AÇÕES DOCENTES RELACIONADAS ÀS PRÁTICAS CIENTÍFICAS EM AULAS DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO
Paulo dos Santos Nora, Profa. Dra. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 29/08/2023
Neste estudo são apresentados resultados de uma investigação em que se buscou caracterizar as Práticas Científicas por meio da descrição das ações docentes observadas na execução de aulas de Química ministradas por licenciandos em situação remota. Os dados foram coletados em uma disicplina ministrada para estudantes do segundo ano do curso de licenciatura em Química, voltada à elaboração e desenvolvimento de oficinas temáticas para alunos da Educação Básica. A disciplina foi ministrada no formato remoto por conta da pandemia do Coronavírus. Parte da disciplina foi realizada de forma síncrona e parte de forma assíncrona, mediante o estudo e discussão de textos que fundamentaram o planejamento e a execução de oficinas temáticas. A questão norteadora da investigação foi: Quais ações docentes são evidenciadas em aulas de Química ministradas por licenciandos no Ensino Médio e quais delas estão relacionadas com as PC? Para tal, foram selecionados como corpus da investigação os vídeos das regências realizadas por dois grupos de licenciandos. Mediante as análises das ações e microações observadas nas aulas, evidenciamos 22 ações docentes nas aulas do grupo 01 e 20 ações docentes nas aulas do grupo 02. Desse conjunto de ações, 11 delas apresentaram microações relacionadas às Práticas Científicas, a saber: A PC1 – Fazer perguntas, pode ser caracterizada pela ação perguntar; a PC2 – Desenvolver e usar modelos, pelas ações apresentar, comentar, demonstrar, descrever e explicar; a PC3 – Planejar e realizar investigações, pelas ações comentar, demonstrar, descrever e explicar; a PC4 – Analisar e interpretar dados, pelas ações analisar, identificar e interpretar; a PC5 – Utilizar matemática e o pensamento computacional, pelas ações calcular, comentar, escrever e explicar; a PC6 – Construir explicações, a PC7 – Argumentar a partir de evidências e a PC8 – Obter, avaliar e comunicar a informação, pela ação explicar com diferentes microações. A análise das regências evidenciou que uma mesma prática científica pode estar relacionada a mais de uma ação, o que é especificado pela microação. As estratégias de ensino e os recursos adotados pelo licenciando podem favorecer um maior ou menor número de ações e, consequentemente, sua relação com as PC. Os dados reforçam ainda que, na prática docente, pode-se evidenciar outras ações além daquelas relacionadas às Práticas Científicas, caracterizadas em situações na qual o docente estabelece relações pessoais ou sociais com os alunos ou com o conteúdo proposto, por meio da gestão de conteúdo ou da classe.
Dimensões da Aprendizagem Científica manifestadas por licenciandos em Química em atividades experimentais.
Keila Padilha de Oliveira Camargo Lima, Profa. Dra. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 23/03/2023
A experimentação nas aulas de Ciências é uma estratégia que pode auxiliar na aprendizagem dos conceitos, conduzindo os estudantes a construir uma relação mais estreita entre a teoria e a prática, bem como suas concepções a respeito da Ciência. Nos últimos anos observa-se uma tendência que sinaliza formas de ensinar e aprender Ciências, por meio da participação ativa dos estudantes e no desenvolvimento de um conjunto de dimensões que visam contribuir com a aprendizagem científica. Tais dimensões, denominadas como Práticas Científicas, Conceitos Transversais e Ideias Centrais Disciplinares, ao serem integradas nos currículos podem conduzir os estudantes a desenvolver habilidades para descrever, observar e explicar os fenômenos ocorridos à sua volta. Neste contexto, a pesquisa buscou responder à seguinte questão: Quais Dimensões da Aprendizagem Científica são manifestadas por licenciandos ao participarem de atividades experimentais em aulas remotas de Química? Para tal propósito foram recolhidas e analisadas as respostas dos licenciandos às questões pré e pós-experimento, de quatro atividades experimentais dos temas Plantação de feijão, Plásticos, Combustão e Mar morto. Os dados foram organizados e analisados com base nos pressupostos da análise de conteúdo. Mediante as análises, foram identificadas seis Práticas Científicas relacionadas ao fazer Ciência, sete Conceitos Transversais, que atravessam fronteiras disciplinares, que vão desde a identificação de padrões ao reconhecimento das causas e efeitos dos fenômenos em estudo e dois grupos de Ideias Centrais Disciplinares, relacionados à conceitos científicos diversos. Dessa forma, ao se empenhar nas atividades experimentais propostas, os estudantes puderam se envolver com diferentes Dimensões da Aprendizagem Científica. Portanto, acreditamos que participar de atividades de ensino que relacionam as três dimensões oportunizam aos estudantes construírem uma compreensão mais ampla e sólida das ideias das Ciências. Ressaltamos que o professor pode explorar cada uma das dimensões em momentos oportunos e/ou integrá-las sempre que possível. Vale ressaltar que tal integração não ocorre em apenas uma aula, ou uma única atividade.
