Educação Científica para o Entendimento da Sexualidade: Análise Bibliográfica e Documental de Aspectos de Ensino Destinados aos Estudantes Surdos de Escolas Bilíngues do Ensino Fundamental
Danley Greg Bezerra da Silva, Profa. Dra. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 31/10/2022
No ensino de Ciências, a sexualidade é um tema que deve ser amplamente abordado, principalmente entre adolescentes que, com a puberdade, passam por mudanças físicas e emocionais geradoras de diversos questionamentos. No/a adolescente surdo/a, isto não é diferente, haja vista que a puberdade também aflora o seu desenvolvimento emocional e sexual. Conforme evidencia a literatura, é baixa a quantidade de pesquisas que buscam articular as temáticas da sexualidade e da surdez. É nesse sentido que buscamos contribuir, analisando e sistematizando elementos relativos ao ensino da sexualidade destinados aos estudantes surdos do Ensino Fundamental. Por meio desse movimento, torna-se possível, por exemplo, elaborar futuras abordagens voltadas ao processo de ensino e aprendizagem de estudantes surdos/as, bem como para a formação inicial e em serviço de docentes. Logo, o principal objetivo que guiou essa pesquisa foi identificar, problematizar e analisar aspectos de ensino interligados à sexualidade do estudante surdo presentes na literatura e contrastá-los com os documentos norteadores de escolas de Educação Básica, na modalidade da Educação Bilíngue para surdos. As características da presente investigação coadunam-se às particularidades da pesquisa de natureza qualitativa do tipo descritiva e interpretativa. Como abordagem metodológica, adotou-se um levantamento bibliográfico e uma análise documental, em função de sua pertinência e adequação às intencionalidades estabelecidas na pesquisa. A obtenção e análise dos dados subsidiou-se no referencial teórico metodológico da análise de conteúdo. Dentre as inferências é possível destacar a carência de investigações que interligam as temáticas sexualidade e surdez, contribuindo para entraves epistemológicos. Ademais, constatamos que a sexualidade não é abordada de forma significativa nos documentos específicos da Educação Básica, na modalidade da Educação Bilíngue de Surdos/as, uma vez que foi baixo o número escolas que trataram dessa temática de forma aprofundada e levando em consideração as múltiplas dimensões da sexualidade. Desta forma, é preciso que os documentos escolares, sejam eles de escolas de surdos ou não, estejam em conexão com estudos científicos para que a sexualidade seja tratada de forma significativa nos espaços escolares.
A Arte de Viver e Fazer Ciência
Patrícia Góis, Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira
Data da defesa: 04/03/2018
Por que estudar os laboratórios, uma vez que são heterogêneos e conduzidos pelas influências de um grupo, ciência ou sociedade? Como compreender o seu movimento através de uma visão ampla e disseminada e quais os caminhos a serem percorridos por seus cientistas, formadores de opiniões e pesquisadores, que movem as descobertas de um povo e todos seus avanços científicos? Os conteúdos de uma ciência são construídos de forma gradativa e estão atrelados às relações e estruturas sociais, o contexto social influencia toda a jornada de pesquisas assim como as empresas privadas que coordenam estes avanços em compasso com suas necessidades primárias e objetivações mercadológicas. A base de tudo são as pesquisas e os centros educacionais formadores de profissionais do ramo científico, mas qual o papel do educador? Como estes docentes se comportam diante dos desejos individuais de seus estagiários e como estes são manipulados (intencionalmente ou não) para que corroborem com o engrandecimento curricular do professor. A solução então seria sobreviver, e é através desta vertente que o presente trabalho fará uma abordagem conceitual de crédito/credibilidade estabelecida por Latour acerca da postura profissional de uma química acadêmica e todas as influências por ela sofridas, tais observações serão referenciadas e também descritas através de um texto narrativo e em forma de “diário” desenvolvido durante o estágio da autora. Todas estas descrições estarão relacionadas às condutas de todos os envolvidos no laboratório DIA da UEL: desde a docente/ pesquisadora, até os doutorandos e pós-graduandos. O objetivo deste trabalho será trazer uma nova perspectiva de olhar os laboratórios universitários para além da ideia geral do pensamento Liberal Tecnicista de pesquisas acadêmicas com fins educacionais e de reprodução cientifica, mas olhar a realidade do laboratório universitário como ciência em ação, a ciência como acontecimento e processo contingente. Olhar uma profissional de laboratório universitário como investidora de sua própria carreira, uma negociadora que utiliza variadas estratégias a fim de acumular crédito/credibilidade para um posterior (re)investimento, pois será o tamanho de sua credibilidade científica, capital, que definirá como serão direcionados ou redirecionados as suas pesquisas e o seu sucesso. O viver ciência num laboratório universitário mostrou-se muito mais complexo, do que um lugar de reprodução de técnicas.
Gamificação e Interpretação Ambiental: uma experiência em trilha ecológica
Diego Marques da Silva Medeiros, Profª. Drª. Verônica Bender Haydu
Data da defesa: 20/05/2016
A importância de uma Educação Ambiental (EA) capaz de estimular a produção de conhecimentos menos especializados e neutros e mais interdisciplinares e políticos, de modo a resultar num entendimento mais holístico e integrativo do meio ambiente, leva à busca de estratégias e métodos eficientes para tal. A Interpretação Ambiental (IA) em trilhas é uma atividade que vem se mostrando relevante nesse sentido e teoriza-se que ela pode tornar-se ainda mais eficiente quando gamificada. Alguns trabalhos significativos na área da gamificação vêm demonstrando a eficácia da prática em contextos educacionais, no entanto, apresentam limitações teórico-metodológicas que poderiam ser superadas por pesquisas mais sensíveis à complexidade contextual da situação investigada e que presassem pela investigação do processo em detrimento dos produtos. Este trabalho relata uma pesquisa cujo objetivo geral foi o de investigar a influência da gamificação na IA a partir de uma proposta metodológica que contribuísse para essa superação. Para tal, tomou-se como objeto de estudo a gamificação da IA do Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG) (Londrina/PR), cujo produto gerado foi a atividade denominada Expedição ao Meio Ambiente (EMA). A pesquisa foi de caráter participativo, pois o pesquisador atuou tanto na elaboração quanto na execução da atividade em questão. A EMA foi executada junto a uma equipe de estudantes que tiveram seus comportamentos verbais orais registrados durante a atividade. Os dados passaram por um processo de Análise de Conteúdo em associação à Análise Textual Discursiva, de modo que a pesquisa pode ser considerada de caráter qualiquantitativo. Em linhas gerais, buscou-se por identificar isoladamente as relações entre os elementos da gamificação e o comportamento dos participantes da EMA. Para isso, a pesquisa teve foco na análise dos comportamentos de jogar e dos associados aos objetivos da EA em relação à atividade de IA gamificada e seus elementos de gamificação. Realizou-se, também, análise semelhante de uma atividade tradicional em trilhas do PEMG como fator de comparação. Foi possível inferir que a EMA foi capaz de estimular os comportamentos de jogar, que os participantes responderam à maioria dos aspectos relevantes à manutenção desses comportamentos e que foram alcançados os objetivos da IA. A análise da atividade tradicional em trilhas possibilitou, ainda, a identificação de aspectos equivalentes, superiores e limitantes em relação à atividade gamificada. Por fim, a pesquisa também pareceu contribuir na superação das limitações teórico-metodológicas apontadas em uma amostra significativa de trabalhos na área da gamificação.