Balanço hídrico climatológico das bacias hidrográficas do Ribeirão Jacutinga e rio Taquara (PR)
Rei Kuboyama, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 28/03/2022
O presente trabalho teve como objetivo principal conhecer as variáveis hidrológicas e determinar o balanço hídrico climatológico das bacias hidrográficas do ribeirão Jacutinga (BHRJ) e do rio Taquara (BHRT). O extrato do balanço hídrico foi feito para a média da série histórica de 1980 a 2020 e em anos de anomalias positivas (2015 e 2016) e negativas (2020) de precipitação. O cálculo foi feito pelo método de Thornthwaite e Mather, automatizado por Rolim e Sentelhas. Também foram realizadas análises de variáveis fluviométricas e meteorológicas para compressão do contexto hidrológico e climático dominante nas bacias. Essas bacias são localizadas na região norte paranaense, estão cerca de 20 km de proximidade e são afluentes do rio Tibagi. A primeira é relevante para o abastecimento de água do município de Ibiporã (PR), com muitos afluentes que percorrem a área urbanizada da cidade de Londrina (PR). A segunda tem grande importância para a produção agropecuária, visto que o uso e ocupação na área é quase inteiramente rural. Foram utilizados dados de precipitação e temperatura diários e mensais de 1980 a 2020 de estações do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET e Instituto Água e Terra – IAT. O climograma da área de estudo revela que o período chuvoso vai de dezembro a fevereiro e o período seco vai de junho a agosto. O balanço hídrico médio na BHRJ demonstra ter excedente hídrico em quase todos os meses, com valores menores em março, abril e julho e maiores em dezembro a fevereiro. Em agosto ocorre retirada hídrica de 1,35 mm do solo. Na BHRT o excedente hídrico é presente em todos os meses, com valores maiores em janeiro, fevereiro e maio e valores menores em março, abril e agosto. Meses chuvosos não necessariamente são os que registram maior excedente hídrico por causa da evapotranspiração do solo e aqueles que registram baixo excedente ou retirada hídrica devem receber irrigação adequada para que não haja perdas na agricultura. Em julho de 2015 e janeiro de 2016, influenciado pela forte ocorrência do fenômeno El Niño, houve eventos extremos de precipitação que atingiu a região norte paranaense. O período chuvoso em 2015 nas duas bacias esteve abaixo da média e inesperadamente julho foi um dos meses com maior volume de excedente hídrico. Em janeiro de 2016 o evento extremo foi mais intenso que no ano anterior, com excedente hídrico concentrado em janeiro e fevereiro e pouco expressivo no segundo semestre. O ano de 2020 foi atipicamente seco, nas duas bacias as chuvas estiveram abaixo da média anual e o mês de agosto, acabou sendo o mês que teve maior volume de excedente, contrariando as expectativas da média. Com os resultados do balanço hídrico médio, retratando a dinâmica da entrada e saída de água, épocas de deficiência e excedente hídrico, é possível subsidiar as tomadas de decisões no planejamento agrícola regional, como no manejo de irrigação.
Avaliação do regime hidrológico da represa Capivara entre 1995 e 2015 e implicações socioambientais no município de Primeiro de Maio – PR
Rodrigo Aguilar Cantero, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 01/07/2022
A construção da Usina Hidrelétrica de Capivara represando as águas do trecho médio do Rio Paranapanema em 1975 provocou grandes transformações na paisagem em sua região de influência que evolve territórios municipais do interior dos estados do Paraná e São Paulo. Essas transformações produziram impactos ambientais imediatos à fauna e flora, além disso, perda significativa de terras agricultáveis desses territórios. Contudo, a represa Capivara tem sofrido nos últimos anos com a irregularidade da distribuição de precipitação, afetando negativamente a vazão fluviométrica que deveria manter os níveis estáveis do lago para geração de energia elétrica. De modo a investigar tal problemática, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento do regime hidrológico da represa entre o período de 1995 a 2015 e implicações socioambientais para o município de Primeiro de Maio (PR), utilizando como metodologia científica a análise de: arquivos de material histórico; séries históricas de dados hidrológicos e climáticos; imagens temporais de satélite; evolução da perda de superfície de água a partir de levantamento realizado por MapBiomas. Dessa forma, foi possível evidenciar alguns impactos socioambientais importantes, tanto negativos quanto positivos advindos com a construção da Usina Hidroelétrica de Capivara. Como negativos destaca-se o impacto ambiental devido à alteração natural dos cursos de drenagem, espacialmente o represamento da foz do Rio Tibagi na área territorial do município de Primeiro de Maio (PR), além da eliminação de grande volume de flora e extinção de espécies endêmicas. Como impactos positivos, a construção de chácaras de lazer às margens da represa Capivara potencializou o comércio varejista e de serviços para a área urbana do município, trazendo importante contribuição econômica social. No entanto, as oscilações do nível da represa interferem nesta dinâmica socioeconômica, uma vez que a persistência de longos períodos de baixa precipitação reduz a superfície, o volume e níveis das águas do lago, interferindo na circulação e fluxo de pessoas e mercadoria, diminuindo assim, o consumo na área urbana de Primeiro de Maio (PR). A persistência de períodos duradouros de irregularidades na distribuição da precipitação pode estar associada ao aquecimento global, além de outros impactos antrópicos regionais, afetando de modo significativo a circulação atmosférica na formação de massas de ar úmidas que influencia a dinâmica das chuvas ao longo do tempo histórico. Neste contexto, espera-se que a presente pesquisa contribua como uma alerta importante, pois ficou evidente, a tendência de perda de superfície de água na região hidrográfica da represa Capivara em Primeiro de Maio (PR), e como isso vem afetando negativamente o meio ambiente (para um novo equilíbrio) e sociedade.
