade prática de Química para alunos do 3º ano do Ensino Médio, os actantes estabelecem conexões evocando constantemente o par humano e não humano. O laboratório escolar e seus instrumentos, durante a realização da atividade prática, são instituídos como um lócus, ou seja, um espaço de significação, saindo de um arsenal de recursos teóricos e materiais para uma visão panorâmica, rumo à concretização do efeito pedagógico pretendido pela professora de Química. Os não humanos ensinam tanto como o humano na captura e sedimentação de informações, atuam no processo de (re) produção do laboratório como local não apenas do saber químico, mas também na inclusão de comportamentos e valores próprios da suposta comunidade científica. Portanto, as atitudes dos alunos em relação à prática demonstraram uma performance, quando, por exemplo, um desses, ao entrar no laboratório, afirma: “sou químico, professora”. Uma das possibilidades de leitura dessa prática oportuniza observar o princípio da simetria na performance desse par. Naquele contexto, no laboratório, observamos um processo de mobilização de elementos humanos e não humanos, os quais, na relação, foram alistados em nome da retórica da ciência e que, ao mesmo tempo, tornam o laboratório um local, um espaço de translação, em que emerge um tipo específico de performance: a de químico.