Controvérsias, actantes e atuações: um estudo do processo de transição para um currículo flexível
Hugo Emmanuel da Rosa Corrêa, Prof. Dr. Sergio de Mello Arruda
Data da defesa: 08/02/2021
O ambiente educacional tem se apresentado como um desafio para pesquisadores devido à sua característica multifacetada e complexa, no qual fazem parte múltiplos atores, nos mais diversos momentos, seja em sala de aula ou nos processos de criação dos novos currículos, como se observa no Brasil contemporâneo. Com isso em vista, a presente investigação analisou o processo de transição curricular realizado por uma instituição de ensino pública federal, nos cursos técnicos integrados. Inspirado na Teoria Ator-rede de Bruno Latour, buscou-se compreender de que forma agiram os atores no processo de criação e manutenção do currículo implantado na instituição. Para isso, parte-se de um objetivo geral de compreender o processo de criação e manutenção do modelo curricular do IFPR – campus Jacarezinho, alinhado aos objetivos específicos de analisar: i) as características das conexões estabelecidas pelos atores para a criação de outro não humano; ii) as atuações desempenhadas por atores específicos na rede envolvida no processo; e iii) as performances realizadas pelos atores específicos nas diversas controvérsias mapeadas. Com viés metodológico norteado pela cartografia das controvérsias, mas embasado por múltiplas bases metodológicas, conseguiu-se como resultados descrever e analisar o conjunto de controvérsias envolvidas no processo, percebendo e descrevendo os atributos de tais controvérsias, bem como identificar e diagramar as redes com os atores envolvidos, analisar as atuações de três atores mais representativos e, a partir delas, identificar as variáveis que influenciaram nas atuações dos atores escolhidos, tais quais: atributos da controvérsia, atributos do ator, atributos da rede, cronologia do processo e a ação de outros atores. Desta forma, julga-se ser possível compreender como e em que circunstâncias ocorrem as atuações, em um ambiente de criação e transição curricular.
Tecendo Redes na Formação Inicial Docente em Química: Por uma Identificação Fe(i)tichizada
Gustavo Pricinotto, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 17/02/2017
Neste trabalho, ao problematizarmos as possibilidades de produção de identidades docentes fixas e inertes nos cursos de Licenciatura em Química, questionamos os alicerces difusionistas fundamentados nos Estudos de Laboratório de Bruno Latour, buscando compreender o processo de formação de uma rede dentro destes cursos de formação inicial, na relação do par estagiário-professores. Buscamos na metodologia aberta da etnografia pós- moderna acompanhar durante um ano os atuantes do curso de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Maringá, na disciplina de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado. As reflexões diante das observações, entrevistas, questionários e gravações das aulas, nos mostram como ocorre o processo de fortalecimento de determinados discursos em meio aos questionamentos que são feitos a identidade tradicional nos cursos. O processo de formação que visa levar os estudantes a se distanciarem de uma perspectiva tradicional e buscar ser “diferente” não “surge”, portanto, em sua oposição entre estes binários (fato-fe(i)tiche), mas da conexão e produção de uma rede com os mais diversos atuantes no processo de produção de identificações, móveis e instáveis. Neste sentido, acreditamos que a ideia de uma identidade de fato deva ser questionada, pois notamos que no curso proliferam-se identidades heterogêneas e híbridas, ou identificações fe(i)tichizadas, que ultrapassam o discurso biniarista/saltacionista: de um lado, tradicional, de outro, diferente. Neste sentido, se a formação é uma produção instável e passível de modificações ao longo do percurso, não seria mais de nosso interesse questionarmos os produtos destes curso de formação, mas de pensa-los enquanto produção, enquanto translações e controvérsias, e assim pensarmos a formação enquanto fe(i)tiche, enquanto constante identificação.