Teses e Dissertações
A espacialidade da criança: sobre a experiência perceptiva como abertura ao mundo da vida
Lygia de Oliveira Ribeiro, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 01/12/2023
A escola é um lugar onde podemos desfrutar de interações com as crianças que podem nos proporcionar elementos imprescindíveis para mapear as geografias da criança. O objetivo geral da pesquisa é analisar as espacialidades experienciadas pelas crianças nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental através das suas percepções, buscando compreender as suas relações sobre o morar. Dessa forma, busca-se compreender a forma como elas interpretam o mundo vivido. As crianças se relacionam com o espaço diferentemente dos adultos e, muitas vezes, estes tentam interpretar a espacialidade infantil com uma perspectiva adulta. Portanto, é importante encontrar formas de compreender as relações das crianças de maneira genuinamente infantil. A abordagem adotada nesta pesquisa é qualitativa e baseada na fenomenologia, considerando o mundo da vida de cada criança e sua relação com o espaço. A pesquisa começou com a compreensão do fenômeno por meio de rodas de conversa com crianças de ensino fundamental anos iniciais de uma escola municipal em Santo Antônio da Platina, Paraná. Nessas conversas, discutimos sobre suas casas e suas vivências. Além disso, realizamos oficinas de desenho para entender como as crianças se relacionam com o mundo ao seu redor. Para as crianças, o ato de desenhar vai além de uma simples representação da realidade concreta; cada ilustração revela diferentes perspectivas e vivências. As narrativas infantis e os desenhos se mostraram uma contribuição valiosa para entender como as crianças percebem o mundo com base em suas experiências sensoriais. Em conclusão, colocamos em relevo a geografia da criança como uma maneira de explorar as geografias vividas nas séries iniciais, partindo do entendimento das interpretações infantis em seu mundo da vida.
Terras roxas & pés vermelhos: experiências telúricas e o sentido dos lugares e das paisagens do norte do Paraná
José Rafael Vilela da Silva, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 03/10/2023
Compreender e resgatar as experiências telúricas é essencial para desvelar múltiplos sentidos atribuídos aos lugares e às paisagens. Isso pode ser alcançado por meio do cotidiano, das memórias e do imaginário popular, que atuam como catalisadores de vínculos afetivos entre os indivíduos e a Terra. Essa abordagem revela identidades e geograficidades resultantes da íntima relação Homem-Terra, para além dos aspectos morfológicos visíveis. A problemática central desta pesquisa se concentra na seguinte questão: Como se apresentam as expressões “terra roxa” e “pé vermelho” considerando os valores culturais, o pertencimento e a ligação dos sujeitos a esta Terra, popularmente conhecida como terra roxa, no contexto histórico-geográfico do Norte do Paraná? Em outras regiões de solo avermelhado tal expressão faz algum sentido? O objetivo central é compreender o fenômeno de formação das expressões “terra roxa” e “pé vermelho” a partir da experiência geográfica entre os indivíduos e os solos e a Terra nessa região. A metodologia baseia-se na revisão bibliográfica voltada para a abordagem geográfica humanista com uma perspectiva fenomenológica, no levantamento e coleta de dados em diversas fontes de pesquisa, práticas de campo exploratórias com o uso de caderneta de campo para registros de observações, croquis, diálogos e conversas, mapeamento de narrativas geográficas coletadas em mídias sociais, além de um exercício fotográfico. Os resultados revelaram que as expressões “terra roxa” e “pé vermelho” apresentam-se como expressões de identidade e pertencimento que emergiram das múltiplas experiências vividas e, até os dias atuais, se revestem de um sentimento de pertencimento e ligação com a Terra. A partir de nossas escavações consideramos ter aflorado à superfície novas compreensões destas relações entre as e pessoas e a Terra, e sobre as expressões foco da pesquisa, as quais compreendemos enquanto fragmentos e peças de um complexo "quebra-cabeças geográfico”.
