Utilização de aeronave remotamente pilotada na aferição de prática mecânica de conservação de solo
Bruno Tadeu Barros Carvalho, Luciano Nardini Gomes
Data da defesa: 23/03/2023
A pesquisa aborda o uso de aeronaves remotamente pilotadas (RPAs) na aplicação de práticas de conservação de solo, visando simplificar o processo de coleta, análise e processamento de dados de forma mais eficiente e econômica. Os RPAs são uma ferramenta valiosa para geógrafos e outras ciências da engenharia. A utilização de RPAs na geografia tem se mostrado essencial para estudos de terreno, cartografia, planejamento territorial e monitoramento ambiental. Neste estudo específico, os RPAs foram empregados na coleta de dados aéreos topográficos para mitigar os efeitos da erosão hídrica, um desafio para a agricultura brasileira e o meio ambiente. Os objetivos incluíram o levantamento detalhado da área de estudo, a geração de um banco de dados fotogramétrico de alta resolução, a análise desses dados para diagnosticar os terraços existentes, calcular volumes e identificar áreas propensas à erosão. Com base nessa análise, foi possível desenvolver um projeto de implantação de terraceamento, utilizando dados cartográficos e informações precisas do modelo digital de elevação do terreno. Essa abordagem integrada entre RPAs e análise cartográfica permite uma gestão mais eficiente do solo e contribui para práticas sustentáveis na agricultura que refletem na comunidade rural e contribui para o bem estar socioambiental. Como resultado do estudo, especificamente no terraceamento, os RPAs permitem a coleta de dados topográficos precisos, auxiliando os agricultores no planejamento e implementação do terraceamento de forma eficiente. Além disso, as imagens aéreas obtidas pelos RPAs permitem a avaliação da eficácia do terraceamento e o monitoramento contínuo, possibilitando a correção de problemas como a erosão e o uso inadequado do solo. Em suma, os RPAs são uma ferramenta valiosa na agricultura, proporcionando coleta precisa de dados e monitoramento para melhorias no terraceamento agrícola.
As políticas habitacionais e a produção do espaço urbano de Londrina-PR
Isabelle Teixeira Bertini, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 23/03/2023
Sob domínio do sistema capitalista, as cidades seguem a lógica de mercado, uma vez que os interesses dos mais variados agentes, como os produtores fundiários e imobiliários, com a anuência do Estado, determinam a produção social do espaço urbano. Nesse contexto, o objetivo central da presente pesquisa é a compreensão de como as políticas públicas habitacionais interferem na produção e crescimento da cidade de Londrina-Pr. Para isso, foi realizada uma análise que correlaciona a construção dos conjuntos habitacionais de interesse social com a expansão do perímetro urbano entre os anos de 1960 e 2022. A investigação desta pesquisa se alicerça na abordagem qualitativa e a partir do paradigma dialético, e foi dividida em cinco capítulos. Inicialmente, foi realizada uma discussão a respeito da produção social do espaço em Henri Lefebvre, arcabouço teórico e metodológico desta pesquisa, que tem como pressuposto a produção do espaço com foco na construção social e histórica, levando em consideração a subjetividade presente na sociedade e a complexidade do espaço percebido, concebido e vivido. Apresentou-se os aspectos metodológicos do método norteador desta pesquisa: o regressivo-progressivo. No segundo capítulo a discussão aconteceu sobre a produção do espaço urbano brasileiro. Foi abordado como o avanço do sistema capitalista e o intenso êxodo rural tiveram como consequência uma urbanização acelerada e desordenada. Por ser objeto de disputas e interesses dos agentes produtores do espaço em busca da maior acumulação de riquezas, o espaço urbano é marcado pela intensa desigualdade e segregação. As cidades brasileiras apresentam diversos problemas estruturais, como é o caso da habitação, principalmente para população de baixo poder aquisitivo. Nesse sentido, o terceiro capítulo foi destinado ao reconhecimento das principais políticas públicas habitacionais e os avanços para solucionar este problema tão importante. Percebe-se um padrão de produção para a população de baixo poder aquisitivo: áreas periféricas, atuando diretamente na produção do espaço urbano. O quarto capítulo teve como foco o reconhecimento da área de estudo desta pesquisa - Londrina-Pr, bem como a evolução da população, do crescimento da área urbana e das legislações referente ao perímetro urbano. Neste capítulo foi realizado a regressão ao passado, a partir da análise por décadas (1960-2022) da construção dos conjuntos habitacionais relacionando-o com o perímetro urbano. Na sequência, com toda a bagagem histórica adquirida, foi possível retornar ao presente apresentando as tendências. Conclui-se que as políticas habitacionais influenciaram diretamente no crescimento da área territorial a cidade com o padrão da construção periférica, atuando diretamente na valorização e especulação imobiliária.
