VISIBILIDADE FEMININA NA CIÊNCIA: UMA ABORDAGEM EQUITATIVA EM GÊNERO PARA FORMAÇÃO DOCENTE EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Mariana Fontana, Profa. Dra. Irinéa de Lourdes Batista
Data da defesa: 15/09/2021
No contexto brasileiro, as questões de gênero estão em evidência em debates dentro e fora do ambiente educacional. Compreensões equivocadas acerca da temática podem impactar a sua inserção nos contextos escolares e de formação docente. Pesquisas apontam que reflexão em torno do tema é relevante para um desenvolvimento social mais equânime e que visibilize a Ciência realizada por mulheres. Ressaltamos a necessidade de inserir momentos de inserção de estudos de gênero ao Ensino, seja na formação inicial ou na formação em serviço de docentes. Tomamos como pressuposto que as questões de gênero precisam ser explicitadas e aprofundadas para que possam auxiliar professoras/es em sua prática, para que saberes componham o repertório de conhecimento de docentes e auxiliem na construção do desenvolvimento de uma prática de ensino de Ciências equitativa em gênero. Nosso objetivo foi investigar o processo de elaboração de uma abordagem de formação em serviço de docentes de Ciências Biológicas, acerca de uma Educação Científica equitativa em gênero, buscando promover a visibilidade de mulheres nas Ciências. Esperávamos que as/os docentes não apresentassem momentos de formação a respeito de gênero, visto a literatura da área indica uma falta ou pouca discussão da temática na formação docente inicial e em serviço. Como consequência, e com a pouca identificação de mulheres na Ciência, inferimos que as/os docentes reconhecessem apenas algumas cientistas que são destaque na Ciência, pelo fato de não ter formação a acerca de gênero. Com esse intuito, realizamos um estudo para a identificação de elementos teórico-metodológicos que pudessem compor uma estratégia didática potencialmente significativa para se abordar a temática de gênero e invisibilidade da mulher em Ciências Biológicas. Elaboramos, desse modo, uma unidade didática a partir dos elementos identificados pelo estudo teórico e aplicamos a abordagem didática construída a docentes de Ciências Biológicas para identificar evidências de que a abordagem produzida é potencialmente significativa. Buscamos alcançar resultados aplicáveis na realidade escolar (Educação Básica e Superior: formação docente e aprendizagem científica) e contribuir para o desenvolvimento investigações no âmbito do Programa de Ensino de Ciências e Educação Matemática/UEL. Por meio das respostas ao questionário inicial, nossas hipóteses corroboram com os dados empíricos, nos quais há poucos registros de discussões a respeito de gênero durante a formação docente. Após a abordagem as/os docentes deram indicios de desenvolvimento de saberes disciplinares, passaram a reconhecer mais mulheres cientistas na Ciência, mais temáticas envolvendo gênero e Ciência e se monstrando mais sensíveis a perspectiva após o momento de formação. Percebemos, após a intervenção pedagógica, houve indícios de desenvolvimento de saberes disciplinares que porão orientar e dar aporte para que o saber da práxis docente futuras, já que ocorreram discussões e transposição nos planos de aula, inferimos que noções adequadas auxiliaram nesse processo
Ensino de Biologia e Educação Ambiental: uma leitura peirceana das formas de relação dos animais humanos com os não humanos
Adriana Ribeiro Ferreira Rodrigues, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 24/06/2015
Esta pesquisa discute as formas de relação dos seres humanos com os animais não humanos a partir da perspectiva da semiótica peirceana, do ensino de Biologia, da educação científica e da Educação Ambiental. O problema se constituiu em questionar qual a gama de entendimentos dos alunos e alunas do Ensino Médio acerca das relações dos seres humanos com os animais como signos produtores de interpretantes no contexto de um ensino dos conteúdos sobre vertebrados com abordagem ambiental. E, ainda, se essa abordagem aumentou a complexidade da compreensão sobre as relações entre humanos e animais. O objetivo traçado referiu-se a conhecer e identificar os interpretantes dinâmicos emocional, energético e lógico acerca das relações dos seres humanos com os animais produzidos num processo de ensino de Biologia com abordagem ambiental em interface com os fundamentos das Ciências Normativas de Peirce – estética, ética e lógica. A metodologia qualitativa de pesquisa para a análise dos dados fundamentou-se em três eixos teórico-metodológicos: a teoria dos interpretantes de Peirce, as Ciências Normativas e a Educação Ambiental. A análise dos dados construídos a partir de narrativas, entrevistas e produção de curtas-metragens dos alunos permitiu identificar os interpretantes e discuti-los em articulação com as Ciências Normativas e a Educação Ambiental. Constatamos que o processo de ensino e aprendizagem proposto, que relacionou a Biologia com a abordagem ambiental, promoveu a atualização dos signos, desencadeando novas semioses como cognição e ainda alterou os ideais de conduta dos referidos alunos e alunas. Tais achados abrem a possibilidade de pensar em uma Educação Ambiental que forme não apenas novas formas de sentir e pensar, mas também de agir.
