Teses e Dissertações
Palavra-chave: evasão
A tensão essencial na formação do professor de física: entre o pensamento convergente e o pensamento divergente
Michele Hidemi Ueno, Prof. Dr. Sérgio de Mello Arruda
Data da defesa: 27/02/2004
Este trabalho traz uma reflexão acerca da formação inicial, do professor de física. Fizemos um estudo com alguns estudantes do curso sobre as razões que fundamentam as suas opções pelo curso de física da Universidade Estadual de Londrina, bem como a respeito dos
fatores que exerceram influência positiva para a sua permanência e os obstáculos, que eles
enfrentaram no transcorrer da graduação. O estudo foi motivado pela constatação da baixa
terminalidade desse cursos, em relação a outros oferecidos pela mesma instituição, que
parece ser uma característica geral dos cursos de física no Brasil. As análises foram
baseadas nos referenciais teóricos de Gaston Bachelard e Thomas S. Khun. Bachelard traz a
idéia de obstáculos epistemológicos - resistências que dificultam o aprendizado científico.
Nas entrevistas pudemos constatar a existência de vários obstáculos para a formação do
professor de física; porém, nos detivemos em apenas dois deles: as dificuldades
relacionadas a resolução de problemas em física e o relacionamento aluno-professor. Ao
final, inspirados em Thomas Kuhn, foi possível compreender a aformação do professor de
física como se situando entre duas formas distintas de pensamento. Por um lado, os
professores enquanto físicos, devem ser iniciados em uma forma convergente de pensar o
mundo, pois a aprendizagem científica, conforme expressa por Kuhn consiste basicamente
na exposição sistemática do aprendiz aos exemplares, aos paradigmas partilhados pela
comunidade científica, cujos pressupostos não são em nenhum momento postos em dúvida.
Por outro lado, ao ir para a sala de aula, o futuro professor depararar-se-á com uma outra
realidade, cuja análise exige um tipo de pensamento, que poderíamos chamar de divergente,
pois: o "objeto" de suas reflexões (o aluno) não pode ser pensado a partir de paradigmas
bem definidos; os problemas com os quais ele encontrará não parecem ter uma única
solução; além disso, não parece haver uma única metodologia que garanta um aprendizado
significativo para todos os alunos. Ou seja, a formação do professor de física envolve a
iniciação do aluno a ambos os tipos de pensamento: o convergente e o divergente.
Parafraseando Kuhn, poderíamos dizer que essa seria a "pensão essencial" presente na
formação do professor de física.