Conjuntos urbanos como proposta metodológica para preservação do patrimônio cultural em Londrina-PR
Guilherme Augusto de Souza, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 29/09/2023
Com essa pesquisa objetivou-se identificar e avaliar como tem sido realizada a preservação do patrimônio histórico em Londrina. Especificamente buscou-se: refletir sobre os eventos/ modificações que possam ter afetado a ambientalidade de contextos históricos; propor uma metodologia baseada no conceito de conjuntos urbanos para delimitação de área e aplicação de diretrizes específicas. A proposta metodológica discutida nesta pesquisa encontra-se voltada para gestão do patrimônio histórico e cultural em Londrina, tendo recorte espacial três porções da cidade de Londrina, no caso: o Heimtal, a Vila Casoni e a Avenida Duque de Caxias. Com abordagem qualitativa, utilizou-se do método de pesquisa descritivo e exploratório, com procedimentos operacionais de levantamento junto a fontes de informações primárias e secundárias. Como resultado, destaca-se a existência de bens tombados e do inventário documental (fichas inventariais) Urbano-Paisagístico e arquitetônico para garantir a preservação do patrimônio histórico cultural de Londrina. Conclui-se que a fichas inventariais sinalizam uma possibilidade para o tombamento, sobretudo, para evitar a descaracterização ou demolição, evidenciando que a ideia da preservação cultural não está atrelada ao atraso do desenvolvimento da cidade e sim como uma potencialidade para revitalizar áreas dotadas de infraestruturas e talvez com mais incentivos, tornar as questões correlacionadas ao patrimônio cultural um atrativo turístico. E que nesse contexto, inserir a ideia de conjuntos urbanos na política pública patrimonial pode-se somar no processo de preservação do patrimônio histórico e cultural além do entendimento de sítio histórico urbano do município de Londrina/PR.
Relação entre a mineralogia, paisagem e análise qualitativa das assinaturas espectrais de solos desenvolvidos de basalto
Rosana Kostecki Lima, Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Data da defesa: 13/09/2023
A importância do solo no contexto geográfico se dá por ser um dos principais constituintes do meio físico-natural e integrante modelador das diferentes formas do relevo. A identificação de seus atributos físicos, químicos e mineralógicos são realizadas muitas vezes com o intuito de obter o conhecimento das classes de solos de determinada região e identificar a sua aplicabilidade no planejamento de diversas atividades. O estudo desses atributos aliados a dinâmica do relevo e a configuração da paisagem, permitem compreender melhor os processos de degradação, auxiliando na manutenção da capacidade produtiva dos solos e na correção de áreas já degradadas. A caracterização desses atributos físicos, químicos e mineralógicos podem ser realizadas pelos métodos analíticos tradicionais, no entanto, esses métodos são muito onerosos para se obter informações sobre grande quantidade de pontos de uma área. As geotecnologias e a espacialização de informações têm auxiliado em diversos ramos da ciência do solo e tornado o conhecimento mais ágil, e a espectroscopia Vis-NIR tem auxiliado na predição de atributos do solo. O objetivo central deste trabalho foi descrever e classificar classes de solos desenvolvidos de basalto no Estado do Paraná, determinando a textura e a mineralogia por métodos convencionais de análise, atrelando os atributos mineralógicos e relacionando as assinaturas espectrais no Vis-NIR das classes de solos desenvolvidos de basalto no Estado do Paraná a paisagem. Os resultados permitiram inferir no artigo 1 que dentre as classes pedológicas identificadas as assinaturas espectrais das três áreas foram comparadas e apresentaram picos em 1400, 1900, 2100, 2200 e próximos a 2400 nm, coerentes com os solos de basalto da região norte do Paraná. Os espectros da área 03 apresentaram certo distanciamento das outras áreas, podendo estar relacionado à presença de classes menos intemperizadas na vertente, como os Cambissolos. As