Território e ciência popular como pressupostos para elaboração e gestão das políticas públicas sociais
Caio Cezar Cunha, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 20/06/2022
As políticas públicas sociais no Brasil tiveram grande avanço após a Constituição Federal de 1988. O uso de novas tecnologias cartográficas incorporadas a métodos interdisciplinares, há alguns anos, tem facilitado o trabalho de compreensão das territorialidades e promovido o aprimoramento dos estudos das subjetividades. Buscamos compreender a lógica territorial das populações atendidas pela Política de Assistência Social de Londrina e se os levantamentos pautados nos pressupostos da ciência popular com metodologias qualitativas de cartografia social podem proporcionar o protagonismo da população, bem como subsidiar tomadas de decisão aos órgãos responsáveis. Para aplicabilidade em nosso contexto, adaptamos a metodologia apresentada por Bomfim (2010) com o intuito de viabilizar, por meio das técnicas de investigação dos sentimentos e emoções dos indivíduos pesquisados, a produção de representações cartográficas que nos possibilite visualizar espacialmente as expressões de estima das pessoas em relação aos seus lugares de vida. Essas aproximações preliminares nos permitiram classificar estimas potencializadoras ou despotencializadoras a modo de possibilitar o vínculo desses sentimentos com qualidade de vida e a vontade de agir das pessoas frente a situações de precariedade e risco pessoal, fornecendo elementos mais subjetivos às políticas sociais de forma a aproximar e complementar as informações que subsidiam a gestão destes territórios.
Proposta metodológica de gestão das águas subterrâneas da área urbana de Londrina-PR a partir da aplicação do plugin FREEWAT
Lucas Francisco Rodrigues Tognato, André Celligoi
Data da defesa: 24/06/2022
Este trabalho está pautado na relevância da água para a vida, recurso que apesar disso é pouco compreendido pela população, sobretudo quanto aos processos subterrâneos, uma vez que estes ocorrem abaixo da superfície e, por isso, não são vistos pelas pessoas, dificultando o entendimento acerca do assunto. Deste modo, o presente estudo buscou compreender a dinâmica hidrogeológica da área urbana de Londrina-PR e, com isso, gerenciá-la através da proposição de um modelo político-administrativo de gestão do recurso hídrico subterrâneo a partir da aplicação do plugin FREEWAT. Por meio de levantamento bibliográfico, foi revisado o arcabouço legal referente à gestão político-administrativa das águas subterrâneas nos níveis hierárquicos federal, estadual e municipal, dando-se destaque para a municipalidade londrinense. Também foram levantados dados em órgãos oficiais, tanto relativos ao meio físico-geográfico quanto especificamente às águas subterrâneas, as quais são captadas através de poços tubulares profundos. Estes dados foram processados no software Quantum GIS versão 2.18.21 Las Palmas aplicando o plugin em questão, gerando um modelo da dinâmica hidrogeológica para a área de estudo e, para além disso, simulando cenários futuros passíveis de serem concretizados. Em face do processamento elaborado, fez-se a proposição de um modelo de gestão político-administrativa sobre as águas subterrâneas da área urbana de Londrina através da criação de um Sistema Municipal de Monitoramento de Recursos Hídricos Subterrâneos. Os modelos hidrogeológicos gerados indicaram o controle do nível piezométrico na área investigada pela hidrografia e topografia, tanto que os principais padrões de fluxo verificados têm direcionamento nordeste e sudeste, acompanhando a hipsometria urbana e as bacias hidrográficas dos ribeirões Cafezal, Cambé, Jacutinga e Lindóia. Os cenários simulados apresentam a influência sofrida pelo nível piezométrico a partir da retirada d?água por poços, apontando uma diminuição na carga hidráulica do aquífero nas regiões central e noroeste da área de estudo. Contudo, apesar de tal diminuição, os cenários exibem a manutenção da superfície piezométrica em toda a área de estudo, denotando a possibilidade da continuidade de explotação das águas subterrâneas nos demais setores da urbe londrinense. Para tanto, cabe ressaltar que a proteção das áreas de recarga quais sejam, bem como o desenvolvimento de políticas públicas e ações técnico-práticas de gestão e qualificação ambiental, são medidas de extrema importância para evitar o rebaixamento no nível d?água, haja vista a impermeabilização e a captação hídrica subterrânea desregrada presentes no meio urbano que atuam como um obstáculos ao abastecimento do aquífero.