Plano diretor na pequena cidade de Jataizinho/PR: habitação e aspectos socioambientais
Andreia Virginia da Silva, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 17/03/2023
A presente pesquisa abraçou a revisão do Plano Diretor Municipal enquanto instrumento para viabilizar ações direcionadas para problemas socioambientais e enfrentamento da falta de mordia social em pequenas cidades. O recorte espacial foi a pequena cidade de Jataizinho/PR, nas porções das favelas do Bairro Bela Vista e Recanto dos Humildes, objetivando analisar a questão da habitação social na pequena cidade de Jataizinho, tendo por base os dois últimos Planos Diretores Municipais e a vivência de famílias que se encontravam nas referidas áreas até 2022. Especificamente, buscou-se discutir teoricamente sobre a produção do espaço urbano e as pequenas cidades, destacando como os planos diretores de 2007 e 2023 de Jataizinho/PR contemplaram a problemática habitacional e socioambiental, bem como discutir as condições de vida nas favelas, ouvindo os agentes produtores do espaço social, nesse caso o grupo de excluídos que sem ter acesso a políticas publicas de habitação tem ocupado área irregulares do ponto de vista da propriedade da terra. Para tanto, inspirada em conceitos discutidos por Marx, a pesquisadora realizou uma pesquisa do tipo qualitativa, com as seguintes técnicas de pesquisa: observação simples, entrevista semiestruturada e registro fotográfico. Com a pesquisa verificou-se que em Jataizinho havia até 2023 03 favelas com famílias vivendo em situações precárias em uma situação de vulnerabilidade socioambiental, e outra quarta favela estava iniciando. Conclui-se que a questão da habitação tem ocorrido também nas pequenas cidades, sendo necessário que a gestão assuma seu papel no processo de construir e implementar políticas públicas de habitação de interesse social que possam atender essas famílias e fazer cumprir o direito à cidade.
Vivendo com aquilo que está ao seu alcance!: Segregação socioespacial e racial em conjuntos habitacionais na cidade de Rolândia/Pr
Rafael de Souza Maximiano, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 16/03/2023
Essa dissertação tem como problema central a segregação socioespacial e racial que afeta a vida de milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Objetivou-se analisar o processo de segregação a partir das políticas de acesso a moradia e da vivência dos moradores dos conjuntos habitacionais localizados em áreas de ZEIS, na cidade de Rolândia – PR. Para a construção da pesquisa foram levantados documentos oficiais, leis, artigos e outras dissertações, com o intuito de embasar toda a produção acerca da segregação socioespacial e racial que viria ser construída no decorrer dos capítulos. Além da discussão teórica, essa pesquisa tem como base as entrevistas qualitativas, realizadas com famílias negras dos conjuntos José Perazolo, Ernesto Franceschini e Tomie Nagatani, todos pertencentes a políticas de habitação e ao Programa Minha Casa Minha Vida, afim de enriquecer o debate da questão racial e poder potencializar a fala das famílias negras que muitas vezes são invisibilizadas. Os resultados dessa pesquisa evidenciaram os problemas enfrentados pela população dos conjuntos habitacionais, sendo eles relacionados ao acesso dos equipamentos urbanos da cidade de Rolândia-PR e na questão do racismo que alvejam parte dos moradores. Conclui-se que essas famílias encontram-se até segregadas e essa segregação, de forma particular, afeta a vida dos moradores em várias escalas. Esses moradores que, mesmo contemplados com a moradia do PMCMV, não tem acesso aos equipamentos urbanos, e vivem com aquilo que está ao seu alcance.