Programa Residência Pedagógica: um estudo sobre a formação docente de química
Luara Wesley Candeu Ramos, Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 30/10/2021
Os programas de incentivo à formação docente, como o Programa Residência Pedagógica (PRP), foram pensados com o propósito de reduzir a distância entre a formação inicial e a prática em sala de aula, a partir da articulação entre o Ensino Superior e a Educação Básica. Nesse contexto, esta pesquisa visa investigar, a partir dos depoimentos dos residentes, preceptores e docentes orientadores, se os objetivos propostos no PRP foram observados em seu desenvolvimento durante a vigência do primeiro edital (2018-2020). Os dados foram coletados por meio de uma entrevista semiestruturada realizada com os sujeitos nos últimos meses de vigência do edital. Após o processo de análise e interpretação dos depoimentos, fundamentado nos pressupostos da Análise de Conteúdo, foram construídas categorias de análise baseadas nos referenciais teóricos pertinentes à pesquisa e nos objetivos do PRP. Ao analisar as falas dos participantes da pesquisa e interpretá-las, classificando-as de acordo com nossa interpretação dos objetivos do programa, evidenciou-se que os residentes revelam pontos convergentes entre os objetivos e as atividades desenvolvidas. Além disso, inferimos que a tríade formativa, que envolve o residente, o docente orientador e o preceptor, não foi efetivada de maneira significativa, uma vez que os preceptores apresentaram certa resistência ao assumirem a responsabilidade conjunta na formação dos residentes. No que diz respeito à preceptora, ela reconhece que o PRP colabora para a formação dos residentes e reforça que o programa também acrescentou na sua formação continuada. Porém, aponta-se a falta de acompanhamento em reuniões, dificultando que a formação continuada fornecida pelo PRP seja efetivada. Além disso, é importante que os preceptores entendam o seu papel de coformadores nesse processo. Ademais, a interação entre a IES e a escola é de fundamental importância para o compartilhamento das responsabilidades formativas durante o PRP. Nas falas da docente orientadora identificamos seu papel em estabelecer a relação entre teoria e prática. Inferimos também que os sujeitos da pesquisa, principalmente os residentes, relatam desconhecer os documentos que norteiam os processos de ensino e de aprendizagem na Educação Básica, incluindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Durante as falas, a docente orientadora relatou desconhecer como será a execução da implantação da BNCC, ilustrando a incompreensão dos residentes e da preceptora, pois nessa perspectiva o projeto não contemplou as orientações do documento. Desse modo, reforça se a relevância de que os objetivos das ações propostas ao longo do desenvolvimento do programa sejam discutidos de maneira coletiva, a fim de efetivar as melhorias almejadas por meio do desenvolvimento do PRP.
