Aspectos da saúde coletiva nos municípios adjacentes ao arquipélago Carioca na vertente paranaense do alto rio Paraná e relações com o comportamento hidrogeoquímico
Mariana Cristina da Silva, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 30/10/2013
O presente trabalho objetiva investigar os aspectos da saúde coletiva nos municípios adjacentes ao Arquipélago Carioca na vertente paranaense do Alto Rio Paraná e suas relações com a hidrogeoquímica. Os levantamentos relacionados à Geografia de Saúde, são importantes para verificar a incidência de doenças a níveis regionais e locais e suas relações com o meio ambiente. Os dados coletados a partir do DATASUS são de internações dos municípios lindeiros: Marilena, Porto Rico, Querência do Norte e São Pedro do Paraná pertencentes a 14ª Regional de Saúde do Paraná e prontuários de atendimento do Hospital Municipal de Porto Rico/PR. A relação com estudo hidrogeoquímico tem grande relevância pois o Alto Rio Paraná é uma área que se modificou ao longo de anos por um processo natural e também por estar situado à jusante de usinas hidrelétricas que, através de sua construção, modificaram a dinâmica fluvial e a qualidade da água. Além disto, sabe-se que outros fatores podem ter influenciado toda qualidade hidrogeoquímica como descarga de efluentes sanitários e contaminação por agrotóxicos em locais onde existem áreas de agricultura. A organização para os trabalhos de campo de coletas de água iniciou – se com o georreferenciamento e análise da área de estudo e durante as coletas alguns parâmetros físico - químicos foram analisados como temperatura da água, turbidez, potencial hidrogeniônico, oxigênio dissolvido e sólidos totais dissolvidos através de aparelho específico multiparâmetro para qualidade da água. Após coleta, as amostras foram mantidas em refrigeração, para posterior preparo e análise química. Elementos químicos analisados e a variação de suas concentrações: K (Potássio: 0,57 – 3,47 mg/L), Na (Sódio: 1,44 – 6,45 mg/L), Si (Silício: 0,017 – 6,46 mg/L), Mg (Magnésio: 0,605 – 2,61 mg/L), Ca (Cálcio: 1,54 – 7,53 mg/L), Sr (Estrôncio: 0,01 – 0,05 mg/L), Ni (Níquel: 0,0001 – 0,0025 mg/L), Fe (Ferro: 0,0003 – 0,453 mg/L), Mn (Manganês: 0,0001 – 0,028 mg/L), Cu (Cobre: 0,0002 – 0,019 mg/L), Co (Cobalto: < 0,0002 mg/L), Al (Alumínio: 0,003 – 0,295 mg/L), Ba (Bário: 0,01 – 0,033 mg/L), Cr (Cromo: 0,0001 – 0,005 mg/L), Cd (Cádmio: 0,0003 – 0,0022 mg/L), P (fósforo: 0,0015 – 0,079 mg/L), Pb (Chumbo: 0,0002 – 0,086 mg/L) e Zn (Zinco: 0,001 – 0,050 mg/L). Os dados obtidos a montante do Arquipélago Carioca mostram uma constância temporal e local de concentrações excessivas de Al, Pb, Cd e Fe e fortes indícios de Zn, Mn, Cu e P de ocorrência cíclica Os referidos elementos podem estar relacionados a doenças do grupo Respiratório, Infecciosas e Parasitárias e do Aparelho Genitourinário e devem ser investigados na busca de um padrão temporal e geocientífico.
Teores de fluoreto na água para consumo humano na 17ª Regional de Saúde do Paraná entre os anos de 2014 e 2018 : vulnerabilidades e riscos à saúde bucal
Diego Vila Guimarães, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 29/07/2020
O flúor ocorre naturalmente na água, com maior ou menor concentração de acordo com o contexto natural da fonte de água. A fluoretação ocorre desde a década de 1970 no Brasil, como medida de combate a cárie, contudo o consumo de altos teores de fluoreto pode-se desenvolver a fluorose dentária. Essa relação de risco e benefício no consumo de fluoretos é tema desse trabalho, que compila dados de abastecimento, teores de fluoreto em água para consumo e dados socioeconômicos, na tentativa de compreender o cenário de risco à saúde bucal na 17ª Regional de Saúde do Paraná. A principal fonte de dados da presente tese é pautada pelo controle realizado pela ANVISA, disponibilizado via SISAGUA. Complementarmente foram realizados trabalhos in locus objetivando a identificação de potencialidades e deficiências nas coletas realizadas pela ANVISA. Entre os anos de 2014 e 2018 a ANVISA coletou e analisou para fluoreto 12.321 amostras nos 21 municípios da regional, 6.936 amostras de água fluoretada e 5.381 de fontes naturais. De posse destes dados se realizaram procedimentos estatísticos e de geoprocessamento, para conhecimento das condicionantes de origem natural (geogenética) ou alterações relacionadas à fluoretação (tecnogenéticas) que influem nos teores de fluoretos da água consumida. Quanto às amostras coletadas de fontes naturais somente 3,1% estavam dentro dos teores tido como valor de referência para o trabalho (entre 0,6 e 0,8 mg/L), 2,4% acima e 94,4% apresentaram teores de concentração abaixo do indicado para benefício a saúde bucal. As nascentes tiveram maior média de concentração de fluoreto (0,37 mg/L) seguidos por poços cacimba (0,14 mg/L) e poços tubulares (0,13 mg/L), evidenciando que a água natural consumida na regional é pouco rica em fluoretos. Cabe ressaltar que mapeamento acusou áreas com teores mais altos que os valores de referência, como nos municípios de Londrina, Assaí e Bela Vista do Paraíso. Quanto a água tratada, 66,7% das amostras estavam fora do valor de referência, sendo que Miraselva, Prado Ferreira, Jaguapitã e Alvorada do Sul se destacaram como municípios que praticam baixos teores de concentração em seus SAA, em contraponto Londrina, Ibiporã e Cafeara foram aqueles com maior percentual de amostras acima do valor de referência. Nesses casos há eficácia no combate a cárie, porém há maior propensão ao desenvolvimento de fluorose dentária. Ao relacionar os dados de consumo de fluoretos em SAA e socioeconômicos se construiu uma cartografia das vulnerabilidades e riscos à cárie na regional, tendo como destaque os municípios de Prado Ferreira e Miraselva com alto percentual de população em classes de risco Alta a Muito Alta. Evidenciou-se também que o eixo de aglomeração urbana (Rolândia, Cambé, Londrina e Ibiporã) apresenta população menos exposta, proporcionalmente, à riscos a cárie, mas as áreas de conurbação urbana denotaram maior ocorrência nas classes de risco à cárie Alta a Muito Alta.