Ao longo da produção dos conhecimentos científicos, conceitos, leis, teorias e hipóteses participam como estruturas importantes para o desenvolvimento de um campo disciplinar. Essas estruturas são edificadas historicamente, surgindo e se desenvolvendo no interior de práticas comunitárias compartilhadas socialmente. Assim, pode-se dizer que a história de um campo disciplinar possui tanto uma história interna [conforme estruturas mencionadas] quanto uma história externa [atuação da comunidade científica]. Entretanto, uma vez consolidado o campo disciplinar, é comum que sejam omitidos os aspectos externos da produção científica e desse modo os aspectos sociais que interagiram nessa produção não alcançam a recontextualização acadêmica e popular. Com isso, a história do campo passa a ser tão somente uma história interna, uma história de seus elementos epistemológicos. Esta tese, em sua parte teórica, busca mostrar a presença de elementos sociais na produção de um conhecimento em construção: o Projeto Genoma Humano (PGH). Para isso, utilizou-se a concepção sócioconstrutivista de Bruno Latour como referência interpretativa para identificação dos aspectos sociais do PGH. Na sua parte prática, buscou-se identificar, a partir da tomada de dados em uma turma de graduação em química durante uma disciplina de História e Filosofia da Ciência, o nível de alcance por um discurso que incentiva a reflexão acerca da existência desses aspectos extraepistemológicos na ciência. Essa tese trouxe entre suas considerações a percepção entre os acadêmicos da existência de uma insistente escolha pelo discurso epistemológico que cercou o PGH. No que tange à apreensão de aspectos social, identificou-se a percepção desses elementos com frequência associada a papéis negativos ou de pouca atuação, desconsiderando-se com isso as interações sociais que ocorrem nas pesquisas científicas. Contudo, foi possível identificar um tímido movimento rumo às noções de aspectos sociais interagindo simetricamente nas pesquisas em alguns discursos. Isso confirma a importância de que haja ações mais frequentes em sala de aula voltadas para uma noção simétrica sobre a historiografia da ciência, rompendo-se a formação conceitual unilateral entre acadêmicos em formação