Eixos estruturantes da linguagem e as paráfrases para a apropriação de conceitos de matéria e energia nos ecossistemas
Lucas Roberto Perucci, Prof. Dr. Carlos Eduardo Laburú
Data da defesa: 22/04/2015
O trabalho apresenta uma estratégia de ensino de Biologia que se utiliza das relações linguísticas associativas e da paráfrase, para promover apropriações dos conceitos de energia e matéria dos ecossistemas. As relações associativas (paradigmáticas) derivam da semiologia de Saussure. A paráfrase é defendida como uma forma de apropriação do discurso pelo sujeito, uma autonomia para modificar o registro original de um modo singular, desde que guarde correspondência com o inicial. O trabalho se sustém dentro do programa de pesquisa do multimodos de representação, extraindo elementos da teoria da semiologia e utilizando na aprendizagem científica, com foco no registro escrito da língua. Uma Unidade Didática foi construída e aplicada com estudantes do terceiro ano do ensino médio na disciplina de Biologia, com os conteúdos de matéria e energia nos ecossistemas, durante três aulas e seis atividades produzidas por cada um dos cinco avaliados. Os resultados indicam que a estratégia de ensino pode evidenciar o repertório do estudante em conceitos-chave em ciências, ao utilizar as associações termo a termo em conjunto com a reelaboração dos conteúdos pela paráfrase. A atividade orientada pode favorecer apropriações de enunciados-chave dentro da aprendizagem científica e definir critérios para que os docentes evitar respostas estereotipadas.
História da Ciência no ensino de Biologia: virtudes e dificuldades da contextualização histórica do episódio da dupla hélice do DNA
Etiane Ortiz, Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva
Data da defesa: 04/02/2015
Neste estudo, investigamos as virtudes e dificuldades encontradas no processo de contextualização de episódios históricos da História da Ciência no ensino de Biologia. Para isso, buscamos por respostas a respeito das percepções de acadêmicos de um curso de Ciências Biológicas de uma universidade do norte do Paraná referente à contextualização histórica do episódio da descoberta da dupla hélice do DNA. Apresentamos uma proposta de ensino que visou trabalhar a contextualização do episódio da descoberta da dupla hélice do DNA, dando ênfase às controvérsias existentes na história a respeito da participação da cientista Rosalind Franklin na descoberta do modelo, segundo uma abordagem tradicional e alternativa em História da Ciência. A pesquisa realizada caracteriza-se como qualitativa de cunho interpretativo, cujos dados foram coletados por meio da aplicação de questionários abertos, e os registros foram analisados de acordo com os procedimentos da análise de conteúdo. Os resultados encontrados nessa investigação apontam para alguns aspectos positivos quanto à utilização da temática História da Ciência nas aulas de Biologia, visto que, a partir da análise categorial dos dados, foi possível observar que os estudantes, apesar dos percalços encontrados pelo caminho, conseguiram compreender o controverso episódio histórico da construção do modelo do DNA ao final da intervenção didática e souberam, de modo geral, como diferenciar os dois tipos de abordagem em História da Ciência que foram utilizados para tratar o episódio. Dessa forma, o uso de uma abordagem em História da Ciência se mostrou eficaz na contextualização do episódio histórico apresentado neste estudo evidenciando que os acadêmicos puderam alcançar um nível de reflexão maior acerca das discussões propostas, conseguindo (a maioria deles) se desvencilhar das armadilhas históricas que foram apresentadas, além de assinalar evidências de que essa temática pode facilitar a educação científica, como apontado por outros estudos. Contudo, essa pesquisa também evidenciou que o uso desse tipo de abordagem não é tarefa fácil, visto que dificuldades foram encontradas ao longo da investigação, como a limitação do tempo didático, a falta de leitura e de pré-requisitos conceituais básicos dos acadêmicos acerca da Ciência, além de algumas visões distorcidas apresentadas por esses estudantes a respeito do episódio histórico que foi apresentado.
