A Química no Exame Nacional do Ensino Médio e o Letramento Científico: um olhar a partir dos critérios do Programa Internacional para a Avaliação de Alunos
Géssica Mayara Otto Vacheski, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 06/12/2021
Considerando a relevância das avaliações externas para a leitura das instituições de ensino e a implementação de políticas públicas para a avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem, o presente estudo traz a discussão sobre as avaliações externas, em específico o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Programa Internacional para a Avaliação de Alunos (PISA). Para isso, buscamos compreender, nessa investigação, quais dimensões para o Letramento Científico que fundamentam o PISA são contempladas nas questões do ENEM, e como elas estão organizadas. Sendo assim, realizamos a análise das questões quanto ao contexto, competência e conhecimento, com o intuito de identificar quais são as dimensões para o Letramento Científico presentes no ENEM e como elas estão organizadas. Esse trabalho é de cunho qualitativo e fizemos uso da análise de conteúdo (BARDIN, 2011) como procedimento analítico. Para dar início, consultamos os cadernos do ENEM correspondentes à área de Ciências da natureza e suas tecnologias no período de 2012 a 2020, e os itens liberados das provas de Ciências de 2000 a 2015, com o intuito de selecionar as questões correspondentes à disciplina de Química. Posteriormente, codificamos e separamos as questões por temáticas, a fim de analisar aquelas que apresentassem o maior número de itens, resultando em oitenta e cinco questões (ENEM e PISA) que deram origem a quatro temas: gás carbônico ou dióxido de carbono, água, fontes de energia e poluição e seus impactos ambientais. Os resultados nos mostram que a prova do ENEM é bem contextualizada, mas não contribui para a formação do aluno crítico, já que em sua grande maioria, as questões apresentam como exigência que o aluno explique os fenômenos cientificamente, sendo necessário para isso, somente o conhecimento do conteúdo, e não como as ideias são produzidas (conhecimento procedimental) e a compreensão do raciocínio e justificativa para o uso dessas ideias (conhecimento epistêmico) e, por essa razão, podemos concluir que as competências e conhecimentos são insuficientes para a formação de estudantes Letrados Cientificamente. Isso nos permite compreender o motivo do insucesso dos alunos brasileiros na prova PISA, que diferentemente do ENEM, prioriza o conhecimento procedimental e epistêmico, exigindo do aluno uma postura reflexiva sobre cada uma das questões.
Educadores matemáticos brasileiros e as configurações informais de aprendizagem
Tatiany Mottin Dartora, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 02/06/2012
Esta pesquisa apresenta um estudo sobre configurações informais de aprendizagem tendo como base os artigos publicados nos anais do Encontro Nacional de Educação Matemática, nos anos de 2001, 2004, 2007 e 2010. A principal questão que orientou esta pesquisa foi: Como os educadores matemáticos brasileiros por meio de seus artigos caracterizam as configurações informais de aprendizagem? Inspirados na Análise Textual Discursiva foi possível constituir a base de dados, ou seja, um corpus, e desenvolver uma investigação de âmbito qualitativo. Para a constituição do corpus foram analisados 1616 artigos, tendo sido localizados apenas 51 relacionados à temática em questão, mesmo que de modo implícito. Com isso foi possível observar que a produção de artigos sobre esse tema tem aumentado no decorrer da última década. Após a constituição do corpus, foram identificados, selecionados e categorizados os objetivos, os sujeitos, os locais enunciados nos artigos. Nesse processo, observou-se que em relação aos sujeitos, as configurações espaços planejados para a educação informal e para os programas de aprendizagem fora da escola são convergentes nas categorias: docentes, discentes e pessoas da comunidade, já na configuração experiências do dia a dia os sujeitos são a família, amigos e colegas de trabalho, e os locais são considerados os espaços naturais, onde as pessoas desenvolvem suas atividades de lazer ou de trabalho. Como o nome indica, na primeira configuração os locais são estruturados fisicamente para proporcionar a aprendizagem, porém a segunda configuração é desenvolvida em todos os locais citados anteriormente. Entretanto, não são apenas os locais e os sujeitos que são fatores de classificação de uma configuração informal de aprendizagem, depende também da quantidade de evidências relacionadas no contexto educacional e da intensidade em que elas aparecem: a estrutura do ambiente físico; a interferência de monitor, ou professor; grau de precisão em que se avalia a educação; a presença de um currículo a ser desenvolvido. Observando essas três categorias, podemos distinguir as configurações informais de aprendizagem em determinado contexto educacional. Nesta investigação também analisamos as ações enunciadas nos objetivos, e as considerações finais dos 51 artigos, sendo possível verificar que a maior parte das ações investigadas é reflexiva e descritiva, sendo convergentes entres as configurações espaços planejados para a educação informal e programas de aprendizagem realizado fora da escola. Em relação às considerações finais, em todas as configurações, estão presentes a preocupação em sugerir que as experiências dos artigos sejam levadas para a sala de aula e a atenção voltada para a formação do cidadão. Este trabalho produziu um conjunto de descrições sobre como estão sendo abordadas as configurações informais de aprendizagem, que poderá servir de orientação para futuras investigações.