Avaliação da fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do Ribeirão Vermelho (PR) e identificação de conflito de uso do solo em áreas de preservação permanente
Dalila Peres de Oliveira Miotto, Marciel Lohmann
Data da defesa: 10/03/2023
A demanda crescente pelos recursos naturais imposta pelo modo de produção capitalista exige constante busca por meios de preservação da natureza e recuperação de áreas degradas, esforço que reúne governos, sociedade civil e setor privado em constantes embates. Como sistema, ações empreendidas em determinada localidade, repercutem em nível global e impactam a todos. No sentido de contribuir com o reconhecimento do quadro ambiental da bacia hidrográfica do Ribeirão Vermelho - BHRV, objetivou-se avaliar o grau de fragilidade ambiental desta e analisar como mudanças de uso e ocupação dos solos impactaram as Áreas de Preservação Permanente – APP em rios e nascentes. Para tanto, empregou-se a metodologia proposta por Ross (1994) para gerar o mapa de Fragilidade Potencial, o qual considerou características do meio físico-natural (solos e declividade) e de Fragilidade Emergente, este evidenciando a susceptibilidade natural da área associada as formas de uso praticadas pela sociedade, com isso, identificou-se que 68,8% da bacia tem médio grau de fragilidade. Considerando a importância da vegetação ripária aos corpos d’água, identificaram-se áreas de conflito de uso do solo em APP de rios e nascentes perenes, no qual, por meio da sobreposição dos mapas de uso do solo do MapBiomas pelos buffers correspondentes as APP, obteve-se a situação da cobertura vegetal destas, identificando-se áreas chamadas de regulares e em conflito de uso, ou seja, sem vegetação, cuja evolução foi avaliada ao longo de quatro décadas (1990, 2000, 2010 e 2020). Destaca-se o aumento progressivo da área ocupada pela soja na BHRV em 366%, para o período analisado. As áreas em conflito de uso nas APP apresentaram um quadro evolutivo positivo, houve um ganho de 71,5% em área regular. Em 1990 81,6% das APP estavam irregulares, ou seja, eram desprovidas de vegetação, enquanto em 2020 estas áreas correspondiam a 68,6%, um número ainda preocupante, mas um cenário que se transformou positivamente. Contribuíram para essa transformação a organização da sociedade civil, pesquisadores, cientistas que, bem articulados, promovem discussões em âmbito governamental, de abrangência nacional e global, via políticas públicas, encontros e movimentos de sensibilização da população em geral quanto a urgência em repensar o modo como temos estabelecido nossas relações com a natureza.
É proibido proibir: liberdade e ser no mundo na docência em geografia
Débora Jurado Ramos, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 07/03/2023
Delineamos a presente tese a partir de um texto afetivo que propõe ser uma leitura silenciosa e empática, problematizando o debate em torno de temas sobre a liberdade e o ensino de Geografia. Para tanto, tomamos o conceito de liberdade da filosofia existencialista sartreana, empregando-a na compreensão do ser educador e educando, discutindo questões como objetificação, autonomia, revolta, ideologia, projeto, profissionalização e, de maneira menos efetiva a decolonialidade. O objetivo é identificar a liberdade a partir de seu conceito existencialista, no dia a dia docente, tanto sua efetivação na profissionalização quanto suas contribuições para o ensino de Geografia. A temática nos parece sensível à atualidade, sobretudo a respeito da reflexão sobre o isolamento social, a falta de fraternidade e as tentativas de controle dos sistemas de ensino nacional, que a todo tempo desqualifica o profissional educador. Assim, tomando o ensino como um meio de comunicação e um dos instrumentos de controle e manutenção do status-quo, e analisando os indivíduos que dele participam como seres-para-si, buscamos uma outra forma de diálogo e compreensão, pautada na ciência, mas também na arte e na subjetividade. Por isso, optamos por uma escrita que não a comumente utilizada na ciência geográfica. Para nós, pareceu que o debate acerca da questão da liberdade e sua relação com a geografia só poderia ser realizado a partir da liberdade da escrita, trazendo a esta tese aspectos da subjetividade humana manifestados em diferentes produções científicas e artísticas. Portanto, caro leitor, você será direcionado lentamente ao centro do debate sem apressamento, trilhando um caminho que fora pensado para oportunizar a reflexão e a subjetividade a partir da filosofia, da pedagogia e da ciência geográfica. Tendo em vista nosso objetivo, realizamos coletas de dados em diferentes formatos: entrevistas em grupo e individualizadas; encontros propositais ou acidentais e observação silenciosa do ambiente escolar, para apreender como professores de Geografia entendem a liberdade e a aplicam em suas aulas. Também lancei mão da minha experiência enquanto professora da rede pública de ensino em escola bilíngue Português/Libras, tendo em vista que nesta narrativa de fenômeno, a vivência de professora se confunde com a de pesquisadora e tal fusão faz parte do método de pesquisa utilizado, a fenomenologia. E o que podemos concluir? Que apesar de não haver total concordância entre a essência de liberdade atribuída por profissionais da educação entrevistados com o conceito sartreano, ainda assim há diversas confluências e que, ao final, a liberdade se efetiva a cada movimento docente em busca de uma revolução em pequena escala, aquela que ocorre ordinariamente em sala de aula, na busca constante por fazer em cinquenta minutos um momento de aprendizado autônomo, crítico e transcendente. Foi também em minhas vivências como educadora que encontrei a tal liberdade que procurava, percebendo que sou efetivamente livre em minha prática docente e, para além disso, havia algo nesta tese e na minha atuação que me guiam a novos caminhos, agora decoloniais. Também me parece caro ressaltar as problemáticas da efetivação da liberdade por subterfúgios e fissuras do sistema e não como um processo regido por uma política pública, gerando grande perda nos sentidos de formação dos indivíduos. Por esse motivo, não propomos soluções, generalizações e modelos, tal qual nos sugeriu a ciência produzida pelos nossos colonizadores, mas um caminho de diálogo e construção coletiva, em busca de um ensino de geografia libertador, autônomo, criativo, emancipatório e decolonial.