A aprendizagem para a pesquisa em um grupo PIBID/Química
Jeferson Ferreti Ribas, Profª. Drª. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 20/02/2018
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) propõe o aprimoramento da formação docente em nível superior e a valorização do magistério para a elevação do padrão da qualidade da Educação Básica pública. Desde o ano de 2010, o curso de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL) participa das ações formativas do PIBID e, ao longo destes anos, muitas pesquisas relacionadas à docência foram desenvolvidas. Acreditamos que a integração da docência e da pesquisa pode favorecer o aumento da qualidade dos processos de ensino e de aprendizagem em diversos âmbitos da educação. Nesse sentido, a presente pesquisa, de natureza qualitativa, tem o objetivo de identificar e analisar de que forma ocorre o aprendizado para a pesquisa no contexto do grupo PIBID do curso de Licenciatura em Química da UEL (PIBID/Química/UEL) e caracterizar este aprendizado. Para tanto, analisamos os registros das falas dos membros do grupo PIBID/Química/UEL presentes em um acervo de 31 Memórias – metodologia de coleta de dados – produzidas durante as reuniões do grupo nos anos de 2014 e 2015. Para análise e interpretação dos registros das falas nos pautamos nos procedimentos metodológicos da Análise Textual Discursiva e caracterizamos a aprendizagem para a pesquisa neste grupo por meio dos Focos da Aprendizagem para a Pesquisa (FAP). Os FAP constituem-se de 6 categorias que apontam evidências necessárias à formação de um pesquisador: Foco 1 – Interesse (envolvimento com a pesquisa); Foco 2 – Conhecimento (aprendizado dos principais referenciais teóricos da área); Foco 3 – Metodologia (aprendizado dos métodos e técnicas de coleta e organização dos dados); Foco 4 – Criatividade (articulação dos referenciais teóricos e dados); Foco 5 – Comunidade (participação em comunidade de pesquisa); e, Foco 6 – Identidade (visão de si mesmo como pesquisador). Mediante a análise realizada, percebemos que a aprendizagem para a pesquisa no grupo PIBID/Química/UEL se deu principalmente por meio da aprendizagem de referenciais teóricos das áreas de Educação e Ensino de Química/Ciências e na interação dos membros do grupo em comunidades de pesquisa, com destaque para elaboração e disseminação de trabalhos científicos em congressos e periódicos das áreas de Educação e Ensino de Química/Ciências, o que correspondem aos Focos 2 e 5, respectivamente. Em nossa investigação, destacamos a contribuição dos professores universitários proporcionando aos membros do grupo o contato com a pesquisa, despertando o interesse, apresentando e discutindo referenciais teóricos e metodológicos das áreas de Educação e Ensino de Química/Ciências, auxiliando na tomada de decisões frente a diversos questionamentos que têm relação com a pesquisa e na expressiva participação em diferentes atividades a ela relacionadas.
Contribuições do PIBID para a construção da identidade docente do professor de Química
Cássia Emi Obara, Profª. Drª. Fabiele Cristiane Dias Broietti
Data da defesa: 28/06/2016
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) passou a desempenhar um papel incentivador para a formação de professores, pois, além de contribuir com a integração universidade-escola, promove o contato dos licenciandos com a prática docente e a valorização do magistério. Entretanto, há poucos relatos que demonstram sua contribuição a partir da perspectiva de um professor que participou do programa. Para compor os dados desta pesquisa foram realizadas entrevistas semiestruturadas com ex-bolsistas do PIBID, egressos do curso de Química e atuantes na carreira docente, com o objetivo de investigar a contribuição do programa para a construção da identidade docente. Fez-se uso dos Focos da Aprendizagem Docente (FAD), um instrumento de análise que apresenta propostas categóricas com a finalidade de identificar evidências de: Interesse pela Docência (Foco 1); Conhecimento Prático da Docência (Foco 2); Reflexão sobre a Docência (Foco 3); Comunidade Docente (Foco 4); Identidade Docente (Foco 5). As unidades de significado acomodadas no Foco 5 foram novamente analisadas, utilizando as relações com o saber nas dimensões epistêmicas, pessoais e sociais, encontradas na terceira coluna da Matriz 3x3, um instrumento metodológico desenvolvido no grupo de estudos EDUCIM. Nela, estão envolvidas a gestão dos saberes e conteúdos, com o objetivo de aprofundar conhecimentos acerca da constituição da identidade docente. A pesquisa está ancorada nos pressupostos da abordagem qualitativa, sendo utilizada a Análise Textual Discursiva (ATD) como procedimento metodológico. Com as primeiras análises realizadas com os cinco sujeitos, identificou-se que aqueles que mais expressaram Reflexão sobre a Docência são os que possuem maior experiência na docência. Quatro sujeitos tiveram baixa manifestação em Conhecimento Prático, considerando o curto período da carreira após a participação no PIBID e, apesar disso, o Interesse pela Docência e a Identidade Docente estão presentes nas falas de todos os sujeitos, o que mostra estarem em processo de construção de sua identidade profissional. Em seguida, os dados foram submetidos a mais um processo analítico: foram selecionados os fragmentos categorizados no Foco 5, a Identidade Docente e acondicionados na terceira coluna da Matriz 3x3. Três sujeitos tiveram as maiores proporções das falas categorizadas na relação pessoal, enquanto os demais, ou seja, dois deles, na social. Estes mesmos obtiveram a menor proporção de depoimentos na Identidade Docente. Também foi possível destacar que as relações epistêmicas, embora em menores porcentagens nas falas dos envolvidos, formaram um arcabouço que os direcionou para o ser professor. Dessa forma, evidenciou-se que os sujeitos apresentaram suas primeiras impressões da carreira docente como profissionais relacionando a atuação no PIBID como um período de aprendizagem de estratégias didático-pedagógicas diferenciadas e de apreciação à docência. As condutas efetuadas pelo programa foram norteadoras à permanência desse grupo na profissão docente. O manejo destes dois instrumentos, os FAD e a terceira coluna da Matriz 3x3, trouxe aprofundamentos expressivos para esta investigação sobre a formação do professor.