Interações discursivas nas aulas de Biologia do Ensino Médio: a elaboração dos conceitos de Fototropismo e Gravitropismo
LALIN, Alessandra Maziero, Prof. Dr. Álvaro Lorencini Júnior
Data da defesa: 05/05/2010
O presente estudo se propôs a analisar as interações discursivas em aulas de Biologia, no intuito de avaliar como as interações podem contribuir para a elaboração social do conhecimento científico. Como embasamento teórico, recorreuse à abordagem sócio- interacionista de Vygotsky e o conceito de Aprendizagem Significativa de Ausubel, almejando responder às seguintes questões: 1) Como o professor pode conduzir as interações discursivas durante a aula, para facilitar a aprendizagem dos alunos?; 2) De que modo as intervenções dos alunos no discurso construído em aula, contribuem para o processo de construção do conhecimento?; 3) É possível elaborar uma sequência didática, com base nas interações discursivas, que, suprimindo o discurso de autoridade do professor, faça prevalecer a construção compartilhada de um conceito científico em uma sala de aula de Biologia? Para responder a essas questões, realizaram-se análises das interações discursivas das aulas sobre Movimentos Vegetais, mais especificamente sobre o fototropismo e o gravitropismo, ocorridas em uma turma de 3º ano do Ensino Médio, em um colégio da rede particular do Município de Apucarana, PR. Durante as aulas foi realizada uma experiência com feijão (Phaseolus vulgaris L.), para demonstrar os fenômenos fisiológicos e aproximar o conteúdo à percepção prática dos alunos. Dentre os resultados encontrados, destacam-se o interesse dos alunos em trabalhar diretamente com as plantas; a presença inicial das concepções alternativas embasando as respostas dos alunos que atribuíam o movimento a uma questão intencional do vegetal; a elaboração do conceito científico de fototropismo e de gravitropismo de forma compartilhada entre os alunos e a prática do professor que buscou diminuir a utilização do discurso de autoridade para promover a elaboração do conhecimento, pelos alunos, de forma mais significativa para a aprendizagem
As Dificuldades da Contextualização pela História da Ciência no Ensino de Biologia: o episódio da dupla-hélice do DNA
Vânia Darlene Rampazzo Bachega Oliveira, Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva
Data da defesa: 11/08/2009
O presente trabalho pretende discutir a contextualização dos conteúdos por meio da utilização da História e Filosofia da Ciência com alunos em formação inicial do terceiro ano do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. O objetivo do trabalho é apontar se existem ou não dificuldades para se contextualizar os conteúdos, utilizando-se da História e Filosofia da Ciência como uma alternativa metodológica para contemplar esta contextualização. Contextualização esta, proposta por Machado (2005), no sentido que contextualizar o conhecimento no próprio processo de sua produção é criar condições para que o aluno experimente a curiosidade e o encantamento da descoberta e a satisfação de construir seu conhecimento com autonomia. Para o desenvolvimento desta proposta optou-se pelo controverso episódio histórico da construção da molécula da dupla-hélice do DNA. Os resultados apresentados apontam que a História e Filosofia da Ciência pode ser usada de forma a promover a contextualização dos conteúdos. Porém os resultados apontam também que existem importantes cuidados a serem tomados quando desta utilização, em função das dificuldades encontradas nesta abordagem.