Corpos que sangram: sobre discursos de menstruação e ciências
Ana Carolina Hyrycena, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 20/04/2023
Na cultura ocidental a menstruação opera em regimes de verdade que evidenciam a vergonha e ensinam a mantê-la em sigilo. Há séculos, diferentes discursos sobre a menstruação circulam entre nós, definindo o que é natural, positivo ou desejável. As práticas-discursos que a atrelaram ao nojo e a vergonha, gerando repressão e silenciamento perduram e se sobressaem mais como eventos místicos que mantêm de fora as influências das ciências. Nos propomos a investigar de que forma a ciência se articula a essas práticas que regem a menstruação. Para tal, elaboramos um questionário eletrônico contendo questões a respeito da menstruação, costumes e crenças relacionados a ela. A pesquisa contou com a participação de 69 pessoas, sendo 61 mulheres e 8 homens, na faixa etária de 18 a 64 anos, que tiveram acesso ao questionário a partir das redes sociais. O desdobramento analítico se deu com base em teorizações foucautianas acerca do discurso. Organizamos a análise em três eixos: o corpo; a dor; e a feminilidade e a maternidade. Para concluir, a partir dos discursos das participantes, elaboramos argumentos que evidenciam eventos em que as ciências se articulam tanto na manutenção de estruturas que oprimem e controlam os corpos que menstruam, quanto na sustentação de resistências à essas estruturas, e nesse jogo de poderes são estabelecidas conexões com a cultura, economia, religiões, misticismo e biopolítica.
Abordagem freiriana na espiral construtivista: uma escola para além dos seus muros
Egláia de Carvalho Cheron, Profª. Drª. Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 08/04/2021
Este trabalho mostra os resultados de uma pesquisa que investigou potencialidades e delimitações de uma abordagem pautada na pedagogia da autonomia freireana em uma turma de sexto ano do Ensino Fundamental, na disciplina de Ciências, em uma escola pública da região norte do Paraná. A proposta buscou promover a participação ativa dos participantes no processo de ensino e aprendizagem. Para isso, partiram dos alunos os Temas Geradores que foram utilizados conciliando o currículo determinado para a série de acordo com os documentos que regem o ensino para a disciplina. Assim, é exposto como ocorreu a estrutura do Ensino de Ciências no Brasil até chegar à estruturação das Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná. Em seguida, são apresentadas metodologias de ensino humanistas, baseadas na Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, na busca de uma abordagem que permitisse desenvolver um processo horizontalizado a partir de um currículo vertical, incluindo a formação integral do indivíduo. Com base em uma Espiral Construtivista, os alunos foram inseridos na decisão de quais temas trabalhar durante o ano letivo e, de posse deles, tendo como base a metodologia da Espiral Construtivista de Lima (2017), a possibilidade de horizontalização do currículo. Ao todo, foram desenvolvidas seis atividades com os alunos no decorrer de 2018. Parte das atividades acabou por envolver toda a comunidade escolar. Para a obtenção dos dados para a análise, a professora-pesquisadora aplicou um questionário socioeconômico semiestruturado, gravou áudios durante as aulas, realizou anotações em diários e registros fotográficos. Cada uma das seis atividades desenvolvidas envolveu várias etapas para sua execução: descrição, problematização, reflexão, intervenção. Os resultados mostram que o processo pedagógico promoveu a participação ativa dos alunos, que se empenharam, que se envolveram no que foi proposto. Este estudo permite constatar que as inclusões dos alunos no direcionamento das atividades desenvolvidas ajudaram a torná-los criativos, autônomos, empáticos, críticos, o que é almejado em uma educação humanitária, que pode colocar os alunos em atividades cognitivas e em movimento de aprendizagem, na espera de que eles assumam um papel ativo no seu processo de aprender e desenvolvam cidadania.
As Dimensões da Aprendizagem Científica em Questões do Pisa que Abordam Conteúdos Químicos
Paulo dos Santos Nora, Profª. Drª. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 04/05/2017
Esta pesquisa consiste em um estudo das Dimensões da Aprendizagem Científica (DAC) contempladas em questões do PISA que abordam conteúdos químicos. Com base nas análises dos enunciados e das respostas esperadas das questões de Ciências do PISA, por meio dos pressupostos metodológicos da análise de conteúdo, esta investigação de cunho predominantemente qualitativo, teve a intenção de identificar e analisar as Dimensões da Aprendizagem Científica presentes nas questões, a saber: as práticas científicas; os conceitos transversais e as ideias centrais disciplinares. Considerando estas dimensões como categorias a priori, como resultados evidenciamos que houve concordância entre as Dimensões da Aprendizagem Científica identificadas nas questões e as competências exigidas pelo PISA, além de que estas podem fornecer indícios de letramento científico.Sendo assim, as Práticas Científicas demonstram ser ações importantes para a compreensão e resolução das questões em diferentes contextos, contribuindo para o envolvimento dos estudantes com a investigação científica. Os Conceitos Transversais possibilitam ideias norteadoras que ajudam os estudantes em sua prática, para melhor investigar, compreender e explicar os fenômenos científicos, e para isso, são necessários conteúdos científicos contemplados, ou seja, as Ideias Centrais Disciplinares. Logo, por meio das DAC, a ciência pode ser compreendida como um processo, no qual o estudante é o sujeito ativo, que reflete e a utiliza em seu contexto.