Avaliação da fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do Ribeirão Vermelho (PR) e identificação de conflito de uso do solo em áreas de preservação permanente

Dissertação de mestrado

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Resumo

A demanda crescente pelos recursos naturais imposta pelo modo de produção capitalista exige constante busca por meios de preservação da natureza e recuperação de áreas degradas, esforço que reúne governos, sociedade civil e setor privado em constantes embates. Como sistema, ações empreendidas em determinada localidade, repercutem em nível global e impactam a todos. No sentido de contribuir com o reconhecimento do quadro ambiental da bacia hidrográfica do Ribeirão Vermelho - BHRV, objetivou-se avaliar o grau de fragilidade ambiental desta e analisar como mudanças de uso e ocupação dos solos impactaram as Áreas de Preservação Permanente – APP em rios e nascentes. Para tanto, empregou-se a metodologia proposta por Ross (1994) para gerar o mapa de Fragilidade Potencial, o qual considerou características do meio físico-natural (solos e declividade) e de Fragilidade Emergente, este evidenciando a susceptibilidade natural da área associada as formas de uso praticadas pela sociedade, com isso, identificou-se que 68,8% da bacia tem médio grau de fragilidade. Considerando a importância da vegetação ripária aos corpos d’água, identificaram-se áreas de conflito de uso do solo em APP de rios e nascentes perenes, no qual, por meio da sobreposição dos mapas de uso do solo do MapBiomas pelos buffers correspondentes as APP, obteve-se a situação da cobertura vegetal destas, identificando-se áreas chamadas de regulares e em conflito de uso, ou seja, sem vegetação, cuja evolução foi avaliada ao longo de quatro décadas (1990, 2000, 2010 e 2020). Destaca-se o aumento progressivo da área ocupada pela soja na BHRV em 366%, para o período analisado. As áreas em conflito de uso nas APP apresentaram um quadro evolutivo positivo, houve um ganho de 71,5% em área regular. Em 1990 81,6% das APP estavam irregulares, ou seja, eram desprovidas de vegetação, enquanto em 2020 estas áreas correspondiam a 68,6%, um número ainda preocupante, mas um cenário que se transformou positivamente. Contribuíram para essa transformação a organização da sociedade civil, pesquisadores, cientistas que, bem articulados, promovem discussões em âmbito governamental, de abrangência nacional e global, via políticas públicas, encontros e movimentos de sensibilização da população em geral quanto a urgência em repensar o modo como temos estabelecido nossas relações com a natureza.