Teores de fluoreto na água para consumo humano na 17ª Regional de Saúde do Paraná entre os anos de 2014 e 2018 : vulnerabilidades e riscos à saúde bucal
Tese de doutorado
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O flúor ocorre naturalmente na água, com maior ou menor concentração de acordo com o contexto natural da fonte de água. A fluoretação ocorre desde a década de 1970 no Brasil, como medida de combate a cárie, contudo o consumo de altos teores de fluoreto pode-se desenvolver a fluorose dentária. Essa relação de risco e benefício no consumo de fluoretos é tema desse trabalho, que compila dados de abastecimento, teores de fluoreto em água para consumo e dados socioeconômicos, na tentativa de compreender o cenário de risco à saúde bucal na 17ª Regional de Saúde do Paraná. A principal fonte de dados da presente tese é pautada pelo controle realizado pela ANVISA, disponibilizado via SISAGUA. Complementarmente foram realizados trabalhos in locus objetivando a identificação de potencialidades e deficiências nas coletas realizadas pela ANVISA. Entre os anos de 2014 e 2018 a ANVISA coletou e analisou para fluoreto 12.321 amostras nos 21 municípios da regional, 6.936 amostras de água fluoretada e 5.381 de fontes naturais. De posse destes dados se realizaram procedimentos estatísticos e de geoprocessamento, para conhecimento das condicionantes de origem natural (geogenética) ou alterações relacionadas à fluoretação (tecnogenéticas) que influem nos teores de fluoretos da água consumida. Quanto às amostras coletadas de fontes naturais somente 3,1% estavam dentro dos teores tido como valor de referência para o trabalho (entre 0,6 e 0,8 mg/L), 2,4% acima e 94,4% apresentaram teores de concentração abaixo do indicado para benefício a saúde bucal. As nascentes tiveram maior média de concentração de fluoreto (0,37 mg/L) seguidos por poços cacimba (0,14 mg/L) e poços tubulares (0,13 mg/L), evidenciando que a água natural consumida na regional é pouco rica em fluoretos. Cabe ressaltar que mapeamento acusou áreas com teores mais altos que os valores de referência, como nos municípios de Londrina, Assaí e Bela Vista do Paraíso. Quanto a água tratada, 66,7% das amostras estavam fora do valor de referência, sendo que Miraselva, Prado Ferreira, Jaguapitã e Alvorada do Sul se destacaram como municípios que praticam baixos teores de concentração em seus SAA, em contraponto Londrina, Ibiporã e Cafeara foram aqueles com maior percentual de amostras acima do valor de referência. Nesses casos há eficácia no combate a cárie, porém há maior propensão ao desenvolvimento de fluorose dentária. Ao relacionar os dados de consumo de fluoretos em SAA e socioeconômicos se construiu uma cartografia das vulnerabilidades e riscos à cárie na regional, tendo como destaque os municípios de Prado Ferreira e Miraselva com alto percentual de população em classes de risco Alta a Muito Alta. Evidenciou-se também que o eixo de aglomeração urbana (Rolândia, Cambé, Londrina e Ibiporã) apresenta população menos exposta, proporcionalmente, à riscos a cárie, mas as áreas de conurbação urbana denotaram maior ocorrência nas classes de risco à cárie Alta a Muito Alta.