UMA REPRESENTAÇÃO PARA A SALA DE AULA BASEADA NA TEORIA ATOR-REDE
DAYANNE DA SILVA ALVES, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 23/05/2022
Nesta tese, apresentamos os resultados de uma investigação que buscou identificar e interpretar a presença de uma rede de atores em uma sala de aula durante o desenvolvimento da disciplina de Fisiologia Humana e Biofísica, que fazia parte da grade curricular de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas em uma universidade pública do estado do Paraná. Pautamo-nos na Teoria Ator-Rede (ANT) para evidenciar indícios de identificação e interpretação sugeridos. Os dados foram coletados por meio da gravação em vídeo das aulas, de anotações em um caderno de campo e de entrevistas realizadas com os alunos da disciplina e com o professor responsável por ela. Para a elaboração desta tese optamos por considerar unicamente as entrevistas, e para organizar e interpretar os dados utilizamos os procedimentos apresentados pela Análise Textual Discursiva (ATD), primeiramente transcrevendo as entrevistas e, posteriormente, realizando a fragmentação do texto, que culminou na identificação e na categorização dos atores humanos e não humanos. Diante deste processo de organização, buscamos mapear, por meio de grafos, os atores constituintes da sala de aula. O mapa elaborado possibilitou a identificação da professora como sendo um ator mediador, assim, por meio de suas ações, ela conectava e mobilizava as ações dos demais atores em suas redes internas, proporcionando a evidenciação de um fluxo de ações em uma rede social.
Habilidades Cognitivas Investigativas: uma análise de suas manifestações em uma Sequência Didática relativa à saúde
BRUNA LAUANA CRIVELARO, Profa. Dra. Andreia de Freitas Zompero
Data da defesa: 28/01/2022
Habilidades relevantes para a aprendizagem e para a vida podem ser desenvolvidas em Atividades Investigativas e também promovidas na Educação em Saúde, inclusive quando tratamos dos vírus e de vacinação. Esta pesquisa de cunho qualitativo, descritivo e exploratório, objetivou investigar a manifestação das Habilidades Cognitivas Investigativas em alunos, por meio das análises em seus diálogos, durante a realização das Atividades Investigativas, e mobilização de conhecimentos no decorrer da Sequência Didática Investigativa (SDI). Para isso, foram selecionadas as habilidades de identificação de problemas, proposição de hipóteses e elaboração de conclusões. Desenvolvemos uma SDI composta por três encontros, com participação de cinco educandos do sétimo ano do Ensino Fundamental de uma escola pública paranaense. Abordamos, remotamente, o conteúdo vírus e vacinação. Os alunos tiveram contato com esses assuntos em anos anteriores, mas nunca haviam experienciado aulas investigativas. Os dados foram analisados por meio de dois referenciais analíticos específicos. As análises revelam que no primeiro encontro, a identificação do problema e emissão de hipóteses, foi manifestada pela maior parte dos estudantes, já a elaboração de conclusões não estava alinhada ao conhecimento científico e os educandos não relacionaram corretamente as hipóteses com as conclusões. No segundo e terceiro encontro, houve um aumento gradual no desenvolvimento das referidas habilidades. Dessa forma, concluímos que ao longo dos encontros, os discentes manifestaram as três Habilidades Cognitivas Investigativas selecionadas. Consideramos que estudos como este são relevantes tanto para o Ensino de Ciências como para a Educação em Saúde.