Indicadores de saúde ambiental e a hidrogeoquímica como ferramentas para a discussão sobre a incidência de neoplasias na Regional de Saúde de Apucarana (PR)
Tatiana Fernanda Mendes, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 01/10/2019
O presente trabalho teve por objetivo compreender e discutir a distribuição geográfica da mortalidade por neoplasias na Regional de Saúde de Apucarana (RSA) e identificar os riscos ambientais para a saúde humana, através da análise multielementar das águas superficiais e subterrâneas e dos indicadores de saúde ambiental. Os dados sobre mortalidade por neoplasias da RSA, no período de 2008 a 2017, foram obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade/DATASUS, e os dados de neoplasias de Apucarana, no período de 2011 a 2015, foram obtidos na Secretaria de Saúde de Apucarana. Foram coletadas 85 amostras de águas na RSA, 23 superficiais e 62 subterrâneas. As amostras foram analisadas no MP-AES (Espectrômetro de Emissão Atômica com Plasma por Microondas), para a determinação da concentração de Al, Ba, Cd, Ca, Pb, Cu, Cr, Sr, Fe, Mn, Ni, K e Zn. A análise espacial dos dados hidrogeoquímicos, foi realizada por meio do método geoestatístico de krigagem ordinária. Foi realizada uma análise da distribuição das mortalidades por neoplasias por taxas/100.000 habitantes. A construção dos indicadores de saúde ambiental da RSA foi elaborada conforme a matriz “FPSEEA”. A análise espacial dos indicadores de saúde foi realizada por meio do Índice de Moran Local, onde os indicadores locais de autocorrelação espacial permitem a identificação de agrupamentos. A correlação linear de Pearson foi utilizada para averiguar o grau de relação entre as taxas médias por neoplasias e os indicadores de saúde ambiental. Os municípios de Jandaia do Sul, Borrazópolis, Kaloré, Novo Itacolomi, Califórnia, Rio Bom e Sabáudia apresentaram a maior incidência de neoplasias na população, ou seja, o maior risco de morte por câncer na RSA. Com relação às taxas de mortalidade pelos principais tipos de neoplasias da RSA, observou-se que em metade dos municípios as maiores taxas são por neoplasia maligna dos brônquios e pulmões, seguida por neoplasia do estômago, da próstata e da mama. Com a construção dos indicadores de saúde ambiental da RSA, caracterizando o contexto de cada município, os resultados integrados possibilitaram identificar que as variações na incidência de neoplasias entre os municípios da RSA, refletem em muitos casos sua relação com os fatores de risco, modos de vida e também na falta de acesso aos serviços de saúde, identificando que as pessoas que residem nos munícipios com pior nível socioeconômico, apresentam piores condições de saúde, estando mais vulneráveis às doenças. A utilização da hidrogeoquímica como ferramenta para identificação de áreas de risco à saúde humana, evidenciando lugares com valores físico-químicos anômalos na água, evidenciou que a população de Borrazópolis, Mauá da Serra, Grandes Rios, Marilândia do Sul, Arapongas, Kaloré, Cambira, Apucarana, Califórnia e Novo Itacolomi, estão mais expostas e vulneráveis a esses agentes químicos. O município de Apucarana mostrou um maior número de mortes por neoplasia maligna dos brônquios ou pulmões, próstata, mama, estômago e fígado. Além dos fatores ambientais que podem afetar a saúde humana, a segregação espacial da população por posição socioeconômica, torna os contextos sociais nos quais as pessoas vivem em adicionais potenciais determinantes de saúde. O conhecimento acerca do ambiente, e da saúde da população, com núcleos de estudo voltados à caracterização dos locais, possibilita uma prática direcionada às problemáticas identificadas, assim como uma mobilização do poder local, visando a promoção da saúde.
