Quenem químico: a apropriação dos enunciados científicos nas aulas de química
Angélica Cristina Rivelini da Silva, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 05/04/2012
Nesta dissertação, procuro entender como são legitimados certos enunciados científicosdurante as práticas pedagógicas em funcionamento na instituição escolar, mais especificamente no espaço discursivo de algumas aulas de química para o Ensino médio. Procuro me apoiar na perspectiva dos Estudos Culturais de Ciências e no conceito foucaultiano de enunciado. A questão central que enfatizo é problematizar a condição naturalizada dos enunciados químicos e busco deslocar o entendimento dos saberes químicos para um conjunto de dispositivos que regulam a forma como os sujeitos produzem o seu conhecimento sobre o mundo. Para a realização deste estudo, aproveitei algumas ferramentas da etnografia que chamei de etnógrafa-turista, que me permitiram circular pela variedade de espaços e atividades escolares. Dessa forma, constituía a rede enunciativa das aulas de química analítica. Nesse processo de apropriação dos enunciados químicos durante as aulas, a professora Flávia, tratou de “ajustar” as multiplicidades de entendimentos dos alunos para o que representaria os conceitos químicos da maneira como estão instituídos nos discursos científicos, os dispositivos atuavam, ao mesmo tempo, demarcando um campo de possibilidade, no qual determinados elementos - enunciados químicos - eram (re) significados para os alunos enquanto objetos de conhecimento químico. Assim, quando a professora falava, seu interesse não era relacionar o discurso a um pensamento, mente ou sujeito, mas ao campo prático ao qual ele é desdobrado. A Escola acaba por atuar como um dispositivo de enquadramento dos saberes e sujeitos, que ao fixar determinadas normas, ordena, controla e sistematiza teorias e procedimentos estabelecendo um sistema de significação, no qual o enunciado químico ganha visibilidade e compreensão.