A disciplina de Libras na formação de licenciandos de Química e Ciências Biológicas: um estudo por meio das perspectivas das ementas, dos professores e estudantes
Thalita Gabriela Comar Charallo, Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 01/07/2022
Este trabalho mostra os resultados de uma pesquisa que buscou investigar e analisar as contribuições da disciplina de Libras na formação inicial de professores de Química e Ciências Biológicas por meio de análise com ementas das disciplinas de Libras de Instituições de Ensino Superior (IES), públicas do Brasil, buscando evidências dos conteúdos que devem ser abordados nos cursos; entrevistas com professores surdos e ouvintes acerca dos conteúdos, objetivos e impacto na formação de professores e por último, as potencialidades da disciplina segundo os alunos egressos de cursos de licenciatura em Química e Ciências Biológicas. Para a obtenção dos dados pesquisouse nos sites das IES as ementas dos cursos, realizou-se as entrevistas com os professores participantes em Libras com os professores surdos gravadas e transcritas para a língua portuguesa e aplicou-se um questionário semiestruturado com egressos e alunos que estavam em fase final da disciplina. Todos os dados foram analisados e categorizados qualitativamente com base na Análise de Conteúdos baseada em Bardin (2011) e interpretados a partir de unidades de conteúdo e de registros, que permitiram algumas reflexões acerca da oferta da disciplina de Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de licenciatura do país, após dezessete anos de exigência do Decreto nº 5626 de 2005. Os resultados evidenciaram que a falta de informações mais detalhadas sobre o papel e o objetivo da disciplina de Libras nos cursos de formação docente, que não são contemplados no Decreto supracitado, permite que cada IES definam segundo suas percepções como será ofertada disciplina em cada curso e quais conteúdos ou temáticas serão trabalhados. Diante disso, as análises apontaram que algumas disciplinas tem um perfil de curso básico de Libras, voltado para o ensino de sinais, enquanto outras dividem a disciplina em conteúdos teórico e práticos e, que discussões mais específicas relacionadas a área da Ciências e a formação de professores que vão atuar com alunos surdos no ensino de Química e Ciências biológicas, entre outros, dificilmente são contemplados pela disciplina
A Astronomia nos livros didáticos de Ciências do Ensino Fundamental – Anos Iniciais: uma análise a partir da História da Ciência
Armando Silva Vieira, Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 27/09/2022
O Ensino de Ciências assume uma importância cada vez maior frente ao avanço científico e tecnológico da sociedade, tendo como papel preparar os estudantes para lidar com esse desenvolvimento, porém há muitos obstáculos nesse caminho, inclusive nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como a formação de professores e equívocos encontrados em livros didáticos, e, analisando o Ensino de Astronomia, observamos dificuldades semelhantes. A História da Ciência surge como uma alternativa não somente para ensinar Ciências, mas também para tratar de aspectos da Natureza da Ciência e assim compreender seu desenvolvimento. Sabendo que a História da Ciência pode estar presente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, esse trabalho analisou livros didáticos dessa etapa de ensino, mais especificamente do 4º e 5º ano, a fim de caracterizar a abordagem de conteúdos de Astronomia em relação à utilização da História da Ciência, utilizando a Análise de Conteúdo segundo Bardin (2016), em três eixos de análise: Análise Geral, em que identificamos os principais conteúdos de Astronomia que utilizavam História da Ciência, e observamos uma predominância nos temas de passagem do tempo, localização no espaço, e seus respectivos instrumentos de medida e orientação, além de instrumentos ópticos; Análise de Contexto, na qual investigamos se a História da Ciência era apresentada de maneira contextualizada ou não, e notamos a predominância de conteúdos não contextualizados, trazendo somente datas e locais; e Análise Historiográfica, em que buscamos indícios de erros historiográficos, e identificamos indícios de whiggismo, pseudo-história e quasi-história na maioria dos textos analisados. Essa abordagem descontextualizada da História da Ciência e a presença de erros historiográficos em conteúdos de Astronomia pode contribuir para a perpetuação de ideias equivocadas da Ciência, por isso são necessárias mais pesquisas sobre esse tema.
A Teoria Ator-Rede e o ensino de Ciências no Brasil: uma revisão sistemática dos artigos publicados nos últimos 20 anos
Amanda Carolina Mikos Dangui, Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 28/02/2022
A Teoria Ator-Rede (ANT) é uma teoria que começou a ser desenvolvida na área dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia em meados da década de 70 por diversos autores. Bruno Latour e Steve Woolgar levantaram discussões e controvérsias no universo científico ao demarcarem uma mudança de perspectiva da macro para a microanálise da ciência, ao publicarem o livro “A Vida de Laboratório”. O objetivo dessa dissertação foi buscar entender se as ideias relacionadas à ANT, estão sendo utilizadas por pesquisadores brasileiros da área do Ensino de Ciências. Nesse sentido, foi realizada uma Revisão Sistemática de Literatura (OKOLI, 2019) em periódicos nacionais, em que foram encontrados 38 artigos de pesquisadores brasileiros, nos últimos 20 anos. Antes de analisar os artigos, a ANT foi sistematizada em três gerações: período de formação, consolidação e expansão, a partir da perspectiva do professor Marcos Mattedi (WEBINÁRIO, 2021). As questões de pesquisa foram: De qual geração da ANT são as referências utilizadas nos artigos? Quais são os objetivos explicitados por essas pesquisas? E quais são os agrupamentos de pesquisadores que adotaram a ANT como referência? Utilizando a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2016) foram analisados os objetivos dos artigos e agrupou-se os pesquisadores por uma relação de autoria e coautoria. Constatou-se que os textos da ANT de segunda geração foram os mais referenciados nos artigos estudados. Foram encontrados diversos tipos de pesquisas, como etnografias em sala de aula e em laboratório escolar, pesquisas que tecem reflexões de como a educação científica articulam-se com o que entendemos como modernidade e, também, discussões contemporâneas a respeito da pós-verdade. E essa temática de pesquisa se concentra entre pesquisadores do Sudeste, localizados, principalmente, na UFRGS, UFMG, UNIFEI e UEL.