A mobilidade urbana metropolitana nos planos realizados entre 2020 e 2022: avanços e desafios na integração Maringá-Sarandi
Lino Antonio Batista Lemes, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 05/07/2022
A pesquisa objetivou analisar a integração Maringá-Sarandi na questão da mobilidade urbana metropolitana nos Planos de Mobilidade Urbana de Maringá e Sarandi, e no PDUI da RM de Maringá, elaborados entre 2020 e 2022. A realização do estudo partiu do interesse em entender a aplicação do planejamento territorial urbano no contexto da realização de diversos planos voltados para uma nova forma de pensar o futuro das cidades, em processo ao mesmo tempo técnico e político. O estudo se torna relevante ao abordar os instrumentos exigidos legalmente como a participação da sociedade civil, ampla divulgação e publicidade de dados. Ao pensar a mobilidade urbana e interurbana, é preciso propor alternativas para otimizar o deslocamento das pessoas no espaço, a fim de tornar as cidades mais acessíveis e inclusivas a todos os cidadãos. A pesquisa pautada na abordagem qualitativa, foi realizada com fontes secundárias, apreendendo a realidade e destacando os fatos como construções históricas produzidas pela ação humana. Para isso, foram observadas as fases de preparação dos planos, com base nos arquivos disponibilizados. Verificou-se que Maringá e Sarandi possuem intensa integração e conurbação. Ao polarizar as oportunidades de trabalho e estudos, Maringá atrai a mão de obra dos municípios limítrofes e afasta a população de menor poder aquisitivo para as cidades periféricas, devido a sua histórica política socioespacial vinculada à especulação imobiliária. No sentido dos dados levantados pesquisados e analisados, foi possível inferir que Sarandi, apresentam características de uma cidade dormitório. No entanto, não há a devida integração física-territorial. A formatação territorial do plano de colonização da CTNP resultou em um excesso de protagonismo do município polo que atualmente, entro outras coisas, se reflete em uma acentuada disparidade na atração de investimentos, oferta de empregos e serviços ao longo da Região Metropolitana de Maringá. Após a realização dos planos, cabe questionar se serão efetivamente institucionalizados, ou se serão alterados ou descaracterizados no processo legislativo. E ao longo dos anos, como serão colocados em prática, já que ocorre influência de agentes que participam da ocupação do espaço, em detrimento do interesse público. É preciso diálogo sobre a mobilidade urbana no contexto local, com a ampliação de espaços de discussão e pensar em cidades e regiões metropolitanas inteligentes, de modo que o poder público possa conhecer, compreender e aprender a resolver os problemas e conflitos.
