A Arte de Viver e Fazer Ciência
Patrícia Góis, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 04/03/2018
Por que estudar os laboratórios, uma vez que são heterogêneos e conduzidos pelas influências de um grupo, ciência ou sociedade? Como compreender o seu movimento através de uma visão ampla e disseminada e quais os caminhos a serem percorridos por seus cientistas, formadores de opiniões e pesquisadores, que movem as descobertas de um povo e todos seus avanços científicos? Os conteúdos de uma ciência são construídos de forma gradativa e estão atrelados às relações e estruturas sociais, o contexto social influencia toda a jornada de pesquisas assim como as empresas privadas que coordenam estes avanços em compasso com suas necessidades primárias e objetivações mercadológicas. A base de tudo são as pesquisas e os centros educacionais formadores de profissionais do ramo científico, mas qual o papel do educador? Como estes docentes se comportam diante dos desejos individuais de seus estagiários e como estes são manipulados (intencionalmente ou não) para que corroborem com o engrandecimento curricular do professor. A solução então seria sobreviver, e é através desta vertente que o presente trabalho fará uma abordagem conceitual de crédito/credibilidade estabelecida por Latour acerca da postura profissional de uma química acadêmica e todas as influências por ela sofridas, tais observações serão referenciadas e também descritas através de um texto narrativo e em forma de “diário” desenvolvido durante o estágio da autora. Todas estas descrições estarão relacionadas às condutas de todos os envolvidos no laboratório DIA da UEL: desde a docente/ pesquisadora, até os doutorandos e pós-graduandos. O objetivo deste trabalho será trazer uma nova perspectiva de olhar os laboratórios universitários para além da ideia geral do pensamento Liberal Tecnicista de pesquisas acadêmicas com fins educacionais e de reprodução cientifica, mas olhar a realidade do laboratório universitário como ciência em ação, a ciência como acontecimento e processo contingente. Olhar uma profissional de laboratório universitário como investidora de sua própria carreira, uma negociadora que utiliza variadas estratégias a fim de acumular crédito/credibilidade para um posterior (re)investimento, pois será o tamanho de sua credibilidade científica, capital, que definirá como serão direcionados ou redirecionados as suas pesquisas e o seu sucesso. O viver ciência num laboratório universitário mostrou-se muito mais complexo, do que um lugar de reprodução de técnicas.