“Formação em Ação”: cursos ofertados pela SEED/PR na ótica de professores de Ciências
Karina Eskildsem, Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 25/08/2021
A Formação de Professores é certamente um tema atinente em todos os sistemas escolares. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), a Formação Continuada pressupõe o envolvimento de todos os profissionais da escola, sejam eles: professores, agentes educacionais, equipe pedagógica ou diretiva, com o intuito de promover ações pedagógicas e reflexões sobre os desafios educacionais. Para tanto, apresenta-se uma série de textos legais, informativos, vídeos e outros recursos que subsidiam os trabalhos em cada escola com grupos de estudos, palestras e/ou outros, sobre as temáticas utilizadas nos cursos denominados “Formação em Ação”. A relação existente entre oferta e demanda na Formação Continuada de Professores, bem como suas necessidades e exigências da instituição escolar podem ser supridas com o atual e tradicional curso de formação continuada presencial até então organizado institucionalmente no primeiro e segundo semestre do ano letivo? As incertezas e indagações em torno das formações nos levam a refletir se irão emergir formas de aprendizado aos professores a fim de que estes desenvolvam ações que condizem com a realidade escolar vivenciada. Assim sendo, este trabalho busca analisar e refletir sobre a ótica de Professores de Ciências da SEED ativos no período de 2015 a 2018, se estes compreendem o objetivo destas formações, identificando nestas propostas potencialidades de ação em sua prática docente que articulem pedagogicamente com os desafios de escolas públicas, diante do cenário atual da Formação Continuada de Professores do Paraná.
Um olhar para a Agroecologia e a Educação Ambiental no Ensino de Ciências na Escola Itinerante do MST
Dahiane Inocência Silveira, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 15/04/2020
Este trabalho foi desenvolvido na Escola Itinerante Valmir Mota de Oliveira, na cidade de Jacarezinho, estado do Paraná, onde buscamos responder a seguinte indagação: as práticas agroecológicas na Escola Itinerante podem apontar as possibilidades para uma Educação Ambiental crítica e emancipatória, que contribua para a formação de novos cidadãos conscientes de que a sociedade atual é insustentável e que mudanças profundas em nosso modelo de sociedade dependem de novas atitudes? O objetivo principal foi analisar como a introdução às práticas agroecológicas na Escola Itinerante pode contribuir para a Educação Ambiental e como tais questões estão inseridas na proposta da referida Escola, no contexto do movimento nacional por uma Educação do Campo. Para compreender esse processo da integração entre práticas agroecológicas e Educação Ambiental, utilizamos como procedimento metodológico a pesquisa participante. As atividades envolveram alunos do 6o ano do ensino fundamental, que foram submetidos a observação participante durante as práticas em atividades de grupo, roda de conversa e entrevistas estruturadas. Nos pautamos em autores que discutem a temática ambiental sob um viés crítico, tais como Carvalho (1998), Layrargues (2014); Lima (2009) e Loureiro (2004, 2007). A partir das análises e discussões foi possível constatar que as atividades promovem a construção de valores e atitudes que foram evidenciadas em um ciclo continuo concebido a partir de observações intuitivas das experiências docentes. É como se reconstruíssemos como cada educando se relaciona com o mundo a partir de si mesmo em um processo em que pouco a pouco, dia a dia, deixa de ser passivo frente ao conhecimento. A Agroecologia está para a Educação Ambiental, assim como a Educação Ambiental está para a Educação de modo geral. A Agroecologia e a EA compartilham a busca pela diminuição das desigualdades a partir da educação, emancipação do cidadão e cuidados com o ambiente na busca de equilíbrio na relação homem natureza. Como resultado, foi possível identificar as potencialidades de desenvolvimento de diversas atividades e podemos afirmar que a Agroecologia é uma ferramenta importante para a Educação do Campo, no direcionamento de suas ações na luta contra o modelo de sociedade insustentável e na luta pela soberania alimentar. Além disso, identificamos diversas possibilidades para a abordagem da EA crítica, junto às necessidades de engajamento e motivação que direcionam as ações, ampliando a consciência ambiental dos estudantes. Ao firmar posição pelas práticas agroecológicas, a escola protagoniza a mudança de atitudes e sua própria comunidade frente ao modelo dominante e predatório do agronegócio e toda a sua lógica de acumulação e exploração socioambiental.