Migração e trabalho dos haitianos no Paraná (2010-2022)
Lineker Alan Gabriel Nunes, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 06/03/2023
A migração haitiana para o Brasil, de natureza transnacional, advém de variados fatores explicativos oriundos da herança colonial francesa e, mais tarde, da vinculação político-econômica com os Estados Unidos, que situaram o Haiti historicamente como um país de emigração. Ademais, o enrijecimento da política migratória nos Estados Unidos e na Europa, o momento econômico vivido pelo Brasil nos anos 2010 e a atuação do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) aproximaram os dois países, fazendo com que o terremoto de 2010 se tornasse um divisor de águas que acelerou as relações já existentes entre as duas nações. No Paraná, o fluxo de haitianos se constitui o maior movimento migratório ocorrido em décadas. A difusão da população do país caribenho se deu por várias regiões do estado, adquirindo grande amplitude e tendo como elemento comum a busca por trabalho e melhores condições de vida. Nesse contexto, esta tese objetivou investigar a dinâmica da inserção do migrante haitiano no mercado de trabalho no Paraná e sua relação com as políticas públicas e demais esferas voltadas à inclusão territorial do migrante. Para tanto, a metodologia abrangeu a esfera teórica bibliográfica, passando pelo universo quantitativo até chegar à empiria, por meio da realização de entrevistas. Dividiu-se a pesquisa em dois grandes campos: o da migração e do trabalho, visando a abordar a questão da inserção laboral dos migrantes haitianos no Paraná e consequentemente das implicações disso, como as condições de trabalho, de moradia e de acesso à educação, haja vista que o trabalho é elemento central que permeia as demais condições para a migração. A partir da pesquisa de campo e das informações quantitativas reunidas, dividiu-se o Paraná em três territórios do trabalho: Oeste e Sudoeste (polarizado por Cascavel, Toledo e Pato Branco), Norte (Polarizado por Maringá, Londrina, Cambé e Rolândia) e Leste (Polarizado por Curitiba). Trabalho, racismo, xenofobia, dificuldades para afirmação no território e desafios quanto ao trabalho de mulheres haitianas, atuação de entidades que atuam com os migrantes e conquistas dos haitianos no Paraná estão entre as questões abordadas na pesquisa.
Espaços abandonados – Londrina
Raíssa Galvão Bessa, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 01/03/2023
Toda edificação traz consigo uma história. Muitas vezes são destacados os traços arquitetônicos que revelam uma estética e/ou época, mas há mais para além disso: os espaços são memórias de pessoas, famílias, comércio local, comunidades e até mesmo representam políticas públicas, seja da esfera municipal, estadual ou federal. Os espaços abandonados foram cemitérios vivos da história por anos, frequentemente indo ao chão para o moderno acontecer. Diante dessa realidade é que se propõe a presente pesquisa. Ver a cidade e seus espaços abandonados a fim de compreendê-los tendo como objetivo valorizar a memória e a história local. Utilizou-se o método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre, no qual foi realizada a coleta dos documentos locais partindo do presente para perceber o passado e assim permitir olhar o futuro numa visão descolonizadora do município. Culminando no método Brecht de Fredric Jameson, que visa entrelaçar a arte e a ciência de forma crítica, política e de pesquisa-ação. Além dos métodos citados, usou-se o referencial teórico de autores como: Jan Gehl e Jane Jacobs que defendem um urbano humanista, François Ascher e Henri Lefebvre que abordam o espaço como produção de uma cidade capitalista, e outros que dialogam com o espaço urbano, sua memória e história. Assim adentrou-se em um universo para além da academia, escrevendo um projeto na lei de cultura municipal, aprovando-o, resultando em um curta-metragem, URBEX espaços abandonados Londrina, que foi exibido durante três dias de forma online, alcançando mais de 1.200 visualizações e posteriormente exibido no 24º Festival Kinoarte de Cinema, de modo presencial. Foram realizadas treze entrevistas, sendo três diálogos abertos com pessoas que se destacaram nas temáticas: sonora, cultural e de transformação de um espaço abandonado local; e dez organizadas em dois grupos focais de indivíduos: os que viram ao curta-metragem e os do entorno dos espaços abandonados. Verificou-se que as pessoas que assistiram ao material em audiovisual possuíam uma análise prévia, uma visão crítica e sensível ao assunto, relacionando memórias pessoais com os espaços da cidade; já as do entorno tinham uma abordagem prática e capitalista sobre o abandono urbano. Percebeu-se que o objetivo foi alcançado quando houve um trabalho de sensibilização por meio da arte. Uma das formas dos espaços abandonados significarem para história local é existir pesquisa-ação gerando consciência e possibilitando um movimento popular de resistência da memória coletiva.