O empobrecimento no território milenar da Serra da Pitanga : uma rede logístico-rodoviária que reflete os baixos índices socioeconômicos da região imediata de Pitanga (RIP)
Cleverson Gonçalves, Nilson Cesar Fraga
Data da defesa: 30/03/2022
A Região Imediata de Pitanga (RIP) na sua formação socioespacial vem sendo negligenciada pelo estado paranaense, desde sua gênese formadora, mas principalmente, após o emprego de suas terras pelo uso capitalista. Essa região sempre esteve às margens de investimento federais e estaduais, e seus municípios não possuem condições de gerar infraestrutura que impacte local e regionalmente. Essa área já foi território de soberania indígena e cabocla e sempre esteve no centro de conexões entre diferentes povos e regiões, isso a partir do milenar Caminho do Peabiru e suas ramificações, porém, com o advento da migração de colonos europeus, sobretudo eslavos, essa região perde a significância de conectividade intrarregional/continental, e a partir disso sua rede viária se manteve sem investimentos por mais de um século, gerando uma ínfima produção, por conta disso, os baixos investimentos para um adequado escoamento regional. Somente a partir do final do século XX é que a RIP passa a conviver com algumas obras de implantação rodoviária, readquirindo e fortalecendo a parca conectividade com outras regiões, apenas nas décadas de 1980 e 1990. Porém, esses investimentos serviram apenas para o escoamento da produção do agronegócio que se instalava nas regiões circunvizinhas. Entretanto, tal conectividade está longe de ser a ideal, pois todas as rodovias da região são classificadas como ruins ou péssimas. Tal classificação foi obtida com a Metodologia de Avaliação Geográfica da Qualidade das Rodovias (MAGeoQR) produzida nessa pesquisa, fruto da adaptação da metodologia de avaliação empregada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT) para avaliar o sistema rodoviário nacional. Os diagnósticos feitos nas rodovias analisadas, nesta pesquisa, não se diferem dos demais dados socioeconômicos regionais, que também são inferiores à média destes e de outros índices no estado paranaense. A RIP apresenta uma grande quantidade de população empobrecida, assim como tem convivido com uma perda populacional contínua nas últimas décadas. Metodologicamente as informações sócioeconômicas foram obtidas IBGE (SIDRA) e no SAGI, do Ministério da Cidadania, dentre outros órgãos públicos. Os levantamentos históricos que serviram de base para as análises da formação socioespacial foram realizados por meio de pesquisas documentais, principalmente na Hemeroteca Digital, na Biblioteca do DER/PR e nas bibliotecas e museus dos municípios integrantes da RIP. Para proceder à avaliação das rodovias foram feitos 2500 km de trabalho de campo na região de estudo. Esta pesquisa conseguiu demonstrar a má qualidade das rodovias regionais que refletem os baixos índices socioeconômicos lá existentes, mesmo que o sistema rodoviário-logístico não seja determinante para demonstrar o empobrecimento e o subdesenvolvimento registrado na RIP, sobretudo nos últimos 50 anos, eles ampliam um diagnóstico mais preciso na análise regional. Mas estes fatos não eliminam a falta de tais investimentos ao subdesenvolvimento regional. Propositivamente, para superar tal empobrecimento é preciso haver um desenvolvimento endógeno, ou seja, de base local, para e pelos moradores locais, respeitando as questões socioambientais e culturais milenares/seculares da RIP.
Atualização e reestruturação do Atlas Digital da Região Metropolitana de Londrina
Ramon Guerini Cândido, Adriana Castreghini de Freitas Pereira
Data da defesa: 03/02/2022
O Atlas Digital da Região Metropolitana de Londrina é resultado do encadeamento de pesquisas realizadas por pesquisadores do Laboratório Imagens, Paisagens e Personagens (IMAP&P) e publicado on-line pela primeira vez em 2011. Tinha como objetivo integrar os resultados de estudos desenvolvidos a partir de diversos métodos e técnicas sobre a Região Metropolitana de Londrina numa estrutura de atlas digital interativo. Com o avanço das geotecnologias e o surgimento de plataformas WebGIS de arquitetura em nuvem, novas possibilidades despontam quanto ao desenvolvimento de atlas digitais analíticos, visto que os projetos de alto custo até então necessários para o desenvolvimento deste tipo de atlas, é atualmente viabilizado por plataformas configuráveis e de uso gratuito. Propõe-se então nesta pesquisa como objetivo geral, avançar à categoria de atlas digital analítico, e com isso, democratizar o acesso à geoinformação e aos Sistemas de Informações Geográficas, antes restritos a um seleto grupo de profissionais. Como objetivos específicos, foi estabelecido realizar revisão historiográfica dos processos de formação espacial do Norte do Paraná por meio de análise de Cartografia Histórica; estabelecer fundamentos teórico-metodológicos objetivos para compor um projeto de atlas contínuo e; desenvolver a estrutura inicial do novo atlas composto por camadas hospedadas, aplicativos WebGIS, painéis dinâmicos (dashboards) e website. Os resultados foram descritos em dois artigos: o primeiro, estabelecendo um fio condutor historiográfico crítico, articulando obras de Cartografia Histórica e análise de rugosidades como resultado da materialização contemporânea do discurso dominante de construção espacial estabelecido desde o processo de (re)colonização do Norte do Paraná na década de 1930; e o segundo, descrevendo os fundamentos teórico-metodológicos, procedimentos, técnicas, produtos e avaliação de usabilidade desenvolvidos. Articulando Cartografia Crítica, Geografia Neopositivista, Visualização Cartográfica e Sistemas de Informações Geográficas num projeto estruturante, o Atlas Digital da RML atinge resultados satisfatórios de facilidade no uso e capacidade de fornecer respostas espaciais. Como produto final, o website disponível no endereço eletrônico www.atlasrml.com.br agrega todos os subprodutos desenvolvidos, facilitando o acesso aos diversos setores da sociedade interessados em dados multitemáticos na escala metropolitana.
