Um estudo bibliográfico de pesquisas sobre ensino de Física para alunos deficientes visuais.
Rafael Yukio Saito, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 02/03/2021
A presente dissertação é uma pesquisa bibliográfica e apresenta um levantamento de artigos encontrados no banco de dados da Capes, os quais discutem o ensino de Física para alunos deficientes visuais em um período de 20 anos (1999 a 2019) e têm por objetivo identificar e compreender o panorama das pesquisas, bem como analisar os aspectos encontrados nos artigos que influenciam as práticas pedagógicas no movimento de inclusão de alunos deficientes visuais em sala de aula. Para o desenvolvimento da dissertação questionou-se o seguinte: o que mostram as publicações em revistas acadêmicas a respeito do deficiente visual no contexto do Ensino de Física? Quanto à prática docente, como ocorrem as articulações das práticas inclusivas frente ao ensino para alunos deficientes visuais em aulas de Física? A busca pelas respostas ocorreu a partir do estudo bibliográfico das pesquisas, cujo corpus foi constituído por 18 artigos que abordam o ensino de Física para alunos deficientes visuais. A metodologia da pesquisa seguiu a Análise de Conteúdo de Bardin (2011), em que unidades de registro foram recortadas e, posteriormente, elaborou-se categorias relacionadas com os elementos textuais dos artigos. Sua elaboração deu-se com base nos dados encontrados na introdução, desenvolvimento e consideração final dos artigos. Analisando os dados e o panorama das pesquisas, identificou-se que as dificuldades relacionadas à prática pedagógica dizem respeito com a comunicação e à não dissociação da visão no processo de ensino e aprendizagem. Outro aspecto que dificulta a inclusão do aluno é a falta de recursos e materiais didáticos adaptados. Apesar das dificuldades, foram identificadas também alternativas de inclusão, como a promoção de um ambiente interativo, utilização de linguagem acessível, materiais táteis e auditivos. Embora existam pesquisas, a produção de artigos na área do Ensino de Física é pequena, levando em consideração o período de 20 anos estabelecido. Portanto, conclui-se que, apesar de atualmente a inclusão ser algo já estabelecido na sociedade e fazer parte do cotidiano, há uma necessidade de discutir esse tema no Ensino de Física, tanto na formação inicial quanto no desenvolvimento de pesquisas, pois debates fomentam a busca de estratégias, a fim de superar a questão da exclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas redes regulares de ensino. Almeja-se que os resultados desta pesquisa contribuam para o progresso de estudos sobre a inclusão de alunos deficientes visuais no ensino de Física. Enfim, o estudo bibliográfico possibilitou compreender o panorama das pesquisas, bem como verificar desafios a serem superados e alternativas de inclusão.
A constituição do sujeito deficiente visual a partir do movimento de inclusão escolar: uma análise na perspectiva foucaultiana
Débora Ferreira da Silva, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 19/07/2017
A presente tese teve como objetivos analisar, a partir dos enunciados dispersos nos documentos oficiais que compõem o corpus do trabalho, quais as condições de possibilidade para que o movimento de normalização/integração escolar perdesse força e desse lugar ao movimento de inclusão escolar no Brasil, dando destaque à deficiência visual; apontar como o processo de inclusão escolar, construído a partir de uma governamentalidade neoliberal, tem se caracterizado como imperativo de Estado e atuado como estratégia educacional e de mercado; e analisar o modo como os alunos com deficiência, mais especificamente os alunos com deficiência visual, tem sido caracterizados e posicionados nas recorrências discursivas dos documentos oficiais nacionais e internacionais. A partir da análise do corpus, duas questões apresentaram maior destaque: 1) O processo de inclusão escolar não é mais operado por opção, seja das famílias, das escolas ou dos próprios órgãos gestores destas políticas; ao se tornarem imperativas, tais políticas passam a ser operadas por uma questão de obrigatoriedade legal. Nessa perspectiva, todas as crianças devem ser matriculadas em escolas regulares, tenham elas deficiências ou não, e cabe às escolas, à comunidade e ao Estado se organizarem para a efetivação desse processo. 2) As práticas inclusivas, instituídas com esses documentos, proclamam a operação da governamentalidade neoliberal para a constituição de sujeitos capazes de participar do jogo econômico. Para tanto, é preciso que esses sujeitos desenvolvam determinadas habilidades e competências e tenham determinados modos de comportamento, possibilitando que a seguridade de todos seja mantida. Ao fim do trabalho, considerou-se dar continuidade à pesquisa a partir do desenvolvimento do dispositivo de cegagem, relacionando os elementos heterogêneos que o compõem.
Deixa eu ver’: duas crianças cegas e as relações estabelecidas no cotidiano escolar das aulas de ciências
Laryssa Costa Lopes, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 07/08/2012
As atividades cotidianas são imprescindíveis na vida de todo o ser humano, e é por meio delas que temos a possibilidade de nos constituir, desenvolver e aprender. A interação do sujeito com o meio é condição básica para que estes processos ocorram, como propõem Piaget. Com base nestes princípios e fundamentos, a intenção nesta pesquisa é procurar estabelecer um diálogo com estas concepções construtivistas piagetianas, em que uma visão relacional do desenvolvimento do ser humano e uma caracterização do cotidiano escolar é valorizada na perspectiva do tempo, do espaço, das atividades e das pessoas que o constituem. Nesta pesquisa defendemos o modo interdependente (isto é, irredutível, complementar e indissociável) de se considerar os diferentes aspectos (família, saúde, escola, educação, etc.) que compõem nossa relação com as pessoas, com a sociedade e conosco mesmos. Sendo assim, caracterizamos a educação inclusiva como um sistema complexo, segundo a proposta de Rolando Garcia (2002), pelo fato desta considerar as relações entre todos os elementos envolvidos no sistema educacional de forma interdependente. Deste modo, a presente pesquisa tem por objetivo conhecer por que e quais relações estabelecidas no cotidiano escolar podem beneficiar o desenvolvimento e aprendizagem de duas crianças com deficiência, em uma perspectiva construtivista e inclusiva de educação. Para tanto acompanhei por um período de dois meses e meio, duas crianças cegas durante o cotidiano escolar das aulas de ciências do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública da cidade de Londrina, Paraná, no intuito de obter elementos com os quais fosse possível compreender aspectos relacionados as possibilidades de desenvolvimento e de aprendizagem. Para estudo do processo, elaboramos um roteiro de observação e após sistematização e organização dos dados, elaboramos um diagnóstico situacional com base nas situações vivenciadas por cada aluno com deficiência visual no cotidiano que acompanhamos evidenciando por meio das relações estabelecidas, uma melhor compreensão das necessidades individuais e o caminho das possibilidades de desenvolvimento e de aprendizagem destes. O material empírico desta pesquisa confirmou o que as referências teóricas indicam e trouxe exemplos de relações que contribuíram e valorizaram para o desenvolvimento dos alunos como, por exemplo, as relações de interdependência (e, portanto, complementar, irredutível e indissociável), pois colocou em funcionamento seus aspectos afetivos, sensoriais, motores e cognitivos. Outras, ainda, ilustram alguns desafios que, ainda necessitam ser superados para trabalharmos efetivamente na lógica inclusiva de educação.