Eficiência de imagens obtidas por aeronaves remotamente pilotadas na quantificação de terraços agrícolas e uso da terra
Pedro Guglielmi Junior, Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Data da defesa: 28/02/2023
A demanda por dados confiáveis obtidos de forma rápida com baixo custo têm despertado o interesse pelo uso de Aeronaves Remotamente Pilotadas – ARP. A rápida evolução tecnológica das aeronaves e seus sensores têm propiciado ganhos expressivos de tempo e economia na obtenção de dados cada vez mais precisos. Concomitantemente, a quantificação da produção e a qualificação do uso do solo têm levado a uma melhor gestão na exploração do solo e do espaço rural em consonância com as demandas de conservação do meio ambiente. Este trabalho, utilizando imagens provenientes de levantamento com ARP, visou validar o uso de técnica de mapeamento e amostragem de segmentos uniformes buscando a quantificação e qualificação do terraceamento agrícola no município de Bela Vista do Paraíso no Estado do Paraná. Também buscou mensurar erros e desvios de classificação do uso do solo utilizando imagens de satélite dos principais sensores com oferta gratuita de imagens. Foram realizados 60 voos em 30 segmentos amostrais de 1x1 km, onde foram coletadas 13.740 imagens para realizar o mapeamento dos 3.000 ha do município. No total, foram mapeados 1.087 terraços que somaram 323.356 metros de extensão. Através de aplicação de técnicas de geoprocessamento, os resultados apontaram que apenas 4,7% dos terraços apresentaram uma distância vertical dentro da recomendação, enquanto que 52,6% apresentaram um espaçamento maior que o dobro da recomendação. Na aferição da classificação do uso do solo pelas imagens de satélite, em que foi considerado o mapeamento em imagem de ARP como testemunha, os resultados apontam que o sensor WFI do satélite CBERS-4, seguido pelo do sensor OLI do satélite Landsat-8 tiveram resultados mais aproximados ao mapeamento manual feito nas imagens de RPA. Sensores de maior resolução espacial tiveram um pior desempenho em comparação WFI e OLI no mapeamento de talhões uniformes de cultivo, enquanto que no mapeamento de talhões mais desuniformes os sensores com melhor resolução espacial:Pan-5, PAN-10 do satélite CBERS-4 e MSI do Sentinel-2 apresentaram um maior acerto na classificação. O ARP, unindo imagens em alta resolução e mapeamento manual obteve bons resultados, proporcionando uma precisão muito além do esperado. Aliado a técnicas de amostragem, o método empregado pode tornar-se uma opção econômica no sensoriamento de recortes espaciais extensos.
Considerações sobre a bioconstrução no Brasil e sua viabilidade ambiental para a região metropolitana de Londrina – Paraná
Rodrigo Lourenço Aristides, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 28/02/2023
O presente trabalho visou oferecer um panorama nacional sobre o conhecimento e abrangência da bioconstrução a partir do estudo bibliográfico sobre o tema e também, através da coleta de dados práticos apontar a viabilidade ambiental e econômica deste modelo de construção não convencional. A pesquisa se justifica pelo déficit habitacional existente no Brasil, pela problemática ambiental com relação aos resíduos sólidos gerados pela construção civil convencional, bem como, como alternativa para políticas públicas de habitação, dado o caráter urbano precário, no que diz respeito a infraestrutura básica e atendimento a padrões mínimos de habitabilidade. Os resultados apontam para o viés de viabilidade ambiental, econômica e social acompanhada de alta demanda por modos alternativos de construção o que por sua vez é agravada pela insuficiência de profissionais e estudiosos sobre o tema indicando a urgente necessidade de estudos sobre a bioconstrução e consequentemente torna-la mais acessível.