assinaturas espectrais no Vis-NIR revelaram que a posição na paisagem foi mais expressiva em separar as assinaturas do que a classificação dos solos no potencial qualitativo, embora tenha apresentado discreta diferença também. No artigo 2 foi possível verificar que o mapeamento das classes de solos identificados até 4º nível categórico foi mais fidedigno a realidade do que o mapeamento realizado por outros autores no Paraná, com baixo nível de detalhamento. Os resultados da análise pedogeomorfológica e da paisagem permitiram delinear o uso e readequações da área de estudo, com sugestões que contemplem a integração dos recursos naturais e aspectos socioeconômicos. Os mapas de distribuições espaciais dos minerais, também permitiram uma visualização do transporte lateral de SiO2 de montante a jusante dos solos situados no topo e encosta, até as partes mais baixas da vertente conforme a declividade, com acúmulo de SiO2 no sopé. Os solos utilizados no artigo 02 foram classificados em Cambissolo Flúvico Tb Eutrófico gleissólico, Gleissolo Háplico Tb Eutrófico, duas trincheiras de Nitossolo Vermelho Eutroférrico típico e Cambissolo Háplico Tb eutrófico típico. As assinaturas espectrais, identificadas das camadas 60-80 cm dessas classes de solos, podem compor futuros bancos de dados espectrais pedológicos. Pois a diversidade de classes pedológicas identificadas constribuem significamente para futuras pesquisas mais aprofundadas na compreensão relação solo paisagem na região e para a ciência como um todo.
Conhecimento para a ação: educação ambiental por meio de ações didáticas interativas
Caroline Hatada Lima Bomfim, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 19/07/2023
Nos dias atuais, as discussões sobre meio ambiente equilibrado, sustentabilidade e proteção ambiental vem cada vez mais ganhando atenção, seja na mídia, nas pesquisas acadêmicas ou em sala de aula. Discorrer sobre as questões ambientais vai muito além das parcerias entre instituições público-privadas, mas também está relacionada ao papel da sociedade, e o que cada um deve fazer, enquanto cidadãos, para promover a proteção ambiental. O que de fato se busca é um meio ambiente equilibrado, e muitos pesquisadores afirmam que a chave para alcançar este objetivo é através da educação ambiental (EA). Dessa forma, esta tese está dividida em Capítulos, apresentada em formato de 2 artigos. O primeiro artigo corresponde a elaboração e validação de um material paradidático voltado para a EA a cerca dos resíduos sólidos. Este material foi pensado para que fosse complementar ao conteúdo curricular proposto pelo Ministério da Educação, e aplicável dentro de sala de aula, capaz de incentivar a aprendizagem, fazendo com que o aluno tenha mais interesse pelo aprendizado e estudo do tema. Evidenciamos que o professor tem papel importante para a promoção da EA, porém, enfrentam o desafio de ensinar sobre o que vai além do currículo base, além da difícil tarefa de, muitas vezes, não possuírem materiais e recursos disponíveis para tais ações, apesar da vontade de contribuir. O segundo artigo visou uma EA voltada para o conhecimento sobre os ambientes internos. Através de um artigo de Revisão Rápida, mapeamos iniciativas publicadas em revistas que utilizam o monitoramento de CO2 em espaços educacionais internos como forma de sensibilização e educação sobre o meio ambiente. O CO2 pode ser utilizado como um proxy para ventilação e, consequentemente, ajudar a detectar problemas na ventilação e possíveis riscos de contaminação por doenças de transmissão aérea. Ambos os artigos enfatizam como o conhecimento é importante para a tomada de decisão, e como ele pode ser construído através da EA. Incentivar a participação dos alunos e da comunidade como um todo através do uso de materiais paradidáticos para a promoção da EA, ou o uso de equipamentos de medição de CO2 para o melhor conhecimento sobre os ambientes internos, por exemplo, pode ajudar no maior entendimento sobre o meio ambiente, e, de fato, refletir em discussões que levem a sociedade ao verdadeiro desenvolvimento sustentável.