A atividade experimental no ensino de Química: uma relação com o saber profissional do professor da escola média.
Wanda Naves Cocco Salvadego , Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 14/01/2008
Partindo do pressuposto de que as atividades experimentais em Química são importantes para o ensino desta disciplina, do ponto de vista dos autores pesquisados, dos professores entrevistados e da pesquisadora, busca-se compreender, essencialmente, as razões para “o uso ou não de atividade experimental”. Mesmo sendo considerada importante, essa prática de ensino é pouco usada, constatável pela ausência praticamente generalizada de atividades empíricas no ensino de Química nos colégios. Propomo-nos a refletir acerca do discurso do professor de Química do Ensino Médio, com referência às atividades experimentais, com respeito ao uso ou não destas atividades como mecanismo instrucional. Tomamos como referencial para essa discussão, a teoria da relação com o saber de Charlot, que nos permite desviar o enfoque de uma leitura negativa da falta ou da carência para uma leitura positiva da relação do professor com o seu saber profissional, ou seja, a relação com o Eu, com o Outro e com o Mundo que possibilita ou não o uso dessas atividades como prática de sala de aula.
Categorias para a seleção de experimentos de Química no Ensino Médio: um estudo comparativo das prioridades dos professores e licenciados em formação
Nelci Reis Sales de Araujo, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 22/02/2007
As atividades experimentais de laboratório são consideradas essenciais para a aprendizagem de Química. Nesta dissertação, esse tema da experimentação foi explorado para estabelecer a importância relativa das categorias da seleção de experimentos. A pesquisa é de natureza quantitativa, em que um estudo comparativo foi realizado com 58 professores de Química do Ensino Médio de Londrina - PR e de algumas cidades próximas e 32 licenciandos em formação da Universidade Estadual de Londrina. Esses participantes opinaram a respeito de 4 itens que foram elaborados para as categorias Motivacional, Funcional, Instrucional e Epistemológica, perfazendo um total de 16 componentes. Para descrever os pensamentos dos participantes a partir das categorias partiu-se do enunciado construtor do instrumento de pesquisa, dado pela questão chave “quando seleciono experimento de laboratório, penso...“, que já deixa claro, de imediato, que os enunciados seguintes contêm os itens que eles têm em mente. O respondente poderá indicar para cada item seu grau de concordância ou discordância, conforme seus motivos ou convicções de escolha da atividade experimental. Esse “construto” está baseado na escolha de um experimento que o professor tem em mente no momento de responder os demais itens do questionário, ou seja, as componentes das categorias. Nesse caso, o participante não antecipa qual é o experimento, mas somente o motivo da escolha, e ainda, é possível que os respondentes pensem em vários experimentos enquanto avaliam as assertivas. A partir da distribuição de freqüência dos participantes, nas respostas do questionário tipo Likert, foi possível estabelecer a importância relativa que se propôs na investigação, ou seja, apresentar as categorias mais importantes para os dois grupos. Os professores priorizam as categorias Instrucional, Motivacional e Funcional, as duas últimas com a mesma freqüência e, Epistemológica, enquanto os licenciandos dão maior importância às categorias Motivacional, Instrucional, Funcional e Epistemológica, respectivamente. Há um padrão comum para as categorias, porém observam-se discrepâncias nas intensidades de priorizações entre os dois grupos. Este estudo conduziu a pensar que, quando a experimentação for vista sob uma perspectiva das categorias da seleção de experimentos, o caminho que conduz ao laboratório será amplo e claro, bem como da imagem do seu ambiente, que permanecerá nas mentes dos estudantes. Se professores tomarem para si, a visão de que a ciência Química fornece a elucidação do conhecimento ‘vivo’, que a natureza explica por si só à luz do laboratório, seus estudantes também farão parte dele. Eles valorizarão tanto o experimento escolhido, como a proposta pedagógica, os conceitos científicos e, principalmente, seu professor.