Entre cientificidades e CUIAS: hibridizações no Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica dos Estudantes Indígenas da Universidade Estadual de Londrina
Felipe Tsuzuki, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 05/03/2021
Nesta pesquisa objetivou-se a investigação dos processos de negociação de significantes emergentes nas aulas da disciplina de Ciências da Natureza do Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica dos Estudantes Indígenas. As ações do Ciclo visam a qualificação acadêmica dos estudantes indígenas ingressantes na Universidade Estadual de Londrina via Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná, objetivando o fortalecimento de sua presença e permanência na universidade por meio da iniciação ao cotidiano acadêmico. Neste processo, os estudantes indígenas cursam as disciplinas de Ciências da Natureza, Língua Portuguesa e Matemática. A pesquisa foi conduzida com inspiração na prática etnográfica, visou-se a produção de uma descrição das aulas da disciplina de Ciências da Natureza do Ciclo, no período de um Eixo Temático, com ênfase nos processos de negociação e produção das diferenças culturais. No processo de descrição das aulas percebi uma suspensão das noções de ciências compartilhadas entre os estudantes, que se mostravam mais como sistemas complexos de fragmentos, tornando central as contingências emergentes de processos de hibridização, no sentido atribuído por Homi Bhabha, de identificações negociadas: identificações indígenas tradicionais e identificações indígenas traduzidas. No contexto do Ciclo, a identificação indígena traduzida se assemelha aos objetivos do curso, pois nessa identificação os estudantes indígenas mantêm relações com sua tradição e cultura, ao mesmo tempo que negocia com a universidade e, assim, produz com ela. Enquanto a identificação indígena tradicional pareceu se resguardar há uma identidade indígena fixada historicamente. Para além dos estudantes indígenas, a pesquisa evidenciou que a própria ciência, representada nas aulas analisadas pela química, sofreu torções resultantes da hibridização no espaço de diferença cultural. Esta química, antes tida como conteúdo da disciplina de Ciências da Natureza, se produziu ciência dotada de personalidades e desejos os quais os aproximaram da relação cultural dos indígenas com a natureza. Nesse sentido, a química se produziria de uma outra forma, torcida, modificada e personificada. Por fim, os estudantes indígenas e o educador agiram ativamente nesse processo de hibridização que produziu a torção da química, o que implica na influência destes estudantes indígenas sobre o espaço universitário e as modificações provocadas nas relações inerentes a ele.
Práticas Científicas no Ensino de Ciências: Características, Compreensões e Contextos das Publicações
Sandro Lucas Reis Costa, Profª. Drª. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 04/03/2021
Esta pesquisa apresenta resultados de uma revisão bibliográfica sistemática de artigos envolvendo Práticas Científicas na área de Ensino de Ciências. Foram analisados 44 artigos publicados em periódicos internacionais da área de Ensino de Ciências nos últimos dez anos (2010-2019), disponíveis em quatro bases de dados: ERIC, Scielo, Scopus e Web of Science. Buscou-se responder às seguintes questões de pesquisa: I) Quais são as características das publicações envolvendo Práticas Científicas? II) Quais são as compreensões acerca das Práticas Científicas expressas nas publicações? III) Em quais contextos os autores realizaram pesquisas envolvendo Práticas Científicas? Para responder a tais questionamentos, foi realizada uma investigação qualitativa com os procedimentos analíticos orientados pela Análise de Conteúdo de Bardin (2011), e os procedimentos metodólogicos conforme o guia para uma revisão bibliográfica sistemática de Okoli (2015). Em relação aos países das publicações, apesar de 59,1% dos artigos serem da América do Norte, 40,9% envolveram outros países da Europa, América do Sul, Ásia, Oceania, e África, caracterizando as Práticas Científicas como um tema de repercussão internacional. O interesse por pesquisas envolvendo Práticas Científicas tem aumentado nos últimos anos, já que 89% dos artigos sobre esse tema foram publicados entre 2015-2019. Houve