A Astronomia nos livros didáticos de Ciências do Ensino Fundamental – Anos Iniciais: uma análise a partir da História da Ciência
Armando Silva Vieira, Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade
Data da defesa: 27/09/2022
O Ensino de Ciências assume uma importância cada vez maior frente ao avanço científico e tecnológico da sociedade, tendo como papel preparar os estudantes para lidar com esse desenvolvimento, porém há muitos obstáculos nesse caminho, inclusive nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como a formação de professores e equívocos encontrados em livros didáticos, e, analisando o Ensino de Astronomia, observamos dificuldades semelhantes. A História da Ciência surge como uma alternativa não somente para ensinar Ciências, mas também para tratar de aspectos da Natureza da Ciência e assim compreender seu desenvolvimento. Sabendo que a História da Ciência pode estar presente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, esse trabalho analisou livros didáticos dessa etapa de ensino, mais especificamente do 4º e 5º ano, a fim de caracterizar a abordagem de conteúdos de Astronomia em relação à utilização da História da Ciência, utilizando a Análise de Conteúdo segundo Bardin (2016), em três eixos de análise: Análise Geral, em que identificamos os principais conteúdos de Astronomia que utilizavam História da Ciência, e observamos uma predominância nos temas de passagem do tempo, localização no espaço, e seus respectivos instrumentos de medida e orientação, além de instrumentos ópticos; Análise de Contexto, na qual investigamos se a História da Ciência era apresentada de maneira contextualizada ou não, e notamos a predominância de conteúdos não contextualizados, trazendo somente datas e locais; e Análise Historiográfica, em que buscamos indícios de erros historiográficos, e identificamos indícios de whiggismo, pseudo-história e quasi-história na maioria dos textos analisados. Essa abordagem descontextualizada da História da Ciência e a presença de erros historiográficos em conteúdos de Astronomia pode contribuir para a perpetuação de ideias equivocadas da Ciência, por isso são necessárias mais pesquisas sobre esse tema.
Os sentidos da observação astronômica: Uma análise a partir da relação com o saber
Alberto Eduardo Klein, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 31/08/2009
Esta pesquisa tem como principal finalidade refletir sobre os sentidos que as pessoas atribuem à observação astronômica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que os dados foram constituídos por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas em áudio e alguns apontamentos feitos pelo pesquisador. A partir da análise dos dados emergiram doze categorias: vontade de ver no instrumento; vontade de mostrar para alguém; a rotação da Terra; a questão da realidade; o sentido do instrumento; astro rodando; astro pequeno; astrologia; religiosidade; sentir-se pequeno; repetição; e, emocionante. Observamos em quase todas as categorias, aspectos da relação com o saber como definida por Charlot, ou seja, como uma relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Na relação com o outro, percebem-se interações entre os observadores e os mediadores, o próprio astro observado e referências a um outro “divino” criador de tudo. Na relação consigo mesmo, aparece a vontade de se completar, de conhecer o desconhecido, o desejo de aprender. Na relação com o mundo é possível mencionar a questão da realidade e o sentido do instrumento. Quase todas as categorias poderiam ser vistas como aspectos da relação com o mundo, pois a origem delas está na sensação de surpresa resultante da observação com instrumento. Nota-se que o sentido da observação astronômica está no conjunto formado por todas estas categorias. No entanto, podemos afirmar que os sentidos das falas agrupadas na categoria emocionante resumem toda a sensação causada pela observação astronômica.
Um perfil da pesquisa em ensino de Astronomia no Brasil a partir da Análise de periódios de ensino de Ciências
Jayme Marrone Júnior, Profª. Drª. Rute Helena Trevisan Latari
Data da defesa: 06/12/2007
O presente trabalho tem por objetivo descrever o perfil da pesquisa em Ensino de Astronomia no Brasil, por meio da análise dos periódicos de ensino de ciências, publicados nos últimos 20 anos. O trabalho é constituído de duas partes, uma quantitativa onde os dados foram coletados pela análise de 1772 artigos publicados em periódicos de circulação nacional e a segunda parte corresponde à interpretação do volume de 38 artigos publicados no Caderno Brasileiro de Ensino de Física onde buscamos entender como os pesquisadores descrevem a área. Utilizamos a Análise de Conteúdo de Laurence Bardin como referencial teórico e como técnica de coleta/análise dos dados na primeira parte e ainda o conceito de transposição didática de Chevallard na segunda parte como forma de avaliação dos padrões encontrados nos textos destes periódicos que permitiram reconhecer a visão dos autores sobre a área analisada. Encontramos no final da análise, uma área ainda em construção, mas com características bem definidas no que tange aos problemas de pesquisa encontrados, a forma como são divulgados e a preocupação dos pesquisadores em transformar o Ensino de Astronomia em potencial recurso didático.