Quem Calculava? Representações de gênero na relação mulher-matemática na obra O Homem que Calculava de Malba Tahan

Dissertação de mestrado

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Resumo

O presente trabalho tem como propósito estudar e mostrar como algumas representações de gênero vão se instituindo como verdade na relação mulher-matemática na obra O Homem que Calculava, de Malba Tahan. A pesquisa foi fundamentada em sendas foucaultianas como ferramentas analíticas para realizar a análise do discurso do autor Malba Tahan (em uma entrevista concedida ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1973) e a análise do discurso da obra tahanica (O Homem que Calculava). Tendo em vista as três fases de Foucault – arqueológica, genealógica e ética –, tentamos esboçar elementos de cada uma dessas fases, não assumindo um caráter univocamente arqueológico, genealógico ou ético, mas articulando as ideias foucaultianas pertinentes a este trabalho. Como a abordagem principal desta pesquisa é a relação mulher-matemática, aprofundamos nos estudos feministas adotando as ideias pós-estruturalistas da estadunidense Judith Butler e da brasileira Guacira Lopes Louro, pronunciando o que entendemos por sexualidade, gênero e sexo. Na análise do discurso da entrevista concedida pelo autor Malba Tahan, buscamos enunciados referentes à experiência-de-si do autor, sobretudo quando trata de mulheres em face da matemática. Na análise do discurso no livro O Homem que Calculava buscamos enunciados que apresentassem a relação da mulher com a matemática. Nessa busca por relações entre a mulher e a matemática encontramos representações construídas e atribuídas ao gênero feminino. Mais que isso, encontramos mecanismos de poder que produzem mulheres enquanto uma pedagogia delimitadora de seus gestos e comportamentos que, a nosso ver, cabe aos movimentos populares, feministas e culturais a possibilidade de problematizá-los e gerar uma desconfiança para aquilo que outrora era visto como algo “natural”.