uma grande quantidade de pesquisas de natureza teórica (25%) e 84% dos artigos investigados citaram referenciais para discutir Práticas Científicas, embasando suas discussões na literatura científica. Em relação às compreensões acerca das Práticas Científicas, três grupos emergiram: Artigos que apresentaram compreensões das Práticas Científicas alinhadas ao National Research Council (NRC) (D1); Artigos que apresentaram outras compreensões para Práticas Científicas (D2); e Artigos que não apresentaram suas compreensões para Práticas Científicas (D3). O grupo mais representativo (59,1%) foi o D1, que assumiu os pressupostos preconizados pelo NRC (2012) para Práticas Científicas. No segundo grupo (D2), observou-se outras compreensões para as Práticas Científicas, seguindo referenciais sociológicos, filosóficos e históricos. Em relação aos contextos aos quais os autores realizaram suas pesquisas, foram identificadas 6 categorias: Práticas Científicas e propostas de ensino (C1); Práticas Científicas e distintos quadros teóricos (C2); Práticas Científicas e os estudantes (C3); Práticas Científicas e as avaliações (C4); Práticas Científicas e os professores (C5); e Práticas Científicas e o currículo (C6). Encontrou-se uma grande tendência em relacionar Práticas Científicas e propostas de ensino (38,6%) e Práticas Científicas e distintos quadros teóricos (22,7%), totalizando mais de 61% dos artigos analisados. A partir dos resultados, considerouse que ainda existem lacunas a serem investigadas envolvendo Práticas Científicas, evidenciadas pela ausência de estudos que apresentam discussões para cada uma das Práticas Científicas. Também são necessárias mais investigações que pesquisem as relações entre as Práticas Científicas e os alunos (aprendizagem) e as Práticas Científicas e o professor (ensino). Pesquisas nesse sentido podem ajudar a esclarecer: Como os alunos se envolvem com as Práticas Científicas? Como organizar o ensino de modo a promover as Práticas Científicas? Como articular as Práticas Científicas com outras dimensões da aprendizagem? E quais as relações entre as Práticas Científicas, disciplinas e conteúdos específicos? Progressões de aprendizagem também necessitam ser elaboradas para diferentes conteúdos em Ciências e níveis de ensino para se compreender as mudanças no engajamento dos alunos nessas Práticas ao longo dos níveis de escolarização.
Um estudo das ações docentes em aulas de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental
Nathália Hernandes Turke, Profª. Drª. Marinez Meneghello Passos
Data da defesa: 31/07/2020
Enquanto muitas pesquisas ditam o que professores devem fazer em sala de aula, buscamos compreender o que professores, de fato, fazem em sala de aula, sem possuir pretensão de prescrever como devem se comportar. Buscamos responder as seguintes questões: O que professores de Ciências fazem, de fato, nas aulas analisadas? Quais categorias poderiam descrever suas ações? Para tanto, traçamos os seguintes objetivos: Identificar e analisar as ações docentes em aulas de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental; Caracterizar e categorizar as ações de professores em aulas de Ciências. Com o intuito de responder as questões levantadas, investigamos três aulas de duas docentes de Ciências dos anos finais do Ensino Fundamental, sendo uma do sexto ano e duas do sétimo ano, nomeadas de A1P1, A1P2 e A2P2. As aulas foram analisadas à luz da Análise de Conteúdo. Foram encontradas quatro Macroações que descreveram as ações docentes, sendo: Burocrático-Administrativa, Fala, Espera e Ensina o Conteúdo. Além das Macroações, emergiram . As aulas foram analisadas à luz da Análise de Conteúdo. Foram encontradas quatro Macroações que descreveram as ações docentes, diferenciando-se nas aulas apenas pelo tempo desprendido, sendo: Burocrático-Administrativa, Fala, Espera e Ensina o Conteúdo. Além das Macroações, emergiram 19 Ações e 53 Microações em A1P1; 17 Ações e 51 Microações em A1P2; e 18 Ações e 47 Microações em A2P2. Percebemos que o tempo desprendido para as Macroações, bem como as Ações e as Microações foram alteradas de uma aula para outra, sendo influenciadas pelas ações de outros indivíduos, pelo conteúdo, pela estratégia de ensino escolhida e pelos recursos metodológicos e didáticos utilizados.