Geografia escolar e ensino de cidade: os cartões-postais escolares (CPE) como possibilidade de ensino e aprendizagem de Londrina – PR
Liliam Araujo Perez, Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 14/07/2023
Em pleno século 21 são muitos os enfrentamentos no atual cenário da educação
brasileira. Mudanças nas políticas educacionais têm sido o foco de discussões acerca
dos desdobramentos da atual implantação da Base Nacional do Currículo ComumBNCC e Novo Ensino Médio. Diante da realidade diversa das escolas e da sala de
aula, docentes se deparam com os desafios do ensino e aprendizagem. A Geografia
Escolar e a Ciência Geográfica ao longo da sua história no Brasil, tem como
defrontamento a renovação no/do ensino para se manter como disciplina básica nas
últimas décadas, defendendo sua relevância para a construção de uma educação de
significados e sentidos para escolares do Ensino Fundamental e Médio. Diante dessa
realidade a pesquisa desenvolveu-se sofrendo a ação de mudanças na política
educacional do estado do Paraná e sob o contexto dos resultados da pandemia da
Covid 19 que interrompeu as atividades presenciais nas escolas. O objetivo geral da
tese, desenvolvida dentro de tais limites, foi avaliar as emergências sobre o aprender
na/da/a cidade de Londrina, advindas de uma prática pedagógica de elaboração de
cartões-postais escolares (CPE) e compreender que percepções de
Geografia/conceitos geográficos têm estes estudantes do ensino médio. De natureza
qualitativa, a pesquisa fundamentou-se na Análise de Conteúdo, baseada em Bardin
(1994; 1977; 2011; 2016), a qual possibilitou a exploração, análise e avaliação dos
CPE produzidos a partir de uma sequência didática dividida em oito momentos. A
elaboração de CPE com vistas ao conteúdo urbano oportunizou um olhar específico
dos estudantes participantes da pesquisa sobre a cidade de Londrina concebido na
perspectiva hibrida de ensino formal, não formal e informal. A análise evidenciou uma
aprendizagem vinculada ao ensino formal de Geografia relacionada a aspectos
locacionais da cidade de Londrina, tais como a identificação de bairros e lugares, a
noção de distâncias e relações comerciais e culturais entre diversificados espaços e
pessoas. Todavia, emergiram dados de uma aprendizagem informal propiciada pela
prática de elaboração dos CPE, nos significados atribuídos a diferentes lugares da
cidade de Londrina, representados por locais mais tradicionais como espaços de
cultura, religião e lazer, até aqueles com vistas de paisagens urbanas repletas de
grafites em muros e pontilhões. Ainda, emergiram dos olhares dos estudantes
diferentes paisagens vistas de janelas de ambientes mais íntimos, representando o
pôr do sol ou um aspecto comovente do espaço urbano. Conclui-se que a prática
didática potencializou o ensino e o aprendizado a partir do aprender informal e
espontâneo da cidade por meio da geografia escolar.
A COVID-19 na conurbação Paranaense Cambé – Londrina – Ibiporã: análises geoespaciais para o início da pandemia de SARS-COV-2 (2020)
Willian da Silva Santos, José Paulo Peccinini Pinese, Pablo Guilherme Caldarelli
Data da defesa: 30/06/2023
A partir de 2020, as pesquisas ligadas à Covid-19 e sua disseminação têm sido impulsionadas por colaborações interdisciplinares. Nesse âmbito, a Geografia respaldada pelas geotecnologias, análises socioambientais e representações cartográficas, emerge como uma aliada nos esforços de investigação nas pesquisas em saúde. O propósito desta pesquisa é somar a este movimento buscando examinar a associação geoespacial entre a Covid-19 e os fatores sociais determinantes de saúde na conurbação paranaense Cambé – Londrina – Ibiporã (CCLI) durante o estágio inicial da pandemia em 2020. Neste recorte foram analisados n=27.087 casos e n=366 óbitos numa série temporal de 41 semanas epidemiológicas. Para atingir o objetivo, empregou-se uma variedade de técnicas de análise e representação cartográfica exploratória, bem como investigação geoespacial e estatística. Esse processo iniciou-se a partir da geocodificação de endereços dos casos confirmados com a doença. Os principais resultados desta pesquisa revelaram que a propagação da doença alcançou todas as áreas habitadas da CCLI, com uma notável concentração, correlação e prevalência observadas principalmente no eixo Centro-Sudoeste. Essa concentração foi mais pronunciada em bairros com alta verticalização, renda mais elevada e melhores padrões construtivos de habitação. Por outro lado, os óbitos estiveram associados a padrões construtivos mais simples, localizados em bairros periféricos, e apresentaram uma mortalidade mais acentuada no extremo norte da CCLI. Especificamente, identificou-se que a doença teve um impacto significativo em vendedores do comércio varejista, profissionais de saúde e na população idosa. A pesquisa conclui que a pandemia de Covid-19 na CCLI foi impactada por fatores socioeconômicos, nos quais apresentaram correlações significativas com a dinâmica espacial da doença e os indicadores de saúde. Essa constatação desempenha um papel relevante ao aprofundar a compreensão das características iniciais da doença na população, oferecendo um potencial estratégico para lidar com outras doenças emergentes e futuras pandemias.