Entre paisagem do medo e casulo protetor : imaginário e experiência geográfica nos bairros União da Vitória e Vista Bela, Londrina-PR
Douglas Vitto, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 04/08/2021
A pesquisa tem como problemática desvelar como o imaginário e a experiência geográfica revelam paisagens do medo e casulos protetores nas paisagens União da Vitoria e Vista Bela, orientado pela Geografia Humanista de Base Fenomenológica. Essa problemática está baseada em quatro considerações: a ideia de paisagem do medo é potencializada pela mídia local devido a forma como aborda os bairros periféricos pobres; existe divergência entre a experiência geográfica nesses dois bairros, que podem se tornar paisagens, e o imaginário geográfico daquelas pessoas que não os experienciam diretamente, não habitam; a existência de casulos protetores nessas paisagens do medo; e que, mesmo nos casulos protetores, a insegurança e o medo podem se manifestar. A metodologia baseou-se na coleta de dados junto ao 2º Comando Regional de Polícia Militar do Paraná para verificar os bairros da cidade de Londrina que mais apresentaram índices de roubo entre 2011 e 2019 e a respectiva espacialização desses dados para identificar os bairros com maiores taxas de roubo no período mencionado; observar a relação entre distribuição da população negra em londrina e homicídios; aplicação de um formulário (via Google Forms) aos habitantes de Londrina que não habitam no União da Vitória e Vista Bela para registrarem o que imaginam sobre violência e preconceito geográfico nesses dois bairros; investigação de como o Jardim União da Vitória e Vista Bela foram abordados pelos portais eletrônicos Bonde, 24 horas, Tarobá News, CGN e CBN Londrina, no período de 2018 a 2020; baseado na metodologia não probabilista por bola de neve, e, devido a pandemia de Covid 19, conversamos via chamada de vídeo pelo WhatsApp com as pessoas que habitam, constituem e são constituídas pelo União da Vitória e Vista Bela. Os resultados revelaram que há o preconceito contra a origem geográfica e de lugar, baseado na violência, pobreza, localização periférica e por ser habitado pela maioria negra. A sensação de segurança e insegurança, a ideia de paisagem do medo e casulo protetor no cotidiano dos habitantes não se excluem, mas coexistem e variam de intensidade entre a experiência particular de cada um. Em conclusão, a pesquisa revelou que o União da Vitória e Vista Bela possuem um modo de ser e estar próprio, constituído em boa parte por negros, invisibilizados na história oficial de Londrina.
Produção do espaço urbano e a verticalização em Londrina
Mateus Galvão Cavatorta, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 30/06/2021
A verticalização na cidade de Londrina, localizada no Norte do estado do Paraná, foi principiada nas décadas de 1950 e 1960. Em 2000 já havia 1.738 edifícios em Londrina com quantidade de pavimentos igual ou superior a quatro. A concentração desses edifícios até o início dos anos 2000 ocorreu principalmente na porção central da cidade, passando a partir de então a ocorrer na porção sudoeste da cidade, na área conhecida como Gleba Palhano. De 2000 e 2013 foram construídos 474 edifícios, sendo 112 acima de 15 pavimentos. A partir dos anos de 2013 e 2014, os edifícios passaram a ser construídos em outras porções da cidade e ao mesmo tempo diminuiu a quantidade na Gleba Palhano. Objetivou-se com essa pesquisa investigar e analisar as áreas urbanas de Londrina que foram incorporadas a verticalização bem como os principais fatores indutores e inibidores desse processo a partir de 2014. Foram utilizados procedimentos secundários e primários para os levantamentos de dados. Verificou-se no decorrer da pesquisa que novas áreas na zona Leste, na porção Sudoeste e Sul foram incorporadas no processo de verticalização em Londrina desde 2014, a partir de diferentes fatores indutores e inibidores. Conclui-se que os principais fatores inibidores e/ou indutores do processo de verticalização em Londrina no recorte temporal delimitado para essa pesquisa foram as amenidades urbanas, a recessão econômica (2014-2017), a legislação municipal e a atuação do Estado (executivo e legislativo local).