Prevalência de dor crônica e associação com percepções e condições de trabalho dos professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR)

Tese de doutorado

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Resumo

As condições de trabalho estão relacionadas à ocorrência de dor em professores, a qual resulta em limitação das atividades diárias, maior número de consultas médicas, afastamento do trabalho e pior qualidade de vida. O processo álgico pode ser deflagrado e perpetuado por diversos motivos, que podem diferir de acordo com as características laborais e as regiões do corpo afetadas. Elucidar esse fenômeno de forma mais detalhada pode reduzir danos adicionais à saúde do professor. Este estudo teve por objetivo caracterizar a dor crônica, prevalência e regiões do corpo mais afetadas, e associar com percepções e condições de trabalho de professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR). Tratou-se de estudo transversal realizado no período de 2012 a 2013 com professores do ensino fundamental e médio. Foram excluídos os educadores readaptados ou afastados de função, com menos de um ano de serviço e com diagnóstico de neoplasia maligna. O desfecho dor crônica foi dividido em três regiões do corpo: membros superiores, coluna lombar e membros inferiores. A análise estatística ocorreu por meio de três modelos de regressão de Poisson e cálculo da razão de prevalência ajustados por variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e comorbidades. Para comparação das proporções de professores com e sem dor crônica utilizou-se o teste Qui-quadrado com correção de Yates, considerando nível de significância de 5% (p < 0,05). A amostra final correspondeu a 958 professores. Dor crônica foi referida por 408 (42,6%) docentes, com maior frequência em mulheres, na faixa etária acima de 40 anos, da raça/cor branca e amarela/indígena, entre aqueles que não realizavam atividade física pelo menos uma vez por semana ou realizavam de forma insuficiente, e não consumidores de álcool. Também foi mais frequente na população com vínculo empregatício tipo estatutário e com tempo de atuação como professor acima de 20 anos. As regiões reportadas como mais dolorosas foram membros superiores, cabeça, membros inferiores e coluna lombar. No modelo final da regressão de Poisson, dor nos membros superiores foi significativamente mais frequente entre professores que consideravam que as seguintes situações afetavam seu trabalho: condições para escrever no quadro e para carregar o material didático, tempo que permanecia em pé e posição do corpo em relação ao mobiliário e equipamentos. Também houve associação da dor em membros superiores com a percepção regular/ruim sobre a quantidade de alunos em sala de aula e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A dor na coluna lombar associou-se à percepção de que escrever no quadro afetava seu trabalho. A dor em membros inferiores associou-se ao tempo de profissão > 20 anos, à percepção regular/ruim quanto ao equilíbrio pessoal e profissional e à percepção de que o tempo que permanecia em pé afetava o trabalho. Foram evidenciadas percepções e codições relativas ao trabalho docente associadas a diferentes regiões corpóreas afetadas por dor crônica em professores.