Educação escolar indígena: temas recorrentes na produção geográfica recente (2000-2022)
Regis Stresser dos Santos, Jamille da Silva Lima-Payayá
Data da defesa: 26/04/2023
A Educação Escolar Indígena tem se desenvolvido nos últimos anos no contexto dos embates com a colonialidade, em defesa de uma educação contextualizada. Ganhou força com a Lei nº11.645, de março de 2008, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura indígena nos sistemas de ensino no país, estando desde então em processo de discussão e de implementação. Entre as questões mais importantes, estão os desafios de lidar com a alteridade e a diferença, devido à colonialidade presente nas práticas escolares. Não apenas em termos práticos, mas os próprios conteúdos estão alicerçados em perspectivas eurocêntricas que relegam ao indígena a posição de alterno – o Outro que é reduzido à Mesmidade do Colonizador. A Educação Geográfica, devido ao histórico envolvimento da Geografia com o projeto colonial, tem buscado rediscutir suas bases, visando contribuir para a descolonização, o que tem sido, por vezes, feito pela adoção de professores indígenas e escolas com currículos específicos propostos com a comunidade. Neste sentido, esta pesquisa teve como objetivo avaliar as contribuições para o debate sobre os desafios encontrados pelos processos educacionais escolares em ambientes indígenas no enfrentamento à colonialidade. Para tanto, realizou-se revisão sistemática (como estado da arte) da produção geográfica recente que tematizou a educação indígena, buscando compreender as contribuições e, sobretudo, os desafios, da construção de tais práticas escolares. Buscando as principais bases de dados da produção acadêmica feita no Brasil, selecionamos artigos, dissertações de mestrado e teses de doutorado que investigaram o tema de maneira específica, traçando um quadro interpretativo pautado em uma leitura fenomenológica, ou seja, a partir das geograficidades indígenas presentes nos trabalhos. As pesquisas apontam para os desafios cotidianos, em especial no contexto intercultural com participação de profissionais não-indígenas e as potencialidades que a Geografia tem a desempenhar na construção de uma educação contextualizada.
