As ocupações estudantis nas escolas públicas paulistas: análise de processos de resistência (2015-2018)
Gabriel da Silva Cunha, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 05/10/2018
O capitalismo passa por um processo de expansão que tem modificado a posição dos territórios no contexto da Divisão Internacional do Trabalho (DIT), gerando uma crise que se espalha por todos os espaços da sociedade. Na educação paulista essa crise se inscreve na precarização dos ambientes escolares mediante cortes de gastos sob o discurso da melhoria da qualidade de ensino e na dinamização da gestão. Tais fatos geram aspectos de polarização ideológica que vão desembocar na prática das ocupações de escola em 2015, oriundas de experiências como a Revolução dos Pinguins, no Chile e das jornadas de 2013, em contrapartida ao apronfudamento da crise que se expressa na política neoliberal de reorganização escolar em São Paulo. O objetivo principal deste trabalho é demonstrar e analisar o alcance dos processos de resistência e também seus limites práticos e ideológicos. Para alcançar tal objetivo o caráter qualitativo e participativo no contexto metodológico é marcante, buscando na leitura de conceitos como Ideologia, Aparelhos Ideológicos de Estado e auto organização as lentes necessárias à interpretação do fenômeno de ocupações. A busca por dados junto ao Sindicato dos Professores, a Secretaria de Educação e o Portal da Transparência bem como a aplicação de questionários e entrevistas junto aos estudantes da Escola Estadual Professora Maria do Carmo Arruda da Silva foram essenciais para o desvendamento das possibilidades e limites do movimento. Como resultados entede-se que as ocupações representam o desenvolvimento de ideologias coletivas que espelham na auto organização horizontal e autônoma, impressa nas assembleias e comissões organizativas trazendo novas maneiras de luta e contestação da classe trabalhadora. Como limites entende-se que a não centralidade organizativa dispersa o movimento nos períodos de refluxo dando espaço para a Repressão do Estado de forma direta e jurídica contra professores e e estudantes, e a continuada às políticas neoliberais e os projetos de reestruturação da escola, bem como o corte de gastos e o enxugamento na gestão. O movimento de ocupações, suas possibilidade e limites trazem uma rica experiência de análise para os próximos levantes da classe trabalhadora frente a expansão capitalista.
A escola como lugar e o ensino de geografia para os imigrantes bolivianos em São Paulo
Cristiano Manoel Alves, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 19/12/2019
Esta pesquisa tem como objetivo discutir concepções acerca da construção do lugar no ensino de Geografia para os imigrantes bolivianos, instalados no bairro do Brás, município de São Paulo, SP. Esse bairro paulistano representa um polo para os bolivianos que são atraídos pela oportunidade de trabalho e renda nas indústrias de tecido e nas lojas do ramo varejista como forma de garantir o sustento de suas famílias. Com a chegada desses imigrantes ocorre uma reconfiguração do bairro dando-lhe novas características. As escolas localizadas na região são afetadas por essa dinâmica, tendo que reorganizar as suas atividades cotidianas em função desta nova realidade, a exemplo da Escola Eduardo Prado, objeto desta investigação, onde mais da metade dos estudantes são imigrantes bolivianos ou seus descendentes diretos. A metodologia de pesquisa, fundamentada na fenomenologia geográfica, é do tipo qualitativa, contou com a investigação empírica e documental partindo de observações e entrevistas não dirigidas, semiestruturadas dando ao entrevistado a oportunidade de relatar as suas experiências e vivências. Os resultados mostram as principais dificuldades enfrentadas pelos bolivianos e apontam para a necessidade de reflexão sobre o papel da escola pública como mediadora no processo de adaptação desses estudantes no lugar. Conclui-se que a Geografia como ciência dos lugares, juntamente com as demais disciplinas curriculares, pode contribuir para que a escola seja significativa ajudando os estudantes a reconstruírem o seu lugar no mundo.