Educação Ambiental a Respeito de Resíduos Sólidos sob a Perspectiva da Semiótica de Charles S. Peirce
Robson Francisco Pedrozo, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 17/05/2019
O lixo afeta o equilíbrio químico e físico dos ambientes naturais, comprometendo a biodivesidade do planeta como um todo. Interfere também na qualidade de vida das pessoas e se torna precursor de agravos à saúde humana. No Brasil, a Lei n. 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e passa a fornecer diretrizes para o enfrentamento dos problemas gerados pelos Resíduos Sólidos, dentre as quais destaca-se a Educação Ambiental. Esta pesquisa, de cunho qualitativo, encontra-se inserida no fazer da Pesquisa Colaborativa. São considerados colaboradores da pesquisa os pesquisadores vinculados à universidade, professores e estudantes do Curso Técnico em Química de uma escola pública do município de Londrina/PR. A Alfabetização Visual foi a estratégia pedagógica adotada para o desenvolvimento da pesquisa com os escolares. Foram realizadas leituras e reflexões de gêneros textuais e imagéticos e, também, a criação de representações imagéticas pelos estudantes. Este trabalho investigou as mensagens geradas a partir das representações imagéticas dos estudantes para o temário Resíduos Sólidos, e consoantes com as ações previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. A interpretação das mensagens das representações apoiou-se na Teoria semiótica de Charles S. Peirce, de modo a conhecer os aspectos dimensionados pelos estudantes para a temática Resíduos Sólidos. Ao todo foram analisadas 12 (doze) representações imagéticas. Em relação ao teor das ações de tratamento dos Resíduos Sólidos apresentado pelas representações, nota-se que 1 (uma) tem sua essência voltada a não geração de resíduos, 3 (três) às ações de não geração de resíduos associada com a redução do consumo, 2 (duas) à reutilização fundida com a reciclagem, 5 (cinco) à indicação à reciclagem no âmbito social ou do lucro, e 1 (uma) para o descarte final apropriado dos rejeitos. Nas representações o legissigno lixo quando retratado, encontrou-se associado com o elemento homem, estabelecendo a compreensão dos estudantes a respeito da origem do lixo a partir do processo industrial, vindo o homem a ser o responsável por sua geração. O contexto de desenvolvimento da pesquisa se deu em virtude da escola ser um ambiente de promoção à Educação Ambiental por favorecer discussões e reflexões a respeito dos Resíduos Sólidos de forma mais abrangente e coletiva, com vistas à formação cidadã e à preservação do meio ambiente.
Que baguio é esse?’: a negociação das identidades nas aulas de ciências
Aline de Moura Mattos, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 19/03/2012
Na tentativa de compreender como os estudantes estão ativamente negociando identidades e como o fluxo científico vai se mantendo numa disciplina escolar, acompanhei, por um período de oito meses, atividades realizadas em aulas de Ciências, no Ensino Fundamental de uma escola particular na cidade de Londrina, Paraná. Procurei explorar a relação dos alunos e alunas com o discurso científico, os seus meios de apropriação e como esse processo contribui para a construção de identidades. Acredito que entender como se dão estes processos de identificação, tendo em vista a multiplicidade de formas de sujeito, nos leva a (re)olhar a questão das diferenças em sala de aula, dos tratamentos dados aos saberes trazidos por cada sujeito, do linguajar de cada um, das formas de apropriação e reconfiguração dos discursos. Ao procurar realizar uma análise do fluxo da ciência em aulas de ciências, por meio das vozes dos estudantes, busquei desalojar a ciência de um local privilegiado e mostrar suas transformações, mostrar que as palavras tidas muitas vezes como “não científicas” estão imbricadas numa rede discursiva que dão significado aos modos como os estudantes identificam e diferenciam os saberes científicos. Este trabalho tem influência teórica do campo dos Estudos Culturais, mais especificamente das contribuições de Stuart Hall sobre a questão da identidade cultural. A preocupação com o contexto em que ocorrem as ações sociais é uma marca dos Estudos Culturais compartilhada com noções etnometodológicas, das quais acredito ter me valido neste trabalho. Por perceber os estudantes como sujeitos ativos, que se produzem e são produzidos nas e pelas relações sociais, ao perceber a diversidade entre as várias maneiras que as pessoas têm de construir e viver suas vidas, entendo que estudos de cunho interpretativo, tal qual a etnometodologia, talvez sejam um primeiro esforço para aceitar as diferenças que se resultam nesse processo de “viver a vida”, fora ou dentro da escola. As observações conduzem para a ideia de identidades não essenciais e de uma ciência mutável, sempre em transformação, sempre reconfigurada pelos estudantes, em processo constante de elaboração e produção. Produção que, por ser ativa, envolve resistência, confronto, negociação, lutas. Acredito que é nesse movimento e nessas intensas interações e negociações que a ciência vai se mantendo. O que pude construir foi que as identidades válidas entre os alunos e alunas são aquelas que funcionam no registro da fragmentação e da reapropriação mixórdica do discurso científico como sua maior força para sobreviver no mundo fluído da invenção, estranhamentos e constante (re)criação em que estes sujeitos estão envolvidos.