As Margem Dos Rios Urbanos: percepção de Riscos nas ocupações irregulares de Londrina, Paraná
Regina Magna Franco, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 18/04/2023
Esta pesquisa está voltada para a compreensão das experiências de riscos, vulnerabilidades e perigos ambientais nas ocupações irregulares nas margens dos rios urbanos de Londrina, Paraná, Brasil. O conceito de habitar é apresentado como inerente à condição humana originária, dada a impossibilidade de conceber o espaço em detrimento da existência. Os conceitos de lugar, geografia de riscos e vulnerabilidades na perspectiva humanista de base fenomenológica e suas interfaces teórico-metodológicas serão a base e fundamento da discussão para se compreender os sentidos que as pessoas atribuem à sua experiência de viver em áreas irregulares. A tese originou-se da necessidade de compreender a lógica das ocupações em áreas não apropriadas para a urbanização, tendo como eixo norteador a relação intrínseca entre homem-natureza. De um lado, temos as preocupações com a ocupação de Áreas de Preservação Ambiental (APPs) que levam a degradação da natureza, de outro, a problemática da exclusão social. Diante disso, a tese se pauta na premissa de uma lógica excludente que tenciona a população para a ocupações irregulares, gerando insegurança jurídica, social, ambiental e econômica, sem a garantia de seus direitos básicos. O recorte espacial para estudo foi a delimitação das ocupações irregulares em fundos de vale em Londrina, cujo estudo buscou promover uma visão integrada da relação da população com as margens dos rios urbanos, o seu lugar de morada. Como metodologia quanti-qualitativa foram realizados trabalhos de campo nessas áreas de ocupação irregular para observação direta e registros fotográficos e em caderneta de campo, entrevistas com moradores, além dos levantamentos de dados estatísticos e histórico-geográficos para a espacialização e mapeamentos do fenômeno estudado. A abordagem humanista é proposta como alternativa para o avanço na compreensão da geografia dos riscos, com foco na população de baixa renda que ocupa as margens dos rios como último refúgio para suprir as suas carências por moradias e demais necessidades básicas. A insuficiência de políticas públicas para o acesso à terra urbanizada é o elemento central que opera para o crescimento das ocupações irregulares, frente a alta demanda habitacional provocada por fluxos migratórios e intensa pobreza. Como resultados desta tese procuramos demonstrar a experiência urbana de habitar em risco de uma camada da população londrinense vulnerabilizada que vive em áreas irregulares de fundos de vale, culminando em um problema social e ambiental. Com isso, esperamos ampliar os estudos sobre a geografia dos riscos de modo a cooperar com discussões em torno da necessidade de implementação de políticas públicas habitacionais integradas as demais políticas públicas voltadas para temas de relevância social e ambiental.
O espaço geográfico representado em filmes de animação: contribuições para o ensino de geografia nos anos finais do ensino fundamental
André Fernandes Oliveira, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 17/04/2023
Nos últimos anos, o debate acerca de metodologias e linguagens capazes de atualizar o ensino de Geografia ganhou relevância devido à necessidade de ensinar de forma lúdica e mais próxima ao estudante. Dentre os inúmeros recursos tecnológicos e audiovisuais disponíveis, o cinema se apresenta como um dos instrumentos com grande potencial, tendo em vista sua capacidade de reter a atenção dos estudantes e possuir enredos compatíveis com o estudo pertinentes à Geografia e outras áreas do conhecimento. Partindo desses pressupostos, a problemática da pesquisa se constrói: é possível dinamizar as aulas de Geografia e assim torná-las interessantes e prazerosas para os estudantes por meio do uso da linguagem cinematográfica, mais especificamente de longas-metragens de animação? O objetivo da pesquisa é analisar o potencial didático dos filmes comerciais de animação no que se refere à compreensão do principal objeto de estudo da Geografia, o espaço geográfico e desenvolver propostas de caráter interdisciplinar capazes de auxiliar professores a utilizarem a linguagem fílmica em suas aulas. As atividades e análises se deram a partir do projeto “Animaestudos, a magia do cinema nos conecta”, desenvolvido no Colégio Marista de Londrina, com turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental no ano de 2019. Nesse sentido, a pesquisa possui abordagem qualitativa, que permite uma visão ampla do fenômeno que está sendo estudado. No intuito de compreender possíveis abordagens entre filmes de animação e ensino de Geografia foi realizado um levantamento bibliográfico e uma curadoria, que definiu quais títulos seriam analisados. A partir disso, professores de outras áreas do conhecimento foram convidados a contribuir com a elaboração e aplicação das atividades propostas. Posteriormente, selecionamos dois títulos trabalhados junto aos estudantes para analisar a eficácia do projeto e verificar os resultados alcançados.