Poesias para promoção de atividades discursivas em sala de aula: Um estudo de caso com licenciandos em Química
Elaine da Silva Ramos, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 12/03/2020
Este trabalho fundamenta-se numa proposta de intervenção pedagógica para o Ensino de Química que utiliza princípios da multimodalidade representacional por meio do signo artístico poesia para promover atividades discursivas e aprendizagem de conceitos em licenciandos em Química. A pesquisa teve como objetivo identificar os limites e possibilidades do uso de poesias como estratégia didática para a promoção de atividades discursivas, bem como a aprendizagem de conceitos científicos com licenciandos em Química. Os sujeitos participantes da pesquisa foram oito estudantes do curso de Licenciatura em Química da UFGD. A coleta de dados se deu por meio da videogravação das aulas para posterior transcrição. O trabalho parte do pressuposto que o signo artístico atrai os estudantes para realizar interpretações, sendo, portanto, um modo representacional para promover e sustentar atividades discursivas e de aprendizagem. Para tanto, elaborou-se um instrumento analítico a partir dos aspectos das interações e produção de significados proposto por Mortimer e Scott, integrando a ele os pressupostos teóricos sobre denotação e conotação sígnica, somado ao sucesso ou fracasso do ato sêmico de Prieto. Para traçar os limites e possibilidades da estratégia didática, foi necessário analisar as poesias em episódios. Os limites da estratégia estão na própria poesia, pois os estudantes não tinham trabalhado com esse tipo de atividade; na professora que muitas vezes não oportunizou falas aos estudantes; nos conceitos científicos que deveriam ter sido estudados anteriormente pelos estudantes e em algumas palavras ou representações expressas nas poesias que não eram de conhecimento deles. Como possibilidade, a estratégia didática oportunizou a apresentação de diferentes níveis de conotação a partir da leitura semiológica da poesia. Para isso foram utilizadas duas poesias. Para a poesia 1, apenas um estudante conseguiu atingir todos os níveis conotativos e na poesia 2, nenhum estudante atingiu o nível maior de conotação. Percebeu-se que há uma correlação nos aspectos do instrumento analítico não previsto anteriormente. Quando há diferentes ações do professor em sala, com a abordagem comunicativa dialógica/interativa, os padrões de interação são altos, os tipos de iniciação são de processo e/ou metaprocesso, os níveis conotativos são maiores e levam à “compreensão” dos conceitos. Espera-se que essa pesquisa possa contribuir no ensino dos conceitos científicos, por meio da proposta da inserção de poesias como signo artístico potencializador de atividades discursivas, assim como promoção da aprendizagem.
Aprendizagem da Conservação da Energia Mecânica à luz da Leitura Conotativa de um Signo Artístico
Cristiane Aparecida Corrêa, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 12/08/2016
A presente pesquisa tem por objetivo identificar os níveis de leitura semiológica denotativa e conotativa realizados pelos estudantes durante uma aula de Física. Para tal, estudantes de uma turma do terceiro ano do Ensino Médio foram instigados, em um momento instrucional a estabelecer relações inventivas de modo a associar elementos de uma obra artística com o conteúdo de Conservação da Energia Mecânica. A metodologia instrucional tomou por base a alternância discursiva dialógica e de autoridade. Valemo-nos da função estética do signo artístico para atrair o estudante e fazer com que o mesmo refletisse, imaginasse e expusesse suas ideias e interpretações. O trabalho parte do pressuposto que o signo artístico é uma modo representacional profícuo para provocar e sustentar interações discursivas com reflexos para o entendimento conceitual. Dois pontos encaminharam a pesquisa: o primeiro refere-se à aplicação da prática conotativa de um signo artístico, via alternância entre discurso dialógico e de autoridade, a qual nos rendeu os dados para a pesquisa e propiciou maiores oportunidades de aprendizagem, visto que, em razão da função estética presente na obra artística, diferentes interpretações foram feitas pelos estudantes na tentativa de relacioná-las com o conhecimento científico; o segundo, do lado do professor e fundamental para condução da aprendizagem de conceitos científicos, consistiu na identificação do nível de leitura realizada pelos estudantes durante aplicação da aula com signo artístico, pois este funcionou como um indicativo da aprendizagem possibilitando a identificação de quais questões precisavam ser retomadas, fornecendo um feedback do ensino para professor. Os resultados apontaram que as associações conotativas derivadas da estratégia aplicada transformaram a sala de aula em um ambiente descontraído para o debate de ideias, favoreceu o engajamento dos estudantes ao mesmo tempo em que funcionou como fio condutor para aprendizagem do conteúdo ensinado